7 de novembro de 2022

 Breviário da Confiança

15 de julho

Jesus sem a a Cruz


Não se compreende cristão sem cruz. "Ignorais - diz Bossuet - que o nome de cristão significa homem destinado ao sofrimento?" Os cristãos delicados, inimigos da dor, quase pagãos, querem Jesus, sim, adoram-no e pretendem amá-lo, mas...Sem a cruz. Querem o Menino Jesus, sim, nos braços de Maria, cheio de encantos, porém, longe da gruta de Belém, da pobreza e miséria do estábulo, da companhia dos pobres e dos animais. Querem Jesus, sim, mas transfigurado no Tabor, resplandecente de glória, a provocar o êxtase e a admiração dos três discípulos Pedro, Tiago, e João. Ah! O Tabor é montanha predileta delicados. Como lhes horroriza, porém, o Calvário ! Como lhes é insuportável a montanha do martírio! Querem um Cristo de iluminuras, de arte e beleza, um Cristo resplandecente no Tabor e na Ressureição! Páginas há do Evangelho que eles não podem ler de duras que são, principalmente as que pregam a penitência e a luta contra as paixões e a tríplice concupiscência !

Jesus não nos vem sem a cruz! Esta é a condição para servi-lo e amá-lo. "Se alguém quer ser meu discípulo, que se renuncie, tome a sua cruz de cada dia e me siga...".

E, para nos dar exemplo, vai Nosso Senhor adiante com a sua cruz. Não, jamais encontrareis esse Jesus de vossos sonhos e loucas fantasias, ó delicados inimigos da cruz! Jesus sem cruz não existe! E, pois, também não se compreenderá um cristão sem cruz. Não pode o discípulo ser maior nem melhor que o Mestre!

4 de novembro de 2022

 Breviário da Confiança

14 de julho

Abismos


Diz misteriosamente o salmista que um abismo chama outro abismo. Sim, o abismo de nosso pecado chamou o abismo do sofrimento. Quando pecaram nossos primeiros pais, logo se fez sentir o castigo: a dor. Eva daria à luz aos seus filhos entre gemidos e dores. Adão comeria o pão com o suor do rosto, isto é, com a dor e o sacrifício. Ali estavam os dois abismos do pecado e da dor. Um terceiro iria chamar os dois primeiros: o abismo da Misericórdia Divina. E este se abriu no Calvário. E os outros dois  se precipitaram nele, no abismo da Cruz, isto é, no abismo do Amor Misericordioso. Sempre abismo a chamar abismos!

Muitas vezes, à Santa Margarida Maria e à confidente das suas santas chagas, a humilde Soror Marta da Visitação, Jesus repete que seu Coração Divino e suas Chagas Divinas são abismos de misericórdia, oceano de misericórdia, de tal modo profundo e extenso que dá bem uma imagem do Infinito. Abismo cuja profundidade e vastidão são incomensuráveis! E há ainda quem, desconfiando sempre da Misericórdia infinita, queira medir as profundezas do abismo do Amor Misericordioso e julgar o Infinito pelo finito! Que insensatez! Que mesquinharia! Medir pelo egoísmo de nosso coração o imenso e eterno abismo de Misericórdia do Coração Sacratíssimo  de Jesus! Abismo de miséria, cala-te e adora! Para a miséria, só a Misericórdia. Para um abismo só outro abismo.

3 de novembro de 2022

 Breviário da Confiança

13 de julho

Vencedor, Mestre, e Herdeiro


Saber sofrer é das artes a mais bela e a mais difícil. Quem a aprendeu é um herói, venceu a maior das batalhas. Combater, lutar com os outros, bem pouco é em comparação com a luta que dentro de nós se trava entre os espirito e a carne, e com o combate às perseguições que, a cada momento, vêm-nos de fora: Lutas interiores, íntimos martírios cruciantes e perseguições de mil cruzes exteriores, semeadas pelo caminho de nossa vida. Por isso escreveu a espiritual e suave escritora russa Mme. Swetchine: "Quem souber sofrer será vencedor de si próprio neste mundo, amigo de Jesus Cristo e Herdeiro do Céu". Vencedor de si, do próprio eu abatido pelo sofrimento, eis a vitória! Cortado o mal pela raiz, que é o orgulho, o eu vivo, está ganha a peleja. Mestre do mundo! Quem tudo desprezou e tudo soube sofrer, conquistou o mundo. No dizer do Mestre, é o pacífico que possui a terra. Quem despreza o mundo por amor de Deus é o senhor do mundo, porque o mundo poderoso e agitador de corações já não vence o homem verdadeiramente interior! Amigo de Jesus Cristo! Não é Jesus o amigo dos que sofrem? Nem é mister prová-lo. Basta ler o Evangelho: " Vinde a mim vós que sofreis, eu vos aliviarei!" Que consoladora promessa! A amizade dos grandes se conquista em banquetes e festins; o amor de Jesus, no sofrimento e no calvário. Finalmente, o que sabe sofrer é o herdeiro do céu. Não está cheia a Escritura de promessas e recompensas aos que padecem? E as bem-aventuranças? Muitas terminam assim: "porque deles é o reino dos céus..." Então não vale a pena sofrer um pouco por amor de Deus? 

2 de novembro de 2022

 Breviário da Confiança

12 de Julho

Três Cruzes


 Santa Margarida Maria conta, numa das visões do Coração de Jesus que, num dia de Páscoa, Nosso Senhor lhe apresentara três cruzes. Perguntou-lhe a santa a significação de tais cruzes. "Minha filha - responde o mestre - serás muito perseguida pelo Demônio, pelo mundo e por ti mesma". Eis aí as cruzes maiores de nossa vida. O Demônio, invejoso de nossa felicidade e do tesouro incomparável da graça que nos foi dada em abundância no Calvário, pelos méritos de Jesus Crucificado, que são nossos, aquele espírito do mal de tal modo nos persegue que, no dizer da Escritura, parece um leão furioso a rugir em torno de nós. Que martírio o das tentações! O inferno não nos deixa em tréguas. Pobres almas tentadas, consolai-vos! É a vossa cruz! Aceita-a pacientemente. O mundo é também uma cruz e bem pesada. Quanta sedução perigosa, quanta mentira e falsidade! O mundo, chafurdado na lama e embriagado no prazer dos sentidos, jamais há de compreender as almas que se entregam a Nosso Senhor. É justo e natural que as persiga. Não estranheis a perseguição do mundo, disse Jesus. - "O mundo vos odeia." Finalmente, a nossa maior cruz talvez seja a terceira, nós mesmos, esse eu orgulhoso, difícil, rebelde, a arrastar-nos sempre ao pecado e a ferir-nos. Ah! se não o perseguimos estaremos perdidos. Diz o Evangelho, para nos inculcar como devemos combater o orgulho e o amor-próprio: "Quem ama a sua alma, perde-a".

 Meu Jesus, pela vossa cruz, ajudai-me a carregar minhas três cruzes!

23 de setembro de 2022

 BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

11 de Julho

NEGOCIAR A FELICIDADE

    A felicidade é um negócio. E os que sabem empregar bem o capital em bancos e boas transações, gozam os juros de cem por um, aqui e na vida eterna. Que faz o bom negociante? Coloca o seu capital em negócios seguros e de vantagens certas. Compra e vende com lucros. Quereis ser felizes? Imitai o negociante. Com a moeda de vosso conforto, riqueza e saúde, comprai um pouco de felicidade para os que sofrem. E são tantos! O segredo da felicidade, segundo o Evangelho, esta em fazer os outros  felizes.      "Bem-aventurados  os misericordiosos - disse Nosso Senhor - porque eles alcançarão misericórdia".

    Vede os que padecem, os que chorão, os desgraçados, e sereis menos egoístas, e o vosso coração se há de abrir, cheio de ternura e bondade, para com os pobres e os que trazem também o coração a sangrar. O egoísmo é estéril e duro. No sofrimento, nos golpes da vida, nas desgraças que nos afligem, há um remédio eficaz e infalível para o alívio do coração: é entregarmo-nos às obras de misericórdia, visitar os pobres, os enfermos, encarcerados, dar esmolas, proteger os infelizes. É remédio eficaz nas tentações contra a fé! E, enxugando as lágrimas alheias, enxugamos também as nossas. Experimentai a boa receita e vereis. São Vicente de Paulo viu-se livre de uma terrível tentação contra a fé dando-se ao serviço dos pobres. E quantos e belos exemplos! Quereis ser felizes? Negociai a felicidade, pondo a vossa esmola no banco da pobreza, e o consolo, no coração dos que sofrem! É bom negócio! Sereis felizes.

10 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

10 de Julho

Salomão e Jó

Salomão e Jó, observa Pascal, foram os que até hoje falaram melhor da miséria do homem. Um feliz, o outro desgraçado. Aquele conheceu pela experiência a vaidade dos prazeres; este, a realidade dos males. A pompa de Salomão deslumbrou todo o mundo. Foi o mais rico e feliz dos monarcas. Que lhe faltou? Tudo quanto pode desejar um coração, ele o possuía. A glória, o gênio, a beleza, o prazer, as honras, o ouro! E termina seus dias na solidão, no abandono! E tamanha glória passa como o vento.

Vanitas, vanitatum et omnia vanitas! – “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”

Salomão é a triste experiência da vaidade, dos prazeres e de toda felicidade terrena. Que vale apegar-se loucamente ao que tão depressa se vai deixar? Não nos deslumbre a pompa de Salomão. Também não nos assuste a desgraça de Jó. Este começou feliz e rico, amigo do Senhor. Veio a sofrer as maiores desventuras e calamidades. Conheceu a realidade dos males. E a prosperidade faz Salomão pecador e idólatra. A desgraça purifica ainda mais e santifica maravilhosamente o pobre Jó. Livre-nos o Senhor da prosperidade de Salomão, que acaba no pecado e é vaidade das vaidades. E lembremo-nos de Jó, do qual diz a Escritura: “não pecou contra o Senhor, não blasfemou contra o Céu, na desgraça.”

Ó pobreza de Jó sem pecado, és verdadeira riqueza!

Ó riqueza de Salomão com o pecado, és verdadeira e real pobreza!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

9 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

9 de Julho

Caminho da Casa Paterna

"Há muitas moradas na casa de meu Pai”, disse Nosso Senhor, mas, segundo comenta piedoso autor, é um só o caminho para lá chegar: o da Santa Cruz, de que nos fala a Imitação. O filho pródigo não teria voltado à casa paterna se a dor e a miséria o não tivessem batido. É tão grande a misericórdia Divina que nos obriga pelo sofrimento a ter saudades do Céu, desapegando-nos assim de toda vaidade e ilusão deste mundo. E, quando o coração se desiludiu das criaturas e já sofreu bastante, toma uma resolução:

Surgam et ibo ad Patrem – “Eu me levantarei e irei a meu Pai”.

E se põe sem demora a caminho da casa paterna. A Divina Providência, em Sua Misericórdia, de tal modo dispõe as coisas neste mundo, que nos coloca na feliz impossibilidade de nos acostumarmos com a felicidade e o paraíso que a terra nos promete e oferece. O sofrimento é o nosso caminho para a casa paterna.

"Creio, no fundo de minha alma, e sinto em minha consciência – escreveu Demaistre – que, se o homem pudesse viver neste mundo isento de todo sofrimento, acabaria por se embrutecer a ponto de ficar inteiramente esquecido de todas as coisas celestes e do próprio Deus. E como nos poderíamos ocupar de uma ordem superior de coisas, se, nada em que vivemos, as misérias que nos acabrunham não nos desiludissem dos encantos enganadores desta vida infeliz!”

Dor bendita! És o caminho da casa de meu Pai!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

8 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

8 de Julho

Exílio do Coração

O mais triste dos exílios é o do coração. Faz sofrer mesmo dentro da família e da pátria. Sofrimento do amor, é inevitável, pois, no dizer do fino psicólogo da Imitação, “não se vive sem amar e não se ama sem sofrer”. As almas nobres sentem no coração um abismo, que nada pode encher. Nem o prazer dos sentidos, nem as honras, nem as glórias, nem o amor da terra. Daí a melancolia dos grandes corações, prova evidente de que esta vida é um exílio, no qual quem mais sofre é o coração. Bendita seja a Misericórdia Divina por nos trazer o coração sempre inquieto e insatisfeito até que repouse plenamente em Deus. Esse exílio do coração foi o tormento de Santo Agostinho:

Inquietum est cor nostrum donec requiescat in Te, Domine – “Nosso coração está sempre inquieto, Senhor, enquanto não descansa em Vós”.

Jesus é a pátria do nosso coração. Só Nele se encontram repouso, alegria e paz. E fora de Jesus, fora do Seu amor, não há sossego, viveremos inquietos, agitados e tristes como o peregrino cansado, saudoso e faminto, em viagem penosa, à procura da pátria.

Quando o coração experimenta as tristezas do exílio, do abandono das criaturas, da incompreensão dos amigos, da ingratidão do amor, volte-se depressa para Jesus, verdadeira pátria dos corações.

Para o exílio do meu coração, ó Jesus, só a pátria de Vosso Coração!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

7 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

7 de Julho

Imobilidade Penosa

Imóvel num leito, a sofrer, horas e horas eternas num quarto, silencioso, a contemplar as paredes, os móveis, a contar as tábuas do forro! Gemidos a cada agulhada que fere o corpo, na dor sem alívio! E sempre ali o pobre enfermo, condenado à imobilidade penosa, que já dura, talvez, meses e até anos. É preciso ter experimentado o peso dessa cruz para se avaliar como é duro!

Com razão escreveu Lacordaire:

“A doença me parece o que, neste mundo, mais virtudes exige, porque abate as forças justamente quando mais delas precisamos”.

São horríveis a tortura física e a tortura moral que nos vêm particularmente da inação a que ficamos condenados. Eis porque devemos ter paciência com os enfermos, que, por sua vez, devem ser pacientes consigo mesmos. Essa inação e imobilidade irritam, abatem e até desesperam certas almas acostumadas à vida e à luta.

Dizia o apostólico e ardente cardeal Lavigerie:

“O inferno, para mim, seria uma eternidade na imobilidade”.

Numa provação tão dura, quanto merecimento! Ah! Se soubéssemos aproveitar o tesouro de graça que acompanha essa cruz! Nessas horas de penosa imobilidade, precisamos lembrar-nos da imóvel eternidade do inferno! Sempre! Nunca! Eternamente! Sofrei a imobilidade de vossa doença, e vos fixareis um dia na Imobilidade Eterna, que é Deus, que é o Céu!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

6 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

6 de Julho

Agricultura de Deus

Diz o Apóstolo que somos a agricultura de Deus – “Vos agricultura Dei estis.”

Nossa alma é o campo. Deus, o Agricultor Celeste. Na parábola do semeador, Jesus compara também o nosso coração à terra, onde cai a boa semente da palavra de Deus. Que faz o bom agricultor? Prepara a terra, cortando-a, revolvendo-a a golpes de enxada e arado. Depois semeia. E, quando nasce a planta, cuida que não a sufoquem os espinhos ou a má erva. Vem a poda e são cortados os ramos. Certas árvores, como as mangueiras, exigem até golpes incisivos no tronco. Outras ficam reduzidas a uns poucos e bem podados galhos. Aos menos entendidos, o trabalho do agricultor parece mais obra de destruição que de cultura. Entretanto, vem o outono, vem a colheita, e que riqueza, que belos frutos, que delícia!

Somos a agricultura de Deus, no expressivo dizer do Apóstolo, e não queremos o trabalho do Agricultor celeste no campo de nossas almas? Sob a forma de um agricultor apresentou-se Jesus a Madalena, na madrugada da ressurreição. Que simbolismo tocante! O Divino e bom Agricultor quer trabalhar. Dai-lhe o campo de vosso coração. Para a sementeira da graça deixai que a dor, bom arado, rasgue nele sulcos profundos. A sementeira da graça e do amor será tanto maior quanto maior o terreno preparado. E vereis depois, no outono da vida, que rica e bela colheita para a Eternidade!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

5 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

5 de Julho

“Quo Vadis?”

Contam as tradições de Roma que São Pedro fugia, medroso, da perseguição de Nero quando encontrou Jesus no caminho, com a cruz às costas.

“Para onde vais, meu Senhor?”, pergunta o apóstolo. “Para Roma, diz Jesus, e para ser de novo crucificado”.

Pedro compreendeu a lição. Voltou e sujeitou-se corajosamente ao martírio. Jesus continua ainda a sofrer. E até o fim dos séculos há de carregar, em seus ombros feridos, o peso enorme de nossos pecados. A paixão de Jesus continua no Sacrário, no Altar, no seio da Igreja. No Sacrário, abandonado; o Altar, profanado; nos filhos ingratos da Santa Igreja; nessa legião de almas tíbias, pusilânimes em face da cruz e da perseguição dos maus. E quando fugis do sofrimento, e não quereis lutar por amor de Deus nesse dever penoso, nessa obra de apostolado difícil e na vocação a que fostes chamados, Jesus se vos apresenta no caminho da vida com a sua cruz. E para onde vai? Para o calvário do vosso coração ingrato, onde será de novo crucificado. Perguntai-Lhe como São Pedro:

“Para onde vais, Senhor?” – “Quo vadis?”

E que a resposta do Senhor, como ao Apóstolo, faça-vos retroceder, corajosamente, lutar pela vossa salvação eterna e sofrer em união com os méritos do Sangue Divino derramado na cruz!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

4 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

4 de Julho

A Hora das Grandes Almas

A hora da desgraça e dos grandes sofrimentos, de golpes e reveses, é a hora das grandes almas. Quantas, na prosperidade, mostravam-se insignificantes, mesquinhas, acanhadas. Veio o golpe das adversidades, soou a hora da desgraça, e que prodígios e transformações! Vede Inácio de Loyola. Simples soldado iludido, como tantos, pelas vaidades da terra, egoísta, orgulhoso. A ferida o prostrou num leito. E, ferido o corpo, uma leitura, verdadeiro golpe da graça, transforma-o e santifica-o. Não foi um golpe assim motivo de conversão para Margarida de Cortônia e Francisco de Borgia? Quando já tudo parece perdido, quando Nosso Senhor nos reduz ao pó, ao nada que somos, pela humilhação, o abatimento; quando reveses e, principalmente, grandes calamidades nos ferem, é então chegada a nossa hora, ou melhor a hora de Deus. Esperemos confiantes! A Providência vai, talvez, realizar os grandes e eternos desígnios que tem sobre nós:

“Quando tudo está perdido – dizia Lacordaire – então é a hora das grandes almas”

Na desgraça, não nos mostremos mesquinhos, espíritos acanhados e eternos queixosos da Divina Providência. As desgraças são golpes do Artista Divino e dão, no mármore de nossas almas, uma expressão de beleza encantadora. Não quereis que, para esse bloco informe de vossa alma egoísta, chegue a hora de ser obra-prima da graça e enlevo de estetas espirituais, os Anjos do Senhor?

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

3 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

3 de Julho

Sofrer Amando e Sofrer sem Amar

“Há duas maneiras de sofrer – dizia o santo Cura d’Ars: sofrer amando e sofrer sem amar. Uns sofrem como o Bom Ladrão; outros, como o mau. Ambos sofreram pena igual, mas só um tornou meritório o seu sofrimento.”

Sem Deus não é possível a um pobre e fraco mortal o peso de tantos sofrimentos! Do berço ao túmulo, é nossa vida um gemido entrecortado de uns poucos sorrisos. Sofrer, sempre sofrer, é o destino de todo mortal. Mas é mister aproveitar o sofrimento. Soframos bem, já que não é possível evitar as cruzes. E o amor, só o amor nos pode consolar e aliviar o coração. Não sejamos quais mercenários que trabalham com má vontade e a se queixarem. Trabalhemos e soframos alegremente.

“No serviço de Deus – dizia São Francisco de Sales – devem-se considerar mais os advérbios do que os verbos. Não está o nosso mérito em servir a Deus ou sofrer, mas em servi-lo BEM e sofrer BEM”.

E, para bem servir a Deus e bem sofrer, é preciso amar. O amor ajuda a sofrer e o sofrimento ajuda o amor. Um não vive sem o outro. Sofrer bem ajuda a bem amar. E quanto mais se ama ainda mais se sofre. Há, porém, uma diferença entre sofrer amando e sofrer sem amar: quem sofre amando, sofre em paz e, quem sofre sem amar, sofre em desespero. Pode-se dizer com Santo Agostinho:

Si amatur non laboratur, aut si laboratur, labor amatur – “Quem ama não sofre e, se sofre, ama o sofrimento.”

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

2 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

2 de Julho

A Visitação

A dor te veio visitar, como Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel, para te fazer bem e te encher de graças. Que fazer? Recebê-la com muito amor. Entoar um “Magnificat”. Com ela vem Jesus. O sofrimento é a visitação do Senhor! Não maltrates o Hóspede Divino. É a Misericórdia que procura a miséria. Recebe a visita honrosa, se não com alegria ao menos pacientemente. E sabe Deus como te é necessária! A visita que recebes é de caridade, como a de Maria à Isabel. O anjo do Carmelo, Santa Teresa do Menino Jesus, aconselhava sempre as suas noviças que dessem bom agasalho ao sofrimento, recebendo-o com um sorriso nos lábios. Custa – é verdade – a princípio. Depois se adquire o hábito, aprende-se a ser bem polido e amável para a visita inevitável de quase todos os dias. A dor não é má. Vem visitar-nos em nome do Senhor. Por que não a receber bem? Traz notícias do Céu, fala-nos de Jesus, ensina-nos o desapego dos prazeres e mostra-nos a realidade da vida. Oh! Não sejas grosseiro! Recebe essa dama celeste com amabilidade. Ela é a embaixatriz do Céu e nos faz tanto bem! Sê amável e agradecido ao Senhor, que mandou fazer-te uma visita.

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

1 de julho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

1 de Julho

Meu Crucifixo

Encontramos Jesus no Evangelho. Saboreamos toda a infinita doçura da Sua palavra. Quando o coração, este nosso pobre coração, sentir-se mal, desconfiado e triste, vamos ao Evangelho. Uma página do Evangelho consola mais do que os mais belos e sublimes tratados saídos das mãos dos homens. E um olhar ao Crucifixo, o livro querido dos santos.

À Santa Teresa disse Jesus: “Eu te darei um livro vivo”, era a cruz. “Dai-me o meu livro”, dizia São Felipe Benício. Apresentaram-lhe um Breviário e uma Imitação. Faz ele um gesto e mostra o Crucifixo. Era o seu livro querido.

Com meu Evangelho e meu Crucifixo, que não suportarei? Dois livros inseparáveis. O Evangelho contém a lição do sofrimento e o Crucifixo nos mostra a prática do sofrimento. Bom amigo, bom conselheiro e bom mestre é meu Crucifixo. “A Cruz é uma escola”, dizia Santo Agostinho. E que se aprende nessa escola? A sofrer pacientemente, a perdoar e a suportar o peso da vida. Olhando a Cruz, minha alma reza, perdoa, espera, confia, abandona-se. A um pobre leigo de convento, humilde e analfabeto, perguntou-se onde aprendera tanta ciência das coisas espirituais, incrível num ignorante como ele. Respondeu:

“Aprendi num livro de cinco letras vermelhas”.

Referia-se ao Crucifixo, com suas Chagas abertas. Meu Crucifixo! Nunca te deixarei, mestre querido de minha alma!

Mᴏɴs. Asᴄᴀɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀᴏ

30 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

30 de Junho

Olhai para Minhas Mãos e Pés

“Mas eles, perturbados e espantados, cuidavam que viam algum espírito. E disse-lhes: Por que estais vós turbados e que pensamentos são estes que vos sobem aos corações? Olhai para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo. E, dizendo isto, mostrou-lhes suas mãos, os pés e o lado”. (1)

Não há outro recurso quando a gente se vê pobre, miserável e coberto de pecados: olhar as mãos, os pés e o lado de Jesus, isto é, as suas Chagas Sagradas! “Meus méritos são as Vossas Chagas”, dizia São Boaventura.

“Perturbados e espantados, diz o Evangelista, os discípulos receberam o Mestre.

– Por que estais perturbados e que pensamentos são esses que vos sobem aos corações?”

Assim fala Nosso Senhor às almas tímidas e desconfiadas, e atormentadas de pensamentos tristes e desesperadores. E, para lhes dar confiança, mostra-lhes as Chagas:

“Olhai para minhas mãos e pés e o lado”.

Quando o desespero de Caim e de Judas me tentar dizendo: “Teu pecado é grande demais para que tenhas perdão”, meu Jesus Crucificado, lançarei, cheio de confiança, um olhar às Vossas Santas Chagas e, principalmente, às Chagas de Vosso Coração aberto pela lança. Tenho certeza do perdão, com a firmeza do meu bom propósito. Meu Jesus, ainda que a minha alma se cubra de todos os pecados que, por desgraça, podem se cometer, nunca permitais cometa eu o monstruoso pecado de Caim e de Judas: a desconfiança de Vossa Misericórdia!

(1) Jo 20, 26-29; Mc 16,14; Lc 24,36-39

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

29 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

29 de Junho

A Paz Esteja Convosco!

“Ora, estando ainda falando nisto, chegada, porém, a tarde daquele dia, o primeiro imediato ao sábado, e estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, apareceu aos onze, estando eles à mesa, e disse-lhes: A paz esteja convosco. Sou eu, não temais”. (1)

Diversas vezes se encontram no Evangelho estas palavras de Jesus:

“Sou eu, não temais”

Ao surgir maravilhosamente entre os discípulos, estando eles de portas fechadas e medrosos dos judeus, Nosso Senhor repete a senha da confiança:

“Sou eu, não temais”.

Vem trazer a paz:

“A paz esteja conosco!”

Paz e confiança! Deus da paz, Deus de misericórdia e Pai de toda a consolação, Jesus não quer ser temido. O Amor misericordioso há de vencer tudo.

“A paz esteja convosco!”

Não é a paz que o mundo promete, mas a doce paz que se conquista na luta, no sacrifício, quando se conseguiu abafar a voz das paixões, fazer um silêncio interior no cenáculo do coração. O mar é agitado e terrível na superfície. Diz-se, porém, que nas profundezas dos oceanos reinam calma e silêncio eternos. Assim as almas verdadeiramente amantes de Jesus. Sofrem mil provações! Que martírios e que cruzes! A natureza chora, clama e se agita. Mas lá, bem nas profundezas da alma, que paz, que doce paz!

(1) Jo 20, 19-20; Mc 16, 12-14; Lc, 24, 36-38

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

28 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

28 de Junho

Mulher, por que Choras?

“Ditas estas palavras, olhou para trás e viu a Jesus em pé, sem saber que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras?” (1)

Maria viu Jesus e não O reconheceu. Continua a chorar. E a voz consoladora pergunta:

“Mulher, por que choras?”

Depois, que alegria! Maria!

– “Rabboni!”

Uma só palavra e se dissipam as trevas, abre-se o coração da pecadora arrependida.

Em certas provações da vida espiritual, Jesus se oculta ou fica desconhecido a certas almas que Lhe choram a ausência aparente. Tão perto de Jesus, falando e tratando com Ele no Sacrário, na Comunhão, e não O reconhecem, não O sentem! É um martírio! Só quem ama O pode compreender! Tratar com Jesus e não O reconhecer, adorá-Lo na Eucaristia, no Sacrário, no Altar, na Mesa Santa, e tudo no suplício de uma aridez, de uma frieza, de uma indiferença aterradora! Como não há de chorar a pobre alma? Como Madalena, ela interroga a quem encontra nos caminhos:

“Onde O puseram?”

Como a Esposa dos Cantares suspira, desolada, pelo seu Amado. Esperai com paciência, almas escolhidas. Logo virá o Amado, e O vereis, e em transportes do Amor O reconhecereis.

–Maria! – “Rabboni!” Esperai! Por que chorais?

(1) Mt 28, 5-7; Mc 16, 5-7; Lc 24, 5-6

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

27 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

27 de Junho

Tudo está Consumado!

“Jesus, havendo tomado o vinagre, disse: Tudo está consumado. Clamando então, segunda vez, com grande voz disse: Pai, nas Tuas Mãos encomendo o meu espírito. E, dizendo isto, abaixando a cabeça, rendeu o espírito”.

Sim, estava consumada a obra do Amor Misericordioso.

Sic Deus dilexit mundum ut Filium Suum Unigenitum daret – “Assim amou Deus o mundo até dar por ele a vida de seu Filho Unigênito”.

E, cumprida a sua missão, cumprida a Vontade de seu Pai Celeste, entregou-Lhe Jesus o Seu Espírito:

“Pai, em Tuas Mãos encomendo o meu espírito”.

Tudo estava consumado, porque estava cumprida a vontade do Pai, até o horror das agonias do Calvário e a morte no patíbulo da cruz. Jesus morre num ato de abandono e conformidade à vontade de Seu Pai. Naquela última hora, quando se aproximar o momento decisivo em que nossa pobre alma, no tormento da agonia, há de lutar nas trevas de um calvário de tentações e sofrimentos, vinde Jesus, vinde socorrer-nos! Que a lembrança de Vossa agonia na cruz venha confortar-nos. E possamos, naquela hora derradeira, ter a consciência de que cumprimos a Vossa Santíssima Vontade. Queremos também dizer:

“Tudo está consumado!”

Sim, consumada a obra do Vosso Amor Misericordioso em nossa pobre alma. E, sossegados, diremos ao Senhor:

“Pai, em Vossas Mãos encomendo o meu espírito”.

(1) Mt 27, 50; Lc 23, 46

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

26 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

26 de Junho

Eu tenho Sede

"Depois sabendo Jesus que tudo estava cumprido para se acabar de cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! Tinha, porém, ali perto um vaso cheio de vinagre. Então, correndo logo um deles, tomando uma esponja, a ensopou em vinagre e a pôs sobre uma cana e Lhe dava de beber”. (1)

Jesus, agonizante, na cruz! Tem sede!

“Sitio!” – “Eu tenho sede!”

De suplícios mais horrorosos não se queixou e nem pediu alívio. E clama:

“Tenho sede!”

Ah! É a sede de nossas almas, sede de amor, que O devora. Jesus quer na linfa cristalina das almas remidas, água pura, de puro amor de nossos corações. Corações cheios de confiança, de abandono, que O amem e Lhe deem almas, muitas almas. E, quando na tortura horrorosa dessa sede de Amor, Jesus nos pede o coração pela confiança, chegamos-Lhe aos lábios em brasa e ressequidos a esponja ensopada em vinagre de desespero, de dúvida e desconfiança da sua Misericórdia. E como não a rejeitar, triste e amargurado? Ah! Demos a Jesus agonizante e sequioso, todo o amor de nosso coração, e que esse amor seja um amor confiante na sua Misericórdia infinita. Aliviemos a sede abrasadora de Nosso Divino Redentor, a nos pedir almas, muitas almas que podemos salvar pregando a Sua Bondade e o Seu Amor Misericordioso! Afastai dos lábios do Divino agonizante o fel do desespero e o vinagre da desconfiança, que perdem tantas almas!

(1) Mt 27, 48; Mc 15, 36

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

25 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

25 de Junho

Meu Deus, por que me Desamparastes?

“Era então, quase a hora sexta, e toda a terra se cobriu de trevas até a hora nona, e escureceu-se o sol. E, perto da hora nona, exclamou Jesus: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes?”

Deus permite que nossa alma fique, às vezes, como que abandonada. Nenhuma consolação, nenhuma luz. Provações de todo gênero e de todo lado. Tentações, angústias. Parece que vamos perecer, e o Braço forte e Divino que nos sustentava, já nem O percebemos. Que fazer então? Dizer como Jesus:

“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”

E ficar em paz. É um exercício penoso o que faz então a pobre alma. Parece fria, insensível, como num túmulo. Não possui mais aquela doçura da presença de Jesus. Sente-se tão mal! É a agonia e o desamparo da cruz.

“Meu Jesus, Meu Deus, por que me abandonastes?”

Oh! Como é preciosa esta agonia! Suportada humilde e pacientemente, é uma fonte de graças escolhidas do Céu. É preciso que soframos e sejamos conformes a Jesus, e Jesus Crucificado, para que se complete em nós o mistério da salvação. E, nestas trevas horrorosas do Calvário, na provação dura e quase desesperadora do abandono aparente do Céu, quando nossa pobre alma se vê crucificada e batida pelo sofrimento, ficamos, como Jesus, a clamar:

“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”

Nessas horas repitamos também:

“Sim meu Pai, aceito o cálice que me ofereceis!”

E hão de vir sobre nossa alma torrentes de graças, para nós e os pecadores, porque as trevas do Calvário, disse Elisabete Leseur, são fecundas.

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

24 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

24 de Junho

Eis a Tua Mãe!

“Entretanto estavam em pé, junto da cruz de Jesus, sua Mãe e a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, pois tendo visto sua Mãe e o discípulo que Ele amava, de pé, junto Dela, disse à Sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis a tua Mãe.” (1)

Eis a tua Mãe! Queria dizer Jesus:

“Eis a misericórdia, o perdão, a vossa riqueza, a salvação do mundo”.

Era o testamento da misericórdia. No Cenáculo, deu-nos o testamento do Amor, a Eucaristia. Na cruz o testamento da Misericórdia. Sua Mãe para nossa Mãe! Ó Maria, não nos podeis desamparar! Fomos entregues à vossa proteção num testamento de sangue e de lágrimas. Sangue de um Deus e lágrimas da Mãe de Deus!

“Mulher, eis aí o teu filho!”.

Desde aquela hora até hoje nunca foi desmentida a proteção materna de Nossa Senhora.

“Quem recorreu à vossa proteção e foi por vós desamparado ó Maria?” – pergunta São Bernardo.

Custamos o sangue de um Deus e foram bem amargas as lágrimas da Virgem ao pé da cruz. A alma do pecador, banhada no sangue de Jesus e orvalhada no pranto de Nossa Senhora, deve ter confiança no perdão, deve esperar misericórdia. Esperar contra toda esperança, porque fomos entregues no Calvário Àquela que foi chamada: Esperança até dos desesperados!

(1) Jo 19, 25-27

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

23 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

23 de Junho

Hoje estarás Comigo no Paraíso

“Ora, um daqueles ladrões, que estavam dependurados, blasfemava contra Ele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós. Mas o outro, respondendo o repreendia, dizendo: Nem ainda tu temes a Deus estando no mesmo suplício? E nós temos o castigo que merecem as nossas obras; mas este nenhum mal fez. E dizia a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (1)

O Bom Ladrão é o mais tocante modelo das almas confiantes. Viu Jesus no patíbulo entre criminosos. Ouviu as acusações, os insultos e blasfêmias do povo. E, naquele homem desfigurado, ali na cruz, reconhece o Messias prometido, o Senhor que lhe pode abrir as portas do reino do Céu.

"Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino!”

Belo ato de confiança! Um criminoso, um infeliz salteador, um condenado e com justiça, por tantos crimes, tem confiança em Jesus e Lhe pede uma lembrança apenas, quando chegar ao Reino Eterno. E, como não é pequeno o mérito da confiança, responde Jesus ao ladrão:

"Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso!”

Dois pecadores no Calvário. Um é o Desespero que blasfema. O outro, a Confiança, a pedir Misericórdia. Gestas se perde. Dimas se salva. O Bom Ladrão é o grande, talvez o maior dos missionários da Confiança! Imitemo-lo!

(1) Lc 23, 39-43

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

22 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

22 de Junho

Pai, se é possível, passa de Mim este Cálice

“E tendo-se adiantado um pouco apartou-se deles cerca de um tiro de pedra e, caindo de joelhos prostrou-se sobre a terra, com o rosto no chão, e orava para que, se fosse possível passasse dele aquela hora. E disse: Pai, se é possível, passa de mim este cálice! Pai, todas as coisas são possíveis; se é do teu agrado, aparta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas sim a tua, não seja como eu quero mas sim como tu queres.” (1)

Viu todo o suplício que O esperava. Viu suas carnes despedaçadas no Pretório, a face esbofeteada e coberta de escarros nojentos. Viu Pedro negando-O e blasfemando-O, os Apóstolos fugindo. A cruz e o Calvário. Maria chorando. Os insultos da plebe. O desamparo do Céu, o abandono horroroso de seu pai. E, prostrado em terra, banhado em sangue, Jesus só teve esta prece, o mais perfeito e sublime ato de abandono:

“Pai, se é possível, passa de mim este cálice. Contudo, não se faça a minha vontade, mas sim a tua. Não seja como eu quero, mas sim como tu queres!”

Nosso pobre coração espera talvez um golpe, o martírio de uma provação! É da vontade de Deus que soframos! Aos pés de Nosso Senhor podemos dizer:

“Meu Deus se é possível, afaste-se de mim tamanha desgraça, este cálice tão amargo!”

Mas saibamos acrescentar com o nosso Divino Modelo do Getsêmani:

“Contudo, faça- se a Vossa vontade, Senhor, e não a minha!”

(1) Mt 26, 36-38; Mc 14, 32-34; Lc 22, 39-46

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

21 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

21 de Junho

Minha Alma está Triste até a Morte

“E tendo tomado Consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, começou a entristecer-se a apavorar-se, a angustiar-se e ficar abatido. Disse-lhes então; Minha alma está triste até a morte; demorai-vos aqui e velai Comigo.” (1)

Notai nas expressões do Evangelista o horror da agonia de Jesus no Horto: começou a entristecer-se a apavorar-se, a angustiar-se e a ficar abatido.

Não é assim que nossa alma às vezes fica? Que agonia dolorosa! Há provações na vida espiritual que lembram os horrores do Getsêmani. Tristeza, pavor, angústia, abatimento…

Entre os seus amigos escolhe Nosso Senhor alguns para que participem das suas amarguras do Horto. Pedro, Tiago e João dormiram, não obstante o gemido angustioso do Coração de Jesus:

“Minha alma está triste até a morte!”

Alma generosa e fiel, repara a ingratidão do mundo nesta agonia eterna de Jesus, em face das iniquidades que cobrem a face da terra! Sê reparadora. Aceita pacientemente, pelos pecados do mundo, essas agonias horrorosas de tuas provações na vida espiritual. Contempla Jesus pálido, a suar sangue, triste, abatido, como que esmagado, no Jardim das Oliveiras. Sofre também com Ele! Ele te pede com amor:

“Vela Comigo, fica, demora-te aqui. Eu sofro. Chora, padece, agoniza Comigo pelos pecados do mundo!”

(1) Mc 14, 32-34

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

20 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

20 de Junho

“Entrou hoje a Salvação em tua Casa”

“Quando Jesus chegou àquele lugar, levantando os olhos, viu-o e lhe disse: Zaqueu, desce depressa, porque importa que eu fique hoje em tua casa. E desceu a toda pressa e recebeu-O com gosto. Mas, vendo isto, todos murmuraram, dizendo que se tinha ido hospedar em casa de um homem pecador. Entretanto Zaqueu, posto na presença do Senhor disse-Lhe: Senhor, eu estou para dar aos pobres a metade dos meus bens e naquilo em que eu tiver defraudado a alguém, pagar-lhe-ei quadruplicado. Jesus lhe disse: Pois então entrou hoje a salvação nesta casa porque também este é um filho de Abraão. Na verdade, o filho do homem veio buscar e salvar o que tinha perdido.” (1)

Zaqueu nada pediu. Curioso, desejou ver a Jesus que passava, e subiu, porque era de baixa estatura, a um sicômoro. Jesus o descobre. Levanta os olhos e lhe diz:

“Zaqueu, desce depressa, porque importa que Eu fique hoje em tua casa”.

E Jesus entrou na casa do pecador, a quem converteu, fazendo entrar ali a salvação. Quanta misericórdia!

Como Zaqueu, somos também pecadores e, também como ele, de pequena estatura na virtude e no amor. No sicômoro da confiança, esperemos Nosso Senhor. Vê-Lo-emos passar, distribuindo o perdão e fazendo o bem. E Ele nos dirá, com um olhar cheio de doçura:

“Desce depressa, importa que Eu fique em tua casa”.

E, ainda como Zaqueu, sejamos generosos em reparar as nossas faltas e em pagar quadruplicado o que devemos pelos nossos pecados. Temos os méritos de Jesus Crucificado. E na casa de nossa pobre alma há de entrar a salvação!

(1) Lc, 19, 1-10

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

19 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

19 de Junho

Que Queres que te Faça?

“Ora, aconteceu, quando ia chegando a Jericó, que um cego estava sentado à borda do caminho, pedindo esmola; e, ouvindo o tropel da gente que passava perguntou que era aquilo. Disseram-lhe, porém, que era Jesus Nazareno que passava. Exclamou logo, dizendo: Jesus filho de Davi, tem piedade de mim! E os que iam adiante repreendiam-no para que se calasse, mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem piedade de mim! Então Jesus, parando, mandou que Lho trouxessem e, quando se aproximou perguntou-lhe, dizendo: Que queres que te faça? Ele, porém, respondeu: Senhor, que eu veja! E Jesus lhe disse: “Vê! Tua fé te salvou.”

Ouvindo o tropel da gente que passava, pergunta o cego o que era. Disseram-lhe que passava Jesus de Nazaré. Não se pôde conter. Encheu-se-lhe o coração de confiança e ele logo exclamou:

“Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”

E o repreenderam para que se calasse. Mas, diz o evangelista, ele gritava mais:

“Filho de Davi, tem piedade de mim!”

Que confiança! Quando, nas trevas da cegueira de tantos pecados e tentações, queremos recorrer a Jesus que passa e implorar a sua Divina Misericórdia, somos repreendidos e o demônio do desespero e da desconfiança no-lo quer impedir, ah! Como o cego de Jericó, gritemos ainda mais alto:

“Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”

E Ele dirá:

“Que queres que te faça, meu filho?”

"Que eu veja meu Jesus, que eu veja o Vosso Amor, a Vossa misericórdia!”

E Ele dirá:

“Vê! Tua fé te salvou”

E veremos a Jesus como Ele é realmente: doce e cheio de misericórdia!

(1) Lc 18, 35-43; Mc 10, 46-52

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

18 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

18 de Junho

“Teu irmão há de Ressuscitar”

“Ora, Marta, tanto que ouviu que vinha Jesus saiu a recebê-lo. Maria, porém, ficara sentada em casa. Disse então Marta a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido; mas também agora sei que tudo o que pedires a Deus, Deus te concederá. Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.” (1)

Por que Maria fica sentada em casa, no dizer do Evangelista e Marta sai, aflita, ao encontro de Jesus e lhe expõe a razão por que chora, por que sofre?

Maria é o modelo das almas abandonadas à vontade santíssima de Deus. Espera, calma, em paz, que o Mestre venha. Lázaro morreu. O irmão querido partiu para a vida eterna, deixando-a saudosa e triste – é verdade – mas resignada e confiante. Nos golpes da vida, imitai a calma e doce resignação de Maria. Marta é a prece das almas aflitas. Maria, a oração do abandono e da confiança. Ambas agradam a Nosso Senhor e são ouvidas. No entanto, a oração de Maria é mais perfeita e mais bela.

Nas aflições da vida, vamos a Jesus, depressa e confiantes como o fizeram as irmãs de Lázaro. Ou correndo ao encontro de Jesus, suplicante e em pranto, ou no silêncio de um ato de conformidade à Vontade santíssima de Deus. Juntemos, nas aflições, a oração fervorosa de Marta à calma resignação e a doce confiança de Maria, porque ambas mereceram a ressurreição de Lázaro.

“Teu irmão há de ressuscitar!”

Notai que Maria fica sentada em casa, mas quando chega o Senhor, levanta-se depressa, diz o Evangelho e corre ao encontro de Jesus. Espera, vai ao encontro de Jesus. Sempre o abandono, mas também sempre o esforço, a diligência em correr ao encontro do Mestre.

O abandono não dispensa o esforço.

(1) Jo 11, 1-44

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

17 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

17 de Junho

Achei a Minha Ovelha

“Qual de vós o homem que tendo cem ovelhas, se perder uma delas, porventura não deixa as noventa e nove no deserto e não vai em busca da que tinha perdido até que a encontre? E quando a tiver encontrado a põe sobre os ombros, cheio de gosto, e, vindo para casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se tinha perdido?” (1)

Quanto faz o bom pastor pela ovelha perdida! Sai a procurá-la, deixando noventa e nove no deserto. Quando sentirdes, almas santas e amorosas, o coração num deserto de aridez cruciante, não vos perturbeis. Jesus, o Bom Pastor, saiu à procura das ovelhinhas perdidas, os pecadores, e vos deixou no deserto. Regozijai-vos com isso e sofrei com paciência a vossa provação pelo bem dos pecadores. Depois o Bom Pastor encontra a sua ovelhinha. Não a maltrata porque fugiu do rebanho. Alegra-se porque a achou e a põe sobre os ombros, cheio de gosto, di-lo o Evangelho. Que misericórdia! Quando o pecador se converte, sente uma doçura inexprimível, chora de felicidade, experimenta uma paz suave e confortadora. É o delicioso repouso nos ombros do Bom Pastor. Não é assim, pecador arrependido, não é assim que Nosso Senhor vos trata? Que festa no Céu quando Jesus convoca os santos e anjos, seus amigos e vizinhos, e lhes diz:

“Congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que tinha perdido, o meu pecador querido, aquela pobre alma que salvei da condenação eterna!”

Jesus, Bom Pastor, meu coração não pode mais resistir às ternuras do Vosso Amor misericordioso!…

(1) Lc 10, 25-37

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

16 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

16 de Junho

Vendo-o, o Samaritano moveu-se de Compaixão

“Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de ladrões que o despojaram; e, depois de o haverem ferido, retiraram-se deixando-o semimorto. Sucedeu, porém que passasse pelo mesmo caminho um sacerdote, que, depois de o ver, passou adiante. Passou igualmente, de largo, depois de o ver, um levita, que se achava perto. Mas um samaritano, que seguia seu caminho chegou junto dele e, vendo-o moveu-se de compaixão”. (1)

O nosso Bom Samaritano é Jesus. Feridos pelo pecado, despojados de toda riqueza da graça, fomos atirados à beira da estrada deste mundo. Nem o sacerdote, nem o levita que passaram nos socorreram. Passaram de longe. Sim, porque há sacerdotes e levitas que não nos falam da Misericórdia Divina, dos tesouros infinitos do Coração de Jesus. Passam de longe e nos deixam a gemer com as feridas do pecado, do medo e dos escrúpulos, sempre doloridos e a sangrar. Há de vir, porém, Jesus, o Bom Samaritano, numa inspiração da graça, numa boa leitura, numa meditação e, melhor ainda, num bom sacerdote e confessor experimentado nos segredos do Amor misericordioso. E nossas feridas serão ungidas com o óleo da confiança. E seremos levados à Hospedaria do Amor, porque passou Jesus, Bom Samaritano de nossas almas, que, vendo-nos, chegou-se junto a nós e moveu-se de compaixão.

(1) Lc 10, 25-37

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

COMO CERTO FIDALGO VIU A SANTO ANTÔNIO ABRAÇADO AO DULCÍSSIMO MENINO E SENHOR NOSSO JESUS CRISTO

COMO CERTO FIDALGO VIU A SANTO ANTÔNIO ABRAÇADO AO DULCÍSSIMO MENINO E SENHOR NOSSO JESUS CRISTO
 
Quando certa vez Santo Antônio entrou numa cidade em serviço de pregação, o senhor fidalgo que lhe deu pousada, assinou-lhe aposentos retirados a fim de não o perturbarem no estudo e oração.

 Ora, estava o Santo recolhido e só em seus aposentos, quando o senhor fidalgo, discorrendo pela casa a tratar da sua vida, adregou passar perto, e levado por devota curiosidade espreitou para dentro, a escondidas, por uma fresta que abria mesmo no lugar onde o Santo descansava.

E o que haviam de ver seus olhos! Um Menino mui formoso e alegre nos braços de Santo António, e o Santo a contemplar-lhe o rosto, a apertá-lo ao peito e a cobri-lo de beijos.

Ficou maravilhado o fidalgo com a formosura do Menino, e todo se espantava não atinando como explicar donde teria vindo para ali criança tão graciosa e tão bela. E o Menino, que outro não era senão o Senhor Jesus, revelou a Santo António que seu hospedeiro o estava espreitando.  

Pelo que Santo Antônio depois de findar a longa oração, chamando o senhor fidalgo humildemente lhe pediu e instou que, enquanto ele vivo fosse, a ninguém descobrisse a visão que espreitara. E só depois da morte do Santo, o senhor fidalgo com lágrimas santas contou o milagre que seus olhos indiscretos haviam contemplado. Em louvor de Cristo. Amém.  


(Fonte: VIDA PRIMEIRA DE SANTO ANTÓNIO também denominada LEGENDA «ASSIDUA» por um frade anónimo da ordem dos menores - CAPÍTULO XX)

15 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

15 de Junho

O Filho do Homem não veio para Perder as Almas

“Enviou diante de Si mensageiros, que, caminhando, entraram numa cidade dos samaritanos para Lhe preparar pousada. E não O receberam, por ter aparência de que ia para Jerusalém. Vendo isto, Seus discípulos Tiago e João disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do Céu e os consuma? Porém, voltando-se para eles, repreendeu-os dizendo: Não sabeis de que espírito sois! O Filho do homem não veio para perder as almas, mas para salvá-las” (1).

Jesus, diz o Evangelho, voltando-se para os discípulos que pediam fogo e castigos para a cidade, repreendeu-os:

“Não sabeis de que espírito sois?”.

É que o espírito de doçura, perdão e misericórdia, caracteriza a doutrina de Nosso Senhor, em seu Evangelho.

“Não veio o Filho do homem para perder as almas, mas para salvá-las”.

Fogem do espírito evangélico o rigor e dureza com que alguns cristãos tratam o próximo sob pretexto de combater pela fé, e chamar a vingança Divina sobre o pecado. Fazem de Deus um Deus vingativo e terrível.

Assustam as pobres almas e irritam ainda mais os inimigos de Nosso Senhor e da Igreja. Ah! Não conhecem o espírito do Evangelho esses apóstolos imprudentes, irritadiços e intolerantes. Tenhamos paciência e doçura com os pecadores, como Jesus tem paciência e misericórdia conosco. Para longe de nós esse zelo amargo. Havemos então de perder as almas que o Filho do homem veio salvar?

(1) Lc 9, 51-56

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

A MORTE DO SANTO (SANTO ANTÔNIO)

*A MORTE DO SANTO *

Santo Antônio morreu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231, com apenas 36 anos. Por isso ele é conhecido também como Santo Antônio de Pádua. Antes de falecer nas portas de Pádua, Santo Antônio diz: ó Virgem gloriosa que estais acima das estrelas. E completou, estou vendo o meu Senhor. Em seguida, faleceu. Os meninos da cidade logo saíram a dar a notícia: o Santo morreu. E em Lisboa os sinos das igrejas começaram a repicar sozinhos e só depois o povo soube da morte do Santo. Santo Antônio então morre com apenas 36 anos. Mas morre tendo verdadeiramente sabido o que fazer na vida, chegando a grande grau de santidade. Um ano após sua morte é canonizado pelo papa Gregório IX, que o conheceu em vida e o chamou de Arca da Aliança. Nesse mesmo ano se inicia a construção de uma basílica em sua honra na cidade de Pádua. Em 1263, seu corpo foi transferido para o lugar, na presença de São Boaventura, então superior dos franciscanos. Quando o sarcófago foi aberto, a língua do santo que tinha proclamado com tanta eloqüência a Palavra de Deus foi encontrada perfeitamente intacta, ao que exclamou o santo “Ó língua bendita, que sempre glorificaste o Senhor e levaste os outros a glorificá-lo, agora nos é permitido avaliar como foram grandes os teus méritos perante Deus!”. A língua do grande pregador foi então colocada em um relicário dourado, de onde até os dias de hoje recebe a veneração dos fiéis católicos. O corpo de Santo Antônio foi exumado ainda duas outras vezes: em 1350, quando o seu queixo e vários de seus ossos foram colocados em relicários próprios; e há poucos anos, em 1981, por ordem do Papa João Paulo II, quando se descobriram incorruptas também as suas cordas vocais.

14 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

14 de Junho

Eu Sou o Bom Pastor

“Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas; porém, o mercenário, o que não é pastor, de quem as ovelhas não são próprias, quando vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, e o lobo arrebata e dispersa as ovelhas. Mas o mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor e conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem, assim como o Pai Me conhece e Eu conheço a Meu Pai, e Eu dou a Minha vida pelas minhas ovelhas” (1).

“Eu sou o Bom Pastor”, diz Jesus, com infinita doçura. Tão bom que não só vigia, mas conhece e ama as suas ovelhas. Dá por elas a vida. Alimenta-as com a Sua própria substância, no Sacramento do Altar. A mais tocante de todas as imagens, em que Jesus se apresenta para arrebatar o nosso coração e nos encher de confiança é, sem dúvida, a do Bom Pastor.

“Conheço as minhas ovelhas, diz Ele, e as minhas ovelhas me conhecem”.

Esse conhecimento mútuo entre pastor e ovelhas se dá na confiança, no abandono e no amor. O lobo rodeia o aprisco, voraz espreitando as ovelhinhas. Mas o Bom Pastor vigia e não teme. As tentações do demônio, alma cristã, perseguem-vos, e o Inferno emprega, desesperado, todos os esforços para vos arrebatar do rebanho do Bom Pastor, do Aprisco do Coração de Jesus! Não tenhais medo! O Bom Pastor vigia e o lobo não vos há de arrebatar. Mas é necessário ficar no Aprisco de Jesus e dentro dos muros da confiança que o cercam e vos livram do perigo.

(1) Jo 10, 1-21

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

A PERSEGUIÇÃO DO DIABO E O MILAGRE DE LUZ QUE OBSERVOU

A PERSEGUIÇÃO DO DIABO E O MILAGRE DE LUZ QUE OBSERVOU

1. Mas , porque rival da virtude, o antigo inimigo não cessa de se opôr às boas obras, querendo arredar o servo de Deus Antônio do seu propósito de salvação, fazia por o atormentar com noturnas visões. 2. Não vou contar uma ficção mas uma revelação, feita pelo próprio santo de Deus a um dos irmãos, enquanto ainda vivia.

Certa noite, no início da atividade quaresmal que já referimos, quando refazia com o benefício do sono os seus membros fatigados, atreveu-se o diabo a apertar com violência a garganta do homem de Deus e, depois de a apertar, tentou sufocá-lo.

3. Mas ele, depois de invocar o nome da gloriosa Virgem, imprimiu na fronte o sinal da santa cruz e, afugentado o inimigo do género humano, imediatamente experimentou alívio.

4. E, desejando vê-lo a fugir, abertos os olhos, eis que toda a cela, onde se encontrava deitado, refulgia , iluminada por uma luz vinda do céu. Este clarão, cremos seguramente que se ateou na cela pelo poder da virtude divina: não podendo o cultor das trevas suportar os seus raios, afastava-se cheio de confusão.



(Fonte: VIDA PRIMEIRA DE SANTO ANTÓNIO também denominada LEGENDA «ASSIDUA» por um frade anónimo da ordem dos menores - CAPÍTULO XI)

13 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

13 de Junho

Nem Eu te Condenarei

“Mas Jesus, abaixando-se, escrevia com o dedo em terra. E, como continuassem a interrogá-lO, ergue-se e lhes disse: Aquele de vós que está sem pecado atire-lhe a primeira pedra. E, inclinando-se de novo, continuava a escrever em terra. Eles então, ouvindo isto, saíam, um após outro, começando pelos mais velhos e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. Erguendo-se, pois, Jesus disse-lhe: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condena? Ninguém, Senhor, respondeu ela. Nem eu te condenarei, disse-lhe então Jesus; vai e não peques mais.” (1)

Saíram todos os que acusavam a pobre pecadora e a queriam apedrejar. Só ficaram Jesus, diz o Evangelho, e a mulher que estava no meio. A miséria diante da Misericórdia! E Jesus não a repreende, nem lhe diz palavra sobre o pecado cometido. Pergunta, com infinita doçura:

“Ninguém te condenou? – Ninguém, Senhor, responde a pecadora. Nem Eu te condenarei! Vai em paz e não queiras mais pecar!”

Notai como Jesus trata os pecadores e nunca desespereis do perdão. Zaqueu, a adúltera, a Samaritana, o Bom Ladrão e Madalena experimentaram os efeitos da Infinita Misericórdia do Coração de Jesus. E ainda tremeis e desconfiais do perdão? Ah! Jesus, dizei à minha alma arrependida a palavra de misericórdia e de perdão:

“Nem Eu te condenarei!”

E não hei de pecar mais, ajudado pela Vossa graça onipotente!

(1) Jo 8, 1-11

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

O PÃO DOS POBRES DE SANTO ANTÔNIO

O PÃO DOS POBRES DE SANTO ANTÔNIO

“Quem dá ao pobre empresta ao Senhor, e Ele lhe retribuirá o benefício.” Prov. XIX, 17.

A história do “Pão de Santo Antônio” remonta a diversos fatos da vida e milagres de Santo Antônio.

O “pão dos pobres de Santo António” é ao mesmo tempo uma piedosa devoção e uma instituição de grande valor para a Igreja. Consiste em doações para prover de pão os pobres, honrando assim o “protetor dos pobres” que é Santo António.

Uma tradição liga esta obra ao episódio de uma mãe cujo filho se afogou dentro de um tanque mas recuperou a vida graças a Santo António. Ela prometera que, se o filho recuperasse a vida, daria uma porção de trigo igual ao peso do menino. Por isso até hoje esta obra é conhecida em todas as dioceses como a obra do pondus pueri (peso do menino).

Essa obra também remete  a um episódio da vida de Santo Antônio:
“Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todos os pães do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham que comer: “os pães tinham sido roubados”. Atônito, foi contar a Santo Antônio o ocorrido. Este mandou que verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O irmão padeiro voltou estupefacto e alegre: os cestos transbordavam de pão, tantos que foram distribuídos aos frades e aos pobres que visitavam o convento.

Outros tantos milagres aconteceram por intercessão de Santo Antônio em favor dos pobres. Outro deles teve lugar em Toulon, narrado por Luísa Bouffier: certa manhã, 12 de Março de 1890, quando ia abrir a sua loja, a fechadura de segredo partiu e não conseguiu abrir a porta. Chamou um serralheiro que, depois de muitas tentativas, infrutíferas, resolveu ir buscar ferramenta para a arrombar. Entretanto, por inspiração divina, Luísa prometeu dar pão aos pobres se com a nova experiência conseguisse abrir a porta da sua loja. Voltou o serralheiro e à primeira tentativa, sem dificuldade alguma, logo a abriu, deixando todos em estupefação geral atribuindo tal feito a Santo Antônio. Reconhecida, Luísa Bouffier, colocou uma imagem do santo na sua loja e uma caixa onde recolhia esmolas para, com elas, comprar pão para os pobres.

A partir de acontecimentos como este, espalhou-se por todo o mundo, o costume de colocar nas igrejas uma caixa para esmolas do “Pão dos pobres”.

Um grande propagador dessa obra de caridade foi Santo Aníbal Maria di Francia, fundador dos padres Rogacionistas do Sagrado Coração de Jesus.

12 de junho de 2022

Programação Missa Tridentina - Apostolado do IBP - Curitiba

No Salão-Capela, Rua Prodocimo Lago 1242, Taboão

⛪️ Domingo, 12/06
Missa Tridentina Santissima Trindade

08h00, Confissões
08h30, Missa Tridentina Rezada
09h30, Confissões
10h00, Missa Tridentina Cantada

18h30, Confissões
19h00, Missa Tridentina Rezada
——————————————————
Na Casa do Padre: Olavo Bilac, 76

⛪️ 2ª feira, 13/06
07h30, Missa Tridentina Rezada

⛪️ 3ª feira, 14/06
07h30, Missa Tridentina Rezada

⛪️ 4ª feira, 15/06
07h30, Missa Tridentina Rezada

18h00, Exposição do Santíssimo
19h00, Conferência
——————————————————
No Salão-Capela, Rua Prodocimo Lago 1242, Taboão

⛪️ 5ª feira, 16/06
Missa Tridentina Corpus Christi
DIA SANTO DE GUARDA
08h30, Missa Tridentina Rezada
10h00, Missa Cantada e Benção do Santíssimo

(Não Haverá missa pela noite neste dia)

⛪️ 6ª feira, 17/06
18h40, Hora Santa Reparadora
19h30, Missa Tridentina Rezada

⛪️ Sábado, 18/06
08h30, Confissões
09h00, Missa Tridentina Rezada

⛪️ Domingo, 19/06
II Domingo pós Pentecostes
08h00, Confissões
08h30, Missa Tridentina Rezada
09h30, Confissões
10h00, Missa Tridentina Cantada

18h30, Confissões
19h00, Missa Tridentina Rezada

Deus abençoe!
Pe. Thiago, IBP

PREGANDO SANTO ANTÔNIO, VIERAM OS DEMÔNIOS E O DERRIBARAM DO PÚLPITO

PREGANDO SANTO ANTÔNIO, VIERAM OS DEMÔNIOS E O DERRIBARAM DO PÚLPITO

Uma vez foi Santo Antônio pregar a S. Juniano no bispado de Limoges, e porque a multidão do povo não cabia na igreja, resolveu de se ir à praça grande com toda aquela gente que para o ouvir se ajuntara.  Logo ali improvisaram um estrado, em lugar alto, à maneira de púlpito, onde o pregador de todos pudesse ser visto e ouvido. E o Santo para lá subiu. E, a abrir o sermão, exclamou:
— Eu sei que daqui a nada nos vem o demônio a perturbar. Não tenhais medo. Sua maldade não fará dano a ninguém.  

E o caso foi que, passados momentos, se veio abaixo o estrado em que o Santo pregava; mas com admiração de todos não sucedeu mal a ninguém.  E o povo, ao ver como no servo de Deus reluzia o espírito de santa profecia, maior respeito lhe ganhou, e com mais atenção o escutou quando ele, armado outra vez o púlpito, recomeçou o sermão.  



 (Fonte: LIVRO DOS MILAGRES ou Florinhas de Santo António de Lisboa - CAPÍTULO XI - Frei Fernando Félix Lopes, OFM)

11 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

11 de Junho

Não está Morta, mas Dorme!

“Falando-lhe ainda, veio um príncipe da sinagoga, dizendo-lhe: Morreu a tua filha, para que afadigas mais o Mestre? Não queiras incomodá-lO. Mas Jesus, tendo ouvido o que diziam, disse ao príncipe da sinagoga, ao pai da menina: Não temas; crê somente e será salva. E não consentiu que alguém O seguisse senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Chegando, pois, à casa do príncipe da sinagoga, vê os tocadores de flauta e uma turba de povo fazendo barulho, e todos chorando e fazendo grandes prantos. Havendo, pois, entrado, disse-lhes: Para que vos turbais e estais chorando? Não choreis, retirai-vos, porque não está morta a menina, mas dorme” (1).

“Morreu, diziam, para que afadigas mais o Mestre?”

Assim nos fala o demônio do Desespero, quando pecamos.

“Morreu a tua alma! Está perdida e condenada… Para que ainda procuras e afadigas a Jesus com tuas orações?”

Não demos ouvidos a mais terrível das tentações, a desconfiança da misericórdia Divina. Pecamos! Morreu a nossa pobre alma! Como Jairo, o piedoso príncipe da sinagoga, vamos a Jesus. Ninguém nos tire a convicção de que nossa alma ressuscitará pela graça. Jesus dirá ao nosso coração, que chora, arrependido:

“Por que vos turbais e estais chorando? Não está morta, mas dorme”.

E despertará do sono do pecado, isto é, da morte, a nossa pobre alma.

(1) Mc 5, 35-43; Mt 9, 18-19.23-26; Lc 8, 49-50

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 


10 de junho de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

10 de Junho

Tem Confiança, vai em Paz e fica Sã

“E disse Jesus: Alguém me tocou, porque conheci que uma virtude saíra de mim. E olhava em roda para ver aquela que isto havia feito. Porém a mulher, vendo que não esteve oculta, temendo e tremendo, bem certa do que lhe tinha acontecido, veio e se prostrou diante Dele e Lhe disse toda a verdade e declarou diante de todo povo por que causa O tocara e de que modo ficara logo curada. Então, vendo-a, disse-lhe: Tem confiança, filha, a tua fé te salvou, vai em paz e fica sã de tua enfermidade. E ficou sã a mulher desde aquela hora.” (1)

“Temendo e tremendo”, diz o Evangelho, a pobre mulher se aproximou de Jesus e declarou porque O tocara. E, vendo-a assim, naquele temor, como se tivesse faltado ao respeito devido ao Mestre, Jesus lhe disse:

“Tem confiança”.

Nosso Senhor não quer que O tratemos cheios de medo, de escrúpulos, de receios e desconfianças, como certas almas tímidas, acanhadas demais, por uma doutrina de fundo jansenista, que, infelizmente, ainda se vê, hoje, bem propagada. Ele nos repete, como à pobre enferma do Evangelho, quando O tocamos, e tão de perto, na Eucaristia:

“Tem confiança. Tua fé te salvou”

E nossos pecados? E a enfermidade de nossos vícios? “Vai em paz e fica sã de tua enfermidade”, repete Jesus à nossa alma, sempre enferma, sempre cheia de misérias.

Aproximemo-nos de Jesus, não temendo nem tremendo, mas amando e confiando…

(1) Lc 8, 45-47; Mt 9,18-26

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

 


9 de junho de 2022

O FAMOSO MILAGRE DO SERMÃO DOS PEIXES EM RÍMINI - MISSA TRIDENTINA

O FAMOSO MILAGRE DO SERMÃO DOS PEIXES EM RÍMINI

Santo Antônio foi pregar na cidade de Rímini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi-lo em hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o resultado parcial. Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que toda a cidade se convertesse.

Saindo do retiro, foi direto às praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não queriam fazê-lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a ouvi-lo.

“Irmãos peixes. Os homens esquecem-se de Deus. Por isso aqui estou para vos falar”, - dizia Santo Antônio aos peixes ao perceber a ingratidão dos homens para com Deus.

Os peixes com cabeça fora d’água! Só isso já era um milagre. Os peixes morrem, quando ficam muito tempo com a cabeça fora d’água. Mas eles não morreram. E ficaram ouvindo atentos, em ordem. O sol colocava reflexos estranhos naquelas cabeças de brilho metálico e molhado. Os peixes olhavam e ouviam atentos. E frei Antônio pregava. Falava de Deus.

Algumas pessoas que passavam viram o prodígio e foram chamar as outras. Dentro em pouco, atrás de frei Antônio havia toda uma verdadeira multidão assustada, vendo esse milagre!



O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

9 de Junho

Vai em Paz

…"Pelo que digo a ti: muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas, a quem menos perdoa, menos ama. E os que estavam junto à mesa começaram a dizer consigo mesmo: Quem é este que também perdoa pecados? E disse à mulher: A tua fé te salvou. Vai em paz." (1)

A desordem de Madalena foi ter amado loucamente as criaturas, e a salvação da pecadora foi ter amado, e muito, a Nosso Senhor. Este amor de Madalena era o amor confiante, penitente, que atrai o Amor misericordioso. As almas grandes no pecado costumam também ser grandes no Amor Divino. Vede Agostinho, Margarida de Cortona, Maria Egipcíaca. Que almas seráficas! O amor das criaturas, que mancha e perde, transforma-se, purifica e salva, quando voltado para o Criador. Eis porque Nosso Senhor assim pode falar de Madalena:

"Muitos pecados lhe são perdoados porque muito amou."

Tua alma está coberta de iniquidades, de crimes, de pecados vergonhosos? Ah! Não tenhas receio!… Corre depressa a Jesus e pede-Lhe perdão, como fez Madalena, num gesto de confiança e de amor penitente. E serás perdoado! O amor e a confiança ressuscitam as almas que buscam o Salvador com todas as forças. É só isto que pede o Coração misericordioso de Jesus. Amor e confiança!– dizia uma alma arrependida. O resto… não existe para mim! (2)

(1) Lc 7, 36-50
(2) Eva Lavallieré

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

 


8 de junho de 2022

SANTO ANTÔNIO E OS HEREGES - MISSA TRIDENTINA

SANTO ANTÔNIO E OS HEREGES

Aos poucos foi ficando claro que a verdadeira missão de Santo Antônio: estava no púlpito, tinha eloquência, amor às almas, grande poder de persuasão e uma voz boa. Irradiava santidade; dizia-se que bastava vê-lo que os pecadores caiam de joelhos. A todos os lugares que ia as multidões acorriam para ouvi-lo; hereges cátaros se convertiam e confessavam os seus pecados. Muitas vezes as igrejas eram pequenas para conter a multidão. E ele pregava nas praças públicas e nos mercados, como era comum na época.

A inteligência e a facilidade que tinha para decorar textos dão a ele a capacidade de adquirir um conhecimento extraordinário da Bíblia Sagrada. Santo Antônio torna-se grande pregador da palavra de Deus. A Ordem Franciscana vai fazer dele o primeiro grande professor de teologia e ele virá a ser chamado de “Arca do Testamento”. A Igreja vai lhe confiar a difícil tarefa de pregar contra os erros dos hereges albigenses (cátaros).

Chamado em sua própria época de “o Martelo dos Hereges” e “Arca do Testamento”, ele combateu heresias que contestavam o valor de toda a vida, a autoridade da Igreja e a própria natureza de Deus. Era eloqüente e eficiente na pregação da verdade para uma sociedade que em geral a ignorava. Além disso, não só proclamou o Evangelho, mas também o viveu plenamente, de modo que sua própria vida atestava a profunda verdade de suas palavras.

Mas os hereges catáros não lhe davam sossego. Premeditaram uma vingança muito cruel em Rímini, na Itália. E foi essa vingança que proporcionou um dos milagres mais famosos de Santo Antônio.

 


O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTIINA

8 de Junho

Não Chores!

“Aconteceu que ia depois para uma cidade chamada Naim e iam com ele os seus discípulos e uma grande multidão de povo. E, chegando perto da porta da cidade, eis que era levado um defunto, filho único de sua mãe, e esta era viúva, e vinha com ela muita gente da cidade. Logo que o Senhor a viu, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores. E aproximou-se e tocou o esquife (pararam logo os que o levavam) e lhe disse: Moço, eu te ordeno, levanta-te. Então se assentou o que estava morto e começou a falar, e Jesus o entregou à sua mãe.” (1)

Nosso Senhor, que, no Sermão da Montanha, diz: “Bem-aventurados os que choram”, pede à viúva de Naim que não chore:

“Não chores!”

Bem-aventurados os que choram seus pecados. Essas lágrimas de arrependimento e amor redimem, purificam nosso coração e nos enchem de felicidade e de paz. Mas ai! Como são amargas as lágrimas de uma piedosa mãe que chora a morte espiritual de um filho transviado, no vício e no pecado, e já o vê caminhando para a sepultura da eterna perdição! Pobre mãe, tem confiança! Ainda que vejas teu filho perdido, em estado desesperador, endurecido no vício, cadáver sem a vida cristã da graça, confia, espera! Jesus há de passar logo, e tuas lágrimas, assim como tuas orações, não serão perdidas. Ele te há de consolar como à viúva de Naim, ressuscitando teu filho, pela conversão, para uma vida melhor. Não te lembras de Santa Mônica? Chorou quase vinte anos por Agostinho! Ah! Não chores! Tem confiança!

(1) Lc 7, 11-18

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

7 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 

7 “O meu Divino Salvador, mostrou-me que a devoção ao seu divino Coração é como uma árvore sagrada, carregada de frutos salutares, que este divino Coração quer ver distribuídos com abundância a todos aqueles que os desejarem comer. Por este meio, quer dar a vida a muitos, retirando-os do caminho da perdição e destruindo o império de Satanás nas almas para estabelecer o do seu amor.”
Santa Margarida Maria Alacoque

 

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

7 de Junho

Eu Irei e o Curarei

“Ora, estava ali muito mal, quase a morrer, o criado de um centurião, que muito o estimava. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-Lhe que viesse curar o seu criado, dizendo: Senhor, um meu criado jazem casa paralítico e é fortemente atormentado. Mas eles, havendo chegado a Jesus, Lhe rogavam insistentemente, dizendo-Lhe: É digno de que lhe faças este favor, porque ama a nossa nação e ele mesmo edificou uma sinagoga. E Jesus disse: Eu irei e o curarei.” (1)

Mal acabaram os anciãos de falar e Jesus foi logo dizendo:

“Eu irei e o curarei”.

Que desejo de fazer o bem, de curar e de salvar tem o Coração de Jesus! E vai sem demora à casa do Centurião. Este veio prestar-se humildemente aos pés do Senhor, exclamando:

“Eu não sou digno de que entreis em minha casa. Uma palavra e meu criado estará salvo!”

E Jesus, para recompensar tanta confiança, diz a palavra que salva e cura. Humildade e confiança foram as virtudes da súplica do centurião. E foi ele sem demora atendido e louvado por Nosso Senhor. Sim, Jesus tem pressa de nos curar do pecado. E Ele diz aos santos Anjos que pedem nossa salvação:

“Eu irei e o curarei”.

Mas, quando Deus vem, quer encontrar-nos humildes e confiantes, depois de nossos sinceros esforços. E uma palavra Sua há de curar este criado, há tantos anos enfermo: o nosso pobre coração!

(1) Lc 7, 2-10; Mt 8, 5-13

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

 

6 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 


“Não me parece que as graças e bençãos, que o Sagrado Coração de Jesus promete, consistam na abundância dos bens temporais: porque estes fazem-nos pobres de sua graça e do seu amor, com que ele quer enriquecer as nossas almas. Muitos nomes estão escritos no seu Coração por causa do desejo que tiveram de o fazer honrar, e que por isso não permitirá que jamais dali sejam apagados. Mas não diz que os seus amigos não terão nada que sofrer, porque deseja que as nossas maiores delícias sejam saborear as suas amarguras.” Santa Margarida Maria

 

  

 

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

Queres ficar São?

“Ora, há em Jerusalém uma piscina probática, que, em hebreu, chama-se Betsaida, a qual tem cinco alpendres. Ora, estava aí um homem que havia trinta e oito anos se achava enfermo. A este, vendo-o Jesus deitado e sabendo que já de há muito tempo estava enfermo lhe disse: Quereis ficar são? Respondeu-Lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina quando a água estiver revolta, porque, enquanto vou, outro entra antes de mim. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.” (1)

Havia trinta e oito anos que o enfermo esperava à beira da piscina probática. E não desanimou! Viu tantos que dali saíram curados e esperava… Veio um dia Nosso Senhor e com duas palavras o levantou curado:

“Levanta-te, toma o teu leito e anda!”

Tem confiança, pobre alma. Há muitos anos talvez, que estás enferma de pecados e defeitos, imperfeições e misérias. Espera, persevera, até que venha a hora de Jesus, até que soe a hora da Misericórdia. Luta, sofre, humilha-te! Quando Jesus vier, há de se compadecer de tua miséria e Lhe dirás, talvez, que te falta um homem, um Diretor espiritual, alguém que te dirija nos caminhos do Céu, da perfeição, que te lance na piscina do Amor Divino, onde se purificam as almas. E Jesus te dirá:

“Queres ficar sã?”

E a tua alma sentirá, num instante, o efeito da graça, que cura e salva, e desse Amor que abrasa e faz correr nas vias da salvação.

(1) Jo 5, 1-18

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

 


5 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 

5 “Se estais mergulhado em um abismo de tristeza, abismai a tristeza no Coração de Jesus, que é um abismo de alegria celeste, e o tesouro de todas as delícias dos santos e dos anjos. Se estais na agitação e na inquietação, o Coração divino é um abismo de paz, e esta paz vos será comunicada. Quando estiverdes em um abismo de amargura e de sofrimento, uni-os ao abismo de sofrimentos infinitos do Coração de Jesus, e aprendereis dele a sofre e a permanecer contente nos sofrimentos. Quando estiverdes em um abismo de medo, o Coração de Jesus é um abismo de confiança e de amor: abandonai-vos nele; aí aprendereis que o medo deve ceder ao amor. Enfim, em tudo e em todas as situações abismai-vos neste oceano de amor e de caridade, e se for possível, não saí jamais, para que sejais penetrado pelo fogo que abrasa este Coração de amor à Des e aos homens, como o ferro na fornalha, ou como uma esponja mergulhada no mar e penetrada por suas águas.” Santa Margarida Maria Alacoque

 


O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

5 de Junho

Não vim para chamar os Justos, mas os Pecadores

“Vendo, porém, os fariseus e os escribas, que comiam com os publicanos e pecadores, murmuraram, dizendo aos discípulos de Jesus: Por que razão comeis vós e bebeis com os publicanos e pecadores? Por que razão vosso Mestre come e bebe com os publicanos e pecadores? Ouvindo isto, Jesus, respondendo-lhes, disse: Não têm os sãos necessidade de médico, mas sim os que estão enfermos. Ide-vos, pois, e aprendei o que quer dizer: Misericórdia quero e não sacrifício, porque não vim chamar os justos, mas os pecadores, à penitência.” (1)

Vede a misericórdia do Coração de Jesus! Come e bebe com os publicanos e pecadores, procura-os como o faz o Bom Pastor à ovelha desgarrada, e o Pai, ao Filho pródigo! E, quando os fariseus murmuram, responde:

“Não têm os sãos necessidade de médico, mas sim os que estão enfermos. Vim chamar os pecadores à penitência”

Por que ter medo de Nosso Senhor e tratá-Lo como um Juiz severo e duro, que só castiga? Oh! A Misericórdia do Coração de Jesus não é bem conhecida! Há o temor de Deus, que é o princípio da sabedoria, na expressão da Escritura, e o medo de Deus. Este é injusto e seca a fonte da Misericórdia. Medo de um Pai, de um Amigo, de um Irmão! Nosso Senhor se queixou a Santa Margarida e a Soror Benigna de que os homens o tratam como carrasco e desconhecem o seu Coração!

“O que mais ofende a Jesus, disse Santa Teresinha, e O fere no coração, é a falta de confiança. Não desconfiemos jamais da Misericórdia de Jesus!”

(1) Mc 2,15-22; Mt 9, 10-17

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ


4 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 

4 “Se vos encontrais abismado na morte, ide ao Coração de Jesus, aí encontrareis um abismo de vida, e tomareis aí uma vida nova, vida na qual não olhareis mais senão pelos olhos de Jesus Cristo, agireis senão por seus movimentos, falareis senão pela sua língua, amareis senão pelo seu Coração. Se vos encontrais em um abismo de ingratidão, o Coração de Jesus é um abismo de reconhecimento: tomai dele tudo o que é preciso oferecer à Deus por todos os bens que haveis recebido, e pedi a Jesus de suprir por vós com sua abundância. Se vos encontrais em um abismo de agitação, de impaciência ou de irritação, ide ao Coração de Jesus que é um abismo de doçura. Se estais em um abismo de dissipação e de distração, vós encontrareis no Coração Sagrado de Jesus um abismo de recolhimento e de fervor que compensará tudo, que fixará vosso coração e vossa imaginação unindo-os à Ele.” Santa Margarida Maria Alacoque


O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

4 de Junho

Tem Confiança, Filho…

“Eis que vieram ter com Ele uns homens, trazendo no leito um homem que era paralítico, o qual era introduzido por quatro homens e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante Dele. E, como não pudessem apresentá-lo, não achando por onde o passar por causa de muita gente, subiram sobre o telhado e descobriram o telhado da casa onde estava; e, tendo feito uma abertura pelas telhas, arriaram o leito em que o paralítico jazia, pondo-o no meio da casa, diante de Jesus. E, vendo Jesus a sua fé, disse ao paralítico: – tem confiança, filho; homem, os teus pecados te são perdoados.” (1)

Que confiança a do paralítico! Levado caridosamente por quatro homens, sujeita-se a todo sacrifício para chegar à presença de Jesus. E é conduzido no próprio leito em que jazia, talvez há muitos anos. Atravessa a multidão, sobe ao telhado e chega até Nosso Senhor. Que bons amigos os quatro homens que o conduziram! Quando a paralisia do pecado, da tibieza, dos maus hábitos nos impedir os passos no caminho da salvação, aceitemos os bons amigos que nos levem ao Médico Divino. São eles as boas leituras, o confessor, os sofrimentos, a doença, os golpes da vida. Esses amigos nos farão subir pela confiança, descobrirão o telhado de nosso pobre coração, fechado pelo egoísmo, e nos farão descer pela humildade, talvez pelas humilhações, até a presença tão doce de Jesus. Ouviremos, então, a palavra que nos há de encher o coração:

“Tem confiança, filho, teus pecados te são perdoados”

(1) Mc 2, 1-5; Mt 9

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ


3 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 

3 “Se experimentais um abismo de orgulho e de vã estima de vós-mesmos, abismai-a logo nos aniquilamentos profundos do Sagrado Coração de Jesus: este Coração humilde é o abismo da humildade. Se vos encontrais em um abismo de ignorância e de trevas, o Coração de Jesus é um abismo de ciência e de luzes: aprendei sobretudo a amá-lo, e a fazer senão aquilo que Ele deseja de vós. Se estais em um abismo de infidelidade e de inconstância, o Coração de Jesus é um abismo de constância e de fidelidade: abismai-vos nele, e aí encontrareis um amor constante a nos amar e a nos fazer o bem.” Santa Margarida Maria Alacoque

 

SANTO ANTÔNIO - MISSA TRIDENTINA

*Da vida de Santo Antônio *

UM SERMÃO OUVIDO DE LONGE

Conta o escritor Súrio que, estando Santo Antônio a pregar em certa cidade, uma devota senhora, que morava distante, tinha imenso desejo de ouvir as pregações do Santo.
O marido, homem perverso, não lho permitia de modo algum. Ouvindo que, devido a multidão de povo, o Santo iria pregar fora da cidade em campo aberto, a boa senhora, aflita e desconsolada, subiu ao terraço da casa para olhar, ao menos de longe, o lugar onde o Santo pregava.
Coisa admirável! Apesar, da grande distância a voz do pregador chegava-lhe aos ouvidos forte e distinta, como se o púlpito estivesse ali mesmo. Admiradíssima chamou o marido, o qual, reconhecendo naquele acontecimento o dedo de Deus, entrou em si, converteu-se sinceramente, e foi dali em diante um ouvinte assíduo da palavra de Deus.
E assim recompensou Nosso Senhor a fé e o amor que aquela senhora demonstrava pela palavra divina.


(Fonte: Tesouro de Exemplos - Parte 23)

2 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 

2 “Se estais em um abismo de privação e de desolação, este divino Coração é um abismo de toda consolação, no qual é necessário se perder. Se estais em um abismo de secura e de impotência, ide vos abismar no Coração de Jesus Cristo que é um abismo de poder e de amor, sem desejar experimentar a doçura deste amor senão quando for de sua vontade. Se estais num abismo de pobreza, e despido de tudo, abismai-vos no Coração de Jesus: Ele está cheio de tesouros, Ele vos enriquecerá, caso o deixeis agir. Se estais em um abismo de fraqueza, de recaídas e de misérias, ide também sempre ao Coração de Jesus: Ele é um abismo de misericórdia e de força, Ele vos levantará e vos fortificará.” Santa Margarida Maria Alacoque.

 

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

2 de Junho

Quero, sê Limpo!

“E aconteceu que, estando em uma daquelas cidades, eis que um homem, cheio de lepra, vendo a Jesus, veio para Ele e, lançando-se com o rosto em terra, adorava-O suplicando-Lhe, e posto de joelhos, rogou-Lhe, dizendo: Senhor, se queres, bem me podes limpar. Jesus, compadecido dele, estendeu a sua Mão e, tocando-o disse: Quero, sê limpo. E, tendo dito isso, desapareceu dele a lepra e ficou limpo.” (1)

Todos nós temos a lepra do pecado e somos manchados. Somos, talvez, mais hediondos aos olhos dos Anjos do que os mais chagados leprosos. Que fazer? Como o infeliz do Evangelho, procuremos a Jesus. Achá-Lo-emos sempre misericordioso e terno, compassivo e bom. Digamos-Lhe então, adorando-O no Sacrário: "Senhor, queres curar-me?". Depois, uma boa confissão, um ato de confiança, e Jesus estenderá sobre nós a sua Mão Divina e benfazeja, e nos tocará, dizendo:

“Quero, meu filho, sê limpo”.

Não é preciso mais do que um pouco de humildade e muita confiança, com firmeza e propósito. Vede o leproso. Prostra-se humildemente aos pés do Mestre, com o rosto em terra, suplica e faz um ato de fé.

“Senhor, diz ele, confiante no poder de Jesus, se queres, podes limpar-me.”

Jesus, meu doce Jesus, sou também leproso, curai-me. Podeis limpar-me. Dizei-me, como ao Lázaro do Evangelho, a vossa palavra de misericórdia:

“Quero, sê limpo!”.

(1) Mc 1,40-45; Mt 8, 2-4; Lc 5,12-15

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 


1 de junho de 2022

CORAÇÃO DE JESUS - MISSA TRIDENTINA

 


1 “O Coração de Jesus é um abismo onde encontrareis tudo: sobretudo é um abismo de amor, onde nós devemos abismar todo outro amor, e principalmente o amor-próprio que há em nós, com seus maus frutos, que são o respeito humano, e o desejo de nos elevar e de nos contentar. É afundando estas inclinações no abismo do amor divino, que aí encontrareis todas as riquezas que vos serão necessárias segundo vossos diferentes estados.” Santa Margarida Maria Alacoque.

 

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA - MISSA TRIDENTINA

1 de Junho

Vinde a Mim!

Um dia, Nosso Senhor, cheio de ternura e de compaixão pelos sofrimentos que nos acabrunham, abriu seus braços, num gesto de amor, e exclamou:

“Vinde a mim, vós que sofreis e estais sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (1).

Que bondade do coração de Jesus! Quer consolar-nos a aliviar-nos das amarguras da vida. E são tantas! Que nos há de consolar neste mundo?

“Os homens – diz Jó – são consoladores importunos. Só Nosso Senhor, só Ele, Bondade Infinita, Abismo insondável de misericórdia, pode aliviar-nos do peso quase insuportável dos sofrimentos da vida!”.

Nas nossas aflições, vamos ao Sacrário. Acharemos ali o coração misericordioso de Jesus, tão amável e tão amante, à nossa espera, para nos aliviar. É o mesmo Jesus que outrora enxugou, na Judeia, as lágrimas de dor e saudades da viúva de Naim, e de Jairo, e das irmãs de Lázaro; Jesus, que consolou e perdoou a Madalena; que ouviu as queixas e gemidos dos enfermos, dos leprosos e dos miseráveis que O seguiam à beira das estradas; Jesus do Evangelho, o Filho de Maria, real e verdadeiramente presente como está no Céu. Não estamos acostumados a ouvir falar na presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacrário e no Altar? Ah! Se tivéssemos fé, ó doce Jesus, sofreríamos muito menos. Só o pensamento da Vossa presença real no Sacrário a nos dizer – “vinde a Mim!” – só isto nos consolaria de todos os sofrimentos e penas desta vida!

(1) Mt 11, 28

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

31 de maio de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

31 de Maio

Onipotência Suplicante

“Maria, diz São Bernardo, é a Onipotência Suplicante”.

"Virgem Poderosa”, chama-a a Igreja nas Ladainhas Lauretanas. Por quê? Responde-nos o Anjo da Anunciação: “Porque achaste graça junto de Deus”.

E a graça que Maria recebeu foi com tal abundância, para nos socorrer, que não há favor nem misericórdia que não nos possa obter. É a Tesoureira das Graças. Nenhuma graça nos vem do Céu sem que passe pelas suas mãos. Mãos abençoadas e carinhosas de Maria, como sois belas, na imagem da Vossa aparição à Santa Catarina Labouré! Mãos abertas, distribuindo graças sobre a terra, iluminando as trevas deste mundo! E o que consola é que a “Onipotência Suplicante” é nossa Mãe! Ó Maria, quando nossa cabeça atormentada, dolorida e cansada de sofrer no exílio, quiser um repouso, um alívio, deixai-nos repousá-la no Vosso seio materno, doce e carinhoso abrigo.

"Virgem Santíssima, repitamos, na bela prece do Pe. Perreyve, nos vossos dias gloriosos, não Vos esqueçais das tristezas da terra. Lançai um olhar de bondade sobre os que sofrem, lutam contra as dificuldades e não cessam de temperar seus lábios nas amarguras da vida. Mãe, tende piedade dos que se amam e estão separados! Piedade do isolamento do coração! Piedade da fraqueza de nossa fé! Piedade dos objetos de nossa ternura! Piedade dos que choram, dos que rezam, dos que tremem! Dai a todos a esperança e a paz! Assim seja!”

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

#missatridentina #o #santamissa #nossasenhora #latinmass #igrejacatolica #missadesempre #catholic #vaticano #vatican #jesus #catholicchurch #missa #latin #salvemaria #catholicism #mass #tridentinemass #iglesia #papa #papafrancisco #modestia #tradi #extraordinaryform #roma #god #catolicismo#catolico #missaemlatim #tradici #iglesiacat #traditionalmass #holymass #tridentina #tradition #deogratias #jesuscristo #modesty #tridentinelatinmass #catholiclegion #amen #catolicospelomundo #licaromana #chatolic #igreja #padre #santidade #totustuus #vivacristorey #liturgia #maria #modestiacatolica #brasil #ibp #institutobompastor #saopiov #associacaosaopiov #curitiba 

30 de maio de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

30 de Maio

Perpétuo Socorro de Perpétua Miséria

A Santa Igreja nos ensina em sua Liturgia da Missa, na festa de Maria Auxiliadora, 24 de maio, que Deus constituiu na Bem-aventurada Virgem Maria “um perpétuo socorro para defesa do povo cristão”.

Por que profetizara a Virgem que todas as gerações haviam de chamá-la Bem-aventurada? Porque seria Ela, para todas as gerações, um perpétuo socorro. O título de “Perpétuo Socorro” inspira confiança. Nossa Senhora, no quadro miraculoso de Roma, quis mostrar ao povo cristão que é sempre Mãe solícita e carinhosa. Perpétuo socorro de nossa perpétua miséria!

Pelos meados do século XV, um negociante piedoso embarca na ilha de Creta para a Itália. Leva consigo um tesouro precioso, belo quadro de Nossa Senhora. Em pleno mar se desencadeia horrorosa tempestade. Já desesperada, a tripulação, a convite do piedoso negociante, prostra-se diante da imagem da Virgem. Rapidamente cessa o furor das ondas e o Céu torna-se claro e sereno. O quadro miraculoso foi a Roma e, por ordem da Virgem, exposto e venerado na Igreja de São Mateus, faz milagres, confirmando o título que trazia de “Perpétuo Socorro”. Afinal, depois de longo esquecimento, veio a imagem miraculosa aos filhos de Santo Afonso. Em 26 de abril de 1866, foi levada em triunfo para a Igreja de Santo Afonso, em Roma, onde é venerada até hoje.

“Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” é um título de Maria que enche o coração e o faz transbordar de confiança. Ó Maria, na enfermidade, nas aflições, na dor e na tristeza, nas provas e reveses, na vida e na morte, vinde, vinde em meu socorro, ó Mãe carinhosa!

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

 

#missatridentina #o #santamissa #nossasenhora #latinmass #igrejacatolica #missadesempre #catholic #vaticano #vatican #jesus #catholicchurch #missa #latin #salvemaria #catholicism #mass #tridentinemass #iglesia #papa #papafrancisco #modestia #tradi #extraordinaryform #roma #god #catolicismo#catolico #missaemlatim #tradici #iglesiacat #traditionalmass #holymass #tridentina #tradition #deogratias #jesuscristo #modesty #tridentinelatinmass #catholiclegion #amen #catolicospelomundo #licaromana #chatolic #igreja #padre #santidade #totustuus #vivacristorey #liturgia #maria #modestiacatolica #brasil #ibp #institutobompastor #saopiov #associacaosaopiov #curitiba