Mostra Jesus à Alma o imenso favor de dar-lhe Seu Corpo Sacramentado
Só Eu, ó Alma querida, Que sou a Sabedoria incriada, posso compreender o imenso do favor que agora de fiz, vindo a teu peito, Sacramentado. Não o entendem perfeitamente os mais elevados Querubins, pasmam todas as Hierarquias Angélicas, admiram-se todos os Bem-Aventurados, vendo Minha Majestade infinita hospedada dentro de ti. É verdade que, em Minha Encarnação, entrei no seio de uma criatura, Que me deu Sua substância, mas era A mais pura Que criou nem criará Minha Onipotência. Porém, agora, que excessos são estes que faço por ti, ó Alma ingrata? Encarnei em teu coração, para dar-te Minha substância, para unir-te à Minha Divindade, de maneira que, se Eu, sendo Deus, fiz-Me homem, tu, sendo homem, fiques Deus. É verdade que, em Meu nascimento, estava recostado sobre palhas, quando, no Céu, pisava estrelas, e que estava acompanhado de animais, quando Me cortejavam os Serafins. Mas agora, em teu albergue, não acho mais que horrores, não vejo mais que feiuras. Ah! coração humano! Entendes esses segredos do Meu amor? Conheces O Que agora Se encerra e deposita dentro de ti? Recolhe-te um pouco dentro de Mim, e escuta Minha voz, que só na solidão das criaturas pode ser entendida Minha palavra.
Aqui tens, ó Alma, no breve círculo d'Esta Hóstia, resumida toda a Minha grandeza. Aqui tens tudo quanto Eu dou, na glória, aos Bem-Aventurados; e, se eles, lá, veem descoberto o Meu rosto, esse mesmo to mostro aqui, embora oculto, porque assim convém ao teu estado. Tu és agora o Céu Empíreo de Minha morada. Aqui está contigo a natureza d'Aquele Pai Que Me gerou, Imortal, e a carne d'Aquela Mãe Que Me concebeu, passível. Aqui está contigo Aquele Divino Espírito, Que, por essência, é amor, por Cuja virtude tomei Eu a natureza de homem, para redimir-te, e agora tomo as espécies de pão, para alimentar-te.
Que mais queres de Mim? Que mais desejas? Aqui Me tens Sacramentado como Deus e como homem. Minha humanidade, que Eu, uma só vez, uni ao Divino Verbo, aqui está, também, unida e incorporada contigo. Aqui Me tens recém-nascido, morto e também ressuscitado. Nasci de novo sobre um Altar, morri outra vez sobre uma Ara, esgotei todo Meu Sangue sobre um Cálice, e, para glorificar-te, venho, também, glorioso, aqui n'Este Sacramento. Aqui vês Minha cabeça coroada já de resplendores, que tua soberba coroou de espinhos. Aqui tens Meus olhos, não obscurecido com o Sangue, mas brilhantes mais que o sol. Aqui tens Minha boca, não cheia de amargura com o fel, mas mais suave que o néctar. Aqui tens Meu peito, fonte de todas as delícias; este é o que transpassou a lança de tua ingratidão; agora o abre para ti o fogo do Meu amor.
Ah! coração humano, ainda te vejo inquieto e ansioso por vaguear pelas criaturas! Sai, pois, deste peito, e busca, entre elas, os verdadeiros contentos. Senta-te nos tronos mais majestosos, passeia pelos jardins mais floridos, recreia-te nos prados mais amenos, diverte-te nos teatros mais alegres, entra nos minerais mais preciosos, e come nas mesas mais esplêndidas. Diz-Me, pois, encontrastes, aqui, a verdadeira paz e alegria? Ah! que de certo me dirás que nenhum bem limitado pode encher a medida de tua capacidade! Uma só lágrima de devoção, um só sentimento de Meu amor, um mínimo favor que Eu te comunico te deixa mais satisfeito que todo um mundo. Como, pois, te voltas às miseráveis criaturas? Como não ardes num incêndio, dentro deste palácio de amor? Uma só vez te estreito em Meu peito, uma só vez que tu comes a Carne e bebes o Sangue de um Deus-Homem, era bastante para mudar-te num novo homem. Aqueles em quem Eu só punha Meus olhos, aqueles que só tocavam minhas vestiduras, fizeram mudanças grandes no mundo, e, agora, Eu inteiro não basto para fazer-te mudar de vida? Aqui Me tens Sacramentado, em todas as formas e estados que Me quiseres. Menino, para esquecer-Me de tuas ingratidões; homem, para animar tuas fraquezas; Rei, para perdoar-te; alimento, para teu regalo; vivo, para que Me acompanhes; e morto, para que te compadeças de Mim.
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