30 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

A Alma da Virgem Santíssima Cheia de Graça


Parte 2/7

Imagina que Deus criou a tua alma antes de nascerem os teus pais e que essa tua alma viveu como um anjo no mundo dos espíritos. E Deus disse um dia à tua alma: chegou a hora de aparecerem no mundo os teus pais. Deixo à tua escolha a classe de pais que deseja ter, e o ambiente em que desejas que vivam. Diz-me os teus desejos e eu os realizarei.
Imagina que Deus te tinha dito isto; como idealizarias a tua mãe?
Antes de tudo, desejarias que tivesse uma alma nobre, bondosa, doce, e carinhosa. Todas as boas qualidades que tivesses observado em alguma mulher as pedirias para tua mãe.
De que família a farias descendente? De família mais nobre e aristocrática. Onde a colocarias? Na capital mais bela da terra. E sobretudo fá-la-ias muito rica. Um esplêndido palácio à sua disposição e esse palácio ricamente mobiliado, cheio de todo o conforto. Os melhores vestidos, as jóias mais preciosas. O que encontrasses de mais belo no mundo, pedirias para ela. Isto que para ti é uma fantasia, para o Filho de Deus foi uma realidade. 
O Filho de Deus vivia eternamente com seu Pai no céu; e chegou o momento de descer à terra e para se fazer homem tinha que escolher uma mãe.
Era omnipotente: todos os tesouros do céu e da terra estavam em suas mãos. Era sapientíssimo, sabia apreciar muito bem o valor desses tesouros. Escolheu para sua mãe os que julgou mais estimáveis.
Veremos omo fez o seu corpo e a sua alma, que formosos, que perfeitos. Agora trata-se de adornar sua mãe. Que dons lhe dará? Nobreza de linhagem? Será descendente de reis, é verdade, porém a sua família decaída eram um simples aldeões. Riqueza? Essa família será aldeã e será de posição mediana, mais pobre que rica. Uma idade famosa para viverem? Colocá-la-á numa aldeia pequena e escondida, sem nenhuma história na gloriosa história de Israel.
Então, não faria Deus alguma dádiva a sua Mãe?
A sabedoria de Deus examinou todas as coisas que havia no céu e na terra; e o que encontrou de mais valor foi a graça santificante com o seu acompanhamento de virtudes sobrenaturais. E disse para si a sabedoria de Deus: a graça santificante e as virtudes, estes serão os adornos de minha mãe: estes adornos são ouro puro; os outros que os homens estimam, bagatelas sem valor.
E com esta dádiva a Santíssima Virgem ficaria satisfeita? Não invejaria esses outros adornos que tanto estimam as mulheres?
A filha de um milionário, a quem seu pai tivesse presenteado com jóias de ouro e de platina e de pedras preciosas de incalculável valor, invejaria as quinquilharias de estanho e de pedras falsas que pudessem ostentar as suas companheiras?

28 de maio de 2018

27 de maio de 2018

Sermão/Oração para a Festa de Pentecostes 20.05.2018 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Erguei-vos, Espírito Santo – Oração para quem deseja a santidade



Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Que o Senhor se erga, e que sejam dissipados os inimigos dEle, e que fujam da presença dEle aqueles que o odiaram. São as palavras do Introito dessa Missa de Pentecostes.
Peçamos ao Espírito Santo que se erga nesse dia de Pentecostes e nos cumule com sua graça abundante. Peçamos que o Espírito Santo se erga e afaste de nós os inimigos de nossa alma.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e não deixeis que seja perturbada minha alma pelas tentações.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e não deixeis que eu tenha medo das armadilhas do demônio, pois me apoio em Vós e em Maria Santíssima, minha Mãe.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e instruí a minha inteligência com a verdade da fé, para que eu possa aderir firmemente aos Vossos ensinamentos.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e instruí a minha inteligência para que eu possa compreender o combate espiritual em minha alma.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e instruí a minha inteligência para que possa viver da fé e tudo julgar profundamente com os olhos da fé.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e instruí a minha inteligência para que em todas as coisas, favoráveis e adversas, eu possa ver a mão amorosa da Vossa divina bondade.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e instruí a minha inteligência para que em tudo eu possa escolher o melhor meio de Vos servir.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a graça de Vos cultuar dignamente.
Erguei-Vos, e dai-me o zelo pela Vossa Santa Igreja Católica.
Erguei-Vos, Espírito Santo, dai-me o zelo pela salvação das almas.
Erguei-Vos, e concedei-me que meu único medo nessa vida seja o de ofendê-lO.
Erguei-Vos, Espírito Santo, dai-me a grandeza de alma e purificai-me de todo sentimento mesquinho. Purificai-me do meu orgulho, do meu amor próprio, das invejas, dos ciúmes, das picuinhas.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e fazei que abandone todas as coisas inúteis.
Erguei-Vos, e dai-me a fortaleza para que possa suportar todas as cruzes que a Vossa providência me enviar.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a paciência, sobretudo quando as cruzes vierem de quem mais deveríamos esperar a consolação.
Erguei-Vos, e dai-me humildade para suportar todas as humilhações e desprezos.
Erguei-Vos, Espírito Santo, dai-me a graça de abraçar todas as minhas cruzes, pois me unem a Vós.
Erguei-Vos, Espírito Santo, dai-me a graça de compreender que os sofrimentos são obra de Vosso amor por mim, para que me desapegue de toda a criatura.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a graça de compreender profundamente que Vós quereis tudo me tirar para tudo me dar. Vós quereis purificar-me de todas as minhas desordens e apegos para tudo me dar. Como diz Santo Afonso: é preciso deixar tudo, para tudo ganhar. Para Vos ganhar, ó Senhor, é preciso deixar tudo. Tire-me tudo, Senhor.
Erguei-Vos, Espírito Santo, então, e tirai-me tudo, para que eu possa ter tudo.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a graça da sabedoria da Cruz, loucura mesmo para tantos católicos.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e que eu não recue no caminho da santidade diante dos sofrimentos.
Erguei-Vos, e dai-me a graça de me conformar em tudo à Vossa santa vontade.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a graça da perseverança final, para que eu possa chegar ao Céu.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a graça de Vos amar sempre, sobre todas as coisas.
Erguei-Vos, Espírito Santo, para que minha vida seja inteiramente para a Vossa maior glória.
Erguei-Vos, Espírito Santo, para que, na minha fraqueza, eu possa fazer sinceramente esses pedidos, amparado na Vossa graça sempre. Sem isso, não poderei jamais ser verdadeiramente santo, chegar ao Céu e amar- Vos eternamente.
Erguei-Vos, Espírito Santo, e dai-me a Vossa graça.
Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

26 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 499

FLORES DIANTE DO SACRÁRIO

S. Joana Francisca de Chantal queria que sempre as houvesse no jardim do convento para pô-las diante de Jesus Sacramentado. Todos os domingos as Irmãs ofereciam-lhe um ramalhete de lindas flores; ela, porém, depois de contemplá-lo algum tempo, dava-o à Irmã sacristã, para que o pusesse no altar. Quando as flores começavam a murchar, a Irmã devia levá-lo de novo à Santa, que o colocava diante de seu crucifixo. “A cor e o perfume — dizia — são a vida das flores. Ponha-as diante de Nosso Senhor, onde pouco a pouco murcham e morrem; assim também quero que a minha vida, que vai passando aos poucos, termine diante de Deus, honrando o mistério da Santa Igreja”.

25 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 498

UM DIÁLOGO INFANTIL

Naquele ano as duas meninas Lúcia e Jacinta, videntes de Fátima, deviam espalhar flores diante de Jesus na procissão de Corpo de Deus. Jacinta estava ansiada para que chegasse aquele dia, pois queria ver a Jesus. E chegou a hora da procissão - Lúcia espalhava as suas flores e fazia sinais a Jacinta que fizesse o mesmo, mas Jacinta, só sabia fitar a custódia e não fazia nada mais. Terminada a procissão, sua cestinha estava intacta. Perguntam-lhe:
— Por que não atiraste tuas flores a Jesus?
— Porque eu não o vi.
Logo que saíram da igreja, perguntou à Lúcia:
— Viste tu o Menino Jesus?
— Não! Tu não sabes que o Menino Jesus, que está na Hóstia, a gente não vê? Está oculto. É o que nós recebemos na comunhão.
— E tu, quando comungas, falas com Ele?
— Sim.
— E por que não o vês?
— Porque está escondido.
— E como é que tanta gente recebe ao mesmo tempo o Menino Jesus escondido? Cada um leva um pedacinho?
— Não! não vês que há tantas hóstias? Em cada uma está o Menino Jesus oculto.

24 de maio de 2018

Sermão para o 5º Domingo depois da Páscoa – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Como ser ouvido por Deus na oração?



Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
É o terceiro domingo seguido, caros católicos, em que NSJC nos fala de sua subida aos céus, de sua Ascensão, que será comemorada na próxima quinta-feira, 40 dias depois de sua Ressurreição. A Ascensão de NS é, à primeira vista, um motivo de tristeza para os Apóstolos e para os discípulos do Mestre, ainda muito voltados para as coisas terrenas. Da mesma forma, poderíamos pensar que, para nós, nossa alegria seria muito maior com a presença de NS na Terra. Todavia, era preciso que Cristo subisse ao Pai, para sentar-se à direita dEle – nem acima, nem abaixo, mas à direita – para manifestar a igualdade de natureza com o Pai. Era preciso que Cristo subisse aos céus também para manifestar, definitivamente, que seu sacrifício sobre a cruz foi perfeitamente aceito por Deus. Além disso, a Ascensão tem também consequências excelentes para nós. NS afirma que é bom para nós que ele suba ao Pai, a fim de poder enviar o Paráclito, que ensinará toda a verdade aos apóstolos, mas também porque no céu Ele intercederá por nós diante do Pai. Assim como o sumo sacerdote do AT entrava no Santo dos Santos para interceder pelo povo, Cristo entra na glória celestial para interceder por nós, como nos diz São Paulo (Hebreus VII, 25), pois sua simples presença, com sua natureza humana e as chagas gloriosas de seu sacrifício, é já uma intercessão por nós. Deus, vendo a natureza humana de Cristo, terá misericórdia daqueles que Cristo veio salvar, terá misericórdia de nós.
Tendo sido fortalecido na fé quanto à divindade de Cristo e de sua intercessão por nós no céu, podemos dirigir, com toda confiança, nossas orações a Deus. E tudo o que pedirmos em nome de NJSC, explicitamente ou implicitamente, obteremos, nos diz Ele no Evangelho de hoje. Todavia, nosso Salvador diz em outra ocasião que no dia do juízo haverá muitos que invocaram seu nome, mas que não se salvaram. E quantas vezes, de fato, nossas orações não são atendidas, apesar de invocarmos o nome de Cristo. Isso se explica facilmente, caros católicos. Não basta rezar, invocando o nome de NS. É preciso rezar bem. O apóstolo São Thiago nos diz claramente: “Vós pedis e não recebeis porque pedis mal” (Thiago IV, 3).
Para rezar bem, é preciso primeiramente, que nossa alma esteja em boas disposições. Em seguida, é preciso pedir coisas boas, quer dizer, coisas que nos dirigem para Deus. Finalmente, é preciso pedir de um modo digno da majestade divina à qual nos dirigimos. Se seguirmos esses três pontos, nossa oração será atendida.
É preciso, então, que estejamos bem dispostos. Isso significa que, quando rezamos, devemos estar em estado de graça, em amizade com Deus ou, pelo menos, devemos ter a determinação de sair do pecado, se por infelicidade nos afastamos de Deus pecando mortalmente. Deus não costuma ouvir o homem que, endurecido no mal e sem se preocupar com o estado de sua alma, recorre a Ele somente para pedir coisas meramente temporais ou materiais. Esse homem, inimigo de Deus e querendo permanecer assim, volta-se a Deus por mero interesse. Não será ouvido. E se às vezes Deus o ouve, pode se tratar mais de uma punição do que de um favor propriamente dito. Evidentemente, se o pecador começa a querer detestar seu pecado e começa a voltar-se para Deus, o Senhor, infinitamente bom e misericordioso, olhará com compaixão e amor para o pecador e lhe dará graças de conversão, penitência e perdão. Para rezar bem devemos estar bem dispostos.
Em seguida, devemos pedir algo que é bom. Acabamos de ouvir NSJC dizer no Evangelho: tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vos dará. Ora, Deus, sendo a bondade perfeita, nos dá tudo aquilo que pedimos, desde que isso seja uma coisa boa. Se Ele nos desse algo ruim, Ele estaria em contradição com sua bondade infinita. E uma coisa é boa nessa terra se ela nos ajuda, de um modo ou de outro, a ganhar o céu. Assim, quando pedimos a nossa salvação ou coisas necessárias para a nossa salvação – como as virtudes, por exemplo, ou a vitória sobre um vício – nós podemos estar seguros de que seremos atendidos, se estamos bem dispostos e se observamos as outras condições das quais falaremos em breve. Podemos também e devemos pedir coisas temporais (como a saúde, por exemplo, e bens materiais). Mas como essas coisas temporais podem tanto nos aproximar quanto nos afastar de Deus, com muita frequência Ele não nos concede esses bens temporais, pois eles nos afastariam de sua divina majestade. Dessa forma, pode ser melhor para a minha salvação que eu permaneça doente em dada situação. De fato, vale muito mais ser doente e suportar em união com Deus e com paciência uma doença do que estar com saúde, mas utilizar essa saúde para fazer o mal, para pecar. Assim, quando pedimos coisas temporais a Deus, devemos nos submeter inteiramente à sua divina sabedoria, que poderá nos conceder ou negar tais bens em virtude da utilidade ou não deles para a nossa salvação. E Ele sabe muito melhor do que nós o que é útil para nossa salvação. Ele sabe, então, que o emprego que às vezes tanto se deseja e que se reza para alcançar, talvez não seja bom para a minha alma. Dessa forma, nossa oração deve ter por objeto todo bem espiritual que nos dirige para a nossa salvação. Nossa oração pode ter por objeto também as coisas temporais, sabendo que Deus pode atender a essa oração ou não, na medida em que esses bens temporais são bons ou não para a nossa alma. Para rezar bem, é preciso, então, uma boa disposição e é preciso pedir coisas boas. Santo Agostinho diz que aquele que pede coisas contrárias à salvação, não as pede em nome de Cristo, por mais que o nome de NS seja invocado.
Além de ter uma boa disposição e de pedir o que é bom, devemos pedir de uma maneira que seja digna da majestade divina à qual nos dirigimos. Isso quer dizer que devemos rezar com uma verdadeira piedade. Essa piedade não se confunde com um ardor mais ou menos sentimental. Ao contrário, essa piedade se realiza com a atenção, com a humildade, com a confiança e com a perseverança.
Devemos, então, rezar com atenção: a distração voluntária – enfatizo bem: voluntária – acompanha muito mal o pedido de algo que não nos é devido. Como desejar que Deus ouça os nossos pedidos, se nós mesmos não escutamos aquilo que estamos dizendo. Se rezamos sem atenção, com sonolência, pensando em mil coisas estranhas à oração, já não se trata de oração, pois nossa inteligência e vontade estão e aplicando a outra coisa. Honramos Deus com os lábios, mas não com o nosso coração, com nosso espírito. Assim, devemos evitar as distrações voluntárias e combater as distrações involuntárias. E, se apesar de lutar contra as distrações involuntárias enquanto elas durarem, não conseguirmos afastá-las, nossa oração será, mesmo assim, plenamente agradável a Deus, pois fizemos o possível, com generosidade, para afastá-las, combatendo-as. Para evitar as distrações, é preciso escolher, na medida do possível, as circunstâncias que favoreçam a oração. Circunstâncias de lugar, horário… Ao rezarmos, devemos evitar também toda precipitação, e evitar rezar muito rápido, comendo as palavras… Para evitar as distrações, devemos procurar ter um recolhimento habitual, ter os sentidos mortificados, e a curiosidade mortificada. Se apesar disso, vêm as distrações, lutemos contra elas e nossa oração será tão meritória quanto se não houvesse distração. Uma Ave-Maria bem rezada honra mais a Nossa Senhora e dá mais frutos do que 100 rezadas de qualquer jeito. Rezar com atenção demanda esforço e paciência. Não devemos desistir sob pretexto de que não conseguimos, devemos progredir, ainda que lentamente.
Não basta rezar com atenção, devemos rezar com humildade. A Sagrada Escritura nos ensina que Deus resiste aos soberbos, mas que Ele dá a sua graça aos humildes. Devemos, então, quando rezamos, nos apresentar diante de Deus como o publicano, reconhecendo nossa incapacidade, nossas misérias, nossas fraquezas, nossa indignidade. Essa humildade é, antes de tudo, interior e ela faz que nos apoiemos unicamente na misericórdia infinita de Deus e nos méritos infinitos de Cristo. Não devemos apoiar a nossa oração nas nossos méritos, mas nos de Cristo. Essa humildade interior termina por se manifestar também exteriormente: o publicano não ousava nem levantar seus olhos. Se nos apresentamos diante de Deus com presunção e arrogância, com grande estima de nós mesmos e para mostrar nossas virtudes, nossas orações serão infalivelmente infrutíferas. Elas serão também estéreis, se, mais do que orações, elas forem exigências, como se Deus fosse obrigado a nos dar aquilo que pedimos. Deus resiste aos soberbos. Mas a oração daquele que se humilha penetra nos céus.
A piedade na oração implica também uma grande confiança. Nossa oração deve ser confiante porque ela se dirige a Deus, que é todo-poderoso e que quer o melhor para nós. Nossa oração se dirige à infinita bondade de Deus, que nos governa, que cuida de nós e que quer o melhor para nós. Se Deus nos ajuda tantas vezes mesmo quando não pedimos – como foi o caso nas Bodas de Caná – podemos ter certeza que Ele nos ouvirá se rezamos bem. Essa confiança na oração é um preceito dado por São Thiago : “se alguém quer pedir algo a Deus, peça com confiança.” Não deixemos de ter essa confiança total, caros católicos, em nossas orações. Começar a oração já pensando que Deus não me atenderá é um passo certeiro para Ele não me ouvir. E, claro, lembremos que Ele pode ou não nos conceder bens temporais na medida em que são bons ou não para a nossa alma. Falta confiança. É preciso notar que humildade e confiança não se contradizem na oração. A humildade é pelas fraquezas e misérias de quem reza. A confiança é pela onipotência e bondade de Deus.
A última qualidade da oração piedosa é a perseverança. Não basta pedir um instante, uma vez ou algumas vezes para sermos ouvidos, como se pudéssemos determinar o momento em que Deus deve nos conceder seus favores. Deus nos pede a perseverança na oração porque com muita frequência Ele não nos atende imediatamente, a fim de provar e purificar a nossa fé, a nossa confiança e a nossa humildade, a fim de nos fazer rezar mais, a fim de nos fazer apreciar melhor suas graças ou por outra razão digna de sua sabedoria. Vejamos, por exemplo, a perseverança do paralítico na piscina probática: ele esperou 38 anos, ele perseverou durante 38 anos. 38 anos. Ele poderia ter se revoltado e perdido a confiança em Deus. Mas não… Perseverou humildemente e com grande confiança e serenidade. E por que Deus fez esse paralítico esperar 38 anos? Para que ele fosse curado pelo Messias e para que por essa cura, os outros pudessem reconhecer o Verbo de Deus encarnado. Após 38 anos de espera, a cura foi muito mais perfeita não somente para o paralítico, mas também para os outros. A espera de 38 anos foi recompensada pela cura da alma dos que presenciaram a cena, vendo o milagre. A cura faz bem para nós, pois é um dos sinais que confirmam a missão divina de Cristo. E quantos exemplos de perseverança no Evangelho: a cananéia, que insiste para que NS dê as migalhas destinadas aos cachorros, o amigo importuno que pede o pão e tantos outros. Se pedimos bens espirituais – virtudes, conversão, perdão dos pecados – perseveremos sempre.
Devemos, ainda, acrescentar um desejo ardente de sermos atendidos, pois é a nossa salvação que está em jogo. Devemos rezar com diligência e querendo ser atendidos e não com indiferença ou tibieza. O Anjo disse ao Profeta Daniel: você foi atendido porque você é um homem de desejos
Eis, então, caros católicos, como devemos rezar. Mas falta algo que aumenta muito a eficácia de nossas orações: confiá-la nas mãos de Maria Santíssima para que ela apresente nossas súplicas ao seu Filho. Assim, se não estamos endurecidos no pecado, se pedimos coisas úteis para nossa salvação, e as pedimos com atenção, humildade, confiança, perseverança e fervor, seremos sempre e infalivelmente atendidos por Deus, se pedimos algo para nós mesmos. Rezemos, então, e rezemos muito e rezemos bem porque a oração bem feita é o alimento da nossa alma. Ela é a arma de defesa e de ataque contra o demônio, contra as tentações, contra o pecado. A oração bem feita é a chave dos tesouros celestes. Ela é o grande meio para nossa santificação e salvação. E se temos dificuldades para fazer uma boa oração, e certamente o temos, façamos como os Apóstolos e peçamos a NS que nos ensine a rezar, porque aquele que reza bem se salva, enquanto aquele que não reza se condena.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

23 de maio de 2018

Catecismo de Adultos – Aula 02 – O Modernismo, o problema atual na Igreja

Catecismo de Adultos – Aula 02 – O Modernismo, o problema atual na Igreja

Catecismo de Adultos – Aula 02 – O Modernismo, o problema atual na Igreja
Os princípios do modernismo: agnosticismo e imanência

22 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 497

ATOS DE ADORAÇÃO DE UM AVIADOR

Gustavo Croisset foi um Célebre aviador na guerra europeia de 1914 a 1918. Seu pai ensinara-lhe a não sair nunca de sua cidade, sem dizer adeus ao senhor da cidade, isto é: Jesus presente no sacrário. Por sua habilidade e destreza no manejo do avião, logo chegou Gustavo a ser chefe de esquadrilha. Antes de entrar em combate, tinha por costume voar sobre a cidade, dava três voltas ao redor da torre da igreja, subia depois bem alto e dava três voltas com o avião de cima para baixo. Isso chamava a atenção de todos e, um dia, o capitão perguntou-lhe por que fazia aquelas manobras.
— Está ali por acaso a sua noiva?
— Não, meu capitão; ali está meu Pai... Jesus, o Pai da cidade e deste povo. Em casa ensinaram-me a nunca sair para longe sem dizer adeus a Ele. Por isso faço essa manobra e dou as três voltas para que Deus me proteja.
— Está muito bem; faça uma dessas saudações por mim e por nossos companheiros.
O aviador continuou com o seu bom costume e foi um herói autêntico. Chegou, um dia, a hora do seu último sacrifício pela pátria. Foi na sangrenta batalha de Maubege. Lutou como um valente; mas, atingido o seu avião por uma chuva de balas e ferido ele próprio gravemente, conseguiu ainda voltar à sua cidade, onde recebeu o santo Viático e três quartos de hora depois morreu ao lado do seu querido avião.

21 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Livre de Pecado Pessoal


Parte 5/5

Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus, disse Jesus Cristo.
Quem não deseja ver a Deus? Desejamos vê-lo nesta vida; não precisamente com visões sobrenaturais, desejamos vê-lo na oração com a luz da fé, desejamos tratá-lo com intimidade. Pois, nada impede tanto o trato com Deus como a sujidade da alma. Quando ides por um caminho poeirento e se levanta um torvelinho e vos cega com o pó, nada podeis ver, nem sequer podeis dar um passo. Caminho poeirento é a vida, e mais poeirento ainda a juventude. O torvelinho das paixões levanta nuvens de tentações que cegam a alma com os pecados. Essa alma cega não pode ver a Deus, não pode tratar com ele, não pode avançar no caminho da virtude.
Queixas-te de que na oração não pensas em Deus, não sentes a Deus; pode bem ser uma prova que o mesmo Deus te envie, porém examina bem a tua consciência e vê se o que te cega é o pó dos teus pecados. Quanto mais Deus se quer unir com almas e manifestar-se a elas, mais as purifica das suas imperfeições.
Desejamos ver a Deus nesta vida, mas desejamos sobretudo vê-lo na outra. Ah! pois no céu não pode entrar nada manchado, Deus não aceita na sua presença uma alma que tenha a mais ligeira falta.
Deus diz aos seus anjos: as almas que estejam manchadas limpem-se antes de se apresentarem diante de mim.
Se a mancha é tão grave que não se pode tirar, que nunca entrem no céu. É a sorte das almas que saem deste mundo em pecado mortal. Se a mancha se pode tirar, que a tirem, ainda que para isso seja necessário afogar essa alma num mar de fogo. É a sorte das almas que saem deste mundo com peados veniais e se estão purificando no purgatório.
Jovem, põe o cuidado, sim, em tratar do teu corpo, porém põe maior cuidado em tratar e limpar a tua alma. De contrário, serás como uma maçã muito linda no exterior, mas interiormente carcomida pelo bicho; serás como um ataúde forrado de seda por fora e, se quiseres, com adornos de prata e de ouro, porém dentro de um cadáver hediondo e com mau cheiro.
Farás assim, se procuras agradar a Deus mais do que aos homens; pois os homens vêem o exterior e Deus vê as almas.  Que se possa dizer de ti algo semelhante ao que se canta da Virgem Santíssima: 
"Tota pulchra". És toda formosa.
Formosa no corpo; porém incomparavelmente mais formosa na alma.

20 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 496

A COMUNHÃO FREQÜENTE NOS NOSSOS DIAS

“Depois da comunhão do celebrante, ouve-se um leve ruído entre os fiéis... Uma linda procissão encaminha-se para a mesa da comunhão. É uma procissão emocionante. Pequenos e grandes, homens e mulheres, pobres e ricos, instruídos e analfabetos, todos... todos vão... vão para o altar... com a cabeça inclinada, com passos comedidos. Cada alma é um tabernáculo vivo. Tabernáculos puros, brancos, sem mancha, tabernáculos que se dirigem à sagrada mesa para receber o Santíssimo Sacramento.
Ajoelham-se e erguem o rosto para o sacerdote, que passa distribuindo a comunhão. Que rostos! Que olhares! Olhos brilhantes, olhar transfigurado, expressão de profundo regozijo que dificilmente se veem em outra parte. Assim resplandecia o rosto dos Apóstolos no Tabor. Parecem-se ás flores que abrem o seu cálice para receber o primeiro raio de sol matinal. Assemelham-se ao cume das altas montanhas, quando parecem abrasadas pelos raios do sol poente. Parecem-se... mas para que buscar novas comparações?... São como o homem que encontrou o seu Deus. O rosto divino resplandece, brilha nos rostos humanos” (Tihamer Toth).

19 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Livre de Pecado Pessoal


Parte 4/5

Diante deste modelo de pureza direis talvez desalentos: nisso não podemos imitar a Virgem Santíssima. É verdade que não a podes imitar completamente. Tens a concupiscência, tens as sugestões do mundo que te incitam a pecar, e a Santíssima Virgem não teve nada disso. Sem um privilégio especial de Deus, recairá em ti a definição dogmática do Concílio Tridentino: ninguém pode evitar durante toda a vida todos os pecados ainda os veniais. Não poderás evitar todos os pecados, mas podes evitar muitíssimos, e deves evitá-los, deves procurar a maior limpeza da tua alma. Ela também esta destinada a ser casa de Deus. O mesmo Jesus Cristo que habitou no seio da Santíssima Virgem vem com frequência ao teu coração, sempre que recebes a eucaristia.
Que não és impecável . . .
Porém podes empregar os mesmos meios que livraram a Santíssima Virgem do pecado. Podes conhecer intimamente a Deus pensando mais n'Ele e pensando menos nas vaidades do mundo. Não conheces a bondade de Deus, porque todos os teus pensamentos estão absorvidos pelas vaidades da terra. E como não conheces a Deus, abandona-lo por um momento de prazer, por um pouco de divertimento e pecas. Como não conheces a Deus, também não o amas, amas muito mais os objetos e as pessoas que são apreendidos pelos sentidos, e a quem mais se ama, a esse se serve, ainda que servindo-o desobedeças a Deus e o ofendas.
Diz a Escritura: "Lembra-te das coisas últimas que te acontecerão e não pecarás mais". Lembra-te da morte e do inferno, e sobretudo lembra-te do céu, lembra-te de Deus e evitarás o pecado. E se, apesar dos teus esforços, alguma vez pecares, limpa quanto antes a tua alma. Não há nada que cause mais repulsa que uma casa suja. Quando entras num aposento que há muito não é limpo, costumas dizer: aqui há pó de todas as idades. Assim são muitas almas; nelas há pecados de todas as idades: pecados da infância e da juventude e da idade madura; porque nunca se dispuseram a fazer uma boa confissão, porque nunca se arrependeram sinceramente das suas culpas, embora se tenham confessado muitas vezes. Como estas almas se parecem pouco com a da Santíssima Virgem!
Quanto tempo demoram em limpar a alma com a confissão algumas pessoas? Um mês, vários meses, muitos anos.
Se não manchassem a alma . . . Porém com a alma suja sucede o mesmo que com a casa. Quando uma casa esta muito limpa, tem-se muito cuidado ao entrar para não a sujar. Quando uma casa esta muito suja, não se tem cuidado ao entrar nela, entra-se mesmo com os pés cheios de lama.
Por que caminhos tão lamacentos andam tantas raparigas: por ruas escuras e enlameadas, pelos cinemas escuros e cheios de lodo, pelos salões de baile cheios de lodo, por vezes iluminados e outras vezes a meia luz! . . . E como essas raparigas têm a alma escura, também já não lhes importa evitar um pecado; têm tantos na alma que dizem: mais um menos um, que importa?
As almas cuidadosas limpam a sua alma todos os dias. Quer dizer que se devem confessar todos os dias? Não; porém examinam diariamente a sua consciência e procuram a poeira que caiu na alma, poeira de faltas veniais, e limpam esse pó com o arrependimento. Nas casas faz-se de vez em quando uma limpeza maior; esfregam-se melhor todos os andares; e examinam-se os cantos mais escondidos.
A isso equivale a confissão geral que as almas espirituais fazem de quando em quando, por ocasião de uma festa, no fim do ano ou em tempo de exercícios espirituais. 
Quando se espera um hóspede de distinção, dá-se uma vista de olhos às habitações a ver se tudo esta limpo e em ordem. É o que fazem as almas fervorosas antes de receber o hóspede divino, Jesus Cristo. Com atos eternos de arrependimento põem em ordem a alma, antes que entre nela o rei da glória.

18 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Livre de Pecado Pessoal


Parte 3/5

Mas ainda mais; a Santíssima Virgem não só não pecou; não podia pecar; Deus fê-la impecável. 
Assim o pedia a sua dignidade de Mãe de Deus. Ao ouvir esta afirmação, alguém pode dizer: isso é um grande privilégio; porém, que mérito teve então a Santíssima Virgem?
Compreendereis o mérito, se compreenderdes bem a razão da impecabilidade. Porque foi impecável a Santíssima Virgem? 
A natureza divina repugna essencialmente o pecado. A Santíssima Virgem nem teve natureza divina, porque não era Deus; nem esteve unida com a natureza divina, porque não era como seu Filho; por tanto não é aí que devemos procurar a causa da impecabilidade.
Os anjos e os santos que estão no céu possuem o "lumem gloriae", a luz da glória, e em virtude dela vêem a Deus intuitivamente, face a face, e não podem pecar. Ver a Deus face a face e pecar é impossível. Trocar um bem infinito e imutável por um bem limitado e caduco é impossível.
A Santíssima Virgem pode ter e talvez tivesse a visão da divindade, porém mesmo que assim fosse, essa visão foi transitória, não foi continua; portanto, a razão que os santos do céu têm para não pecar, tão pouco a teve ela.
Então, porque foi impecável? Seria porque não teve atrativos exteriores que a induzissem a pecar?
É verdade que a divina providência velou por ela para afastá-la de todos esses atrativos para o pecado; porém os anjos na antecâmara do céu, estiveram também livres de todos os estímulos externos e pecaram. Ainda que uma pessoa não tenha a concupiscência, ainda quando não seja impelida ao mal por nenhuma sugestão exterior, essa pessoa pode pecar por amar-se desordenadamente a si mesma. Esse amor a si mesmo excitou a soberba dos anjos e dos primeiros homens e pôs a sua vontade em frente da de Deus.
Seria porque esteve livre da concupiscência? Não é razão suficiente. Livres da concupiscência estiveram Adão e Eva no paraíso e pecaram. Alguma coisa mais teve que haver na Santíssima Virgem para que fosse impecável.
É verdade que Maria não teve continuamente a luz da glória para contemplar face a face a divindade; porém teve a luz viva da fé e teve uma ciência infusa incomparável; e com essa ciência e com essa fé pensava em Deus, meditava continuamente em Deus, e conhecia perfeitamente a Deus embora não o visse face a face; e tal era o seu conhecimento de Deus que tanto ela, como os anjos do céu, não podiam trocar a Deus, bem infinito e eterno, por um bem caduco e rasteiro que podia levar ao pecado.
Conhecia profundamente a Deus e amava-o incomparavelmente mais que a todos os bens da terra; porque a medida do conhecimento era o seu amor e não podia, mercê das abundâncias de graças eficazes, pospôr Deus a esses bens terrenos.
Amava também a Deus na medida da graça que tinha na alma; e essa graça, é verdade, que em parte tinha-a recebido gratuitamente de Deus, porém em parte tinha-a multiplicado com os atos da sua virtude. Aí tendes a raiz da impecabilidade da Santíssima Virgem: além da imunidade da concupiscência, além da providência especial que Deus teve sobre ela, para que não a assaltasse nenhum pensamento pecaminoso, a Santíssima Virgem conheceu intimamente a Deus; e isto foi mérito seu.
A boca cheia devemos dizer com a Igreja: "És formosa, minha amiga, e graciosa como Jerusalém".
A Jerusalém celestial é o céu, e dela diz São João: É ouro limpo, semelhante ao límpido cristal e ali não entra nada manchado. Ouro limpo foi a Santíssima Virgem sem nenhuma mancha de pecado original, mortal ou venial. Ouro semelhante ao cristal, pois não teve uma natureza de querubim ou de serafim, mas humana, frágil como o cristal, e viveu na terra; grande mérito o da Santíssima Virgem.
Aquele que vive numa casa limpa coberta de alfombras e tapeçarias não é nada estranho que não se manche. O que admira é que não apanhe nem um bocadinho de lama aquele que anda num caminho cheio de lodo. Os anjos viveram na antecâmara do céu, limpa do lodo da terra. A Virgem Santíssima caminhou pelo mundo, lodaçal de pecados.
Como é admirável que em tantos anos de vida, em tantas ações, em tantas palavras, em tantos desejos, em tantos pensamentos não se possa descobrir nada imperfeito, nada que não seja conforme com a vontade divina!

16 de maio de 2018

Sermão para o 3º Domingo depois da Páscoa – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] A piedade para com a pátria


“Sejais submissos a toda autoridade humana por causa de Deus.”
Caros católicos, na Coleta de hoje – oração que precede a Epístola – nós pedimos a Deus para que possamos repudiar tudo o que se opõe ao nome cristão, e pedimos que possamos seguir tudo o que é conforme ao nome cristão. Entre as coisas que são conformes ao nome cristão, está a virtude da piedade. Não tratamos aqui, porém, da piedade em seus sentidos mais comuns, como sinônimo de devoção, compaixão ou misericórdia, mas tratamos aqui da piedade em seu sentido mais estrito, que é a piedade para com os pais e a pátria.
A virtude da piedade propriamente dita é, então, aquela que nos inclina a dar aos pais, à pátria e a todos os que se relacionam com eles a honra e o serviço que lhes são devidos. A justiça nos diz que nos tornamos devedores daqueles que nos deram benefícios. Somos devedores, em primeiro lugar, de Deus, em razão de sua excelência e em razão de todos os bens inumeráveis que nos deu, a começar pelo nosso ser. Em segundo lugar, são os pais que nos dão o ser e nos governam. E, finalmente, a pátria, em que nascemos e que nos nutre. E por isso, depois de Deus, o homem é devedor sobretudo dos pais e da pátria, nos diz São Tomás. A primeira dívida, que é para com Deus, paga-se com a prática da virtude da religião, pela qual damos a Deus o culto que lhe é devido, em união com Cristo. A segunda e terceira dívidas, devidas aos pais e à pátria, são pagas com a prática da virtude da piedade. Vemos, então, que a virtude da piedade está em estreita relação com o quarto mandamento: honrar pai e mãe. Como sabemos, o quarto mandamento não se resume ao pai e à mãe, mas diz respeito a todos os superiores na ordem familiar, civil e eclesiástica. E esse mandamento indica os deveres dos inferiores para com os superiores e também dos superiores para com os inferiores.
O que nos interessa, porém, hoje é a virtude da piedade que diz respeito à pátria, aproveitando a ocasião desse 22 de abril, data considerada do descobrimento do Brasil. Se somos católicos, buscando, assim, imitar Cristo, e praticar aquilo que é conforme ao nome cristão, devemos ter e praticar a virtude da piedade para com nossa pátria porque ela também é princípio de nosso ser, de nossa educação e ela nos governa. A pátria faz isso enquanto proporciona aos pais – e por meio deles aos filhos – grande quantidade de coisas necessárias e convenientes para o nosso ser, de tal forma que, sem a pátria, não poderíamos ter tantos bens que temos. Devemos praticar a virtude da piedade para com nossa pátria como o fez Nosso Senhor Jesus Cristo em seu tempo e em sua pátria, obedecendo a ela em tudo o que é bom e socorrendo-a em suas dificuldades, sobretudo, se assim podemos dizer, as espirituais. Devemos praticar a virtude da piedade obedecendo às leis justas do país e resistindo, serena e firmemente, àquelas que se opõem à lei de Deus, pois é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens. Devemos fazer tudo o que nos manda a autoridade civil, a não ser que mande algo contra a fé, contra a moral, contra a lei natural, contra o bem comum. Cumprir uma lei que é contra a lei de Deus é prejudicar a si mesmo, a sociedade, a pátria.
Devemos praticar a virtude da piedade buscando que nossa pátria reconheça a Verdade e se submeta a ela, para que nossa pátria possa, assim, ajudar seus filhos não só materialmente, mas também espiritualmente, favorecendo e facilitando o conhecimento daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida: Jesus Cristo. Para tanto, devemos rezar por nossa pátria, nos mortificar pelo bem de nossa pátria. Está dito na Sagrada Escritura que o clamor de Israel foi ouvido por Deus. Para tanto, o povo de Israel rezava e fazia penitência. Se rezarmos e fizermos penitência, Deus poderá, então, ouvir nosso clamor. Para ajudar nossa pátria, devemos também agir dentro de nossas possibilidades, começando pela nossa conversão e pela nossa família.
É muito comum reclamarmos de nossa pátria e, ao mesmo tempo, fazermos pouco ou nada por ela. Devemos rezar e agir, mas agir de modo ordenado e sempre segundo os princípios católicos, fazendo isso pelo bem de nosso país. Muitos ainda se iludem querendo ajudar a pátria pela política em primeiro lugar e não pela religião. E assim vão se associando a pessoas ou a grupos contrários aos princípios católicos, vão aderindo a erros sob o pretexto de combater erros maiores. Que ilusão. Na prática por exemplo, vemos católicos se associando a grupos maçônicos para combater o comunismo, como se o comunismo fosse erro maior a ser combatido por esse erro menor. Na verdade, o erro maior aqui são os princípios maçônicos e foi nas lojas maçônicas que foi originado o comunismo/socialismo. Não se pode aderir a um erro, ainda que menor, para combater outro maior. Nesse caso, o erro triunfará sempre. Como os Papas sempre ensinaram, não é pela ação política, mas pelo Evangelho que ajudaremos nossa pátria. Pio XI, na Encíclica Divini Redemptoris dizia: “Como em todos os períodos mais tormentosos da história da Igreja, assim hoje também o remédio fundamental é uma sincera renovação da vida privada e pública, segundo os princípios do Evangelho.” São Pio X dizia na Notre Charge Apostolique: “a reforma da civilização é uma refor religiosa em primeiro lugar, pois não há verdadeira civilização sem civilização moral e não há civilização moral sem a verdadeira religião.” São Pio X diz que isso é uma verdade demonstrada, um fato da história. E o Papa João Paulo II na Centesimus annus diz que “é preciso repetir que não existe verdadeira solução para a «questão social» fora do Evangelho.”
Devemos, ainda, rezar pelos nossos governantes, para que sigam a lei de Deus, para que governem em vista do bem comum, que não pode simplesmente fazer abstração da verdadeira religião. E devemos ter em mente que temos os governantes que merecemos. Para mudar para melhor, temos que rezar muito e procurar a nossa conversão a Deus.
Com isso, ajudaremos nossa pátria sem cair no excesso de endeusá-la, com um nacionalismo descabido, e sem cair no defeito de rejeitar nossa pátria e dizer como os pagãos: minha pátria é onde me sinto bem. Não, caros católicos! Temos verdadeiro dever de justiça para com a nossa pátria, apesar de seus defeitos. Dever de justiça, de piedade. A pátria é princípio de nosso ser. Devemos procurar que ela o seja não só materialmente, mas também em ordem mais elevada, nos ajudando a conhecer a verdade e a praticar o bem.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

15 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Livre de Pecado Pessoal


Parte 2/5

Nem mancha de pecado, nem sequer imperfeição moral. A imperfeição moral é diferente do pecado.
O pecado é uma desobediência a Deus, quando Deus manda uma coisa; e segundo essa desobediência seja maior ou menor, o pecado será maior ou menor, o pecado será mais ou menos grave.
Porém Deus às vezes não manda; unicamente aconselha: aconselha ou no Evangelho, onde estão os chamados conselhos evangélicos, ou por inspirações interiores, ou por insinuação dos superiores, ou pela razão que nos diz o que é mais perfeito. Quando a alma não segue o conselho de Deus, comete uma imperfeição moral. Talvez a dúvida vos assalte: porém essa imperfeição moral, o não seguir os conselhos de Deus, não é um pecado?
A opinião dos teólogos divide-se: uns dizem que essa falta de atenção para om Deus sempre encerra alguma culpa, ainda que seja muito leve; outros dizem que não implica pecado algum.
Seja como for, o certo é que a Santíssima Virgem correspondeu sempre a todas as inspirações divinas: Deus inspirou-lhe que fizesse voto de virgindade e ela assim fez; Deus inspirou-lhe que contraísse matrimônio com São José e ela cumpriu; Deus propôs-lhe ser Mãe; a Virgem expôs a dificuldade que tinha nisso, resolveu-a o anjo e ela aceitou a vontade divina. O coração da Santíssima Virgem estava sempre a dizer: Faça-se em mim a vossa vontade.
Na Santíssima Virgem nada havia que a impedisse de proceder com toda a perfeição, que a estorvasse de corresponder a todas as graças. Nela não havia concupiscência; nela não havia nenhuma desordem nas potências nem nos sentidos; por isso, não houve nela nenhuma imperfeição moral.

14 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 491 até 495

Observação: No arquivo pdf não consta as páginas onde estão incluídos os exemplos 491 ao 494.

 A COMUNHÃO EXIGE SACRIFÍCIO

No santo lugar das aparições da SS. Virgem de Fátima, um dia, depois do por do sol, o bispo de Leiria ia sair do confessionário, em que estivera longas horas, quando se aproxima uma das mulheres que estavam esperando e lhe diz:
— Senhor Bispo, por amor de Deus, ouça-me de confissão.
— Mas já soaram as Ave - Marias; agora só se confessam os homens.
— Pobre de mim! Desde esta manhã que espero a minha vez para receber a santa comunhão... e devo ir-me sem comungar!...
— Ah! estais ainda em jejum?
— Estou, sim, sr. Bispo.
— Bem; aqui não vale o Direito Canônico, — exclamou comovido o prelado. Em seguida ouviu a confissão e deu-lhe a comunhão.
Casos semelhantes se poderiam contar muitíssimos; mormente nos grandes santuários de Nossa Senhora são frequentes.

13 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 490

DURANTE VINTE ANOS SÓ TOMAVA A COMUNHÃO

1. S. Nicolau de Flue viveu na Suíça, sua pátria, no século XV. Era casado e, quando tinha mais de cinquenta anos e seus filhos criados e colocados, com o consentimento de sua esposa retirou-se a um lugar solitário chamado Ranft, onde construiu uma capela com o auxilio dos habitantes dos arredores. Ali, durante vinte anos não tomou outro alimento que a sagrada Comunhão. A principio muitos desconfiavam dele, tendo-o por hipócrita e enganador e criam que às escondidas alguém lhe levava alimentos. As autoridades puseram vários espiões que, durante um mês inteiro, dia e noite o observavam. Quando se convenceram de que não havia engano, solicitaram ao bispo de Constanza que o examinasse e consagrasse aquela capela. O bispo auxiliar D. Tomás foi disso encarregado e, depois de consagrar a capela, em conversa familiar com o Santo, soube que há um ano e meio não provara outra coisa senão a sagrada Comunhão. O bispo perguntou-lhe qual dentre as virtudes que lhe parecia ser a principal e mais agradável a Deus, e o Santo respondeu que era a obediência.
Então o prelado, pondo diante dele pão e vinho, que trazia a propósito, disse-lhe: “Eis, irmão, a comida e a obediência vos traz para comerdes e alcançardes o prêmio de tão formosa virtude”. O Santo estremeceu, mas não opôs resistência; mas, depois de ter tomado aquele alimento e bebida, começou a sentir horríveis dores como se estivesse para morrer. Ao ver aquilo o prelado pediu-lhe perdão, protestando ter procedido daquela maneira por ordem superior. S. Nicolau, durante os vinte anos que ainda viveu, não tomou outro alimento fora da sagrada Comunhão, e ninguém mais o molestou. O historiador protestante Mueller. reconhece que este caso foi seriamente examinado e tido por incontestável.

12 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Livre de Pecado Pessoal


Parte 1/5

A alma de Maria não só estava limpa do pecado original; estava também limpa de todo o pecado pessoal, ainda dos mais leves: veniais deliberados, veniais meio deliberados; e ainda de toda a imperfeição.
Privilégio extraordinário que Deus concedeu a sua Santíssima Mãe. Assim o declarou o Concílio Tridentino: "Ninguém pode evitar durante toda a vida todos os pecados, mesmo veniais, sem especial privilégio de Deus e este privilégio teve-o a Santíssima Virgem".
Assim tinha de ser.
Deus no Paraíso disse ao demônio: "Eu porei inimizade entre ti e a mulher: entre a sua descendência e a tua".
Essa mulher era a Santíssima Virgem. A inimizade entre o demônio e a Santíssima Virgem tinha de ser absoluta, perpétua; e não o teria sido, se a Santíssima Virgem em algum momento da sua vida tivesse cometido algum pecado, mesmo venial, pois nesse momento em que tivesse pecado, teria agradado ainda que ligeiramente ao demônio.
Se a Santíssima Virgem tivesse pecado, o anjo não a teria podido chamar a cheia de graça; porque onde há algum pecado, ainda que seja venial, há alguma falta de graça santificante.
Se a Santíssima Virgem tivesse pecado, a infâmia da Mãe recairia no Filho, e Jesus não podia consentir nem que sua mãe ficasse infamada com o pecado, nem que essa infâmia caísse sobre ele.
Pode evitar isso e sem dúvida evitou.
Ele tinha associado sua Mãe à obra redentora do mundo, e nada mais oposto à redenção e à santificação das almas do que o pecado.
Com razão a Igreja aplica à Virgem Santíssima aquela palavra do Cântico dos Cânticos: És toda formosa, ó minha amiga, e não há em ti mancha alguma de pecado.

11 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 489

SACRÁRIOS VIVOS

Legiões de santos, ascetas, místicos e multidões de crentes encontraram na Hóstia divina a fonte de suas alegrias e o alento de suas virtudes. S. Francisco de Assis, S. Domingos de Gusmão, S. Francisco Xavier, S. Teresa de Jesus, S. João da Cruz, S. Vicente de Paulo, S. Afonso de Ligório, S. Geraldo Majela (para não falar de outros), passam pela história como tabernáculos humanos, como sacrários vivos, irradiando a luz do fogo divino que guardavam em seus corações.
Não há — diz S. Tomás — não há língua capaz de exprimir as doçuras deste Sacramento; pois na sagrada Comunhão temos a doçura em sua mesma fonte.

10 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 488

CONSERVAM A PUREZA PELA COMUNHÃO

O P. José Fraezle, missionário do Congo Belga, refere que batizou novecentos jovens, que se confessavam e comungavam com frequência, desconhecendo-se entre eles o pecado de impureza. Quando eram interrogados sobre essa matéria, respondiam quase indignados: “Crês então que enganamos a Deus no batismo?”
Em Mongo os jovens cristãos escondiam-se, quando seus pais queriam obrigá-los a casar-se com mulheres pagas.
O missionário escreve: “Mil vezes tive provas de que os filhos das selvas, por meio da oração e da sagrada Comunhão, podem viver, puros como as juventudes católicas e até com mais facilidade, talvez, porque tem ideias claras de seu dever”

9 de maio de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

A Imaculada Conceição


Parte 6/6

Os juízos divinos são sapientíssimos e misteriosos. Poder-se-ia crer que Deus se apressaria a pôr à contemplação dos homens esta sua obra maravilhosa iluminada com os resplendores de uma definição dogmática sem nuvens de dúvidas que a velassem; e no entanto não foi assim. Foi-se descobrindo a pouco e pouco, gradualmente, como se desta maneira quisesse atrair mais a atenção de toda a humanidade para ela. Quem primeiro contemplou a beleza de Maria Imaculada foi João Evangelista, o de olhar puro, aquele que, morto Jesus, fez para com a Virgem Maria as vezes de filho.
João no seu desterro de Patmos, presenciou a luta que a Virgem Maria sustentou com o dragão de sete cabeças, contemplou a glória e formosura daquela mulher triunfadora e procurou na criação as comparações mais belas para a descrever aos homens: os seus vestidos são como o sol, as estrelas formam a sua coroa, a lua é o escabelo dos seus pés.
Os Santos Padres contemplaram a pureza e formosura da Virgem Maria e não encontraram palavras para a descrever. É pura, imaculada, intacta, sem culpa, ilesa, incorruptível. É a mesma inocência, virgindade imaculada. Mais santa que os santos, mais pura que os anjos, mais excelsa que os céus, mais gloriosa que os querubins, mais venerável que os serafins, a mais próxima e semelhante a Deus.
É como um lírio entre espinhos, como um amanhecer sem ocaso, como um astro que recebe continuamente a luz do sol, como uma fonte perene, como uma haste sempre florida. É o jardim onde se recreia o Eterno Pai. É o prado cheio de aromas onde passeia o Espírito Santo. É o novo Paraíso guardado por um querubim, onde não tem entrada a infernal serpente. Assim descreviam a pureza de Maria os Santos Padres; e as suas palavras enchiam a alma dos cristãos de amor a Maria e com desejos de que a sua pureza imaculada fosse incorporada nos dogmas da Igreja.
Por isso, quando nos anos medievais alguns teólogos se atreveram a pôr em dúvida a Imaculada Conceição de Maria, todo o povo cristão, como um exército compacto, se pôs em pé de guerra. A contradição foi a centelha que acendeu o entusiasmo popular. Era a glória de Maria sua Mãe, e era também a honra da humanidade que se pretendia combater. À frente desse exército iam os prelados das igrejas; pois só um ou outro se passou ao campo inimigo. Formavam o corpo do exército as Ordens religiosas com os seus teólogos, os seus pregadores, os seus ascetas e os seus santos.
As principais Universidades do mundo e entre elas todas as espanholas exigem aos seus doutores o juramento de defender o privilégio da Imaculada. Em França, a Universidade de Paris; em Inglaterra, as de Oxford e Cambridge; na Alemanha, as de Colônia e Mogúncia; em Itália, as de Nápoles e Palermo; na Austria, a de Viena; em Portugal, as de Coimbra e Évora, e em Espanha, umas atrás das outras, todas as Universidades. Cidades inteiras ligam-se a esse voto; em Espanha a primeira de todas, Palência. São tantos e tantos os que fazem este voto que no século XVIII pode-se dizer com alguma hipérbole que meio mundo estava ligado a ele. Meio mundo em pé a defender a pureza de Maria na sua Conceição. Em pé; e muitos, dispostos a defendê-la até derramarem o próprio sangue.
Assim juraram, primeiro, a Universidade de Granada; depois, a Confraria de Jesus Nazareno de Palência, e o rei de Portugal com as cortes gerais e as Ordens Militares espanholas e o rei Filipe IV com as cortes de Castela; e santos, como São João Berchmans que rubricou a fórmula do voto com o próprio sangue. Reis e Imperadores, à frente dos quais vão os de Espanha, põem todo o peso da sua autoridade para alcançarem a definição dogmática; o povo reclama-a nos seus versos e nos seus cantares e na saudação espanholíssima que se põe como condição indispensável aos que queriam atravessar a soleira das portas;
Ninguém passe este portal
sem que jure por sua vida
ser Maria concebida
sem pecado original.

E chegou por fim o momento solene da definição dogmática, o momento em que a pureza Imaculada de Maria na sua Conceição ia brilhar sem nenhuma nuvem no céu da Igreja. Seiscentos Prelados e duzentos milhões de católicos de joelhos aos pés do Pontífice Romano pediam a declaração do dogma e rogavam ao Espírito Santo que iluminasse o Vigário de Jesus Cristo e movesse o seu coração. Sua Santidade Pio IX, conduzido pelo Espírito Santo, senta-se na cátedra de São Pedro, a luz do céu ilumina a sua fronte e com voz emocionada e poderosa declara dogma de fé a Conceição Imaculada de Maria. Era o dia 8 de dezembro de 1854. Os sinos de todas as catedrais e de todas as igrejas repicam loucos de alegria. As gerações cristãs de 19 séculos estremecem de júbilo no céu. Os defensores do privilégio pareciam reanimar-se nas suas sepulturas. As milhares de imagens da Imaculada que os melhores artistas espanhóis tinham espalhado por todas as cidades e povoações de Espanha dir-se-ia que adquiriam vida e movimento e resplandeciam com luzes celestiais; e o povo cristão em todas as línguas da terra, entoava um hino gigantesco de triunfo à Mãe de Deus e glória da humanidade:
 Toda sois formosa, ó Maria. E não há em Vós mancha alguma de pecado. Vós sois a glória do nosso povo. Ao júbilo da terra une-se a alegria do céu; e no meio deste hino gigantesco dos céus e da terra a Santíssima Virgem humilíssima entoa de novo o Magnificat: Alma minha, engrandece ao Senhor. Operou em mim grandes coisas o que é Omnipotente. Porque olhou para a pequenez da sua serva. Todas as gerações me chamarão bem aventurada.

8 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 487

A COMUNHÃO DA VALOR

1. Os católicos mexicanos, que tanto tiveram de lutar e sofrer durante as cruéis perseguições de alguns de seus governos, hauriram valor e constância da Sagrada Eucaristia. Era muito frequente jovens e meninos levarem oculto sobre o peito um pequeno relicário com hóstias consagradas, e, com o pretexto de visitar os presos, entravam nas prisões para dar-lhes o pão dos fortes. Outras vezes ocultavam as sagradas partículas nos pães que levavam com, outras provisões aos encarcerados. Ao seu fervor eucarístico se deve atribuir a extraordinária fortaleza que demonstraram naquelas lutas religiosas não só os sacerdotes e bispos, mas os simples fiéis mormente das associações religiosas.
2. Também na Espanha, durante o domínio comunista que tantas vítimas fez nas fileiras do clero e dos fiéis, os sacerdotes receberam licença de celebrar sem paramentos sagrados, com pão fermentado e num vaso de cristal ou copo. Isto era para facilitar aos fiéis a sagrada comunhão no meio das horrendas perseguições e sofrimentos a que foram submetidos durante a perseguição dos vermelhos.

7 de maio de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 485 e 486

A COMUNHÃO DA FORÇAS

1. S. Catarina de Sena, desde a idade de vinte anos, só se alimentava com a Sagrada Eucaristia. Não comia nem um pedaço de pão sequer e nunca sentia fraqueza. A comunhão avivava em seu coração o fogo do amor divino e recebia consolações inefáveis. Se intentava provar algum alimento sofria agudas dores e não podia retê-lo.
2. S. Ludovina viveu vinte e cinco anos sem mais alimento que a comunhão semanal. Para certificarem-se que isso se devia ao Santíssimo Sacramento, deram-lhe uma vez a partícula sem consagrar. Ora, em pouco tempo a sua fraqueza foi tão grande que esteve às portas da morte. Deram-lhe então a sagrada comunhão e imediatamente recuperou as forças.