30 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 186

186) Dar de beber a quem tem sêde.
Oh! a sêde! Que tormento! Pensa nos caminhantes que vão pelas estradas sob o sol ardente, sem encontrar uma sombra para descansar e sem uma gota de água!
Nunca recuses, menino, um copo de água a um pobre sequioso. Ser-nos-ão pedidas contas no dia do juízo de como tratamos o nosso próximo. Se tivermos sido caridosos, o Senhor nos dirigirá o doce convite: ..."Vinde benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo; porque tive fome e deste-me de comer; tive sêde e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, nu e me vestistes; enfêrmo, e me visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me. Então lhe responderão os justos dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto e te demos de comer; sequioso e te demos de beber? E quando te vimos peregrino, e te recolhemos; nu e te vestimos? Ou quando te vimos enfermo, ou no cárcere e fomos visitar-te? E respondendo o Rei lhes dirá: Na verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um destes meus irmão mais pequeninos a mim o fizestes" (Mateus, 25, 34-40).
Nenhum preceito no Evangelho nos é inculcado com mais insistência do que o da caridade sob suas diversas formas. "E todo aquele que der de beber a um destes pequeninos um simples copo de água fresca, só porque é meu discípulo, em verdade vos digo não perderá a sua recompensa" (Mateus, 10,42).

29 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 185

Obras da Misericórdia Corporais

185) Dar de comer a quem tem fome.
A nossa caridade para com o proxímo deve ser operosa. Não deve contentar-se com palavras bonitas, mas traduzir-se em obras.
Pratica-se a caridade mediante as obras de misericórdia. Estas referem-se a duas espécies de necessidades que podem atingir o nosso próximo: necessidades do corpo e necessidades da alma. As primeiras são chamadas obras de misericórdia corporais; e as outras, de misericórdia espirituais.
A primeira entre todas as obras de misericórdia corporais é a que nos leva a socorrer o próximo na mais urgente das necessidades, isto é, a fome.
Menino, não conheces, por certo, este tormento. Todavia, quantos meninos pobres passam dias inteiros em jejum e a chorar, porque não têm o que comer!
Sê, pois, generoso para com os pobrezinhos que batem à tua porta. Imita essa caridosa senhora que vês representada na figura. É santa Francisca, nobre matrona romana. A sua porta estava sempre apinhada de necessitados de todo o gênero, aos quais ela dava tudo o que não lhe era estritamente necessário. Admirável exemplo de caridade!
O Senhor disse: "Da maneira que puderes, sê criativo. Se tiveres muito, dá muito; se tiveres pouco, procura dar de boamente também este pouco" (Tobias, 4, 8-9).

28 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 184

184) Que é que pedimos a Nossa Senhora com a Ave Maria?
Com a Ave Maria pedimos a Nossa Senhora a sua materna intercessão para nós, na vida e na morte.
É serena a morte quando confortada pela presença e pelo auxílio de Maria. Com maternal cuidado acorre ela à cabeceira de seus devotos, a fim de prepará-los para o grande passo e defendê-los contra os últimos e mais terríveis assaltos do demônio. E as doçuras, que a assistência de Nossa Senhora faz antegozar a seus devotos nos últimos momentos! Essa dulcíssima Senhora fá-los prelibar as alegrias eternas. Quando o mistério da morte fôr desvendado, Maria Santíssima mostrar-lhes-á o fruto bendito de seu ventre - Jesus.
É esta morte que pedimos a Nossa Senhora na Ave Maria, oração simples e ao mesmo tempo sublime. Nenhuma outra prece podemos oferecer-lhe, que lhe seja mais agradável e honrosa. Nenhuma outra há mais útil e mais fecunda em graças!
Ave Maria, cheia de graça!
A vida passa
Com tanta luta, com tanto anseio
Mas em Ti creio,
Doce Rainha... E ouve-me agora,
Nossa Senhora!
Minha alma sobe para implorar-te
Por tôda parte,
Crença e esperança, calma e ventura,
Sonho e ternura
P'ra dar sossêgo, numa oração,
Ao coração!

Ave Maria, cheia de graça!
Lírio sem jaça,
Rosa dos prados, flor de poesia,
Ave Maria!
Ao sentimento dá mais perfume,
E acende o lume
Da caridade no mútuo afeto,
Em cada teto!
Das mães, das virgens, poder e amparo,
Tesouro raro;
Deixa que esplenda, com claridade,
Toda verdade!

Dá graça e bençãos às minhas filhas,
Ó Tu que brilhas
Com tanta glória, com tanto encanto!
Sob o teu manto
Tua alma é estrela que nos conduz
A Deus e à luz!

Seis badaladas soam cantando!
Aves, em bando,
Procuram logo paz e carinho
Em cada ninho...
Nesta hora santa, está findo o dia
Ave Maria!

(Marina Stella Quirino Marchini. "Sursum Corda")

27 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 183

183) Com que oração especialmente invocamos a Nossa Senhora?
Invocamos a Nossa Senhora especialmente com a Ave Maria ou Saudação angélica.
"O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um varão que se chamava José, da casa de Devi; e o nome da Virgem era Maria. E, entrando o anjo onde ela estava, disse-lhe: Deus te salve, cheia de graça, o Senhor é contigo e bendita és tu entre as mulheres" (Lucas 1, 26-29).
A "Ave Maria", é tambem chamada "Saudação Angélica", porque começa com as palavras pelas quais o anjo Gabriel saudou a Maria Virgem em nome de Deus, ao anunciar-lhe que tinha sido escolhida para a Mãe do Redentor. Continua com as palavras com que Santa Isabel, sua prima, a saudou, depois de já se haver tornado Mãe de Deus: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre" (Lucas 1,42).
A segunda parte da Ave Maria é uma piedosa súplica na qual pedimos à Mãe de Deus, tão poderosa Medianeira junto do Trono do Altíssimo, que interceda por nós pecadores, durante todas as horas de nossa vida, principalmente na hora de nossa morte.
Esta suave oração, deve aflorar freqüentemente aos nossos lábios, lembrando-nos de que se a Virgem Santíssima é Mãe de Deus, é também Mãe dos homens que gemem e choram neste vale de lágrimas. É Mãe que a todos acolhe com o mais solícito carinho.
Ouçamos mais uma vez o Cantor da Divina Comédia:
"Por ti (Maria) se enobrece tanto a natura
Humana, que o Senhor não desdenhou-se
De se fazer de quem criou, feitura.
Em ti misericórdia, em ti piedade,
Em ti magnificência, em ti se aduna
Na criatura o que haja de bondade."
(Paraíso, 33, 4-19)

26 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 182

182) Que é o Pai Nosso?
O Pai Nosso é a oração ensinada e recomendada por Jesus Cristo.
O Pai Nosso é a oração por excelência, é a oração divina, porque nasceu da inteligência e do coração de Jesus. Vê como absorto em profundo recolhimento, Ele ensina aos discípulos a divina oração. Por ela, dirigimo-nos a Deus com o doce nome de "Pai", pedindo-lhe antes de tudo, a sua própria glória:
1) Que o seu nome seja santificado e glorificado. 2) Que o seu reino, pelo qual os Apóstolos tanto trabalharam e pregaram, se estenda pelo universo. 3) Que sua vontade seja feita em toda parte, assim como o próprio Jesus rezou em sua agonia no Hôrto das Oliveiras.
Nas outras quatro petições, pedimos-Lhe graças espirituais e temporais: 1) Que nos seja dado o pão cotidiano, assim como foi dado a Elias profeta. 2) Que nos sejam perdoados os pecados, como Jesus os perdoou na Cruz e como também aconteceu com Davi, que impediu a morte de seu inimigo. 3) Que nos faça triunfar das tentações assim como fez Jesus no deserto. 4) Que nos livre do mal, assim como livrou Daniel da boca dos leões.
O Pai Nosso - diz Tertuliano - é um resumo do Evangelho, de tôda a Religião. Ele encerra o dogma, a moral e o culto do Cristianismo. Nele se encontra tudo o que precisamos para a alma e para o corpo. É a oração das crianças, dos adultos e dos velhos, dos principiantes e dos perfeitos, de todos enfim. É a primeira e a última palavra do amor divino. Aos pobres dá esperança, aos ricos a pobreza de espírito.
Consola os doentes, fortifica os moribundos. Todos o compreendem, todos encontram nele as doçuras da piedade cristã (Cônego Duarte Leopoldo, "Concordância dos Santos Evangelhos", 6.ª parte, cap. 12).

25 de abril de 2010

Confissões de um Converso

Trecho do livro "Confissões de um Converso" (Quadrante, 2002), de Robert Hugh Benson (1871-1914), ex-clérigo anglicano convertido ao catolicismo em 1903.

E assim recorri uma vez mais ao Novo Testamento, em busca de um fio condutor que desse sentido a tudo, de alguma autoridade vivente para a qual as próprias Escrituras apontassem; e, sobretudo, quis pôr à prova a pretensão da autoridade que, à luz da lógica humana, me parecia ser a mais consistente de toda a cristandade - a pretensão do ocupante da Cátedra de Pedro de ser o Mestre e Senhor de todos os cristãos.
Disseram-me, naturalmente, que eu encontraria no Novo Testamento aquilo que esperasse encontrar; que interiormente tinha já aceitado as afirmações de Roma e que, portanto, tinha chegado à conclusão de que essas afirmações se baseavam nas Escrituras. Pediram-me que voltasse aos teólogos para a interpretação das Escrituras - que voltasse, na verdade, àquele mesmo emaranhado de testemunhas que, no seu conjunto, pareciam confirmar a posição de Pedro, e que pouco antes me tinham aconselhado a deixar de lado em favor da própria Palavra de Deus.
No entento, que outra opção me restava senão tentar comprovar honestamente, com base nessa divina autoridade, a única afirmação que, em toda a Cristandade, me parecia a única consistente, razoável, histórica, prática, satisfatória e - pela própria natureza da questão - intrinsecamente necessária?
Bem, não preciso dizer que encontrei ali essa afirmação com muito mais facilidade, e expressa de forma muito mais patente, do que muitas outras afirmações plenamente aceitas por mim com base na autoridade das Sagradas Escrituras. Dogmas como o da Santíssima Trindade, sacramentos como o da Confirmação, instituições como o episcopado - tudo isso pode ser encontrado nas Escrituras, tanto pelos católicos como pelos anglicanos, se a pessoa se dispuser a aprofundar o seu estudo. Mas o primado de Pedro não exige nenhum estudo aprofundado: encontra-se à superfície, cintilando como uma joia esplêndidam se se afastam dos olhos os preconceitos anti-católicos.
Quando institui a Igreja, o Senhor afirma que a edificará sobre Cefas (cfr. Mt 21, 42 e 16, 18); o Bom Pastor ordena ao mesmo Cefas que apascente as suas ovelhas, mesmo depois de ele aparentemente ter perdido a confiança do seu Senhor (Jo 10, 11 e 21, 15-17). A Porta confia a Pedro as Chaves (Jo 10, 7 e Mt 16, 19). Ao todo, encontrei vinte e nove passagens da Escritura - e ainda outras, mais tarde - nas quais o primado de Pedro está claramente implícito, e não encontrei uma sequer que fosse contrária ou incompatível com essa missão. Publiquei tudo isto num folheto intitulado Uma cidade construída sobre um monte, logo depois da minha conversão.
É-me completamente impossível indicar o argumento concreto que, finalmente me convenceu. Aliás, não forma os argumentos que acabaram por convencer-me, como não foram as emoções que me impeliram. Foi antes como se tivesse sido arrastado pelo Espírito de Deus até um ponto de observação privilegiado de onde pudesse observar os fatos como realmente eram. E foi o livro de Newman, o Desenvolvimento da Doutrina Cristã, que me apontou esses fatos, que dirigiu o meu olhar de um ponto para outro e me mostrou como todo o glorioso edifício da Igreja se baseava sobre o inabalável alicerce do Evangelho para depois erguer-se para o céu.
Foi ali - para servir-me de outra metáfora - que pude ver a mística Esposa de Cristo crescer através dos séculos, da infância até a adolescência, crescer em estatura e sabedoria; não por acrescentar conhecimentos, mas por desenvolvê-los, fortalecendo os seus membros, abrindo as suas mãos; mudando, sim, o aspecto e a linguagem - usando ora um, ora outro conjunto de termos humanos a fim de explrimir cada vez mais claramente o seu pensamento; tirando do seu tesouro coisas novas e velhas, que eram suas desde o princípio; habitada pelo Espírito do seu Esposo, e mesmo sofrendo como Ele sofreu.
Também ela foi traída e crucificada, morrendo diariamente como o seu Grande Senhor (cfr. 1 Cor 15, 31); negada, escarnecida e desprezada; filha da dor, familiarizada com todo o sofrimento (cfr. Is 53, 3); desfigurada, caluniada, agonizante; despojada das suas vestes, e ainda assim - como filha de Rei que é - "cheia de glória" (cfr. Sl 44, 4); parecendo às vezes morta, e no entanto, como o seu Modelo, sempre unida à Divindade; jazendo no sepulcro, cercada pela vigilância dos poderes seculares, mas sempre ressuscitando, espiritual e transcendente, no dia da Páscoa; atravessando portas que os homens julgavam fechadas para sempre; oferecendo os seus banquetes místicos pelos cenáculos e às margens do mar; e, sobretudo, ascendendo para sempre aos céus a fim de habitar nas moradas celestiais com Aquele que é o seu Esposo e o seu Deus.
À medida que eu contemplava a sua face, as dificuldades desvaneciam-se uma após outra. Agora eu entendia que o seu aspecto externo tinha mesmo de modificar-se e que a criança envolta em faixas nas Catacumbas devia parecer diferente da soberana Mãe e Senhora de todas as Igrejas, a Rainha do mundo. Compreendia igualmente que até a sua constituição teria de parecer modificada: os seus membros, que a princípio se moviam de forma espasmódica e desconexa, deviam ser progressivamente orientados pela Cabeça visível, à medida que Ela crescia em forças; os grandiosos gestos da sua infância - os primeiros Concílios - deviam evoluir pouco a pouco para a voz serena a fluir dos seus lábios; a sabedoria implícita e desordenada dos primeiros séculos tinha de exprimir-se cada vez com maior precisão, à medida que ela aprendia a comunicar aos homens aquilo que sabia desde sempre. E vi também como era necessário que Ela apregoasse até os nossos dias os princípios que tinahm norteado os seus atos desde sempre; ou seja, que nos temas vitais da sua mensagem, os pronunciamentos da sua Cabeça visível estavam protegidos pelo Espírito da Verdade, o mesmo Espírito que um dia havia formado o seu corpo no ventre da raça humana. Esta era, no seu longo percurso, a inevitável afirmação que tinha de fazer uma Igreja que se declarava depositária da Revelação.
Não digo que todas as minhas dificuldades tenham desaparecido imediatamente. Não foi assim. Na verdade, suponho que não existe um único católico vivo que ouse afirmar que não tem dificuldades neste ponto. No entanto, "dez mil dificuladdes não fazem uma dúvida". Sempre existirão os velhos eternos problemas do pecado e do livre arbítrio; mas para quem olhou a fundo nos olhos desta grande Mãe, esses problemas são quase nada. Se nós não sabemos, Ela sabe; mesmo que não revele tudo o que sabe, Ela o sabe; pois em algum lugar lá do seu íntimo, no mais profundo do seu grande coração, está escondida a sabedoria do próprio Deus.

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 181

181) Que devemos pedir a Deus?
Devemos pedir a Deus a sua glória, e para nós a vida eterna bem como as graças mesmo temporais, como nos ensinou Jesus Cristo no Pai Nosso.

24 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 180

180) É necessário orar?
É necessário orar, e orar muitas vezes, porque Deus o manda e, ordináriamente, só quando se ora Ele concede as graças espirituais e temporais.
Quis Deus muitas vêzes manifestar-nos a necessidade e a eficácia da oração.
O povo eleito vencia seus inimigos mais com a oração e a confiança em Deus, do que com as armas. No deserto teve de fazer frente a um exército temível. Moisés ordenou-lhes que fôssem combater. Durante o combate, subiu ao monte para rezar. Enquanto Moisés conservava os braços levantados para o céu, os israelitas venciam. Quando, levado pelo cansaço, ele os abaixava, os inimigos tomavam campo. Fireram-no então sentar-se sobre uma pedra. Arão e Hur sustentavam-lhe os braços com as mãos, para que Moisés não se cansasse. Foi assim que Israel venceu o inimigo (Êxodo, 17).
A oração é necessária, porque o homem tem obrigação de adorar a Deus. Deve manifestar-Lhe seu amor e gratidão, pedir-Lhe perdão das ofensas feitas e implorar-Lhe auxílio para suas necessidades.
Além disso, é um dever, porque Jesus Cristo no-lo ordenou e porque, geralmente, só às pessoas que rezam são concedidas graças espirituais e temporais.
Assim como o pássaro precisa de asas para voar, nós precisamos da oração para ganhar o céu. Quem reza, certamente salvar-se-á.
"O direito de Deus exigiria que nós rezássemos constantemente! Isto é que seria perfeição, mas Deus não exige tanto do homem. Contenta-se apenas com algumas palavras intercaladas em nossas ocupações diárias, que nos elevem até Ele, principalmente nos momentos de aflição, fraqueza, tentação e perigo. Nessas horas sentimos, ao vivo, a presença de sua majestade, a ação de sua bondade, a necessidade de sua assistência" (Monsabré).

23 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 179

179) Como se deve orar?
Deve-se orar refletindo que estamos na presença da infinita majestade de Deus e precisamos da sua misericórdia; por isso devemos estar humildes, atentos e devotos.
Jesus contou-nos esta linda parábola, para ensinar-nos a rezar: "Subiram dois homens ao Templo a fazer oração: um fariseu e outro publicano. O fariseu, de pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes na semana; pago o dízimo de tudo o que possuo. O publicano, porém, conservando-se à distância, não ousava ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, pecador. Digo-vos que este voltou justificado para sua casa e não o outro; porque quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado" (Lucas, 18, 10-14).
Rezar é conversar com Deus. Devemos, pois, fazer com que nossa oração seja digna da majestade e da misericórdia divinas. Ela deve ser humilde, perseverante, resignada à vontade de Deus e cheia de confiança na promessa de Jesus, que prometeu tudo conceder a quem pedir com perseverança.
"A oração é o fundamento da virtude, o bem do Céu e da Terra, o ato da vontade que se volve para Deus. É como o pulsar do coração que anuncia a vida e a conserva. Quem deixa de rezar está morto!" (Lamennais).

22 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 178

178) Que é a oração vocal?
A oração vocal, que é o que mais comumente se chama oração, é a que faz com palavras acompanhadas com a inteligência e com o coração.
Foi o profeta Daniel acusado perante o rei Dário de estar transgredindo as leis do império.
Ordenavam estas que ninguém oferecesse orações a Deus às escondidas do rei. No entanto, Daniel, sem fazer mistérios, oferecia orações ao único Deus verdadeiro. Prostrava-se no chão e dirigia seu olhar para Jerusalém.
Por esse motivo, foi o profeta condenado. Jogaram-no numa cova onde estavam presos alguns leões famintos. Daniel, porém, suplicou ao Senhor e foi salvo das feras. No dia seguinte, saindo da cova são e salvo, disse ao rei: "O meu Deus enviou-me o seu Anjo, e fechou as bocas dos leões, e eles não me fizeram mal algum" (Daniel, 6,22).
É admirável a eficácia da oração! Quando movemos os lábios para recitar uma oração, por exemplo, o Pai Nosso ou a Ave Maria, fazemos oração vocal. Mas não é suficiente "mover os lábios". Para que seja "oração verdadeira" deve ser acompanhada de atenção da inteligência e de intenção da vontade.
"Eu creio - escreveu um filósofo - que os que rezam fazem mais pelo mundo, do que os que combatem. E se o mundo vai de mal a pior, é porque há mais batalhas que orações. E o certo é que se houver uma só hora, um só dia, em que não se eleve ao céu uma prece, essa hora e esse dia serão a última hora e o último dia do mundo". (Donoso Cortez)

21 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 177

177) Que é oração mental?
A oração mental é a que se faz só com a inteligência e com o coração.
Há duas espécies de oração: oração mental e oração vocal.
Algumas vezes nos entretemos a pensar em Deus, nas verdades eternas, na beleza das virtudes cristãs. Outras vezes pensamos na fealdade do vício e na malícia do pecado.
Estamos assim a fazer oração mental, porque essa oração é únicamente obra de nossa reflexão. Dá-se a ela o nome de meditação.
Vês essa piedosa jovem? Ela contempla uma caveira, pensa na morte e nas últimas coisas que acontecerão no fim da nossa vida. Está, portanto, meditando.
Oração mental é toda oração que fazemos dizendo a Nosso Senhor, com piedade e afeto, tudo o que o nosso coração sugere.
Menino, aprende a refletir! Tua oração não deve ser uma fria e mecânica repetição de fórmulas, mas há de partir do mais profundo de tua alma. Que Deus não precise dizer a teu respeito o que disse do povo hebreu: "Este povo se aproxima de mim só com sua boca, e só com seus lábios me glorifica, enquanto que o seu coração está longe de mim" (Isaías, 29,13).
Com dez minutos de meditação diária, sentir-te-ás cada vez melhor.
"Se a tua lei não tivesse sido a minha meditação - canta o Salmista - então de certo eu teria perecido na minha angústia" (Salmo 118,92).

20 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 176

176) Quantas espécies há de oração?
Há duas espécies de oração: mental e vocal.
Deus criou-nos, conserva-nos a vida, cumula-nos de benefícios e dá-nos sua graça.
Oh! como Deus é bom!
Nós, como bons filhos, sentimos necessidade de pensar em Deus, para retribuir-Lhe seu amor, adorá-Lo, Louvá-Lo, agradecer-Lhe os benefícios e suplicar-Lhe dons. Isto é o que se chama oração.
Todas as criaturas louvam a Deus. O mundo todo é um hino à sua infinita majestade.
Contempla este quadro: Na parte superior vêem-se os anjos louvando a Deus. Em baixo, Davi entoa hinos de júbilo diante da arca da aliança, tocando harpa. À esquerda, a mãe de Samuel agradece a Deus por lhe haver dado um filho. À direita estão três jovens que, por não quererem adorar os falsos deuses, foram atirados a uma fornalha onde, milagrosamente ilesos, cantam louvores ao Senhor.
Rezar, quer dizer: falar com Deus, elevar a alma até Ele. Nosso coração deve alegrar-se cada vez que nossos lábios se abrem para a oração!
"E todas as coisas que pedirdes com fé na oração - disse o Divino Mestre - as obtereis" (Mateus, 21,22).

18 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 174

174) Os noivos, quando contraem Matrimônio, devem estar em graça de Deus?
Sim. Os noivos, quando contraem Matrimônio, devem estar em graça de Deus, do contrário, cometem um sacrilígio.
Santa Cecília, jovem romana, consagrara a Deus a flor da sua virgindade. Constrangida por seu tutor a desposar Valeriano, Cecília conquistou-lhe a alma, falando-lhe sobre a beleza e a santidade do nosso corpo, principalmente quando é consagrado a Deus. Dizendo-lhe com que solicitude um Anjo do Senhor vela sobre ele, Valeriano, tomado de veneração por sua esposa, pediu o batismo, que lhe foi administrado pelo papa Urbano.
Os dois esposos, vivendo em santidade e inocência, mereceram em breve a palma do martírio.
O Matrimônio é um sacramento de vivos. Por isso deve ser recebido em estado de graça.
Quando os esposos o contraem em pecado mortal, cometem um grave sacrilégio, pois profanam uma coisa sagrada. Além disso, os esposos precisam de abundantes graças para a sua felicidade e para cumprirem os graves deveres de sua missão. É muito aconselhável que façam a sua confissão e comunhão antes de se receberem em matrimônio, mesmo que não estejam em estado de pecado mortal.
"Tua espôsa será como uma vide fecunda no interior de tua casa. Teus filhos, como pimpolhos de oliveiras, estarão ao redor de tua mesa" (Salmo 127,3).

17 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 173

173) Se os cônjuges não quisessem celebrar o ato civil, que inconveniente resultaria?
Se os cônjuges não quiserem celebrar o ato civil, resultariam daí graves inconvenientes, porque perante a lei civil não seriam reconhecidos como casados; seus filhos seriam considerados ilegítimos e por isso excluídos da herança paterna; e os cônjuges não poderiam herdar um do outro.
O contrato conjugal foi elevado por Jesus Cristo à dignidade de Sacramento; sendo sacramento, o Matrimônio dos fiéis não pode ser dissolvido pelo magistrado civil. Só a morte de um dos cônjuges o dissolve. O casamento civil não é sacramento; por isso não é verdadeiro casamento e pecam as pessoas que vivem unidas só civilmente.
Todo jovem que pensa em se casar deveria meditar atentamente nesta sábia máxima da Sagrada Escritura: "A mulher virtuosa é uma sorte excelente, é o prêmio dos que temem a Deus, e será dada ao homem pelas suas obras boas" (Ecl, 26, 3-4).

16 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 172

172) Nos países em que for lei o casamento civil, o que convém fazer?
Nos paises em que for lei o casamento civil, convém que os cônjuges cristãos, celebrado perante a Igreja seu casamento, se apresentem ao oficial civil, a fim de conseguirem os efeitos civis.

15 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 171

171) Que é o casamento civil?
O casamento civil é um simples ajuste de união entre homem e mulher, celebrado perante o oficial civil, tendo simplesmente, para o católico, o valor de mero registro.

14 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19,14) - Parte 170

170) Como se contrai o Matrimônio?
Contrai-se o Matrimônio exprimindo o mútuo consentimento diante do pároco ou de um sacerdote seu delegado e de, pelo menos, duas testemunhas.
Há uma diferença entre o sacramento do Matrimônio e os outros sacramentos, no que se refere ao ministro do sacramento.
No sacramento do Matrimônio, os ministros são os próprios nubentes e não o sacerdote que celebra à cerimônia. A vontade mútua proferida e expressa em presença do sacerdote é que realiza o matrimônio. Para que os nubentes possam contraí-lo com as devidas disposições, devem ter idade suficiente e conhecer os direitos e os deveres que este grande sacramento lhes impõe. Finalmente, devem estar livres de qualquer impedimento que, pela Lei Divina ou por determinação da Igreja, impeça o Matrimônio.
O Matrimônio é um ato público, por isso deve ser contraído segundo as normas estabelecidas pela Igreja. O pároco ou o sacerdote por ele delegado, deve pedir o consentimento expresso dos noivos, em presença de duas testemunhas.
Nos países onde há falta de sacerdotes, pode-se também realizar casamentos só em presença de duas testemunhas. Isto porém, em caso de ser verdadeiramente impossível a presença do sacerdote, pois "todo matrimônio que não for contraído segundo as prescrições da Igreja, isto é, perante o pároco ou o Ordinário ou um sacerdote delegado por um deles no território da sua jurisdição e na presença de duas testemunhas, é nulo diante de Deus e considera-se como não feito" (Spirago, "Catecismo Católico Popular", 3ª parte).
O jovem Tobias dizia à sua espôsa Sara, na noite das núpicias, estas tocantes palavras, que deveria todo espôso cristão repetir por sua vez: "Porque nós somos filhos de santos e não podemos juntar-nos à maneira dos gentios, que não conhecem a Deus" (Tobias, 8,5).

13 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 169

169) Que é o Matrimônio?
O Matrimônio é o sacramento que une o homem e a mulher indissolúvelmente, e lhes dá a graça de conviverem santamente e de educarem cristãmente os filhos.
Narra uma antiga tradição que a Virgem Maria ficou até seus 14 anos no Templo de Jerusalém. Por essa ocasião, os sacerdotes que haviam acompanhado sua educação, aconselharam-na a tomar um espôso que pertencesse à estirpe de Davi. Tiraram então a sorte e esta caiu prodigiosamente sobre José, o "homem justo". A cerimônia dos esponsais realizou-se no Templo de Jerusalém, com a presença do Sumo Sacerdote.
Oh! que santa união foi a destas duas criaturas privilegiadas!
Deus instituiu o Matrimônio no paráiso terrestre quando, ao criar Eva, a apresentou como esposa a Adão. Depois Jesus Cristo elevou o Matrimônio à dignidade de sacramento, pelo qual os nubentes recebem a graça.
O Matrimônio cristão é indissolúvel, isto é, não pode ser dissolvido por autoridade alguma sobre a Terra, enquanto viverem os esposos. Ele representa a união misteriosa e santificante de Jesus Cristo com a Igreja. A unidade da família, o mútuo amor entre os esposos e a educação dos filhos, exigem que o vínculo matrimonial seja indissolúvel. O sacramento do Matrimônio confere aos cônjuges a graça de viverem santamente e de educarem cristãmente os filhos.
Os Santos Padres e Doutores da Igreja exaltaram e defenderam unânimemente a santidade do Matrimônio cristão.
"Este mistério é grande - afirma o Apóstolo das Gentes - mas eu o digo, em relação a Cristo e a Igreja" (Efésios, 5,32).

12 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 168

168) Que é a Ordem?
A Ordem é o sacramento que dá o poder de exercer os ministérios sagrados que se referem à Eucaristia e à salvação das almas e imprime o caráter de ministro de Deus.
Nos primeiros tempos da Igreja, os cristãos de Jerusalém entregavam todos os seus bens aos Apóstolos, para que estes os distribuíssem aos necessitados. Não eram, porém, suficientes os Apóstolos para esse trabalho e, por isso elegeram, como auxiliares, sete diáconos. "Apresentaram-nos diante dos Apóstolos, e estes, depois de terem orado, impuseram-lhes as mãos" (Atos, 6,6). Deste modo receberam os sete diáconos o caráter de ministros de Deus.
Foi na última ceia que Jesus Cristo instituiu o sacerdócio. Tomando o pão e o vinho em suas veneráveis mãos, consagrou-os e disse: "Fazei isto em memória de mim".
Conferiu assim aos Apóstolos e a todos os seus sucessores no sacerdócio, o poder de consagrar a SSma. Eucaristia, de perdoar os pecados e de continuar no mundo a sua divina missão de governar, ensinar e santificar as almas.
O Sacramento da Ordem imprime na alma o caráter indelével de ministro de Deus.
Para recebê-lo, é preciso ser chamado especialmente por Deus. E como são felizes os meninos que receberam a honra do ministério sacerdotal!
"O sacerdote - afirma um célebre orador - representa a Deus e a humanidade, num único amplexo de amor. É o fio de uma dupla corrente que abraça a religião, a adoração e a súplica. Estas sobem da terra até Deus e descem depois novamente em benefícios e perdões" (Monsabré).

Missa Tridentina em Curitiba: Sermão do Pe. Paulo Iubel no I Domingo depois da Páscoa, "in albis" - 10/04/2010)

Pe. Paulo Iubel
Paróquia da Imaculada Conceição
Curitiba/PR

11 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 167

167) O Que é a Extrema Unção?
A Extrema Unção é o sacramento instituído para alívio espiritual e também corporal dos cristãos gravemente enfermos.
Durante a terrível peste que assolou Milão em 1576, S. Carlos Borromeu, arcebispo dessa capital, realizou prodígios de caridade em favor dos pobres empestados. Ia pessoalmente prestar-lhes seus serviços. Vês na gravura o cardeal que administra a Extrema-Unção a um jovem moribundo.
Para alívio espiritual dos cristãos gravemente enfermos, Jesus Cristo instituiu o sacramento da Extrema-Unção, nome que indica a própria matéria desse sacramento.
A Extrema-Unção aumenta a graça santificante, cancela os pecados veniais e mesmo os mortais, quando o enfermo, não podendo confessar-se, deles se arrepende. Dá forças para suportar com paciência os sofrimentos da moléstia, para resistir às tentações do demônio e para morrer santamente. Deus permite muitas vezes que a Extrema-Unção restitua a saúde ao enfêrmo.
Ordináriamente a Extrema-Unção é administrada pelo pároco. O doente não precisa chegar ao último extremo para recebê-la, mas assim que seu estado de saúde se agravar. De outra forma, seria privá-lo de tão útil e santo sacramento: "Ainda que - diz a Lei da Igreja - este sacramento não seja necessário como meio para salvar-se, nunca é lícito descuidá-lo e é preciso diligenciar a fim de que os enfermos o recebam enquanto estão em si" (Código de Direito Canônico, cân. 944).

10 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 166

166) O Que é necessário para se ganharem as indulgências?
Para se ganharem as indulgências é necesário estar em graça e cumprir bem as obras prescritas.
Não se lucram indulgências quando se está com a alma em pecado mortal, porque a indulgência não remite pecados, mas tão sómente, toda ou em parte, a pena temporal a eles devida.
Quem está em pecado mortal, merece o castigo eterno e não pode ser objeto de nenhuma remissão temporal. Por conseguinte, está impossibilitado de lucrar indulgências.
A primeira condição, portanto, é o estado de graça. A segunda é rezar as orações e fazer as obras prescritas para ganhá-las. A omissão, mesmo involuntária, destas orações e obras, constitui impedimento à aquisição das indulgências.
Podem ser diversas as obras prescritas: um piedoso exercício, um ato de caridade, uma penitência, uma esmola. A maior de todas as indulgências é o Jubileu que o Sumo Pontífice concede aos peregrinos, que visitam as quatro basílicas maiores de Roma, durante o Ano Santo.
Na Idade Média, uma forma de boa obra à qual os Sumos Pontífices concederam muitas indulgências, foi a das Cruzadas. Consistiam estas em expedições militares das nações cristãs contra os turcos, para libertar do julgo dos infiéis a Terra Santa e, principalmente, o Santo Sepulcro. Houve 9 cruzadas. A mais célebre foi a primeira, pregada por Pedro, o Eremita, e comandada por Godofredo de Bulhões. Essa Cruzada conseguiu libertar Jerusalém, no dia 15 de Junho de 1099, vitória que foi contada por Tasso em seu poema: Jerusalém Libertada.
O arcanjo Rafael assim ressaltou junto da família de Tobias o valor das boas obras: "É boa a oração acompanhada do jejum; e dar esmolas vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte eterna, e é a que apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna" (Tobias 12, 8-9).

9 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 165

165) Como pode ser a Indulgência?
A Indulgência pode ser: plenária e parcial.
Uma noite, entrando São Francisco de Assis na pequena igreja da Porciúncula encontrou-a toda iluminada. Admirado pelo prodígio, avançou de alguns passos, divisando, no meio do côro de anjos, Jesus com a Santíssima Virgem.
- Pede-me o que desejares, disse Jesus a Francisco.
- Senhor -, respondeu o Santo -, peço-vos que concedais o perdão a todos os fiéis que, arrependidos de seus pecados vierem rezar nesta igreja.
Jesus concedeu, pela intercessão de Nossa Senhora, o grande privilégio, que foi depois confirmado pelo Papa Honório III. Chama-se atualmente "perdão de Assis" ou Indulgência da Porciúncula.
Possui a Igreja um tesouro espiritual, constituído pelos méritos e satisfações de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos, e que ela oferece a Deus por nós, em remissão da pena temporal devida pelos pecados.
Tal remissão chama-se Indulgência: plenária, se remite toda a pena: parcial se remite só uma parte dela.
Os soberanos concedem, algumas vezes, anistia geral para algumas penas. A Indulgência é como uma anistia que o Senhor concede aos pecadores arrependidos e confessados, perdoando-lhes a pena devida a seus pecados.
Se a Indulgência é plenária, é uma anistia total, que abre logo as portas do céu; se for parcial, apaga sómente uma parte da pena.
São Francisco de Sales costumava repetir: "Ganha-se mais indulgência sofrendo com Jesus crucificado, do que invocando a Jesus crucificado".

8 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 164

164) O que é Indulgência?
Indulgência é uma remissão da pena temporal devida aos pecados já perdoados e que a Igreja concede sob determinadas condições a quem está em estado de graça.

7 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 163

163) O Que é a satisfação, ou penitência sacramental?
A satisfação, ou penitência sacramental, é a obra boa imposta pelo confessor, para castigo e correção do pecador e em desconto da pena temporal merecida pelo pecado.
A absolvição sacramental remite os pecados e a pena eterna por eles merecida, mas não remite completamente a pena temporal, que se deve descontar ou nesta vida ou nas chamas do purgatório.
Em desconto dessa pena temporal, impõe o confessor uma penitência ou satisfação, para o penitente cumprir.
Cometendo o pecado, mostra-se o homem ingrato para com Deus; por isso é justo que seus pecados lhe sejam remitidos mediante uma conveniente reparação, que salvaguarde os direitos da Justiça Divina. Por seu lado, o pecador torna-se também cauteloso para o futuro.
As penitências comuns são: pequenas orações, que devem ser rezadas com devoção e gratidão para com Deus. Pode ser, às vezes, uma boa obra, um ato de caridade, uma esmola. Como quer que seja, é preciso aceitá-la e cumpri-la com prontidão. Deus olhará com particular ternura nossas boas disposições.
"O Sacramento da Confissão é um julgamento no qual Deus funde a misericórdia com a sua divina justiça. Nele ressalta principalmente a misericórdia, perdoando as culpas ao ao pecador arrependido. Faz resplandecer sua justiça, comutando a pena eterna por uma pena temporal, a ser satisfeita nesta ou na outra vida". (Sto. Agostinho, comentando o Salmo 56)

6 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 162

162) O Que é a absolvição?
A absolvição é a sentença pela qual o sacerdote, em nome de Jesus Cristo, perdoa os pecados ao penitente.
Floresciam os milagres nos caminhos por onde Jesus passava. Todos os que sofriam de qualquer enfermidade iam ter com Ele para que os curasse. Um dia em que Ele pregava em uma casa, um pobre paralítico, não podendo entrar, fez com que o descessem pelo teto, pois nas casas da Palestina podia este ser aberto. O Divino Mestre, comovido, disse-lhe: "Filho, tem confiança, são-te perdoados os teus pecados. E logo, alguns dos escribas disseram dentro de si: Este blasfema. E tendo Jesus visto os seus pensamentos, disse: "Por que pensais mal em vossos corações? O que é mais fácil dizer: São-te perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e caminha? Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem poder sobre a Terra de perdoar pecados: levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito e vai para tua casa. E ele levantou-se e foi para sua casa" (Mateus, 9, 2-7).
O poder de perdoar pertence a Deus sómente. No entanto, Deus o exerce por meio do ministério sacerdotal.
Foi a confissão instituída à maneira de tribunal. O sacerdote ouve a confissão e julga se o penitente possui ou não as devidas disposições para a absolvição. Se não as possuir, o sacerdote não o absolverá, porque, faltando as disposições, a absolvição será nula e não remitirá nenhum pecado. Mas se as disposições do penitente forem boas, o sacerdote, depois de ouvir a confissão, pronunciará a sentença da absolvição.
Um pecador que procurou Sto. Antônio para se confessar, foi lendo entre lágrimas, os seus pecados, escritos numa folha de papel. Assim que acabou de enumerá-los, deu um grito de espanto: as letras haviam desaparecido. A folha estava completamente branca.

5 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 161

161) Que deve fazer quem não se confessou bem?
Quem não se confessou bem deve renovar a confissão mal feita e acusar-se dos sacrilégios cometidos.
Quando a alma apresenta-se ao confessionário, diz-lhe o seu Anjo da Guarda: "Sê sincera. Não escondas nenhum pecado ao confessor".
O demônio, pelo contrário, murmura-lhe aos ouvidos: "Cala-te! Que vergonha teres cometido esses pecados!"
Qual dos dois devemos ouvir?
É preciso acusar todos os pecados mortais cometidos, dizendo o número, a espécie e as circustâncias agravantes, sem se deixar vencer por uma falsa vergonha. Se ousamos cometer o pecado diante de Deus, por que nos envergonhar-mos de confessá-lo a seu ministro?
Quem escondesse um pecado mortal, não sómente não obteria o perdão dele, mas também mancharia sua alma com outro pecado: o do sacrilégio. Precisaria depois renovar a acusação dos pecados mal confessados, dos que foram escondidos e dos sacrilégios cometidos.
Não há obrigação de confessar os pecados veniais, mas é um bom sistema acusá-los, a fim de podermos evitá-los mais fácilmente para o futuro.
Se fizeres de ti o teu próprio acusador - adverte Sto. Ambrósio - não precisas temer que um dia outros te acusem (Livro sobre o Sacramento da Penitência).

4 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 160

160) Quem por vergonha ocultasse um pecado mortal, faria uma confissão bem feita?
Não. Quem por vergonha ocultasse um pecado mortal, não faria uma confissão bem feita, antes, cometeria um sacrilégio.

3 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 159

159) Que pecados somos obrigados a acusar?
Somos obrigados a acusar todos os pecados mortais ainda não confessados ou dos quais nos confessamos mal; é bom acusarmo-nos também dos pecados veniais.

2 de abril de 2010

Por que sangue e água do lado de Cristo?

São João Crisóstomo - Catecheses 3:13 19 SC 50, 174-177


Se quisermos entender o poder do sangue de Cristo, devemos voltar à antiga narração da sua prefiguração no Egito. "Sacrifica um cordeiro sem mancha", ordenou Moisés, "e asperge tuas portas com o seu sangue". Se lhe perguntássemos o que ele quis dizer, e como o sangue de um ser irracional poderia possivelmente salvar os homens providos de razão, sua resposta seria que o poder de salvar não reside no sangue em si, mas no fato de que ele é um sinal do sangue do Senhor. Naqueles dias, quando o anjo destruidor viu o sangue nas portas, ele não ousou entrar, então quanto menos o demônio se aproximará agora quando ele vê, não o sangue figurativo nas portas, mas o verdadeiro sangue nos lábios dos crentes, as portas do templo de Cristo.
Se desejas mais provas do poder deste sangue, lembra donde veio ele, como verteu da cruz, fluindo do lado do Mestre. O evangelho lembra que, quando Cristo estava morto, mas ainda pendendo da Cruz, um soldado veio e transpassou o seu lado com uma lança e, imediatamente, saíram sangue e água. Então a água foi um símbolo do batismo, e o sangue, da santa Eucaristia. O soldado transpassou o lado do Senhor, rompeu o muro do templo sagrado, e eu encontrei o tesouro e apossei-me dele. O mesmo com o cordeiro: os judeus sacrificaram a vítima e eu fui salvo por ela.
"Saíram do seu lado água e sangue". Amado, não passes ao largo desse mistério sem refletir; ele tem ainda mais um sentido oculto, que te explicarei. Eu disse que água e sangue simbolizavam o batismo e a santa Eucaristia. Desses dois sacramentos, a Igreja nasceu: do batismo, "a água purificadora que faz renascer e renovar pelo Espírito Santu", e da santa Eucaristia. Já que os símbolos do batismo e da Eucaristia fluíram do seu lado, foi do seu lado que Cristo formou a Igreja, como formara Eva do lado de Adão. Moisés dá uma ideia disso quando conta a história do primeiro homem e fá-lo exclamar: "Osso dos meus ossos e carne da minha carne!". Como Deus tomou uma costela do lado de Adão para formar uma mulher, assim Cristo deu-nos sangue e água do seu lado para formar a Igreja. Deus tirou a costela quando Adão estava num sono profundo, e, do mesmo modo, Cristo deu-nos o sangue e a água após a sua própria morte.
Entendes, então, como Cristo uniu sua esposa a si memso, e que alimento ele nos dá a todos para comer? Por um e o mesmo alimento nós somos trazidos à existência e nutridos. Como uma mulher nutre seu filho com seu próprio sangue e leite, assim Cristo incessantemente nutre com seu próprio sangue aqueles a quem ele mesmo deu a própria vida.
ECCE LIGNUM CRUCIS. IN QUO SALUS MUNDI PEPENDIT.
VENITE, ADOREMUS.


EIS O LENHO DA CRUZ, NO QUAL PENDEU A SALVAÇÃO DO MUNDO.
VINDE, ADOREMOS.

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 158

158) Que é a Confissão?
A Confissão é a acusação dos pecados ao sacerdote confessor, para dele receber a absolvição.
Entre as páginas mais tocantes do evangelho, conta-se aquela em que vem narrada a conversão de Zaqueu. Tratava-se do chefe dos publicanos em Jericó. Era ele muito rico e tinha grande vontade de conhecer Jesus. Comprimia-se a multidão por todos os lados e não conseguia Zaqueu avistá-Lo, por ser de pequena estrutura. Resolveu então subir a uma árvore chamada sicômoro. Mal chegara Jesus em baixo da árvore, levantando os olhos e vendo-o, disse-lhe: "Zaqueu, desce depressa, por que convém que eu fique hoje em tua casa". Sentindo-se muito honrado em hospedar Jesus, recebeu-O Zaqueu com grande alegria. O povo, sabendo que Zaqueu era um usurário, começou a murmurar, dizendo: - Foi à casa de um pecador! Zaqueu, entretanto, apresentando-se a Jesus, disse-lhe: Eis aqui, Senhor, a metade de meus bens; dou-a aos pobres; e, se lesei alguém, restituir-lhe-ei ao quádruplo. Então Jesus lhe replicou: "Hoje entrou a salvação nesta casa, porque também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que tinha perecido" (Lucas, 19, 9-10).
Como é espontânea, humilde e sincera a confissão de Zaqueu! Devem ser assim as nossas confissões.
Precisamos confessar nossos pecados? Sim, porque Jesus instituiu a confissão, como meio indispensável para obtermos o perdão de Deus. É-nos humilhante confessar? Não, porque no confessionário o sacerdote ocupa o lugar de Jesus, que lê no mais profundo do nosso coração. No entanto, Ele quer que reconheçamos nossas culpas, humilhando-nos aos pés do sacerdote, seu representante.
Quando um menino está enfermo, diz sinceramente ao médico, tudo o que sente, para deste modo poder sarar. O confessor é o médico da alma. Devemos confiar-lhe todos os nossos males, isto é, nossos pecados, para sermos curados e reconquistarmos o paraíso que havíamos perdido.
Confessa-te sempre bem. Se soubesses como Jesus é bom!

1 de abril de 2010

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 157

157) Que é o propósito?
O propósito é a vontade firme de nunca mais cometer pecados e de fugir das ocasiões.
Um fariseu convidou Jesus para jantar com ele. De repente uma mulher, que era pecadora, trazendo um vaso de alabastro, pôs-se por detrás de Jesus e começou com suas lágrimas a lavar-Lhe os pés e a enxugá-los com seus cabelos. E depois, beijando-os, ungiu-os com um bálsamo precioso que trouxera.
Escandalizado, assim pensou o fariseu: Se Ele fosse profeta, saberia quem e de que espécie é essa mulher. Mas Jesus, lendo-lhe no coração, fez-lhe notar com que amor e humildade ela chorava seus pecados. "Pelo que te digo: São-lhe perdoados muitos pecados, porque muito amou" (Lucas, 8,47).
Essa pecadora, que na Tradição tem o nome de Maria Madalena, consagrou toda a sua vida à penitência e à prece, em expiação de seus pecados.
A dor deve estender-se a todos os pecados mortais. Não será meritório nem verdadeiro nem sobrenatural esse arrependimento, se a alma não se propuser a nunca mais pecar, e a fugir de todas as ocasiões próximas de pecado.
"Não será verdadeira penitência, a que estiver separada da emenda". (Tertuliano)