29 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 67

QUANTO PODE A VIRTUDE

A alma que toda se entrega a Deus e ao serviço divino não conhece fraqueza, antes é capaz das ações mais heroicas. Eis um exemplo recente.
No meio dos horrores da passada guerra mundial alguns fugitivos armênios chegaram a Roma para visitar o Papa. O chefe deles, o venerando bispo de Trapezunda, narrou ao Vigário de Cristo uma cena horrível, porém heroica.
Tropas árabes e turcas — disse ele — reuniram nas proximidades de Erzerum, na Asia Menor, todas as donzelas e senhoras de uma aldeia e conduziram-nas ao pequeno planalto de Kemakh. A meseta (planalto) termina num abrupto precipício e no fundo do abismo veem-se pedras enormes que o ímpeto das águas arrasta do alto da montanha. Ai chegadas, dizem os turcos ás pobres prisioneiras:
Agora escolhei: ou ides voluntariamente para os nossos haréns, ou sereis arrojadas ao fundo deste precipício.
Lá embaixo, no abismo, bramiam as águas furiosamente. Que fazer naquela conjuntura? De repente adianta-se uma das mais jovens prisioneiras, uma donzela de porte distinto. Em seus olhos arde o fogo da decisão tomada. Diante de sua alma brilha a visão divina de Cristo. Com voz firme e clara pronuncia as palavras: Em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo e, fazendo ao mesmo tempo o sinal da Cruz, atira-se corajosamente ao abismo.
Foi como uma voz de comando. Quando os ferozes turcos, que se tinham afastado, se aproximaram da meseta, não encontraram ali nenhuma mulher.
Todas se tinham lançado ao abismo, preferindo perder a vida, a perder a honra e o céu.

28 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência X

Parte 5/9


D - Não há mais tanta necessidade de insistir sobre a última constatação, de que o divórcio é também uma maldição para a própria humanidade e que o divórcio é o meio mais seguro para arruinar uma nação.
a - sei que alguns, vendo isto, hão de fazer esta reflexão: "Naturalmente! os padres são obrigados a falar assim. Respondei-me, porém, agora, não mais como padre, mas como homem que sabe compreender e compadecer-se: Se não fosseis padre, afirmaríeis tão categoricamente que o casamento não pode ser dissolvido? Rogo-vos não faleis agora como padre, mas como homem conhecedor dos corações, e das lágrimas dos que sofrem..." Bem. Vou responder. Quero responder com toda a sinceridade. Quanto mais avanço em idade, tanto mais tenho podido conhecer os corações e as almas que sofrem. Vejo mesmo o quanto, sob o ponto de vista humano, a Igreja tem razão para não dissolver o casamento.
Pois torna-se cada vez mais evidente para mim que a grande luta levantada em favor do divórcio não é senão uma parte do grande assalto que o ateísmo e o paganismo moderno abrem contra a orientação sobrenatural da humanidade, contra a religião. O fim que tem em mente os divorcistas não é, em absoluto, curar os sofrimentos dos esposos infelizes, mas sim subtrair a humanidade às leis divinas. A guerra travada contra o casamento não é senão um aspecto da grande guerra de idéias. Aquele que se orgulha de sua fé em Deus e em Cristo não pode, pois, colocar-se no campo dos inimigos.
b - De outro lado, mesmo no ponto de vista puramente humano, não posso aprovar o divórcio, porque já a sua simples possibilidade exerce uma ação desmoralizadora sobre a humanidade, paralisa seu ardor combativo, e faz retroceder muito a educação moral.
Sob qualquer aspecto que se olhe a coisa, reconhecemos que o divórcio nunca foi um acontecimento nobre e edificante, mas sempre uma tragédia, uma falência, uma ruína. Uma tragédia moral que exerce uma influência deprimente, paralisadora, corrupta sobre a vida sã e harmoniosa da família, tal como os combatentes que perdem a coragem e o ardor, quando os traidores fogem covardemente em plena batalha.
Sabendo, porém, os homens que o casamento é indissolúvel serão mais indulgentes, domarão seus caprichos, vencerão suas tendências, isto é, educar-se-ão a si mesmos. Se a possibilidade do divórcio flutua constantemente aos seus olhos, então, em cada pequeno aborrecimento buscam vergonhosamente um refúgio, e recuam com medo ante o desdobramento de forças sem as quais não podem representar nenhum progresso moral.

27 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 66

NA BALANÇA DA CARIDADE

Uma vez, uma pobre viúva, desfeita num mar de lágrimas, pediu a um pio sacerdote que lhe desse cem escudos para fazer casar uma filha cuja honestidade corria perigo. Afligiu-se muito o santo por não possuir aquela quantia; mas, lembrando-se de um rico negociante, seu amigo, tomou uma tirazinha de papel e nela escreveu estas palavras: “Meu caro senhor, pelas entranhas da misericórdia de Deus, peço a V. S. que de a essa pobre senhora, para uma grave necessidade que padece, tantas moedas quanto pese este papel”.
Leu o negociante o bilhete e pensou consigo: Se não preciso dar mais moedas do que pesa este papel, com bem poucas socorrerei a pobre. Mas, como conhecia a santidade de seu amigo, pôs o papel no prato da balança, que, imediatamente, caiu até em baixo. Começou a por moedas no outro prato: uma, duas, cinco... e o prato com o papel não subia. Foi pondo mais e mais até que, inteirando cem escudos, a balança ficou no fiel. A viúva foi socorrida e espalhou por toda a parte a fama do prodígio.
Por ai se vê quanto pesa na balança de Deus tudo que se faz em favor dos pobres.

26 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência X


Parte 4/9


C -  E aqui chegamos a um novo argumento, mais forte ainda, que altamente protesta contra o divórcio, O divórcio é uma maldição para o homem, maldição maior ainda para a mulher, mas para a criança é a maldição mais horrorosa.
Se tudo quanto evocamos não existisse, se o homem e a mulher tivessem só a ganhar no divórcio, - vimos, porém, o quanto eles perdem, - seria preciso então dizer:  Nunca o divórcio. Por quê? Porque o divórcio pode, quem sabe, ser vantajoso para a mulher, nunca o será, porém, para a criança, e portanto não o é, nem para a sociedade, nem para a nação.
a - Quanto a boa educação dos filhos exige que os pais vivam unidos! Que perigo o divórcio para a alma das crianças, em toda a sua existência!
A tragédia começa no processo do divórcio. A luta encarniçada e feroz trava-se entre os pais: quem cuidará dos filhos, o pai ou a mãe? Quantos estragos inauditos, na alma da criança, quando se vê obrigada a escolher quem deve amar: seu pai ou sua mãe? É verdade que isto não tem mais valor, quando o tribunal divide os filhos, metade ao pai, e metade à mãe.
Consumou-se o divórcio. Presentemente, começa a "educação" dos filhos. A educação? Que educação? A parte que cuida dos filhos prima por querer arrancar de seus corações o amor natural a respeito da outra parte. Conta-lhes tudo o quanto ela sabe de mal. A outra parte, a quem arrebataram os filhos, tudo faz para reconquistá-los, e para tal fim não recua ante os meios os mais extravagantes. E a alma da infeliz criança será irremediavelmente sacrificada, neste funesto vai e vem. Infelizes crianças, órfãs antes da morte dos pais! Pobres avezinhas caídas do ninho, e cuja alma não pode gozar de todo um mundo de felicidade, por causa do divórcio dos pais!
b - E a prova de que isto não é uma fantasmagoria, nem uma ideia sem fundamento, mas uma terrível realidade, nós a encontramos na carta que um filho, cujos pais se divorciaram, escrevia ao Menino Jesus, por ocasião do Natal. Nem Demóstenes falaria de maneira tão comovente contra o divórcio. Nem Cicero lhe faria semelhante ato de acusação, como a cartinha que o pequenino João escrevera com sua letra ainda incerta, no Natal, ao Menino Jesus: "Caro Pequenino Jesus, peço-te isto, leva-me para o céu. Quereria tornar-me um anjo. E eu prometo que serei um anjo bem delicado, e farei tudo o que me mandares. Sou tão infeliz aqui. Sabes que o papai mandou embora a minha mãe, porque recebeu uma outra mamãe. Mamãe levou-me, mas não vivo bem com ela. Não há mais açúcar. Faz tanto frio aqui. Atualmente mamãe tem um novo papai, mas ela ainda chora muito. O novo papai é um bêbado. Mamãe lamenta-se aos vizinhos, dizendo que não sabe mais o que fazer, porque assim morreremos de fome. Eu disse a mamãe que matarei o novo papai. Mamãe, porém, me disse que o pequenino Jesus ficaria zangado. No catecismo aprendi que os anjos são muito felizes, e que não obedecem senão ao Pequeno Jesus. Desejaria muito ser um anjo, porque sou tão infeliz. Eu te súplico, Pequeno Jesus, leva-me depressa contigo. Beijo-te as mãos. Jeanot"
Não é uma invenção, mas sim um acontecimento. Dizei-me, pois, teremos o direito de revoltar-nos e indignar-nos, se um dia estas criancinhas, crescendo, se tornarem mal feitores, homens sem moralidade, ladrões, assassinos? Dizei-me: quais os culpados? as crianças pervertidas, ou os pais, cujo divórcio foi uma ocasião para a ruína de seus filhos? Se esquadrinhamos a juventude dos famosos celerados, quantas vezes não encontramos, como origem de seus crimes, uma família separada.

25 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 65

A DOR ABATE O ORGULHO

Já vistes um touro no curral? Altivo, bravio, dominador, conserva a cabeça erguida como se desafiasse o céu e a terra. Quem será capaz de sujeitá-lo? Como soberano, move impaciente de um lado para o outro a formidável arma de seus chifres afilados e reluzentes.
Mas, de repente, silva no ar um laço forte que se lhe enrosca na cabeça como uma serpente. O laço puxa-o fortemente e ele, relutando embora, tem de chegar a estaca fincada no chão e da qual pende a argola do sacrifício. O touro resiste, esperneia, ruge, mas afinal tem que ceder e baixar a cabeça, apresentando a nuca ao punhal do sangrador...
Há também homens que, na prosperidade, levantam orgulhosos a cabeça e parecem desafiar ao próprio Deus. Entretanto, um belo dia, silva o laço da dor, prende-os a argola do sacrifício e, então, não há remédio, curvam a cabeça e oferecem a cerviz ao punhal do sacrificador.

24 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência X


B - NATURALMENTE É UMA MALDIÇÃO BEM MAIOR PARA A MULHER.


Parte 3/9


a - A triste sorte da esposa abandonada é muito conhecida para que me detenha muito sobre esta ideia. Pobre mulher abandonada, que dera, pelo casamento, ao seu marido, o seu maior tesouro, seu mais precioso bem, e que agora se acha atirada à rua, despojada de tudo. Acabrunhada, entregue a si mesma, muitas vezes numa situação material difícil, arrasta ela amargamente uma existência sem alegria. Existe ainda uma oportunidade, se ela tem uma fé viva, que a com conduz à Igreja, ao confessionário, à santa mesa, para aí sorver a força e o consolo, nestes anos de dolorosa prova.
b - Naturalmente há as que não passam assim todo o resto da sua vida, mas elas se casam uma vez, depois uma segunda vez, e se preciso for cinquenta vezes... e esta conduta espalha um ar envenenado, cujos bacilos infectam, como uma peste, as idéias morais do próximo.
E aqui, eu vos lerei novamente algumas linhas do discurso do conde José Karolyi, do que já vos citei uma passagem, na instrução anterior:
"Este contágio ainda não se espalhou tanto entre os camponeses. Eis por que é preciso agir hoje, pois o povo do campo recebe o exemplo do alto. Como deve ele olhar o palácio, que durante séculos honrou, respeitou, se hoje, em muitos destes lugares, não vê ele senão o escândalo, se, em muitos deles, vê entrar a terceira ou a quarta mulher. E que são algumas vezes estas mulheres? Não falemos nisto...
Há vinte anos. não aconteceria o que vi recentemente em um salão.
Uma senhora conversando com seus dois antigos maridos, enquanto que o terceiro marido em exercício olhava-os sorrindo. Não podia imaginar que isto fosse possível. E que direi deste jovem "scout" que, no último verão, campeava na floresta com seus camaradas. Tendo lhe perguntado quais eram seus pais, deu ele o nome de sua mãe, e acrescentou, com a ingenuidade de uma criança de doze anos, que estava com seu quinto pai. Choraria, ouvindo esta criança. Que se passa na alma de tal criança? Qual será o ideal de uma geração assim? Que ideia fará de fidelidade, da maternidade e da família, quando ela crescer? Pois ela não terá mais ideal. De que serve a formação de caráter junto aos "scouts" se esta criança cresce em companhia do quinto pai?"



23 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 64

AJOELHAR-SE COM OS DOIS JOELHOS

Há muitos homens que, durante os atos religiosos, não se ajoelham ou ajoelham-se com um só joelho. Estão bastante errados.
Dizia S. Agostinho que ajoelhar-se diante de Deus com os dois joelhos é confessar com um a nossa fraqueza para que nos perdoe as nossas quedas; e com o outro a nossa necessidade para que nos estenda a mão e nos levante.
S. Jeronimo diz que, com um joelho, dobramos nosso entendimento que o reconhece por Deus, e com o outro a nossa vontade que amorosamente o abraça.
Diz S. Ambrósio que com um reconhecemos o nosso ser miserável, e com o outro adoramos seu ser eterno.
Dobrar um só joelho — diz Durando — é zombar da Divindade, escarnecer do Redentor e imitar os algozes que assim o adoravam por escárnio.
Significa — diz Reynaude — que manca a nossa piedade, manca a nossa religião e está em perigo de cair por terra.
Dobremos ambos os joelhos, mormente na igreja, pois assim devemos adorar a um Senhor. que, por sua grandeza e seu amor para conosco, merece a adoração de todo o nosso ser.

22 de fevereiro de 2016

Domingo de Ramos - Semana Santa - Domingo de Páscoa - Pe. Renato - IBP


Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência X


O INTERESSE DA HUMANIDADE EXIGE TAMBÉM A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO.

Parte 2/9


Por que não se pode dissolver o casamento? Tal é a nova questão levantada nesta palestra.
Não se pode, porque o divórcio é uma tragédia, uma catástrofe, uma verdadeira maldição.
A - Uma maldição para o homem,
B - ainda mais para a mulher,
C - mas sobretudo para os filhos,
D - o divórcio é finalmente um verme roedor, o inimigo da ordem social e do bem geral.

A) O divórcio é uma maldição para o homem.
a - Não vêem alguns que pelo divórcio o homem perde também muitas coisas.
"Como? Torna-se ele livre como um pássaro. Que perde o pássaro quando sai da gaiola?" assim raciocinam talvez alguns espíritos.
Como é superficial e frívola esta maneira de pensar! Quem olha as relações entre o homem e a mulher, das alturas do cristianismo, vê a situação de outro modo. Percebe o abismo, em que, pelo divórcio, precipita-se também a alma do homem, e sente o abalo que faz tremer a sua alma, em consequência dessa separação.
Falarei francamente. O casamento indissolúvel e monógamo é uma exigência inquebrantável do cristianismo. Mesmo que não fosse um dogma cristão e uma lei moral, o interesse bem compreendido do homem o exigiria também, porque as relações entre o homem e a mulher não podem ser resolvidas de outra maneira, sem arruinar os valores morais da alma.
b - É nobre e sublime o sentimento que chamamos "eros" e que o Criador inflamou entre a alma do homem e da mulher. Quanto mais elevada é a tarefa que foi confiada a uma faculdade ou sentimento humano, mais terrível é a ruína quando ela se afasta de seu bom caminho.
Quem não conheceu jovens dotados de magníficos dons, destinados a um grande futuro, diante dos quais se abria uma carreira cheia de promessas e que caíram, asas quebradas, tornando-se inúteis e vencidos, porque se lançaram nos braços de Eros indomável? Como Dante via claro nas profundezas da alma humana, quando representava em seu "Inferno" os escravos de Eros lançados constantemente de um lado para outro, por uma tempestade terrível! Sim, este abatimento, vazio interior, esta instabilidade, este flutuar de um lado para outro, é a sorte reservada aos homens que quiserem se subtrair à constância da fidelidade e da monogamia.
Eis por que o divórcio é maldição também para o homem.




21 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 63

O CURA D’ARS E AS AVES

S. João Batista Vianney, o santo cura de Ars, ouvindo uma ocasião o lindo gorjeio dos pássaros, ergueu os olhos aos céus e exclamou suspirando:
— “Pobres avezinhas! fostes criadas para cantar, e cantais! O homem, que foi criado para amar, a Deus, não o ama! Que dor!”

20 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência X



A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO (II)



Parte 1/9



Na instrução anterior examinamos três argumentos em favor da indissolubilidade do casamento: a vontade divina, a essência do casamento, e enfim sua finalidade. O Criador exprimiu claramente sua vontade, quando criou uma só mulher para um só homem. Nosso Senhor exprimiu-a também, quando colocou a indissolubilidade do casamento entre as leis fundamentais do cristianismo. É igualmente exigida pela própria essência e fim do casamento.
A questão, porém, é de uma importância tão vital, que dela trataremos nesta instrução. Para reforçar o que já foi dito anteriormente, indicarei na primeira parte um novo argumento:
 1 -  A .indissolubilidade do casamento, exigida ainda pelo interesse da humanidade, porque o divórcio põe em perigo os imensos valores morais, e é assim caminho certo à ruína da sociedade.
2 - Estas razões são mais fortes, e de interesse ainda mais capital que objeções levantadas habitualmente contra a indissolubilidade do casamento e que examinaremos na segunda parte.

19 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 62

A VAIDADE FEMININA

Santa Rosália, em seus verdes anos, passava diariamente muito tempo, horas a fio, diante do espelho a enfeitar-se. Um dia, vendo refletir-se no espelho um Crucifixo que estava suspenso a parede oposta, pôs-se a pensar no contraste entre as suas vaidades e as humilhações do Salvador, entre o seu corpo amimado e o de Jesus dilacerado pelos açoites e espinhos,.. Movida pela graça, deixou Rosália as vaidades e vãos adornos e daí em diante levou urna vida de abnegado e sacrifício, chegando a grande santidade.

18 de fevereiro de 2016

II DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA - Capela N. Sr.ª das Dores - Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Conselhos aos jovens que pensam em casar


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Acabamos de ouvir no Evangelho de hoje o milagre feito por Nosso Senhor Jesus Cristo a pedido de sua Mãe nas bodas de Caná. Nosso Senhor, com sua presença santificava, o casamento, Ele santificava a família. Mais tarde, Ele elevaria o casamento a sacramento. A união exclusiva de um homem e de uma mulher para toda a vida em vista da procriação e do auxílio mútuo é algo santo. Sem o matrimônio, sem a família assim constituída, a sociedade desmorona por completo. Mais de uma vez já falamos da importância da família, que é a base da sociedade. E não se pode insistir suficientemente sobre o assunto. Falamos da família e de sua importância capital para o Estado e para a Igreja. Está claro, falamos da família: pai, mãe e filhos. É preciso, para o bem da sociedade e da Igreja, que haja famílias profundamente católicas. Famílias com uma fé profunda, com uma grande generosidade para ter uma família numerosa, se assim Deus o permitir, com uma vida de oração familiar, com o cuidado da educação dos filhos. Os pais participam da obra da criação ao gerar os filhos e devem participar da obra da redenção, educando os filhos para Deus. E a redenção se faz com sofrimento. A educação dos filhos se faz a base de sofrimentos, de abnegação, de sacrifícios. Tudo isso junto com grandes alegrias, e a primeira dessas alegrias é a de poder formar Cristo em uma alma.
Todavia, a ordem normal das coisas é que um casamento santo, que uma família profundamente católica tenha se formado a partir de um bom namoro, de um namoro católico em todos os seus aspectos. Um bom casamento começa por um bom namoro. Um casamento que começa por um mal namoro, terminará mal ou terminará bem com muito sofrimento que poderia ter sido evitado com certa facilidade. Bastam ao casamento as cruzes que já lhe pertencem naturalmente. Não devem aqueles que vão casar acrescentar ainda outras cruzes ao matrimônio porque se deixaram levar, no tempo do namoro, pelos sentimentos e não pela razão iluminada pela fé. Os jovens devem ter todo o cuidado com o namoro para não prejudicarem a si mesmos, ao próximo e ao futuro matrimônio. Os já casados superem as cruzes do matrimônio com paciência, fé e caridade, e saibam instruir os filhos com relação a isso. É preciso conhecer o que ensina a sabedoria da Igreja a respeito desse tempo de preparação para o matrimônio. Um dos motivos pelos quais não temos famílias profundamente católicas é porque não temos bons namoros. Todavia, as famílias formadas a partir de um namoro inadequado, muitas vezes fruto da ignorância, não devem nem podem se desencorajar. Pela graça de Deus e com esforço, é plenamente possível remediar isso e formar uma família profundamente católicas.
A primeira coisa que o jovem deve fazer é tomar a decisão de seu estado de vida, considerando em que estado de vida pode, concretamente, servir melhor a Deus e salvar a sua alma: sacerdócio (para os homens), vida religiosa, matrimônio. Aqueles que decidirem pelo sacramento do matrimônio, via comum da vida cristã e de santificação, devem seguir a sabedoria da Igreja quanto à preparação para esse sacramento. O casamento se prepara pelo namoro. É dele e de algumas coisas conexas que iremos tratar aqui. Não poderemos abordar de forma completa todos os aspectos do namoro, mas daremos algumas indicações. Quando falamos aqui de namoro, falamos de todo o tempo e de todo e processo que antecedem o matrimônio, incluindo, portanto, namoro e noivado.
O namoro tem por objetivo o conhecimento mútuo entre o rapaz e a moça, para saber se é razoável que os dois se unam até a morte. Esse conhecimento mútuo no tempo do namoro não é do corpo, mas das qualidades e defeitos morais, do temperamento, da história do outro. O namoro deve durar tempo suficiente para que ocorra esse conhecimento mútuo, mas não pode se prolongar ao ponto de começar a criar familiaridades indevidas. O namoro deve durar, então, entre um e dois anos. Menos do que isso seria imprudente, pois seria casar com quem não se conhece. Seria apostar na loteria e, quase certamente, perder. Mais do que dois anos seria casar sem respeitar profundamente o outro, em virtude das familiaridades que surgem em namoros longos. Essa falta de respeito prejudica bastante o futuro matrimônio.
Assim, é lícito começar a namorar somente quando se prevê realmente ter condições de casar dentro de um ou dois anos. Não se trata de uma previsão meramente hipotética, como por exemplo: daqui a dois anos terei terminado a faculdade e terei talvez um emprego. Não, trata-se de uma previsão real. Daqui a dois anos terei, segundo tudo indica, possibilidade real de casar.
Para começar a namorar, é preciso ter maturidade. Maturidade para poder educar os filhos que serão gerados e para que prestem o devido auxílio mútuo. Maturidade, no homem, para ser um chefe de família e cuidar do bem espiritual da esposa e dos filhos. Maturidade, na mulher, para ser o coração do lar e sacrificar-se nas pequenas coisas. É preciso, então, que, antes de começar a namorar, o jovem e a jovem se perguntem: Assumo as minhas responsabilidades? Tenho as condições para ser pai? Sou um homem ou um meninão? Tenho um emprego para sustentar a minha futura família? Ou ainda não? Tenho condições para ser mãe? Rapaz e moça devem, ainda, se perguntar: Vou saber como educar meus filhos? Vendo aproximar-se a hora de começar um namoro, tenho procurado me instruir sobre o que é o matrimônio, seus direitos e deveres? Estou bem consciente da fidelidade e da indissolubilidade do matrimônio e que, uma vez casado, continuarei casado até a morte, aconteça o que acontecer? Tenho procurado me instruir em como educar bem os filhos? Li sobre as cruzes do matrimônio e como evitá-las ou resolvê-las? Tenho uma vida espiritual sólida? Vivo, em geral, seriamente, buscando o céu e praticando as virtudes? Além disso, qual é a minha condição material? Tenho o mínimo para começar uma família mais ou menos em acordo com minha condição social? Estou pronto para os sacrifícios que serão necessários na vida comum? Essas são algumas das perguntas que se devem fazer antes de começar a pensar em namorar… E não estamos falando de um ideal inatingível, mas do mínimo necessário. Se o jovem ou a jovem pensam que o amor sentimental irá superar todos os obstáculos, é o sinal mais claro de que não estão preparados para namorar.
O namoro entre um rapaz e uma moça deve começar quando se tem esperança fundada de que possa dar certo. Não se começa a namorar uma pessoa desconhecida, simplesmente porque nasceu um sentimento de uma hora para outra. O namoro deve começar porque já existe um certo conhecimento entre o rapaz e a moça e porque já existe uma certa estima e simpatia mútuas. O normal é que já se conheçam de um ambiente saudável e não de ambientes mundanos. Essa estima para se começar o namoro deve ser baseada nas virtudes que o outro tem e não em simples sentimentos e essa simpatia deve ser a alegria de estar na presença do outro, mas alegria que decorre da estima, das virtudes do outro. O sentimento pode estar presente, sim, e não é ruim, mas não pode ser o fundamento do relacionamento. Não basta, então, os dois serem católicos para começar a namorar. É preciso que haja compatibilidade dos temperamentos, e é preciso que haja já esse início de estima e de simpatia.
Está claro, assim, que não se deve começar nem continuar um namoro já começado, quando não se tem estima pelo outro ou quando se tem antipatia pelo outro. Nem se deve começar nem continuar um namoro já começado, quando o outro tem um defeito moral grave. Muito comum a pessoa começar o namoro esperando que o outro se corrija desse defeito. Ou casar esperando que, depois do casamento, a pessoa se corrija desse defeito grave. É uma grande ilusão e imprudência, causa de grandes sofrimentos. Não se deve tampouco continuar um namoro em que a confiança mútua não é profunda. Ainda menos se deve começar um namoro com pessoa de outra religião. A Igreja nunca favoreceu o matrimônio de uma parte católica com outra não católica. A Igreja apenas tolera esse casamento, pois ele representa um grande perigo para a fé do católico e para a educação católica dos futuros filhos. Além disso, como esperar que sejam felizes um homem e uma mulher que no principal da vida – a religião – têm concepções completamente distintas? Haverá paz nesse casamento? E as diversas questões morais no matrimônio? A parte não católica as aceitará? Por exemplo, evitar os contraceptivos, os procedimentos esterilizantes, aceitar todos os filhos que Deus enviar? É prudente unir-se profundamente com alguém que tem uma visão distinta no principal da vida? É claro que não…
No namoro que é lícito, quer dizer, em que já existe a maturidade e em que se prevê seriamente a possibilidade de casamento em dois anos no máximo, e em que vai se desenvolvendo a estima e simpatia mútuas bem como a confiança e o acordo quanto ao sentido católico da vida e do matrimônio, nesse namoro plenamente lícito, será preciso guardar também a castidade, para que ele seja perfeito. A castidade no namoro (e antes do casamento como um todo) se guarda porque Deus nos deu a faculdade reprodutiva para ser usada para a geração e educação dos filhos e essa educação se faz devidamente dentro do matrimônio, com pai e mãe unidos por um laço indissolúvel. A castidade se guarda no namoro também para que as paixões não prejudiquem o julgamento que se deve fazer do outro, sobre suas qualidades e defeitos, para saber se é possível viver o resto da vida com aquela pessoa. Os pecados contra a pureza levam os namorados a pensar que a paixão vai superar todos os obstáculos e todos os defeitos do outro. A paixão logo será superada, os problemas permanecerão. E o sofrimento será grande. A família não estará solidamente fundada e o respeito mútuo ficará bem prejudicado.
Para guardar a castidade, é preciso muita vigilância e oração. A vigilância consiste em que os namorados guardem entre eles, sempre e onde quer que estejam, uma certa reserva, uma certa modéstia, um verdadeiro pudor. Isso não somente no contato físico, mas também nos olhares, nas palavras, nos gestos. No contato físico, não passar de dar a mão e com moderação. Precisam estabelecer limites claros, com franqueza um para com o outro. Os namorados em nenhuma hipótese podem se isolar das outras pessoas. Estejam sempre em companhia de outras pessoas de boa consciência. Podem, claro, conversar sem ser ouvidos por outros, mas jamais sozinhos, isolados. Não andem, por exemplo, sozinhos no carro. Se o fizerem, a queda virá, mais cedo ou mais tarde. E cada vez mais grave. Estejam sempre com outra pessoa no carro. Jamais devem viajar juntos ou ficar sozinhos em um aposento. É um suicídio espiritual. Devem ser extremamente cuidadosos nas despedidas, sempre também na presença de outras pessoas com boa consciência. A despedida é um momento crítico muitas vezes. Estejam sempre em ambientes saudáveis para a alma, evitando, então, os divertimentos que provocam em demasia os sentidos: cinema, festas mundanas, etc. O local de encontro entre os namorados deveria ser o meio familiar, até mesmo porque é vendo como o outro se comporta com a família dele que se pode conhecê-lo melhor e como ele se comportará com a família que formará. É também em ambiente no meio de famílias católicas que os jovens deveriam conversar e ir se conhecendo melhor quando vai se aproximando a idade de começar um namoro legítimo. Aqui são alguns poucos exemplos do que é necessário para manter a castidade, mas que já dão um norte. E não se iludam os jovens achando que o amor que nutrem pelo outro é tão puro que jamais cairão em pecados contra a pureza. É o primeiro passo para cair. O amor puro vigia, evita as ocasiões de pecado para salvaguardar a honra do próximo e a própria.
O bom namoro não deve ser um namorico, muito pegajoso ou grudento, como se vê muito comumente entre jovens sem consciência nos anos escolares. Devem, então, evitar essas atitudes de namorico, mas devem mostrar, pelo comportamento, a seriedade do namoro, o que não impede uma justa delicadeza e atenção, que são devidas. Como dissemos, os namorados devem guardar entre eles, sempre e onde quer que estejam, uma certa reserva, uma certa modéstia, um verdadeiro pudor. Isso vale também para fotos. É muito comum, atualmente, as pessoas publicarem fotos de tudo o que ocorre em suas vidas, expondo-se, exibindo-se, muitas vezes por orgulho ou vanglória. E os namorados vão publicando fotos e mais fotos juntos e mesmo em situações inconvenientes: muito juntos, muito colados um no outro, etc. É preciso ter muito cuidado com esse excesso de fotos, que pode mostrar um apego muito sentimental e infantil. E não basta evitar as fotos em situações inconvenientes. É preciso evitar as situações inconvenientes. O mesmo vale para fotos em que a pessoa está sozinha. Muito comum a pessoa ir colocando fotos e começar a querer chamar a atenção, a querer ser elogiada, fazer poses e coisas do gênero. É preciso ter muita vigilância nessas questões, uma enorme moderação.
É preciso que os namorados moderem bem a frequência e duração dos encontros. Se as tentações vão crescendo, é preciso diminuir a frequência e a duração deles. Quanto mais próximo o casamento, maiores serão as tentações e menos frequentes, portanto, devem ser os encontros. As conversas por telefone ou outros meios devem ser bem breves. Aos namorados não cabe fazer tudo juntos sempre. Muitas vezes, devem fazer as coisas realmente separados.
Se os namorados percebem ao longo do namoro que um futuro casamento não é possível porque falta a estima mútua, a simpatia, a confiança ou o acordo sobre a visão católica do mundo e do matrimônio, ou porque as personalidades simplesmente não dão certo, é preciso terminar o namoro. E nada mais natural do que isso. O que não pode ocorrer é engatar um namoro atrás do outro, ainda mais quando é no mesmo ambiente, destruindo amizades. Quando a pessoa engata um namoro atrás do outro, isso demonstra a falta de seriedade e de critério para começar a namorar. Esses namoros em sequência prejudicam o respeito mútuo e prejudicarão o amor conjugal quando a pessoa vier a se casar. Quando se termina um namoro, deve-se dar um tempo razoável para a reflexão, para a oração e para evitar os mesmos erros no futuro. É preciso também acabar um namoro quando se percebe que o namoro vai durar muito mais tempo que o previsto. Nesse caso, podem terminar o namoro para reatá-lo, eventualmente, no tempo oportuno.
É preciso que os jovens se preparem para o casamento antes mesmo de começar a namorar. Como dissemos, aproximando-se a idade de começar um namoro legítimo, podendo casar em um ou dois anos, devem os jovens começar a se instruir sobre o matrimônio, sobre seus deveres e direitos, sobre a educação dos filhos. Devem também instruir-se sobre como deve ser um bom namoro. Além disso, é preciso que se preparem mantendo também relações adequadas com as pessoas do sexo oposto, mantendo sobretudo o devido respeito. Muito comum hoje ver os rapazes e moças que já não se respeitam mutuamente, fazendo brincadeiras desrespeitosas, provocando uns aos outros à ira, fazendo piadas indevidas uns com os outros, conversando sobre o que não devem. Quando digo brincadeiras, piadas ou conversas indevidas não me refiro simplesmente a coisas contra a pureza, mas a coisas que levam a perder o respeito pelo rapaz ou pela moça ou que demonstram falta de estima. Muito comum entre jovens provocar o outro fazendo brincadeiras sem graça para chamar a atenção. Fazer provocações assim como suposto sinal de afeto leva à falta de respeito e não é digno de alguém sério. E esse respeito fará muita falta em um namoro e, principalmente, em um casamento. Esse respeito é a base sólida para a estima, simpatia e confiança mútuas entre namorados e, sobretudo, entre casados. É muito difícil manter esse respeito quando os jovens de sexo oposto se encontram completamente sozinhos entre eles sem adultos de boa consciência por perto.
Antes de começar o namoro é preciso que rapazes e moças evitem também alguns erros. Um erro comum é a pessoa começar a se desesperar porque não encontra uma boa namorada ou um bom namorado. E com o desespero ela começa a se expor cada vez mais, querendo chamar para si a atenção. Esse desespero leva muitas vezes a pessoa a casar com qualquer um. Essa ansiedade para casar logo é mais comum nas moças, mas pode também acontecer com os rapazes. É preciso ter muito claro que mais vale ficar sozinho ou sozinha do que casar com qualquer um e ter um casamento extremamente infeliz e conturbado. Vale mais ficar só do que ter um casamento com cruzes que poderiam ter sido evitadas com certa facilidade. Não se precipitar, portanto. O tempo do namoro é o tempo de ser muito exigente, de escolher bem. Depois do casamento, será o tempo da paciência. É claro que não se deve esperar o homem perfeito nem a mulher perfeita (que não existem), mas é preciso ter o mínimo de condições para um bom casamento: maturidade de ambas as partes, estima baseada nas virtudes, simpatia, confiança mútua, acordo profundo quanto à visão de mundo católica. Os jovens, sobretudo as moças, não devem, então, se precipitar. Mas os jovens devem também evitar o erro oposto, sobretudo os rapazes devem evitar o erro oposto. O erro oposto ao da precipitação é o de não amadurecer. Muitos já atingiram a idade de começar a namorar fisicamente, mas não amadureceram psicologicamente, socialmente e espiritualmente. É preciso buscar o amadurecimento, assumir responsabilidades, se instruir, levar a salvação realmente a sério. A imaturidade, mais ou menos voluntária, é uma desordem mais própria dos rapazes e muitas vezes perdura mesmo no matrimônio.
Tivemos, caros católicos, que descer a alguns detalhes práticos porque já não basta apontar somente os princípios gerais. Em outros tempos, talvez bastasse dar os princípios e cada um tiraria as conclusões. Atualmente, em nossa sociedade moderna, lenta na reflexão e formada pela televisão e redes sociais, é preciso mostrar também as conclusões mais práticas. Vocês, jovens, têm a oportunidade de ouvir essas coisas que muitos aqui não ouviram e que desejariam, talvez, ter ouvido no momento oportuno. Vocês têm a graça de poder fazer as coisas bem feitas. Vocês têm a graça de poder fazer uma boa preparação para o matrimônio. Coloquem a mão na consciência. Não desconsiderem o que diz a sabedoria da Igreja e um pai. É para o bem de vocês. Não se deixem levar pela superficialidade ou pela pressão do que todos fazem em nossa sociedade e ao nosso redor. Façam o que é certo. Não se deixem levar pelo sentimento. Sejam conduzidos pela razão e pela fé. E sejam alegres e generosos, como é próprio dos jovens, mas com uma generosidade ordenada pela caridade e com uma alegria não pueril ou infantil, mas católica.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ver também:

17 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 61

FILHOS PREFERIDOS

Os pais não deveriam esquecer-se desta regra de ouro: Tratar, todos os filhos por igual sem distinções que denotem predileção ou antipatia. O seguinte exemplo é da Sagrada Escritura.
Jacob tinha doze filhos. O pai amava aos filhos, os filhos ao pai, e os irmãos amavam-se mutuamente.
Mas José foi crescendo, e Jacob “amava mais a José que a todos os outros filhos, porque era o filho de sua velhice”. A essa altura muda-se a cena.
A paz converte-se em discórdia, o amor em ódio, a fraternidade em inveja, o sangue em vingança.
Faltou a paz na família, porque faltou a igualdade no pai. A igualdade fomentava o amor; a desigualdade de trato motivou a discórdia.
Em que consistia aquela desigualdade e qual a diferença de tratamento? Que é que fez Jacob? Porventura deserdou aos outros para que José fosse o único herdeiro? Nada disso! Porventura tratava aos demais como escravos e só a José como filho? Nada disso! Pois, então, que foi que perturbou aquela paz bendita? Somente isto: Jacob fizera para José uma túnica de cores mais lindas do que para os outros filhos. Esse foi o principio da discórdia.
Notai bem: Não despiu aos outros para vestir a José. A todos provia, a todos vestia. Mas a túnica de José, por suas variegadas cores, era mais vistosa, e isso bastou. Surgiu a discórdia ou, melhor, a inveja, e um dia aquela túnica se viu manchada de sangue.
José estaria morto pelas mãos de seus próprios irmãos, se a Providência divina não tivesse disposto de outro modo.

16 de fevereiro de 2016

SOLENIDADE EXTERNA DA EPIFANIA - Capela N. Sr.ª das Dores - Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Os reis magos e a verdadeira religião


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Caros católicos, diante da longa jornada dos Reis Magos a Belém para adorar o Menino Jesus, devemos nos fazer algumas perguntas. Devemos nos perguntar que razão levou esses sábios governantes de outras nações a vir adorar Jesus. Por acaso era costume ou lei da época que se fizesse isso para todos os reis que nascessem? Certamente, não. Adoraram o Menino Jesus talvez esperando receber dele algum benefício no presente? Mas o que podiam eles esperar receber de um bebê e de sua mãe pobre. Esperavam obter alguma vantagem no futuro? Mas como saber se efetivamente aquele Menino seria rei? E foram adorar um rei nascido em um palácio real, rodeado de servidores de todo o tipo? Não, foram adorar um Menino envolto em alguns panos em um estábulo, dividindo o espaço com alguns animais. E o que os leva a procurar o rei atual, Herodes, para saber onde nasceu o outro Rei, colocando a si mesmos em perigo? Tudo isso parece uma loucura.
Todavia, loucura não é. Os reis magos foram guiados por aquela estrela que aparecera no céu. Os reis magos eram sábios e conheciam bem a astronomia, a ciência que leva ao conhecimento dos astros celestes e de seus movimentos. Sabiam, então, que aquela estrela não era normal, mas que se tratava de um milagre. Sabiam que aquela estrela tinha aparecido no céu pela virtude divina. Era um milagre, não havia dúvida. Com São João Crisóstomo, podemos dizer que não existe estrela no céu que percorra um tal caminho, vindo do oriente, parando em Jerusalém e seguindo depois para Belém. Não existe tampouco uma estrela que aparece em pleno dia, quando o sol está brilhando e não somente de noite. Não existe uma estrela que, por vezes, aparece e que por vezes se oculta, como aconteceu com essa estrela por exemplo, sumindo quando chegaram em Jerusalém e reaparecendo quando partiram de Jerusalém para Belém, como deixa implícito o Evangelho. Finalmente, não existe estrela capaz de indicar um lugar tão particular e pequeno como um estábulo, parando sobre um Menino, como nos diz o Evangelho. Está claro: essa estrela é um milagre, e foi feita por Deus precisamente para guiar os magos ao Menino Jesus. Claro, Deus os guiava exteriormente pela estrela e interiormente pela sua graça.
Como dissemos, a ida dos reis magos para Belém para adorar aquele Menino que acabara de nascer não era uma loucura. Os reis magos sabiam, pela estrela e pela graça divina, que iam adorar o Rei dos judeus, o Salvador dos homens, o Deus feito homem. E tudo o que fizeram, todo o esforço que empreenderam, todos os riscos que correram, inclusive com Herodes, foi para isso: para adorar o Verbo Encarnado, para adorar o Deus verdadeiro e único. Os reis magos eram pagãos, mas se converteram a Jesus Cristo, vindo adorá-lO. Foram os primeiros pagãos a se converterem a Cristo. É isso que toda a humanidade deve fazer: adorar o Deus único e verdadeiro, uno em substância e trino nas pessoas. Adorar Jesus Cristo que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnada. Os reis magos, com essa adoração logo no início da vida de Jesus, significam todos os pagãos que iriam se converter a Nosso Senhor Jesus Cristo. E, de fato, para isso Ele veio ao mundo, para atrair todos a si com sua doutrina e com sua caridade. Infelizmente, nem todos se deixam atrair pela doutrina de Cristo e pela sua caridade e continuam em outras religiões.
Nós consideramos hoje no Evangelho tudo o que fizeram os Reis Magos para adorar Jesus, mostrando nosso dever para com Deus e para com a verdade. Hoje, todavia, muitos afirmam que a crença religiosa não tem importância para a bondade da pessoa nem para a salvação de sua alma. Muitos afirmam que é possível se salvar por meio de qualquer religião, e que todas as religiões são iguais. É a doutrina do indiferentismo religioso, que tanto aflige a nossa sociedade e mesmo os meios católicos. Nada mais comum hoje do que esse pensamento errado que não faz distinção entre os credos, que concorda com todo mundo, e que afirma que o porto da salvação eterna está aberto para os seguidores de qualquer religião. O Papa Pio IX (Singulari Quidem), em 1856, já dizia que é necessária uma grande vigilância para evitar que a chaga desse terrível mal contamine e mate as ovelhas. O Papa afirma que é preciso, para combater esse erro, afirmar constantemente, em acordo com o que Cristo nos ensinou, que existe um só Deus, um só Cristo, um só batismo e que existe, assim, apenas uma verdade que é divinamente revelada. É preciso lembrar que existe uma só verdadeira religião. Existe uma só fé que é o começo da salvação para o gênero humano, fé pela qual o justo vive e sem a qual é impossível agradar a Deus. Sem essa fé é impossível também ser contado entre os filhos de Deus. É preciso lembrar que existe apenas uma Igreja santa, católica, que é a Igreja Católica Apostólica Romana. Existe uma só Igreja fundada sobre Pedro pela palavra de Cristo ao dizer: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” E fora dessa Igreja não pode haver a verdadeira fé nem salvação. E aquele que não tem a Igreja por mãe não pode ter Deus por Pai. Não é Buda nem Alá que nos salva. Não somos nós mesmos que nos salvamos por sucessivas reencarnações. É Nosso Senhor Jesus Cristo que nos salva, quando correspondemos à sua graça, crendo em suas palavras e praticando os seus mandamentos.
Portanto, há uma só religião verdadeira, a que nos foi dada por Cristo, a que Ele fundou sobre Pedro. Essa religião é a católica apostólica romana. Nossa postura, como católicos, deve ser, então, trazer os outros para a barca de Pedro, para que possam se salvar. Devemos trazê-los com caridade e prud e usando os meios legítimos. Para tanto, devemos professar claramente a nossa fé e dar bom exemplo, praticando as boas obras. Devemos também, segundo o nosso estado e capacidade, conhecer bem a doutrina católica, para propagá-la e para saber defendê-la dos ataques caluniosos.
Muitas vezes, se quer unir as diferentes religiões em detrimento da verdade, para criar uma religião universal sentimental e subjetiva, relativista. A verdadeira união religiosa só se pode fazer em Cristo e em sua Igreja, a Católica. Fica claro que católicos e não católicos podem se unir civilmente para defender os princípios fundamentais da lei natural ou do cristianismo contra os inimigos de Deus, ou para restaurar a ordem social, desde que o católico não aprove nem se associe a nada que esteja em conflito com a fé e com a doutrina da Igreja, mesmo em questões sociais. Não se pode, por exemplo, apoiar o pernicioso erro do liberalismo para combater o gravíssimo erro do socialismo.
Nós acreditamos no amor, caros católicos, mas não em qualquer amor ou em um amor vago que simplesmente une os homens sentimentalmente em detrimento da verdade. Como diz São João (1Jo 4, 16), nós cremos no amor que Deus tem por nós. E, se acreditamos no amor que Deus tem por nós, se acreditamos que Ele se fez homem e morreu na cruz para nos salvar, não podemos ficar indiferentes. Devemos amá-lo em troca e buscar que também o próximo ame o Deus único e verdadeiro, Uno e Trino e que se fez homem e morreu na cruz para nos salvar.
Em nome do Pai…

15 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 60

O SANTO, A MONJA E AS RÃS

S. João da Cruz, grande diretor de almas, estava a discorrer com certa freira sobre assuntos espirituais.
Aquela era urna monjinha leiga, humilde e simples, como se vê pela pergunta infantil que fez ao Santo.
— Por que será, Sr. Padre, que, quando eu passo perto do poço d’água da horta, as rãs que estão a beira mergulham depressa no poço?
O Santo sorri ao ouvir aquela pergunta tao ingênua e aproveita a ocasião para dar a monjinha uma lição proveitosa.
— Olha, minha filha, as rãs mergulham no poço porque ali tem elas sua defesa e segurança; ali não temem os inimigos. Tu podes aprender delas esta lição: Quando vires que se aproxima uma criatura (que as vezes pode ser tentadora), mergulha depressa em Deus e estarás segura e tranquila e ninguém poderá fazer-te dano.

14 de fevereiro de 2016

FESTA DE SÃO SILVESTRE - Capela N. Sr.ª das Dores - Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Último sermão do ano de 2015 – Ação de Graças


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Estamos no último dia do ano de 2015. Foi um ano de provações, como sempre. Provações em nosso país com crise na economia, com crise na vida política, que há muito tempo já é bem decadente. Maiores dificuldades para a prática de nossa santa religião. Uma oposição cada vez mais ferrenha à lei natural e também à lei divina, com consequências cada vez piores em virtude da difusão da ideologia de gênero e das uniões homossexuais. Uma sociedade em que a vida do próximo não tem praticamente valor, em que se mata por nada ou por algum punhado de dinheiro. Uma sociedade em que querem matar os mais indefesos, as crianças não nascidas. No mundo, continuamos vendo o flagelo islâmico, propagando-se brutalmente. Os países, tendo abandonado a fé católica e tendo aderido ao laicismo, já não podem resistir ao islamismo. Precisamos rezar pelo nosso país e pelo mundo. Precisamos fazer a nossa parte, começando por santificar a nós mesmos e as nossas famílias e buscando que a lei de Cristo seja observada em toda a sociedade. As dificuldades, as provações são também meios que Deus nos dá para exercer a virtude, para suportar os males com paciência, para vencê-los com a virtude contrária e, sobretudo, com o amor a Deus.
Turbulência também na Santa Igreja Católica, em particular, mais uma vez, com o Sínodo dos Bispos. Que alguns Bispos da Santa Igreja Católica discutam o reconhecimento de atos e uniões contra a natureza é algo difícil de acreditar. Que se discuta também admitir à comunhão quem se encontra objetivamente em estado de pecado mortal, em adultério ou outro, é igualmente um absurdo. Confundir misericórdia com o relaxamento da lei de Cristo e da Igreja é afastar-se inteiramente do Evangelho. Contrapor justiça e misericórdia é igualmente um grande erro. Em Deus, as duas coisas estão perfeitamente harmonizadas. Deus é Misericórdia e é Justiça. Mais uma vez, devemos começar pelo cuidado das nossas famílias, combater o bom combate e guardar a fé e a caridade. De pouco adianta ser um paladino da Missa Tradicional e da moral católica, se, com os nossos pecados mortais não combatidos seriamente, cooperamos para o reino do demônio. Não é suficiente louvar a Cristo com a boca, se o crucificamos com nossos pecados. É preciso amar, defender e propagar a liturgia tradicional, bem como defender e propagar, na sociedade, a doutrina e a moral católicas, sobretudo guardando a fé e observando os mandamentos de Cristo. Devemos nutrir a nossa fé e a nossa alma não com redes sociais, fotos de internet ou mera informação, mas com os tesouros da espiritualidade e da fé católicas: os bons livros, que são nossos melhores amigos.
Essas provações, permitidas por Deus, devemos aproveitá-las para a nossa santificação. Tudo cooperará, efetivamente para o bem do justo (Rom. VIII, 28), que, nos bens e nos males, sabe encontrar meios para sua santificação e para estender o reino de Cristo na sua alma e na sociedade.
Foi o ano em que continuamos a apontar três erros muito em voga entre os católicos mais sérios: 1) A redução dos problemas somente ao comunismo e socialismo, como se fossem os únicos males do mundo, esquecendo-se do liberalismo e do modernismo, esquecendo-se da crise da Igreja que tampouco se resume à teologia da Libertação. Aliado a isso, tendência, na prática, a reduzir o problema a algo meramente político ou puramente natural, esquecendo-se de que se trata de um combate espiritual, sobrenatural. 2) O aparicionismo, que é o apego a aparições que não são devidamente aprovadas pela Igreja ou o apego desordenado mesmo àquelas aprovadas pela Igreja, às vezes com interpretações puramente pessoais delas. 3) O culto de personalidade, que consiste em tornar uma pessoa a referência única para a solução de todos os problemas, em substituição à Igreja, à hierarquia, e ter uma reverência desordenada a essa pessoa, além de impedir, muitas vezes, as vocações de florescerem e famílias católicas de se formarem.
Não devemos ser, porém, pessimistas desesperados. Nem otimistas ingênuos. Devemos ser realistas com esperança sobrenatural.
Assim, tivemos nesse ano grandes alegrias, é evidente. Começando pelo nosso singelo apostolado. Temos mais um padre para ajudar na propagação do Evangelho aqui na Capela Nossa Senhora das Dores. Muitas crianças nasceram no apostolado, e algo em torno de quinze batizados foram realizados. Missa Pontifical na Festa da Purificação de Nossa Senhora. A bênção dos sinos Maria, Miguel e Sebastião, que agora repicam anunciando as festas ou chorando os mortos. Temos os altares laterais, onde se celebram Missas. Tivemos uma belíssima Semana Santa na Capela, digna do céu. Cinco crianças receberam a comunhão pela primeira vez. Também alguns adultos a receberam pela primeira vez, vindo do protestantismo ou do paganismo. Uma digna cerimônia de Crisma com o Bispo Auxiliar de Brasília, com praticamente 20 crismandos. Missas públicas diárias. Devoção das primeiras sextas-feiras e dos primeiros sábados. Entronização do Sagrado Coração de Jesus nos lares de muitas famílias. Nossa Senhora honrada no dia da Festa de suas Dores. Terço com formação doutrinária e espiritual para pais e mães de famílias. Grupo para as meninas e para os rapazes, a fim de se nutrirem desde cedo com doutrina e ambiente católicos e formarem o caráter e as virtudes. Aulas de história da Igreja, que muito ajudam a responder aos ataques contra a Igreja. E, como disse, o Cardeal Newmann, conhecer profundamente a história é deixar de ser protestante, ou seja, é tornar-se católico. Foi um ano em que Deus e Nossa Senhora das Dores nos permitiram implementar várias coisas úteis para o progresso individual de cada um e das famílias. Se estamos ainda aquém do ideal, já demos, com a graça divina, alguns passos. É preciso que aproveitem tudo isso, caros católicos, o máximo que puderem. Ainda nos falta algo para formar de modo mais permanente os jovens rapazes e as jovens moças, para lhes dar bases ainda mais sólidas nesse mundo hostil a Cristo e para lhes dar a base que precisam para formar famílias católicas ou para que sejam bons sacerdote, religiosos ou religiosas. O mundo precisa de famílias católicas. Precisa, ainda mais, de bons padres. E como insistimos algumas vezes durante esse ano, as duas coisas caminham conjuntamente: a família católica e o sacerdócio católico. Não pode haver restauração de tudo em Cristo sem as duas coisas trabalhando em união.
A expansão, ainda que pouco a pouco e com obstáculos, da Missa Tradicional é inegável. E com a propagação da Missa Tradicional, propaga-se também a fé católica com todo seu vigor, com toda a sua clareza. E com a fé católica vêm todos os bens, naturais e sobrenaturais. A Missa é o centro de tudo, já que é a renovação nos altares do sacrifício de Cristo no calvário.
Nesse último dia do ano, é bom pararmos e refletirmos, caros católicos. Como anda a minha alma? O que fiz nesse ano para santificá-la? Aproveitei essa liturgia imemorial, esse tesouro da fé e da piedade para aproximar-me de Deus? Aproveitei os meios que tenho à disposição para me santificar e santificar a minha família? Como pai de família tenho assumido a responsabilidade pelo bem espiritual de minha família, tenho buscado agir para o bem da família e não o meu próprio? Tenho feito o que devo para a educação dos filhos. Estou consciente de que a santificação da família depende em grande parte de minha santificação? Tenho me esforçado para garantir também o sustento material de minha família? Como mãe de família, tenho sido generosa diante dos necessários sacrifícios quotidianos e muitas vezes escondidos de cada dia ou tenho murmurado? Tenho me preocupado com a educação dos filhos? Como cristão, tenho me acomodado? Aproveitei os sacramentos e sacramentais? Comunguei com boas disposições, com fervor? Procurei a confissão com boa disposição e com frequência? Rezei o Santo Terço diariamente? Tive uma devoção real e não meramente sentimental a Nossa Senhora? Procurei pensar nas coisas do alto?
Aproveitemos esse próximo ano que se inicia e peçamos a Deus a fidelidade à sua graça. Peçamos a Deus a docilidade diante dos ensinamentos de sempre da Santa Igreja. Peçamos a Deus a graça de receber bem e com frequência os sacramentos. Peçamos a graça de fortalecer a nossa fé diante das tormentas. Peçamos a perseverança nos bons propósitos. Peçamos a Ele a santificação de nossas famílias, dos cônjuges e das crianças. Peçamos a Ele, com toda a força da nossa alma, a graça de sermos verdadeiramente santos.
Agradeçamos a Deus pelo ano que passou, também pelas cruzes. A todos, um santo ano de 2016.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

13 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 59

O CRISTÃO PRECISA LUTAR

Cipião, o grande general romano, ganhara uma batalha. Descansava do fragor da luta a sombra de uma árvore no campo. Seus soldados rodeiam-no com veneração e carinho. Um deles mostra-lhe com orgulho seu escudo: — Vede — diz — esta obra de arte em que o cinzel esculpiu figuras maravilhosas, sendo ao mesmo tempo tão forte que contra ele se partem como frágeis canas os dardos dos inimigos.
— Muito lindo e muito forte — comentou Cipião — porém o soldado romano não há de por sua confiança só no escudo, mas principalmente em sua espada.
Grande verdade! Assim deve proceder, também, o soldado de Cristo. O cristão faz bem em defender-se com o escudo da confiança em Deus, mas empunhando sempre a espada da luta. Confiar e lutar! É o único meio de sair vitorioso.

12 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência IX


Parte 7/7


A família é a célula da sociedade. Não só no sentido jurídico e econômico, mas também em rezão de sua grande força educativa, pois é aí que nascem as virtudes que formam a vida social, o sentido de responsabilidade, a compreensão, e o domínio de si. Pode-se representar uma vida humana sem estas forças morais? Ao contrário, para que elas possam nascer na vida familiar, é preciso que o casamento seja de longa duração, constante, sem perturbação, indissolúvel, portanto. É preciso tempo para as boas coisas, particularmente para o desenvolvimento destas virtudes.
Não exageremos, pois, sustentando que o casamento indissolúvel é o traço de união da vida em sociedade. Suprimi a indissolubilidade, e o edifício da sociedade humana cairá em ruínas.
Os bancos não dão senão juros mínimos para os depósitos que se retiram a qualquer instante. Ao contrário, se se tem confiança nos bancos depositando o capital a longo prazo, recebem-se juros mais elevados. Não se tem o direito de denunciar a qualquer momento o depósito da fidelidade conjugal. É preciso levá-lo até o túmulo para se ter maior interesse. Interesse para os esposos, e também para a sociedade.
Ah! se a humanidade atual compreendesse novamente tudo isto! Se ela visse ao menos pelas amargas experiências atuais em que perigo se colocou, desprezando o mandamento divino e atacando a indissolubilidade do matrimônio! Nada melhor podemos desejar à humanidade do que ver brilhar no frontispício de cada lar, em caracteres indeléveis, o mandamento de Cristo: "Que homem não separe o que Deus uniu". Amém.

11 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 58

SIGAMOS A LUZ DA FÉ

Hoje vou contar-vos um caso maravilhoso.
São Severino, apóstolo da Noruega, pregava a fé crista entre aqueles povos idólatras. Poucos se convertiam.
Um dia, então, para confirmar a uns e converter a outros, convidou a todos (cristãos e idólatras) para uma assembleia na igreja. Cada um devia trazer uma vela. Quando os viu todos reunidos, com suas velas apagadas nas mãos, o santo Bispo ajoelhou-se diante do altar e rezou em voz alta: “Oh Senhor e Deus verdadeiro, dignai-vos manifestar a estes fiéis a luz do vosso conhecimento e fazei-lhes compreender como os que vos conhecem se diferenciam dos que nunca vos conheceram”.
Ao terminar a oração, e no mesmo instante, acenderam-se por si mesmas as velas dos cristãos, continuando apagadas as dos idólatras.
Esse prodígio converteu a fé crista aquele povo.
E o prodígio renova-se diariamente. Os incrédulos, os hereges, os inimigos da Igreja passam por este mundo com suas velas apagadas. Demos graças a Deus pela luz da fé e sigamos o caminho que ela nos mostra.

10 de fevereiro de 2016

Missa Tridentina - Padre Renato IBP


Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência IX


Parte 6/7


Quase não se pode acreditar quanto esta união completa das almas dos esposos faz jorrar no homem e na mulher forças preciosas. Há homens que chegaram à perfeição de suas capacidades, e de suas energias, porque encontraram uma esposa que os compreendia, colocando-se ao seu lado com o entusiasmo de um amor silencioso. Esposas que tinham uma confiança absoluta em seus maridos compreendiam seus fins, encorajavam-nos em seu caminho, faziam desaparecer as rugas de sua fronte fatigada, e compartilhavam de seus sucessos. Há grandes homens que a história glorifica com justiça, pelos seus altos feitos, mas se quisermos ser justos, seriamos obrigados a recordar o mérito que lhe advém de suas esposas.
O inverso também é verdade. Muito deve agradecer a alma tímida e receosa da mulher a energia de uma alma viril. Como chega ela, facilmente, ao seu completo desenvolvimento, quando se une ao amor robusto de um esposo que bem a compreende! Muita razão tinha o escritor francês quando assim fazia falar um de seus personagens: " Se eu tivesse naquele instante ao meu lado, uma esposa amorosa como me teria elevado! Entregue, porém, a mim mesmo, não pude conservar bastante confiança em mim. É preciso que haja uma testemunha de nossos esforços. Alguém que anote os golpes, conte os pontos, e ponha a coroa sobre nossa fronte, tudo como outrora, na época da distribuição dos prêmios, braços carregados de livros, eu procurava entre a multidão os olhos de minha mãe"... (Mauriac, Le Noeud de Vipéres).
Pode haver ainda alguém que não compreenda por que é preciso a indissolubilidade do casamento?
c - Há ainda outra coisa. Entre os dois esposos não deve haver segredos, devem manifestar, um ao outro, suas tristezas, como nunca se faz diante de outro homem. Isto pertence à essência do casamento. Não serão, porém, capazes disto, senão na certeza de que esta confiança e este dom de si durarão perpetuamente. Esta confiança desapareceria no momento em que surgisse apenas o receio de uma transformação, receio de que aquele em que depositais total confiança possa um dia ser vosso inimigo, pior que um estranho, porque poderia fazer mau uso, em público, da confissão feita no momento de absoluta confiança.
São exageros? Quem não quiser crer, leia, se tiver coragem, os aborrecidos depoimentos, feitos pelos esposos, um contra o outro, no processo de divórcio. Como podem ser tão grosseiros, mesquinhos e cruéis!
d - Deixai-me, ainda, lembrar uma outra ideia. Não esqueçamos o valor educativo do casamento indissolúvel. A ideia de indissolubilidade afasta e domina os caprichos e os defeitos, enquanto a possibilidade do divórcio não faz senão crescer o número de casamentos infelizes, e de discórdias. A convicção de que os esposos estão unidos um ao outro para sempre leva-os a ser indulgentes, a se perdoarem mutuamente, a pacificarem imediatamente as inevitáveis pequenas ou grandes discórdias, a aplainar as dificuldades e a agir como prescreve São Paulo: "Que o sol não se ponha sobre vossa ira" (Ef 4, 26).
É pois preciso contar com a natureza humana inclinada ao pecado. Se se pode divorciar, se há razão suficiente para isto, porque "não se suportam mais um ao outro", como apareceria logo no horizonte uma terceira pessoa, objeto de paixão, que leva aos antigos esposos a verificarem que não mais se podem aturar. A impossibilidade do divórcio é o melhor juiz de paz nestes casos. Como é fácil vencer a tentação sedutora, quando se lhe pode responder: É inútil, não nos podemos divorciar. Não nos podemos separar; então vale mais entender-nos melhor.

9 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 57

RECOMPENSA DA CARIDADE

Aquele jovem era muito virtuoso e sobretudo muito caridoso. Cheio de ilusões, andava a lutar com o pensamento de fazer-se religioso, o que o obrigaria a renunciar as riquezas e gozos do mundo. Parece que lhe faleciam as forças para tamanho sacrifício.
Uma noite, estando de caminho a igreja, chega-se a ele um pobre e pede-lhe uma esmola por amor de Deus. O jovem instintivamente mete a mão no bolso. Está vazio. Saíra de casa sem uma moeda sequer. Mas não hesita. Sem perda de tempo desata um cinturão de seda bordado de filigranas de prata, e entrega-o ao pobre. Este agradece o rico presente e continua o seu caminho. Chegando a igreja de N. Senhora, vai o jovem orar na Capela das Almas e qual não é o seu espanto ao ver o Cristo na cruz cingido com aquele cinturão de seda e filigranas de prata e sorrindo para ele! Desde aquele instante dissiparam-se-lhe as dúvidas sobre a vocação. Sai da igreja e vai seguro bater ao convento dos dominicanos, onde viveu tão santamente que mereceu o título de Beato Jordão de Saxônia.
Tudo que derdes ao pobre recebe-o Jesus Cristo. O Coração divino é medianeiro de vossas moedas. Elas serão o preço com que um dia comprareis o céu.

8 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência IX


O FIM DO CASAMENTO TAMBÉM EXIGE SUA INDISSOLUBILIDADE


Parte 5/7


O casamento deve ainda ser indissolúvel, pois só assim ele pode realizar seu magnifico destino, e atingir seu fim.
Qual o fim do matrimônio?
A) Seu fim primeiro é assegurar, dignamente, a conservação da espécie humana.
a - Os filhos podem vir à vida, mesmo fora do matrimônio, mas não se pode educá-los senão no quadro pacífico da vida familiar: Entre seres vivos cujos filhos são capazes, desde o seu nascimento, de viver por si mesmos e que encontram por si o que lhes é necessário à subsistência, é evidente que não há necessidade de uma vida familiar duradoura. Consideremos, porém, o recém-nascido. Há na terra ser mais débil, mais fraco que ele? O pintinho busca seu alimento, no mesmo dia que deixa o ovo. A criança, ao contrário, até a idade de 14 a 16 anos, e algumas vezes 20 e 24, tem necessidade de seus pais.
Enquanto seus pais educam o primeiro filho, chega um segundo e depois mais um outro, e a difícil e santa tarefa começa novamente. Isto não é uma indicação muito expressiva da natureza, mostrando que o casamento não pode ser concluído por tempo limitado, mas deve durar até a morte.
b - O inverso também vale. Pois se os filhos têm o direito de que a fragilidade de sua juventude encontre um apoio na vida familiar firmemente organizada, por sua vez os pais envelhecidos têm o direito de esperar o auxílio de seus filhos já  crescidos.
A indissolubilidade do matrimônio não é, pois, uma invenção humana, uma ideia arbitrária, e nem um constrangimento exterior que se possa mudar no correr das idades, mas é a expressão de uma necessidade intima do homem, que não se modificará enquanto a natureza e a constituição do homem não se transformarem. Portanto, nunca.
Sabeis como se protege, com forte muro, a fonte que jorra misteriosamente na calma da floresta, como se recolhe em um reservatório, para que a lama não manche suas águas vivificantes e límpidas. Pois bem, a humanidade encerrou as fontes santas da vida no quadro austero do casamento, para que a fonte da vida humana, não fosse manchada pelas impurezas.
B) Outro fim do casamento é o auxílio recíproco e a união perfeita dos esposos. Isto, porém, não se realiza senão dentro do casamento indissolúvel.
a - O mundo das idéias no homem é bem outro que o das mulheres: desejos, caprichos, tendências, tudo é diferente, e os dois sexos precisam completar mutuamente suas próprias faculdades. Este complemento recíproco não se realiza, contudo, senão dentro de uma união inseparável. E, sem ela, permaneceriam certas falhas tanto no homem como na mulher.
O homem, por exemplo, em parte alguma, como no lar, pode satisfazer sua capacidade natural e sua tendência para o domínio. Assim também, em nenhuma outra parte, ele encontra para seus negócios mais íntimos, suas decepções, suas fadigas, tanta compreensão como junto de sua esposa amável, que lhe dulcifica a vida com seus sorrisos. Em compensação, sem a família, não se desenvolvem na alma da mulher tantas qualidades, sobretudo o amor generoso até o sacrifício.
b - examinemos, em seguida, a fusão perfeita das almas, sem a qual não se pode imaginar a união completa dos esposos, mas que não se realiza sem a indissolubilidade.

7 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 56

O QUE PODE O AMOR A FÉ CRISTÃ

6. Achando-se Schopenhauer, aquele grande renegado, em seu leito de agonia, ouviram-no exclamar:
"Meu Deus! meu Deus!”
Ao que o seu médico lhe perguntou: “Que é isso? Em tua filosofia também há Deus?”
“Ah! respondeu o filósofo: nos sofrimentos a filosofia sem Deus é insuficiente”.

Programação Domingo de Ramos / Semana Santa / Domingo da Ressurreição – Pe. Renato - IBP


6 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência IX


A PRÓPRIA ESSÊNCIA DO MATRIMÔNIO EXIGE SUA INDISSOLUBILIDADE



Parte 4/7


Esta severidade da Igreja é uma consequência lógica, que decorre da própria essência do casamento.
Como recordaremos mais tarde, as razões morais, pedagógicas e sociais falam em favor da indissolubilidade do casamento. Outra é a importância do argumento que provêm da essência do matrimônio, e pelo qual é simplesmente impossível dissolvê-lo, porque a indissolubilidade pertence-lhe essencialmente.
O que não se compõe de partes não pode ser dividido em partes, é claro. Ora, os esposos cristãos, após seu casamento, não formam mais partes independentes porque o casamento cristão é a imagem   da união mística de Cristo e da Igreja. Mas esta união santa entre Cristo  e sua Igreja é perpétua e indissolúvel, e subsistirá, enquanto houver homens sobre a terra. Sendo assim, pois, esta união santa entre o homem e a mulher, reprodução da de Cristo e da Igreja, deve durar tanto quanto for possível a união matrimonial entre duas pessoas, portanto até a morte de uma das partes.
É uma verdade tão clara e uma realidade tão irrevogável que a Igreja nada aí pode mudar. É, pois, infundada e destinada à destruição, porque nasce de uma ignorância quanto à essência do matrimônio, a esperança de alguns de que, um dia, a Igreja, com o tempo, mudará seu ponto de vista tão rigoroso e amenizará esta questão do laço matrimonial. Ela não o fará, por que não o pode. A própria essência do casamento protesta contra a sua dissolução. Em matemática dizem que "um e um fazem dois". Pelo casamento, porém, Deus estabeleceu que "um e um fazem um", isto é, que pelo matrimônio um homem e uma mulher se unem em um novo misterioso organismo, tornando-se cada um membro do corpo do outro. É o que declara o próprio São Paulo, quando escreve a respeito do amor de esposo: "Os maridos devem amar suas mulheres como seus próprios corpos" (Ef 5, 28).
No matrimônio cristão, o homem e a mulher, unem-se, pois, em um novo organismo místico, como há uma união mística entre Cristo e sua Igreja. Aquilo que por essência é um, não pode ser separado em dois. Cristo não pode estar separado da Igreja, e o homem não pode também separar-se de sua esposa.

5 de fevereiro de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 55

O QUE PODE O AMOR A FÉ CRISTÃ

5. João Henrique Fabre, um dos mais eminentes entomólogos, chamado o Homero dos insetos, dizia:
“Não posso afirmar que creio em Deus, porque eu o vejo. Sem Ele nada compreendo, sem Ele tudo são trevas. Antes me arrancarão a vida que a fé em Deus”.
E Newton inclinava a cabeça toda vez que seus lábios proferiam o santo nome de Deus.

4 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência IX


Parte 3/7


B) "Talvez Nosso Senhor não quisesse ser tão rigoroso, pensará alguém. Parece, pelas palavras citadas precedentemente, que no caso de falta muito grave, como seja no delito contra a fidelidade conjugal, Ele permitiu o divórcio. De fato, é bem assim que entendem as outras religiões. Só a Igreja precisamente não abranda sua atitude rigorista".
Ela não abranda porque não pode abrandar. Porque é absolutamente certo que Nosso Senhor, mesmo neste caso, não quis permitir um novo matrimônio.
a - É o que resulta das palavras pronunciadas pelo Salvador em uma outra circunstância. No Evangelho de São Marcos, por exemplo, Nosso Senhor fala assim: "Quem abandonar sua mulher e se casar com outra comete adultério contra ela. E se a mulher abandonar seu marido, e se casar com outro, comete adultério" (Mc 10, 2-12). Aqui, Nosso Senhor não faz sequer uma exceção. Qualquer que seja a causa do repúdio da mulher, mesmo por infidelidade, ela não pode mais se casar, pois aqui o Salvador nem mesmo evoca mais este pecado.
Sem dúvida, por este pecado vergonhoso é permitido repudiar a parte culpada, é o que chamamos "separação dos corpos", mas após este repúdio, não se suprimiu o valor do laço conjugal, e nem é permitido casar-se novamente. Cessa a obrigação de coabitar, mas não desaparece o valor do matrimônio. E tudo quanto Nosso Senhor diz da mulher pecadora vale naturalmente também para o marido prevaricador.
b - E que é preciso assim entender as palavras de Nosso Senhor, demonstram a admiração e o pasmo dos discípulos. Eles respondem, com efeito, ao Salvador: "Se tal é a condição do homem a respeito da mulher é melhor não se casar" (Mt 10, 9-10). Isto é, se a infidelidade é uma causa de repúdio, mas se, depois disto, não é possível casar-se novamente, então é preferível não entrar em negócio tão cheio de riscos. Os apóstolos entenderam muito claramente as palavras de Nosso Senhor, no sentido de que não é permitido casar-se novamente, mesmo no caso de infidelidade.
Assim é que compreendia igualmente São Paulo. "Mas aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido. E, se ela se separar, que fique sem se casar ou que se reconcilie com seu marido" (1 Cor 7, 10-11). Poder-se-ia dar uma explicação mais digna de confiança das palavras de Nosso Senhor? Quem ousaria compreender melhor as palavras de Cristo que São Paulo?
O novo casamento não é, pois, permitido, mesmo que já se tenha dado a separação dos corpos.
c - Chegamos a esta conclusão também por uma consideração.
Ninguém tem o direito de pensar que o Filho de Deus tenha querido recompensar tão grave pecado. Ora, seria realmente premiar a violação da fidelidade conjugal, se pudesse por isto contratar um novo casamento.
Tomemos a vida tal como ela o é. A causa dos numerosos divórcios não é tanto a incompatibilidade de gênio, ou as divergências de idéias entre os esposos, mas sim uma terceira pessoa no horizonte.
Bastará dar um exemplo. Há vinte e quatro anos vivem juntos um homem e uma mulher. Houve entre eles rixas e desavenças, é isto inevitável onde vivem juntos dois seres humanos. Mas as coisas iam indo. O filho de vinte e três anos completou os seus estudos universitários. Sua filha de vinte um anos casou-se... E agora eles querem divorciar-se. Não a filha, mas os pais. Depois de vinte e quatro anos de casados. Mas por que? porque uma pessoa se encontra na vida do marido. Este homem de cinquenta anos apaixonou-se por uma jovem de vinte.
- Isto não é senão um exemplo. Mas quantos outros se poderiam citar!
Quantos viveram dezenas e dezenas de anos, em um casamento feliz e pacífico, quando, um dia, em seu lar uma jovem ou uma mulher sem consciência, e com mãos sacrílegas, destrói a felicidade do santuário familiar.
Eis, porém, que intervém a proibição de Nosso Senhor Jesus Cristo e o veto da Igreja Católica: "Não permito tocar no casamento". Não compreendeis que imensa gratidão devem todos os esposos honestos à Igreja, porque ela não permite que esta terceira pessoa, sem consciência, possa contratar um casamento válido com a parte divorciada, e possa triunfar insolentemente sobre as ruínas de um lar que ela destruiu? 
Ao contrário, diante daquela atitude severa da Igreja, não será uma inconsequência a atitude da lei civil pronunciado o divórcio no caso de infidelidade? Isto é, favorecendo o que comete uma falta? Pois o que esta cansado de sua esposa, ou a que se cansou de seu marido, pode facilmente dele livrar-se de um modo bem simples: quebra a fidelidade conjugal, dando causa ao divórcio. Houve realmente, neste caso, uma recompensa por uma enorme falta.