31 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 37

37) Qual é a Igreja de Jesus Cristo?
A Igreja de Jesus Cristo é a Igreja Católica Romana, porque só ela é una, santa,católica e apostólica, como Ele a quis.
Em Roma, sobre a colina do Vaticano, onde São Pedro foi martirizado, levanta-se a majestosa basílica que tem o seu nome. De todas as partes do mundo acorrem peregrinos para visitá-la, porque é a primeira igreja do mundo, farol de irradiação para toda a catolicidade e símbolo eloquente da Igreja espiritual fundada sobre a rocha inabalável de Pedro.
Há no mundo outras sociedades que usurpam o nome de "igreja", mas não são a verdadeira Igreja de Jesus Cristo.
Para distinguí-la das outras, Jesus deu à Igreja por Ele fundada quatro caracteristicas inconfundíveis: a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade.
A Igreja de Jesus Cristo é una em todo o mundo. Os fiéis obedecem todos ao mesmo Pastor - o Papa -; todos tem a mesma fé e recebem os mesmos Sacramentos. É católica, porque foi instituída para todos os hemens e está espalhada por toda a Terra. É santa, porque tudo na Igreja é santo e todos são chamados à santidade. É apostólica, porque remonta aos Apóstolos e é governada pelo Papa e pelos Bispos, seus sucessores.
Todas estas notas distintivas encontram-se reunidas na Igreja Católica. Ela é, portanto, a única e verdadeira Igreja instituída por Jesus Cristo.
Roma tornou-se a capital do mundo cristão, o farol da luz de Deus em meio às agitações do mundo, a imensa nau que navega no mar dos séculos para os pórticos do infinito. (M. Cordovani - "Romanidade da Igreja")

30 de outubro de 2009

SANTA MISSA EXPLICADA - PARTE 4

A MISSA DE SÃO PIO V EXPLICADA


Fontes: - Explicações sobre as partes da Missa: "Curso de Liturgia" - Pe.Reus; - Citações: "Suma Teológica", de Santo Tomás de Aquino; e "Missal Quotidiano e Vesperal", de Dom Gaspar Lefebvre;


PARTE IV - OFERTÓRIO




“Assim, portanto, o povo, preparado e instruído, aproxima-se da celebração do mistério. Este é oferecido enquanto sacrifício, consagrado e consumido enquanto sacramento. Com efeito, em primeiro lugar, realiza-se a oblação; em segundo, a consagração da matéria oferecida; em terceiro, a sua recepção. Dois atos acompanham a oblação, a saber o louvor do povo no canto do “offertorii” (“ofertório”), pelo qual se simboliza a alegria dos oferentes; e a “oratio” (“oração”) do sacerdote, que pede que a oferenda dos fiéis seja aceita por Deus. Daí, Davi dizer: “quanto a mim, foi na retidão do meu coração que ofereci voluntariamente tudo isto, e agora vejo com alegria teu povo, aqui presente, fazer-te essas ofertas espontâneas” (I Cr, 18); e em seguida reza dizendo: “Senhor Deus, conserva as disposições do coração de teu povo” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q,83, a.4).
[Cristo institui a Santíssima Eucaristia] “sob as espécies de pão e vinho, como é evidente no Evangelho. Portanto, pão e vinho são a matéria necessária a este sacramento. E é muito razoável que o seja: 1º. Quanto ao uso deste sacramento que é a modo de comida. Pois, como no sacramento do Batismo se usa água para a ablução espiritual, porque a ablução corporal se realiza normalmente com água, assim na Eucaristia se usa para alimento espiritual pão e vinho, que são os alimentos habituais do homem. 2º. Quanto à paixão de Cristo, na qual o Sangue se separou do Corpo. Por isso, neste sacramento, que é memorial da paixão do Senhor, tomam-se separadamente o pão como sacramento do Corpo, e o vinho como sacramento do Sangue. 3º. Quanto ao efeito considerado em cada um dos que se alimentam do Pão e do Vinho eucarístico. Como diz Ambrósio, este sacramento “vale para a conservação do corpo e da alma” e por isso “a Carne de Cristo” sob a espécie de pão “é oferecida para a salvação do corpo, e o sangue sob a espécie de vinho para a salvação da alma”, já que a Escritura diz que “a alma” do animal “está no sangue”. 4º. Quanto ao efeito com relação a toda a Igreja que se constitui de muitos fiéis, como “se elabora o pão dos muitos grãos e o vinho provém das muitas uvas”, diz a Glosa, comentando texto da primeira Carta aos Coríntios, “Nós, os numerosos, somos um só corpo, etc.” (I Cor X, 17)” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, q.74, a.1).
A missa dos catecúmenos é a preparação para a segunda parte da missa, a mais importante, a missa chamada dos fiéis, porque os catecúmenos eram despedidos antes do início do sacrifício incruento e ficavam só os fiéis. Nela o celebrante fala raras vezes em voz alta e guarda silêncio místico, dirigindo-se de preferência à Majestade divina. A missa dos fiéis começa pelo ofertório. A palavra "ofertório" tem três sentidos: Primeiro significa o oferecimento das oblatas, que o povo fazia antigamente; segundo, todas as cerimônias e orações desde o Oremus até ao prefácio; terceiro, a antífona (Bened. XIV). O celebrante dirige-se ao povo com a saudação: Dominus vobiscum, e logo convida a orar: Oremus. Mas não se segue a oração. Antigamente neste lugar os fiéis faziam orações pelas várias necessidades da igreja à maneira das orações da sexta-feira santa, as quais, porém, depois se omitiram. Se, apesar disso, a Igreja mantém o Oremus no seu lugar, tem ótimas razões, indicadas já por antigos liturgistas. O ofertório na sua totalidade é uma oração ou por palavras ou por ações sacrificais. Pelo Oremus a Igreja convida os fiéis 1) a unirem-se, rezando e acompanhando as ações litúrgicas, ao celebrante, que reza e atua em nome do povo; 2) a rezarem por si, a fim de crerem a fé professada no símbolo e serem constantes nela; 3) a oferecerem-se em holocausto. (Durandus I V, c. 27, II. 7.)
Segue-se o ofertório, uma antífona que resta do antigo salmo, cantado durante as oblações do povo. Pois na antiguidade a contribuição para o sacrifício não estava entregue ao arbítrio dos fiéis, mas era dever inculcado com insistência. Além do pão e do vinho deviam oferecer outros objetos indispensáveis ao culto e à sustentação do clero e dos pobres. A partir do século XII as oblações, que consistiam em objetos, foram substituídas por ofertas em dinheiro. Uma lembrança do antigo uso é a oblação das velas nas ordenações do clero, e de esmolas postas numa mesa perto do altar, por ocasião das missas de réquie.
Porque o recebimento das ofertas levava muito tempo, também o canto do salmo devia-se prolongar. É esta a razão por que na missa de réquie, que guardou o caráter antigo, o ofertório é tão grande.
As oferendas visíveis dos fiéis significam a oblação invisível espiritual de si mesmos, que é indispensável para tornar-lhes frutuosa a assistência ao santo sacrifício.
O pão oferecido (oblata, mais tarde hostia, por ser destinada à consagração) a partir do século VIII exclusivamente é pão ázimo na Igreja ocidental. Antes deste tempo em geral era pão comum, feito, porém, de trigo e preparado de modo especial. O sínodo de Toledo (693) repreendeu os sacerdotes que usavam para a missa o seu pão comum, mas não diz que é matéria inválida. Com o uso do pão ázimo originou-se o uso das hóstias grandes e das pequenas em forma de moeda. A preparação do pão eucarístico outrora era reservada aos clérigos.
I. Antífona
A antífona muda conforme o ano eclesiástico ou a festa. Especial menção merece o ofertório da missa de réquie. As palavras: inferno, tártaro, lago profundo, Bento XIV (de sacrif. 1. 2. c. 9) entende-as como referindo-se ao purgatório. Belarmino e outros as entendem como referindo-se ao inferno, e dizem que a igreja se transporta para junto do moribundo, pedindo a Deus que não o deixe cair no inferno. Em todo o caso, este ofertório não contém nada de menos exato.
*Exemplo de antífona de Ofertório, da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus:
“(Sl LXVIII, 21) O meu coração aceitou a desgraça e o vitupério, na esperança de quem se condoesse de mim. Mas de-balde procurei quem me aliviasse”.
“(Sl XXXIX, 7-9) Não me pediste um holocausto pelo pecado. Então disse eu: aqui estou. No princípio do livro está escrito de mim que devo fazer a vossa vontade. Meu Deus, assim o quis, e tenho a vossa lei no meio do meu Coração, aleluia” (Tempo Pascal).
II. Oblação do pão
O oferecimento dos elementos para o sacrifício. O rito romano antigo antes do cânon tinha só uma oração, a secreta. A partir do século ÍX, devido à devoção privada, aparecem no ofertório muitas orações especiais. As orações prescritas no rito atual com os gestos respectivos remontam ao século IX-XI. Formam o chamado cânon menor, abrangendo desde Suscipe até Suscipe Sancta Trinitas. As palavras das orações do cânon menor se referem textualmente aos elementos materiais: pão e vinho. Mas atribuem-se-Ihes qualidades e efeitos (pro nostra totiusque mundi salute) que só convém propriamente ao sacrifício eucarístico, as quais qualidades se afirmam antecipadamente dos elementos materiais, i. é, do pão e do vinho.
O Suscipe. O celebrante toma na mão a patena com a hóstia e, cheio de confiança, levanta os olhos para a Majestade divina, representada visivelmente pela cruz e logo abaixando-os humildemente, reza o Suscipe. Depois traça com a patena e a hóstia uma cruz sôbre o altar, quase exatamente sobre a cruz feita na consagração do altar, e coloca a hóstia nesta cruz, preparando por assim dizer a imolação da Santa Vítima. (Cf. Durandus IV c. 29 n. 3; 17.) A patena põe-se sob a extremidade do corporal. Na missa solene o subdiácono a conserva envolvida no véu de ombros. Remonta este rito ao costume antigo de reservar uma hóstia consagrada para ser deitada no cálix no dia seguinte. No princípio da missa um acólito punha a sagrada hóstia no altar e a tirava ao ofertório para maior comodidade dos ministros. Assim se explica a reverência que se tem ao guardar a patena.
Misticamente a patena escondida debaixo do corporal significa os discípulos que fugiram na paixão de Cristo. A parte da patena não escondida significa a Virgem Santíssima que não fugiu. (I Durandus IV c. 30 n. 29.)
Súscipe, sancte Pater, omnípotens ætérne Deus, hanc immaculátam hóstiam, quam ego indígnus fámulus tuus óffero tibi, Deo meo, vivo et vero, pro innumerabílibus peccátis, et offensiónibus, et negligéntiis meis, et pro ómnibus circumstántibus, sed et pro ómnibus fidélibus christiánis vivis atque defúnctis: ut mihi, et illis profíciat ad salútem in vitam ætérnam. Amen.
Recebei, Pai santo, Deus omnipotente e eterno, esta hóstia imaculada, que eu, vosso indigno servo, Vos ofereço a Vós, meu Deus vivo e verdadeiro, pelos meus inumeráveis pecados, ofensas e negligências, por todos os que estão aqui presentes e por todos os fiéis, vivos e defuntos, para que tanto a mim como a eles aproveita para a salvação e vida eterna. Ámen.
III. Bênção da água e mistura ao vinho
Ao vinho junta-se a água. O vinho simboliza a divindade, a água a humanidade. A mistura dos dois elementos significa o mistério da incarnação, o mistério do Corpo Místico de Jesus Cristo e a íntima união com Ele na s.comunhão. A água simboliza também a água que saiu do Sagrado Coração trespassado do Senhor. A água benze-se antes de ser misturada com o vinho, porque significa o povo, que neste mundo não pode ser sem pecado. (Durandus I. c.n. 21.) Não se benze na missa de réquie, porque esta missa se diz principalmente pelas almas, que já não podem pecar e não precisam desta bênção. A oração Deus qui é da Liturgia do natal do século IV. (Leonianum.)
Deus, qui humánæ substántiæ dignitátem mirabíliter condidísti et mirabílius reformásti: da nobis, per hujus aquæ et vini mystérium, ejus divinitátis esse consórtes, qui humanitátis nostræ fíeri dignátus est párticeps, Jesus Christus Fílius tuus, Dóminus noster: Qui tecum vivit et regnat in unitáte Spiritus Sancti Deus: per ómnia sáecula sæculórum. Amen.
Ó Deus, que de modo maravilhoso criastes em sua dignidade a natureza humana e de modo mais maravilhoso ainda a reformastes, concedei-nos, pelo mistério desta água e vinho, sejamos participantes da divindade d’Aquele que se dignou partilhar da nossa humanidade, Jesus Cristo vosso Filho e Senhor nosso, que, sendo Deus, convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Ámen.
IV. Oblação do cálice
Na oblação do cálix, o celebrante levanta os olhos ao alto e os conserva nesta posição em sinal de confiança e porque a última palavra ascendat exige êste gesto. (Cf. n.° 698.) Na missa solene o diácono sustenta o braço do celebrante ou o pé do cálix, porque antigamente era o diácono que punha o cálix no altar, rezando ele ou o celebrante Offerimus. Outros alegam o peso do grande cálix, outrora em uso. Mas nas antigas fontes não se acha esta explicação.
Offérimus tibi, Dómine, cálicem salutáris, tuam deprecántes cleméntiam: ut in conspéctu divínæ majestátis tuæ, pro nostra et totíus mundi salúte, cum odóre suavitátis ascéndat. Amen.
Nós Vos oferecemos, Senhor, o cálix da salvação, e da vossa clemência imploramos que ele se eleve até à presença da vossa divina majestade, qual suave odor, para salvação nossa e de todo o mundo. Ámen.
V. Invocação
A oração In Spiritu humilitatis lembra o forno ardente (Dan 3, 39. 40), em que, como num altar flamejante, os três jovens, com as mesmas palavras, ofereceram o seu próprio coração humilde e contrito em holocausto. Assim o celebrante e os fiéis, representados nos elementos materiais, destinados ao sacrifício, oferecem ao Pai celeste as suas orações, a sua vontade em holocausto nas chamas da caridade. E logo se levantando, num gesto de desejo ardente, com as mãos e os olhos ao alto, o celebrante pede ao Espírito Santo (Veni Sanctificator), ao fogo divino, que desça sobre o sacrifício e que o prepare pela sua bênção para a consagração.
In spíritu humilitátis et in ánimo contríto suscipiámur a te, Dómine: et sic fiat sacrifícium nostrum in conspéctu tuo hódie, ut pláceat tibi, Dómine Deus.
Veni, Sanctificátor, omnípotens ætérne Deus: et bénedic hoc sacrifícium, tuo sancto nómini præparátum.
Com o espírito humilhado e coração contrito, sejamos por Vós acolhidos, Senhor; e que este nosso sacrifício se realize hoje na vossa presença por forma a merecer o vosso agrado, Senhor nosso Deus.
Vinde, Santificador, Deus omnipotente e eterno, e abençoai este sacrifício preparado para o vosso santo nome.
VI. Incensação
“Ocorrem aqui duas razões. 1ª. Manifestar o respeito devido a este sacramento, a saber o bom odor afasta qualquer mau cheiro corporal que haja no recinto, o que poderia provocar mal-estar.2ª. Simbolizar o efeito da graça, da qual Cristo estava repleto, como de um bom odor, segundo o dito da Escritura: “Oh! O odor de meu filho é como o odor de um campo fecundo” (Gn XXVII, 27). De Cristo, a graça derrama-se sobre os fiéis pelo ministério dos celebrantes, como diz Paulo: “Por meio de nós, espalha em todo lugar o perfume do seu conhecimento” (II Cor II, 14). Daí se segue que, depois de incensar-se de todos os lados o altar, símbolo de Cristo, se incensam todos segundo a ordem” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.5 ad 2).
A incensação. Na missa solene segue-se a incensação, a qual se faz desde o século IX. O incenso como que envolve as oblatas num fogo visível, santificando-as e tornando-as aceitáveis a divina Majestade, e depois comunica a mesma santidade ao altar e a todos os fiéis, enquanto são capazes de recebê-la. O celebrante explicitamente pede: "Acenda em nós o Senhor o fogo do seu amor e a chama da sua caridade." E como que para mostrar que esta súplica tem efeito, o diácono, pela incensação, comunica-lhe e depois aos fiéis o amor e a caridade divinas.
A oração Per intercessionem pedindo a São Miguel a sua poderosa intercessão junto ao trono de Deus, encontra-se nos missais dos séculos XI-XII, com o nome de São Miguel, e muitas vezes também o de São Gabriel.
*A fórmula de bênção do incenso é: “Pela intercessão do bem-aventurado Arcanjo São Miguel, que está à direita do altar do incenso, e de todos os seus eleitos, digne-se o Senhor abençoar este incenso e recebê-lo qual suave perfume. Por Jesus Cristo Senhor nosso. Amém”.
VII. Ablução das mãos
“A ablução das mãos se faz na celebração da missa por respeito devido ao sacramento. E isso por duas razões: 1ª. Costumamos lavar as mãos para tocar em coisas preciosas. Daí se segue parecer indecoroso que alguém se aproxime de tão grande sacramento com as mãos sujas, mesmo no sentido corporal. 2ª. Há uma razão simbólica. Porque, como ensina Dionísio, a ablução das extremidades simboliza a purificação até dos menores pecados, conforme diz o Evangelho de João: “Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar senão os pés”. E tal purificação é exigida de quem se aproxima deste sacramento. É o que significa a confissão que antecede o intróito da missa. E isso mesmo significava a ablução dos sacerdotes na Antiga Aliança, como observa Dionísio na mesma passagem” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.5 ad 1).
Segue a ablução das mãos, a qual é necessária depois da incensação; outrora era necessária principalmente depois de receber as ofertas do povo. Na missa privada é cerimônia simbólica. Pois a rubrica exige a ablução só das pontas de 2 dedos, para indicar que se devem evitar também as faltas insignificantes no serviço de Deus. Reza-se o salmo 25: Lavarei as minhas mãos.
LAVABO inter innocéntes manus meas: et circúmdabo altáre tuum, Dómine. Ut áudiam vocem laudis, et enárrem univérsa mirabília tua. Dómine, diléxi decórem domus tua, et locum habitatiónis glóriæ tuæ. Ne perdas cum ímpiis, Deus, ánimam meam, et cum viris sánguinum vitam meam: In quorum mánibus iniquitátes sunt: déxtera eórum repléta est munéribus. Ego autem in innocéntia mea ingréssus sum: rédime me, et miserére mei. Pes meus stetit in dirécto: in ecclésiis benedícam te, Dómine. Glória Patri, et Fílio, et Spirítui Sancto. Sicut erat in princípio, et nunc, et semper: et in sáecula sæculórum. Amen.
Lavo na inocência as minhas mãos, e acerco-me, Senhor, do vosso altar, Para fazer ouvir os vossos louvores, e apregoar todas as vossas maravilhas. Amo, Senhor, a beleza da vossa casa, e o lugar em que repousa a vossa glória Não deixeis, ó Deus, que minha alma se perca com os pecadores, nem a minha vida com os homens sanguinários; Eles que têm as mãos manchadas de iniqüidade, e a dextra de peitas repleta. Eu, pelo contrário, conduzo-me pelas sendas da inocência; livrai-me, Senhor, e compadecei-Vos de mim. Os meus pés andam pelo caminho da retidão; nas assembléias Vos bendirei, Senhor. Glória ao Pai (...).
VIII. Oferecimento à Santíssima Trindade
O Suscipe Sancta Trinitas. Depois de voltar ao meio do altar, o celebrante, lançando para a cruz um olhar de confiança, humildemente inclinado, principia a oração Suscipe, que pelo miúdo enumera os vários fins do s. sacrifício: a glorificação do divino Redentor, de Maria Santíssima e dos santos, mormente dos santos cujas relíquias estão no altar (istorum) e a salvação das almas.
Súscipe, sancta Trínitas, hanc oblatiónem, quam tibi offérimus ob memóriam passiónis, resurrectiónis, et ascensiónis Jesu Christi, Dómini nostri, et in honórem beátæ Maríæ semper Vírginis, et beáti Joannis Baptistæ, et sanctórum apostolórum Petri et Pauli, et istórum, et ómnium sanctórum: ut illis profíciat ad honórem, nobis autem ad salútem: et illi pro nobis intercédere dignéntur in cælis, quorum memóriam ágimus in terris. Per eúmdem Christum Dóminum nostrum. Amen.
Recebei, Trindade Santa, esta oblação, que Vos oferecemos em memória da Paixão, Ressurreição e Ascensão de Jesus Cristo nosso Senhor, e em honra da bem-aventurada sempre Virgem Maria, de S.João Batista, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, destes (cujas relíquias aqui estão) e de todos os Santos; seja para honra deles e salvação nossa, e por nós se dignem intereceder no céu aqueles cuja memória celebramos na terra. Pelo mesmo Jesus Cristo Senhor nosso. Ámen.
IX. Secreta
A Secreta. Com as palavras Orate fratres, outrora dirigidas só ao clero, o celebrante convida os fiéis a rezar por ele e com ele, lembrando que a missa é também o sacrifício deles (meum ac vestrum sacrificium). Sem dizer Oremus, o celebrante acrescenta a secreta, antigamente a única oração no ofertório sobre as oblatas. Uns, seguindo os antigos liturgistas, derivam a secreta de secreto, porque é rezada em voz baixa, a coleta, porém, em voz alta; outros de secerno, separar, porque se reza sôbre os elementos do sacrifício, separados dos destinados a outro fim ou porque se rezava depois de separarem-se os catecúmenos da assembléia litúrgica.
Oráte fratres, ut meum ac vestrum sacrifícium acceptábile fiat apud Deum Patrem omnipoténtem. R. Suscípiat Dóminus sacrifícium de mánibus tuis ad laudem, et glóriam nóminis sui, ad utilitátem quoque nostram, totiúsque Ecclésiæ suæ sanctæ.
Orai, irmãos, para que este sacrifício, meu e vosso, seja aceite de Deus Pai omnipotente. R. Receba o Senhor de tuas mãos este sacrifício para louvor e glória do seu nome e para bem nosso e de toda a sua santa Igreja. *Exemplo de Secreta, da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus: “Olhai, Senhor, para o amor inefável do Vosso dileto Filho e fazei que este sacrifício Vos seja agradável e sirva de expiação dos nossos pecados. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo (...)”.

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 36

36) Por quem foi fundada a Igreja?
A Igreja foi fundada por Jesus Cristo.
Um dia Jesus perguntou aos Apóstolos o que se dizia d'Ele entre o povo. Responderam-Lhe: uns dizem que sois João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas.
"E vós" - disse - "quem pensais que eu seja?"
No mesmo instante São Pedro exclamou: "Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo!" Oh! como São Pedro tinha fé! E Jesus, para recompensá-lo, respondeu:
"E eu digo-te que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalescerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus..." (Mateus,16,18-19).
Foi assim que Jesus prometeu fundar uma sociedade que reunisse todos os seus seguidores e disse a Pedro que seria ele a cabeça visível dessa sociedade, que é a Santa Igreja.
Depois de sua gloriosa ressurreição Jesus cumpriu sua promessa: conferiu a São Pedro os poderes do primado, da jurisdição e das honras na Igreja, com estas palavras: "Apascenta os meus cordeiros; apascenta as minhas ovelhas" (João-21,17).
Quando Jesus quis fundar a sua Igreja reuniu apenas alguns Apóstolos e discípulos.
Hoje estende-se ela por todo o mundo. Nós, os batizados, pertencemos à verdadeira Igreja de Jesus Cristo.
A Igreja Católica é a única Igreja de Deus. Só ela, em face de todas as oposições, proclamou toda a vedade.(L. Veuillot: "Le parfum de Rome")

29 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 35

35) Que é a Igreja?
A Igreja é a sociedade dos verdadeiros cristãos, isto é, dos batizados, que professam a fé e a doutrina de Jesus Cristo, participam dos seus Sacramentos e obedecem aos Pastores constituídos por Ele.
A cena que vês representa a Santa Igreja. No Céu ela é constituida pelos Anjos e pelos Santos; na Terra, pelos fiéis guiados por seus Pastores: o Papa. os Bispos e os Sacerdotes.
A Igreja da qual estamos falando, não é aquela onde vais assistir à Santa Missa e aprender o catecismo. Aquela é um templo de pedra, porém esta, da qual falamos, é a Igreja viva das almas e dos corações. É a sociedade, isto é, a união de todos os cristãos. Ser cristão é ser batizado, professar a fé e a doutrina de Jesus Cristo e participar dos Sacramentos que Ele instituiu para santificar as almas. Além disso é necessário obedecer ao Papa e aos Bispos, que o Espírito Santo constituiu Pastores para governarem a Igreja.
A Igreja é também o Corpo Místico de Jesus Cristo, do qual Ele é a cabeça, o Espírito Santo é o Coração e nós somos os membros.
Ela não termina na Terra, mas continua no céu e no purgatório. A Igreja da terra chama-se militante, porque combate contra os inimigos do bem; a do purgatório chama-se padecente, porque lá as almas se purificam de toda culpa ou restos de culpa; a do Céu chama-se triunfante, porque é gloriosa com Jesus, sua Cabeça.
Osvaldo L. de Morais termina uma sua poesia:
- "Não!" - lhe responde o Papa sobranceiro, -
Chegou ao fim a tua vaidade!
Tu és forte, mas não me vencerás:
Se és o Tempo eu sou a Eternidade".
(Aeternitas sum)

28 de outubro de 2009

SANTA MISSA EXPLICADA - PARTE 3

A MISSA DE SÃO PIO V EXPLICADA


Fontes:
- Explicações sobre as partes da Missa: "Curso de Liturgia" - Pe.Reus;
- Citações: "Suma Teológica", de Santo Tomás de Aquino; e "Missal Quotidiano e Vesperal", de Dom Gaspar Lefebvre;

PARTE III - CATEQUESE



“Em segundo lugar, antecede à celebração uma instrução dos fiéis, pois este sacramento é um “mistério de fé”. Esta parte do ensinamento se faz de uma maneira preparatória pela doutrina dos Profetas e dos Apóstolos, que é lida na igreja pelos leitores e subdiáconos. Depois de tal “lectionem” (“leitura”), o coro canta o “graduale” (“gradual”), que simboliza o progresso da vida, e o “alleluia” (“aleluia”), que simboliza a alegria espiritual. Nos ofícios de luto, canta-se o “tractus” (“trato”), que simboliza o gemido espiritual. Tudo isso deve atingir o povo, graças ao ensinamento, de que se falava. Os fiéis são instruídos de maneira perfeita pelos ensinamentos de Cristo contidos no Evangelho, que é lido pelos ministros de ordens maiores, isto é, pelos diáconos” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q,83, a.4).

A leitura litúrgica em geral:
1) Muito tempo antes de Jesus Cristo, nas reuniões do culto liam-se, segundo certa ordem, os livros da escritura sagrada nos sábados e nas festas.
2) Os cristãos conservavam tão santo costume e acrescentavam os livros do novo testamento. (Col 4, 16; l Tess 5, 27.)
3) Nas vigílias liam-se 12 lições, que subsistem ainda nas funções do sábado santo. São Gregório reduziu as lições à metade, a 6. Assim a vigília de pentecostes tem 6 lições. Nos outros dias as lições da vigília foram ajuntadas às lições da missa, as quais algumas vêzes ainda hoje se notam, porquanto precedem o Dominus vobiscum e, em geral, tem Flectamus genua, p. ex., nas quatro têmporas de setembro.

Com poucas exceções, em cada missa há duas leituras, pelas quais Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote, Profeta e Pastor, fala aos corações das suas ovelhas, a fim de prepará-los para o sacrifício.

Na epistola fala pela boca dos seus ministros, dos profetas e apóstolos, no evangelho fala pessoalmente. Por isso o evangelho vem depois da epístola e o celebrante prepara-se para anunciá-lo pela humilde oração Munda cor meum. Na missa cantada, só o diácono é que pode cantar o evangelho com grande pompa: o subdiácono não o pode fazer.

Os trechos, pericopas (perikopai = secções) eram determinados nas festas principais pelo bispo, a fim de terem relação especial com o mistério celebrado, nos outros dias eram tomados dos livros inspirados em lição contínua, como ainda é uso na igreja oriental. Em geral, nota-se a tendência, e nas missas recentes é lei invariável, para relacionar as duas leituras entre si e com a idéia principal da missa, de sorte que uma prepare, explique, aperfeiçoe a outra. Assim, na missa do Sagrado Coração de Jesus, a epístola descreve o amor do divino Coração, o evangelho prova o abismo deste amor no Coração traspassado pela lança cruel.

I. Epístola

A epístola. A primeira leitura é a epístola, tirada dos livros santos, afora os s.evangelhos. É chamada epístola, porque, mormente nos domingos, portanto nos dias em que o povo assiste à missa, a leitura é tirada de uma das epístolas do novo testamento e começa pelo título: epistola beati N. Apostoli. Por isso também foi chamada apostolus. As leituras de outros livros sagrados principiam pelo título: Lectio. Responde-se: Deo gratias, para agradecer a Deus as doutrinas ouvidas; na missa cantada não é o coro que, cantando Deo gratias, responde, mas o acólito, sem canto. Pois antigamente a epístola não era cantada. Recitá-la é recomendado (satius est d.3350) ao celebrante, quando funciona sem clérigo ao menos tonsurado, que possa cantá-la. Uma proibição para o celebrante, de cantá-la, não há neste decreto.

Terminada a epístola, o subdiácono restitui o lectionário ao celebrante, o qual põe a mão no livro, para indicar que o recebe, e benze o subdiácono para despedi-lo. É esta a explicação natural. O celebrante, durante a leitura da epístola, põe a mão no livro, porque supre o subdiácono, que segura o livro na mão no ato de ler a epístola.

Razão mística. O subdiácono vai para o celebrante no fim da epístola, porque o antigo testamento, representado pela epístola, tem o seu fim em Jesus Cristo. O diácono vai no principio do evangelho, porque Jesus Cristo é a fonte do evangelho.

O subdiácono recebe a bênção depois de beijar a mão do celebrante e restituir-lhe o livro, porque a bênção é o salário do operário pago pela doutrina anunciada ao povo e o salário se paga no fim da obra. O diácono, como arauto, recebe a bênção antes de começar o canto do evangelho, para anunciá-lo com autoridade. (cf. Durandus IV c. 17.) Beija a mão do celebrante, a fim de significar a sua prontidão para obedecer: "Eis, manda-me." (Is 6, 8; Durandus IV, 24.)

II. Gradual e Aleluia

Depois da epístola o celebrante lê um trecho, que se chama gradual (Graduale, sc. Responsum) ou trato ou aleluia com versículo ou sequência, que se devem rezar,ora juntos, ora separados. Pois as várias leituras, desde os tempos antigos, foram interrompidas por salmos responsoriais, de sorte que a cada versículo do côro o povo respondia com o mesmo estribilho. Um exemplo disto oferece o trato no 1.° dom. da quaresma. Cada versículo está precedido do sinal V, e é cantado pelo côro. O estribilho, i. é, o primeiro versículo, não está notado com o sinal R, porquanto é sempre o mesmo. Talvez o gradual tenha sido reduzido à sua forma atual de um responso e um versículo no século IV. Tem por fim lembrar e aprofundar a idéia principal da missa, aliás conhecida pelo intróito, a oração e a epístola.

O nome gradual deriva-se do uso de cantá-lo não na plataforma do púlpito ou ambão, mas num degrau (gradus).Por ser solo e respondido pelo côro, a sua melodia é riquíssima e melismaticamente o ponto culminante musical da missa dos catecúmenos, exprimindo em inspirações jubilosas a alegria e a gratidão da Igreja. Muitas vêzes é reforçado pelo júbilo do aleluia e completamente substituído no tempo pascal pelo aleluia grande. As muitas notas do aleluia, segundo São Boaventura (expos. Miss. c. 2), significam a bem-aventurança inefável e interminável (gaudium sanctorum in coelis interminabile et ineffabile).

O gradual, o aleluia e o trato são elementos independentes e separáveis. Eram antigamente separados por uma leitura, que ainda existe nas quatro têmporas.

* Exemplo de Gradual, da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus:

“O Senhor é justo e bom e por isso deu um guia aos que erravam no caminho. V. Dirigirá os mansos na justiça e ensinará aos humildes os seus caminhos” (Sl XXIV, 8-9).

* Exemplos de Alleluia, ambos da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus:

“Aleluia, aleluia. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de Coração, e encontrarei a paz para as vossas almas. Aleluia”.

“Aleluia, aleluia. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de Coração, e encontrareis a paz para as vossas almas. Aleluia. Vinde a Mim todos que trabalhais e andais carregados e Eu vos aliviarei. Aleluia” (no Tempo Pascal, substituindo o Gradual, o Tracto e o Aleluia).

III. Sequência

1) Origem. Seqüência (de sequor = seguir) significava a continuação em neumas longas da última nota do aleluia do Gradual, chamado jubilus alleluiaticus. Por ser de difícil execução, organizou-se um texto silábico, correspondente às notas e que se chamou seqüência. Às vezes faltava a simetria do texto, de maneira que este pouco se diferenciava da prosa; por isso davam à seqüência o nome de prosa. Finalmente se criaram seqüências independentes do aleluia, com melodias próprias, que ocuparam o lugar costumado depois do gradual.
2) Uso. Das muitas seqüências da Idade Média, Pio V conservou cinco: Victimae paschali (Páscoa; autor Wipo, capelão de Conrado II); Veni Sancte Spiritus (Pentecostes; autor: Langton, Arcebispo de Contuário, + 1288, o que consta de documento publicado em 1913); Lauda Sion (Corpo de Deus, autor: S.Tomás de Aquino); Stabat Mater (Nossa Senhora das Dores; autor: provavelmente S.Boaventura); Dies irae (Réquiem; autor: Tomás de Celano, OFM, + 1255).

*Exemplo de Seqüência, da Missa de Corpus Christi:

“Lauda, Sion, Salvatorem, lauda ducem et pastorem in hymnis et canticis.
Quantum potes, tantum aude: quia major omni laude, nec laudare sufficis.
Laudis thema specialis, panis vivus et vitalis hodie proponitur.
Quem in sacrae mensa coenae turbae fratrum duodenae datum non ambigitur.
Sit laus plena, sit sonora, sit jucunda, sit decora mentis jubilatio.
Dies enim solemnis agitur, in qua mensae prima recolitur hujus institutio.
In hac mensa novi Regis, novum Pascha novae legis, Phase vetus terminat.
Vetustatem novitas, umbram fugat veritas, noctem lux eliminat.
Quod in coena Christus gessit, faciendum hoc expressit in sui memoriam.
Docti sacris institutis, panem, vinum in salutis consecramus hostiam.
Dogma datur Christianis, quod in carnem transit panis et vinum in sanguinem.
Quod non capis, quod non vides, animosa firmat fides, praeter rerum ordinem.
Sub diversis speciebus, signis tantum, et non rebus, latent res eximiae.
Caro cibus, sanguis potus: manet tamen Christus totus sub utraque specie.
A sumente non concisus, non confractus, non divisus: integer accipitur.
Sumit unus, sumunt mille: quantum isti, tantum ille: nec sumptus consumitur.
Sumunt boni, sumunt mali: sorte tamen inaequali, vitae vel interitus.
Mors est malis, vita bonis: vide, paris sumptionis quam sit dispar exitus.
Fracto demum sacramento, ne vacilles, sed memento, tantum esse sub fragmento, quantum toto tegitur.
Nulla rei fit scissura: signi tantum fit fractura, qua nec status nec statura signati minuitur.
Ecce panis Angelorum, factus cibus viatorum: vere panis filiorum, non mittendus canibus.
In figuris praesignatur, cum Isaac immolatur: agnus paschae deputatur: datur manna patribus.
Bone pastor, panis vere, Jesus, nostri miserere: tu nos pasce, nos tuere: tu nos bona fac videre in terra viventium.
Tu, qui cuncta scis et vales: qui nos pascis hic mortales: tuos ibi commensales, cohaeredes et sodales fac sanctorum civium. Amen. Alleluia”.


“Louva, Sião, o Salvador, louva o guia e o pastor com hinos e cantares.
Quanto possas, tanto o louva, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.
É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.
O pão que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.
Ressoem, pois, os louvores, sonoros, cheios de amor. Seja formosa e jovial a alegria das almas.
Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.
Na mesa do novo rei, a páscoa da Nova Lei põe fim à páscoa antiga.
O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.
O que o Senhor faz na ceia mandou-no-lo fazer em memória Sua.
E nós, instruídos pelo mandado divino, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.
É dogma de fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador.
O que não compreendes nem vês, diz-to a fé viva; porque isto se opera fora das leis naturais.
Debaixo de espécies diferentes, que são apenas sinais exteriores, ocultam-se realidades sublimes.
O pão é a carne e o vinho é o sangue; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente.
E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.
Quer o recebam mil, que um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.
Recebem-no os bons e os maus igualmente, porém com efeitos diversos: os bons para vida e os maus para a morte.
Morte para os maus e vida para os bons! Oh! Consideremos como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.
Não vacile a tua fé quando a hóstia é dividida; porque o Senhor encontra-se sempre todo, debaixo do pequenino fragmento ou da hóstia inteira.
Nenhum corte pode violar a substância: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos sem a menor alteração da realidade divina que esses mesmos sinais significam.
Eis pois que o pão de que se alimentam os Anjos foi dado em viático aos homens: pão verdadeiramente dos filhos, que não deve dar-se aos cães.
Foi já prefigurado nos ritos e nos acontecimentos do Testamento Antigo, na imolação de Isaac, no cordeiro pascal e no maná do deserto.
Ó bom Pastor e alimento verdadeiro dos que apascentas, ó Jesus, tende piedade de nós. Alimentai-nos e defendei-nos e fazei que mereçamos fruir da vossa glória na Terra dos vivos.
Vós que tudo conheceis e tudo podeis fazer, e nos alimentais aqui, na Terra, da mortalidade, admiti-nos, Senhor, lá no Céu, à vossa mesa e dai-nos parte na herança e na companhia dos que moram na cidade santa. Amém. Aleluia”.



IV. Tracto

1) Natureza. Trato se chama um texto composto de poucos versos, que substitui às vezes o aleluia do gradual (setuagésima) ou a este mesmo (quatro têmporas); nem sempre tem caráter de penitência (Jubilate, Quinquagésima).
2) Etimologia. Dizem uns que este texto se chama tractus, porque era cantado sem alternação, a seguir, de um trago. Alguns modernos recorrem a melodia semelhante da música grega antiga e dizem que é “continuação” (tractus) do gradual.

* Exemplo de Tracto, da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus, para o tempo depois da Septuagésima:

“(Sl CII, 8-10) O Senhor é paciente e bom; é generoso e cheio de misericórdia. V. A sua cólera é breve e, se ameaça, não é para sempre. V. Com efeito não nos tratou conforme nossos pecados, nem nos castigou pela medida das nossas iniquidades”.

V. Evangelho

O evangelho. O evangelho, mormente na missa cantada, é o ponto litúrgico culminante da missa dos catecúmenos e por isso cercado de uma pompa verdadeiramente real. Pois a Igreja vê no evangelho o próprio Filho de Deus, Rei da glória.

O diácono coloca o evangeliário no altar, como para indicar que a palavra do Verbo divino, contida no livro, é idêntica ao Verbo incarnado, representado pelo altar. Prepara-se (não assim o subdiácono) para o desempenho de sua missão pela humilde oração Munda cor, porque o evangelho é sacrossanto e a sua pregação é de suma importância. Sobe ao altar e tira o evangeliário de cima dêle, recebendo-o como da mão de Jesus Cristo mesmo, que o escolheu diácono. Ao depois busca a autorização do representante visível de Cristo, pedindo ao celebrante a bênção que lhe é dada para que dignamente (digne), i. é, com coração puro, e competentemente (et competenter), i. é, autorizado, anuncie o evangelho. O celebrante põe a mão sobre o evangeliário como para entregá-lo ao diácono. Organiza-se a procissão. À frente vão os acólitos com velas ao modo da cerimônia da côrte imperial romana, que prescreveu fosse o imperador precedido de círios ardentes, para indicar a majestade do soberano. Segue o clero.

O diácono canta completamente (C. E. II, 8, 44) voltado para o norte, símbolo do frio (Jer 1, 14) e do mau. Pois o evangelho é um exorcismo, afugentando o influxo do demônio sôbre as almas. Tôda a assembléia levanta-se em sinal de reverência e obediência às palavras divinas. O diácono saúda o povo e anuncia o evangelho respectivo. O coro responde com palavras jubilosas Gloria tibi, Domine, como aclamando-O a Ele, que pessoalmente se digna falar aos seus amados fiéis. O diácono faz o sinal da cruz sôbre o santo texto e persigna-se e o povo corn êle, porque todos professam o evangelho da cruz por pensamentos, palavras e obras. O diácono incensa o evangeliário, símbolo de Cristo, dando "glória", i.é, homenagem a Deus. No fim, em sinal de assentimento, o celebrante beija o santo texto, dizendo: "Pelas palavras do evangelho sejam perdoados os nossos pecados." Pois as palavras divinas destroem pecados, operando a conversão dos pecadores, esclarecendo a inteligência, fortalecendo a vontade por meio de ameaças e prêmios eternos, convidando para amar a Jesus Cristo pela descrição da sua santa Pessoa e de suas obras, dispondo a alma para a penitência e para a vida perfeita. Por isso, depois do evangelho explicam-se as palavras divinas (can. 1344, 1) "consueta homilia, praesertim intra Missam". Expor as palavras da sagrada escritura foi uso na sinagoga, e, em todos os séculos, costume da Igreja. Antes da homília fazem-se os anúncios relativos à freguesia. Também esta praxe é antiga. S. Agostinho, p.ex., convidou os fiéis para a celebração do aniversário da sagração do bispo diocesano. (Serm. 3.)

VI. Credo

“E porque cremos em Cristo, como a verdade divina, segundo o que está em João: “Se eu digo a verdade, por que não me acreditais?” (Jo VIII, 46), depois da leitura do Evangelho, canta-se o “symbolum fidei” (“símbolo da fé”), pelo qual os fiéis mostram sua adesão pela fé à doutrina de Cristo. O credo é cantado nas festas daqueles que são mencionados nele, como nas festas de Cristo, da Bem-aventurada Virgem, dos Apóstolos, que deram fundamento a esta fé e em festas semelhantes” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q,83, a.4).

O Credo. Profissão da fé pelo Credo nos primeiros séculos só se fazia no batismo. Quando, porém, se levantaram as heresias, mormente no Oriente, introduziu-se como medida de defesa a recitação do símbolo niceno-constantinopolitano na missa (V sec.). O concilio de Nicéia (325) tinha declarado a divindade do Filho, o de Constantinopla, a do Espirito Santo (381). O concílio de Calcedônia (451) prescreveu o Credo, que contém claramente êstes dogmas. Não se cantava, então, nem se canta ainda hoje. No Ocidente fazia parte da Liturgia moçarábica (589). Nos séculos VIII e IX achamo-lo na Gália e na Alemanha. A instâncias do imperador S. Henrique II, em 1014, foi admitido na Liturgia romana. Roma não o aceitara, porque "a Igreja romana nunca tinha sido manchada pela heresia", resposta esta dada aos clérigos do imperador.

O fim do Credo é o assentimento solene às doutrinas,ouvidas no evangelho e na homilia, e a preparação para os mistérios da fé a realizar-se na missa dos fiéis.

Reza-se o Credo naquelas festas "de que se faz alguma menção do símbolo", era a regra antiga; portanto, nos domingos, festas do Senhor, de Maria Santíssima, dos ss.anjos (creatorem caeli), dos apóstolos, dos doutôres que aprofundaram a fé, dos padroeiros da igreja (sanctam ecclesiam, saltem principalium Sanctorum), da dedicação das igrejas (festum Domini), de S. Maria Madalena (apostola apostolorum), de S. José, pai nutrício de Jesus. Não se reza na festa de São João Batista. Durandus (IV, c. 25, n. 13) observa que em algumas igrejas esta festa tinha Credo et non incompetenter, porquanto êle é profeta (locutus est per prophetas), é apóstolo (homo missus a Deo), e o nascimento de Jesus Cristo foi mencionado no nascimento de São João. Nem seria exato dizer-se que ele é um santo do antigo testamento e que por isso não tem Credo. Os motivos para recitar o Credo podem se resumir em três palavras: mysterium, doctrina, celebritas (solemnitas). (Guet, Carpo.)

Enquanto o côro canta passus et sepultus est, o diácono leva o corporal para o altar, pois que o corporal, em que o pousa o ss. corpo de Jesus eucarístico, lembra o lençol em que foi envolvido o sacrossanto Corpo de Nosso Senhor morto.


Credo in unum Deum. Patrem omnipoténtem, factórem caeli et terræ,
visibílium ómnium et invisibílium.
Et in unum Dóminum Jesum Christum, Fílium Dei unigénitum.
Et ex Patre natum ante ómnia saécula.
Deum de Deo, lumen de lúmine, Deum verum de Deo vero.
Génitum, non factum, consubstantiálem Patri: per quem ómnia facta sunt.
Qui propter nos hómines, et propter nostram salútem descéndit de caelis.

ET INCARNATUS EST DE SPIRITU SANCTO EX MARIA VIRGINE: ET HOMO FACTUS EST.

Crucifíxus étiam pro nobis: sub Póntio Piláto passus, et sepúltus est.
Et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras.
Et ascéndit in caelum: sedet ad déxteram Patris.
Et íterum ventúrus est cum glória judicáre vivos, et mórtuos: cujus regni non erit finis.
Et in Spíritum Sanctum, Dóminum et vivificántem: qui ex Patre, Filióque procédit.
Qui cum Patre, et Fílio simul adorátur, et conglorificátur: qui locútus est per Prophétas.
Et unam sanctam cathólicam et apostólicam Ecclésiam.
Confíteor unum baptísma in remissiónem peccatórum.
Et exspécto resurrectiónem mortuórum.
Et vitam ventúri saéculi. Amen.
CREIO em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra,
de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus,
nascido do Pai, antes de todos os séculos;
Deus nascido de Deus, Luz nascida da Luz, Deus verdadeiro nascido do Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai, e por quem tudo foi criado.
O qual, por amor de nós, os homens, e para nossa salvação, desceu dos céus.

E INCARNOU, POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO, NO SEIO DE MARIA VIRGEM, E FEZ-SE HOMEM.

Também por amor de nós, foi crucificado, sob Pôncio Pilatos, padeceu a morte e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras.
Subiu aos Céus, e está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir, cercado de glória, julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai e do Filho;
o qual é, com o Pai e o Filho, igualmente adorado e glorificado;
e falou pela boca dos profetas.

Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
Reconheço um só batismo para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos e a vida do século futuro. Ámen.

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 34

34) Que é o Credo ou símbolo dos apóstolos?
O credo ou símbolo dos apóstolos é uma profissão dos mistérios principais e das outras verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja.
São muitas as verdades reveladas por Deus. Estão todas contidas na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja.
Jesus Cristo ensinou-as nos três anos de sua vida pública e depois os Apóstolos, espalhando-se por todo o mundo, ensinaram-nas a todos os povos.
Para poderem reter facilmente na memória, conforme uma antiga tradição, compilaram eles o Credo que se chamava "Símbolo dos Apóstolos", e no qual resumiram as principais verdades reveladas e os principais mistérios da nossa fé, isto é, os mais necessários para a salvação.
Nos primeiros tempos da Igreja o neófito emitia a sua profissão de fé antes de receber o Batismo, recitando o Símbolo dos Apóstolos; até hoje é ele a "senha" do cristão. Quem renegou um só artigo do Credo renuncia a sua fé. Os mártires deram a sua vida pela defesa do Credo.
São Pedro de Verona, cujo martírio o quadro representa, percorria as cidades da Itália, pregando contra as heresias dos Valdenses, dos Albigeneses e de outros hereges, pertubadores da ordem social e da Igreja. Mas os renitentes forçaram-no a ir a pé desde Como até Milão, onde um bandido o atravessou a fio de espada. Tombou o Santo recitando o Credo em alta voz. Não podendo terminá-lo, já agonizante, ensopou o dedo no próprio sangue e escreveu no chão: "eu Creio!"...
Magnífica profissão de fé!

27 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 33

33) Quais são as verdades reveladas por Deus?
As verdades reveladas por Deus são principalmente as que estão compendiadas no Credo ou Símbolo dos Apóstolos.

26 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 32

32) Para viver segundo Deus, que devemos fazer?
IIIª Parte: Para viver segundo Deus devemos crer as verdades reveladas por Ele e observar os seus Mandamentos, com o auxílio da sua graça, que se obtém por meio dos Sacramentos e da oração.
Nos primeiros séculos, foi a Igreja perseguida pelos imperadores romanos de maneira atroz. Ser cristão era considerado um delito. As prisões estavam repletas de confessores da fé e as arenas regurgitavam de mátires. E onde iam os primeiros cristãos buscar aquela impávida fortaleza que os levava a professarem sua fé, mesmo à custa do próprio sangue?
Os pagãos não sabiam explicá-lo; nós porém, o sabemos: Era a graça de Deus que lhes dava essa suprema fortaleza para enfrentarem serenamente a morte! Adquiriam-na pela oração, pelos Sacramentos e especialmente pela Comunhão. Quantas vezes, durante a noite, nos subterrâneos das catacumbas, que eram muitas nos subúrbios de Roma, os cristãos reuniam-se para a celebração dos divinos mistérios, durante os quais nutriam-se com o pão dos fortes e ouviam as fervorosas exortações de seus Pastores. Ao amanhecer, saíam transfigurados pela graça, prontos para suportarem por amor de Deus tudo o que lhes acontecesse.
É a graça o poderosíssimo auxílio que Deus infunde na alma de quem reza, confortando-o na prática dos Mandamentos e na observância dos deveres quotidianos. Dá-lhe forças, não só para repelir as tentações do demônio, mas também para vencer as suas própias más inclinações, garantindo-lhe assim a posse do Céu. São os Sacramentos os canais que infundem a graça na alma dos fiéis, fazendo-os viver conforme a Lei de Deus.
A oração é um segredo de vida espiritual, é uma promessa de vitória. "Tudo posso n'Aquêle que me conforta" - afirma São Paulo - e acrescenta: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Filipense, 4,13; Romanos-8,31).

25 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 32

32) Para viver segundo Deus, que devemos fazer?
IIª Parte: Para viver segundo Deus devemos crer as verdades reveladas por Ele e observar os seus Mandamentos.
Deus, ao criar o homem, deixou-lhe impressa no coração a lei divina. Mas depois do pecado de Adão, tornou-se tão mau, que não ouviu mais a voz da Lei de Deus.
Então Deus falou a Moisés, o condutor do povo de Israel, enquanto rezava no cimo do monte Sinai. No firmamento chispavam raios e ribombavam trovões e foi assim que Deus deu a Moisés a sua Lei, escrita em duas tábuas de pedra.
Olha Moisés mostrando as tábuas da Lei ao povo de Israel.
A Lei de Deus está resumida nos Dez Mandamentos.
Os três primeiros referem-se aos nossos deveres para com Deus: amá-Lo, adorá-Lo, respeitar seu Santo Nome, santificar os domingos e os dias Santos de Guarda.
Os outros sete Mandamentos referem-se aos deveres para conosco mesmos e para com nosso próximo: honrar pai e mãe, fazer bem a todos e nenhum mal a ninguém, ser puros de alma e de corpo, respeitar os bens alheios, não mentir e fugir dos pensamentos e desejos maus.
Quando Jesus veio ao mundo confirmou e aperfeiçoou os Mandamentos e ensinou aos homens a observá-los por espírito de amor e não por temor, como faziam os Hebreus.
Peçamos com o Profeta: "Instrue-me no caminho das tuas ordens; e meditarei nas tuas maravilhas" (Salmo-118,27).

24 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 32

32) Para viver segundo Deus que devemos fazer?
Iª Parte: Para viver segundo Deus devemos crer as verdades reveladas por Ele.
Quando vais pela primeira vez à casa de um amigo e não conheces o caminho, perguntas a alguém, não é mesmo?
Pois bem, todos os homens devem ir para o Céu, para se encontrarem com Deus. No entanto, depois do primeiro pecado, desviaram-se do caminho. Jesus então veio ensinar-lho.
Deixou-nos Ele os mais maravilhosos exemplos durante os trinta anos passados em Nazaré. Depois, pelo espaço de três anos, percorreu as cidades e as aldeias da Palestina, ensinando sua doutrina nas montanhas, nas casas de residência, nas fazendas, nos sítios, na barca de São Pedro (pois este era pescador antes de ser Apóstolo).
Para chegarmos ao Céu precisamos andar por três caminhos: no primeiro encontramos as verdades que Deus nos revelou e que devemos crer; no segundo encontramos os mandamentos que o Senhor nos deu e que devemos observar; no terceiro encontramos os santos Sacramentos e a oração.
Primeiramente devemos crer tudo o que Jesus - verdade infalível - nos revelou e que por meio da Santa Igreja Católica Apostólica Romana nos propõe a crer, isto é, todas as maravilhosas verdades contidas no catecismo.
São três os guias do caminho da fé: a Sagrada Escritura divinamente inspirada, a Sagrada Tradição e o ensinamento infalível da Igreja. Ouçamos o que diz a poetisa patrícia, Maroquinha Jacobina Rabelo em uma de suas "Parábolas":
Assim, quem ouve só a palavra divina
E não fixa e não cumpre esta santa doutrina
Da eterna salvação, por certo se arreceia,
Porque é qual homem néscio: edificou na areia.
Mas quem esta palavra escuta com atenção
E a cumpre, é semelhante ao prudente varão:
Cumprida a lei de Deus, no peito a graça medra,
Não teme os vendavais, edificou na pedra.

23 de outubro de 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas ..." (Mateus, 19, 14) - Parte 31

31) Que fêz Jesus Cristo para nos Salvar?
Jesus Cristo para nos salvar satisfez por nossos pecados, sofrendo e sacrificando-se sobre a cruz, e ensinou-nos a viver segundo Deus.
Olhai, crianças, como Jesus está ensangüentado e exausto! Vêde quanto Ele sofreu para nos salvar. Quis expiar nossos pecados, cancelando nossas culpas com seu sangue e oferecendo a seu Eterno Pai uma reparação condigna.
Jesus era Deus e homem. Como homem sofreu e morreu na cruz, pois, como Deus, não podia sofrer nem morrer. Como Deus, enriqueceu seus sofrimentos de valor infinito, satisfazendo a justiça do Pai e reconquistando-nos o paraíso.
Além disso, ensinou-nos, com o exemplo e com a palavra confirmada por seus milagres, a vivermos, não conforme nossas más inclinações ou segundo as máximas do mundo, mas segundo as de Deus. Em outras palavras: ensinou-nos as verdades divinas que devemos praticar e crer para Lhe agradar e merecer-mos o paraíso depois desta vida.
"Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça - disse Jesus - e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo" (Mateus 6,33). "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve" (Mateus 11,29).

22 de outubro de 2009

Acta Martyrum Japonensium - Parte 2 de 2





VENERÁVEIS MÁRTIRES DOJAPÃO,


PROTEJEI-NOS, DEFENDEI-NOS, SALVAI-NOS

A HISTÓRIA DO MARTÍRIO CRISTÃO NO JAPÃO 


1597~1873
ALMAS PURAS
MARTYRES JAPONENSES
Pe. Antonio Sermenio
Desenhos: Subaru Yokomichi


Traduzido para o português por Marcos Morita







CENTÉSIMO ANIVERSÁRIO DOS 26 MÁRTIRES DO JAPÃO – 1962





Simeão Suetaki era um moço de 16 anos. A sua família havia sido morta e ele suportou inúmeras torturas, inclusive o terrível banho com a água fervente de Unzen.


Os guardas, atônitos por sua coragem e força de Fé, perguntaram-lhe, “Mas, por que? O que estudaste?” Ele respondeu com estas palavras enigmáticas: “Estudei unicamente a ciência da morte”...


O magistrado de Nagasaki, Sahyoue Hasegawa, ordenou a prisão dos Cristãos. Como era grande a multidão dos fiéis, muitos temendo a falta de cordas para serem amarrados, levaram-nas consigo.


A regra da Associação S. José para os meninos com menos de 15 anos era: Não abandonaremos a Fé mesmo que nos arranquem as unhas, os dentes nem que sejamos submetidos às torturas da água e do fogo.



“Posso cortar esses dedos?” perguntou um algoz ao Paulo Saemon Uchibori. “Como queira”, ele respondeu. O guarda decepou três dedos do meio do seu segundo filho, Antonio e fez o mesmo com o primogênito, Baltazar. Depois, ao olhar para o terceiro filho Ignacio, de 5 anos, este, sem se perturbar, ofereceu a mão direita e observou o decepamento com interesse. Os irmãos mais velhos o elogiaram admirados.




Depois, com outros condenados, foram levados num barco para o alto-mar onde foram lançados e içados várias vezes. Primeiro, morreu afogado Antonio, depois, Baltazar. Ignácio resistiu um longo tempo e foi abandonado no mar com outros Cristãos.



Os 13 sobreviventes foram levados à terra, despidos e, tendo decepados todos os dedos das mãos, obrigados a carregar as ‘placas de declaração da condenação’ e percorrer várias localidades para servirem de exemplo. “Não deveis cuidar destes infiéis. Aqueles que os abrigarem serão condenados à morte”, diziam as placas. Porém, muitos Cristãos, arriscavam-se a cuidar de seus irmãos da Fé.




Muitos acabaram morrendo. Os sobreviventes foram levados a Unzen onde foram atormentados nos ‘infernos’ das lavas de vulcões e o último a ser lançado ali foi Saemon Uchibori. Ao perceber a aproximação do fim e ao voltar à superfície, as suas últimas palavras foram: “Louvado seja o Santíssim Sacramento”.


Quem lutou corajosamente pela Fé não foram apenas os fiéis. Houve antes o exemplo dos Missionários: Agostinianos, Dominicanos, Franciscanos e Jesuítas entregaram suas vidas pela glória da difusão da Fé e salvação das almas.


Quando estava prestes a ser sacrificado, o Pe. Fernando de S. José beijou reverentemente a espada do algoz com o qual seria decapitado e Pe. Alfonso Navarte tirou uma cruz que ganhara de um Cardeal e, segurando uma vela acesa, entregou a sua vida. Seus corpos foram jogados ao mar juntamente com os padres Machado e Pedro de Assunção.


No Grande Martírio de Shinagawa (Edo – atual Tóquio) em 4 de outubro de 1623, havia 18 crianças. Elas brincavam e sorriam inocentemente com suas bonecas e flores enquanto aguardavam nas filas a sua vez de serem decapitadas, cortadas ao meio ou terem os seus membros decepados ou arrancados diante das mães.



O mais famoso dentre os Mártires era Mondo Hara. Era nobre, parente de Ieyasu, mas foi banido e perdeu todos os bens por causa da Fé. Teve amputados os dedos das mãos e pés e vivia como mendigo. Foi amarrado ao cavalo para não cair e levado aos quatro cantos da cidade e finalmente foi queimado vivo com os padres Jeronimo de Angelis e Galvez.




Os outros 50 companheiros foram torturados e mortos pela espada e fogo.


Os restos dos Mártires foram deixados durante 3 dias, mas, então, os Cristãos da região começaram a disputar os restos para levar para casa a fim de venerá-los. Ieyasu, ao saber disso, irou-se e ordenou que eles fossem presos. Mais de 300 desses Cristãos foram executados no ano seguinte.




Monica, esposa de João Naizen, foi ameaçada de que se negasse a abandonar a Fé Cristã seria despida e submetida às torturas. Ela respondeu corajosamente: “Pela Fé eu mesma arrancaria toda a minha pele”.Enquanto observava as duas filhas de 7 e 2 anos serem submetidas à tortura d’água, rezava o Rosário com outras senhoras e, por fim, foi decapitada. Os restos das mulheres foram lançadas aos pés das fogueiras de seus maridos e assim todos se tornaram vítimas por Cristo em 20 de julho de 1626.


Em 7 de outubro de 1619, próximo à imagem de Buda de Kamogawa, Kyoto, surgiram as figuras de 52 Cristãos amarrados às colunas, dois a dois. Algumas mães carregavam seus filhos. Uma delas, Tecla, esposa de João Hashimoto, segurava Lúcia, de 3 anos e estava amarrada com Pedro, de 6 anos e Francisco, de 8 . Não muito longe dali se encontravam o segundo filho, Tomás, de 12 anos e a filha mais velha, Catarina, de 13 anos. Esta, não conseguindo ver sua mãe por causa das fumaças, gritou, “Mamãe, onde você está?” A mãe respondeu, “Filhinha, invoca os santos nomes de Jesus e Maria!” Como Sta. Felicidade outrora, Tecla se tornou mãe de seis mártires. O filho mais velho, Miguel, não obteve a glória do martírio, mas foi substituído pela criança que se encontrava no seu ventre.



Masamune Date, depois de observar os terríveis martírios dos Cristãos, começou também a persegui-los no seu domínio em Sendai. Um dos escolhidos foi João Anzai, de 17 anos e sua esposa Ana que deram abrigo ao Pe. Carvallo. Após tortura d’água foram despidos e colocados em cavalos para circular pela cidade. Os trauseuntes jogavam-lhes água suja e maldições. Foram mortos por afogamento.



Houve também o martírio de Pe. Carvallo e outros Cristãos. Em 25 de fevereiro de 1624 foram despidos e mergulhados numa lagoa próxima ao rio, onde eram obrigados a se sentar e se levantar em meio às ofensas dos espectadores. Dois deles estavam desmaiados quando foram retirados. Foram lançados novamente na água gelada e pereceram. Quem mais resistiu foi Pe. Carvallo.



O ‘inferno’ de Unzen testemunhou inúmeras vitórias dos Mártires. Eram famosos o Pe Antonio Ishida e seus 7 companheiros. Havia, no grupo, duas mulheres. Eram obrigados a se ‘banharem’ 6 vezes com água fervente todos os dias até as feridas atingirem os ossos. Foram finalmente queimados vivos resistindo heroicamente e se tornando vítimas de Cristo. Entregaram as suas vidas cantando hinos de louvor.


Os parentes do Pe. Tomás Tsuji, lastimando o seu estado (por causa da Fé) tentaram convencê-lo a se apostatar. Porém o padre se manteve inabalável por 13 meses e foi queimado vivo junto com dois companheiros. Aconteceu, então, um fato inusitado: durante a execução saiu repentinamente do seu peito (que ainda não havia sido tocado pelo fogo) uma luz extraordinária que permaneceu por algum tempo que deixou estupefatos todos os presentes.



Eram admiráveis a paciência e a força dos Mártires para suportar os sofrimento, mas a teimosia e intolerância dos perseguidores não ficavam atrás. De fato, fizeram de tudo para extinguir a Fé.


A tortura d’água era terrível. Obrigavam os Cristãos a beber água até não poderem mais. Então, os guardas subiam e dançavam sobre eles. As águas, sangue e até órgãos saíam pela boca, nariz, ouvidos e outros orifícios. Pe. Tomás de S. Domingos e seus companheiros foram submetidos a esta tortura. Pe. Francisco Marques, cuja mãe era japonesa, foi submetido 105 vezes a ela e, por fim, foi decapitado. Não é à toa que muita gente tenha abandonado a Fé por causa desta e de outras torturas.



Porém, não há pior tortura que o que agora descrevemos. O condenado era dependurado de cabeçapara baixo numa perna e mergulhado numa fossa. Às vezes se colocavam pesos na perna livre ou amarravam um sino no braço a fim de que o Cristão o tocasse para sinalizar a sua apostasia.


Apareceu uma bela virgem de nome Magdalena, filha de Mártires, para encorajar os espíritos fracos. Por causa de sua vida de anjo era admirada como uma santa. Por causa da sua beleza e talento experimentou terríveis tentações, mas resistiu heroicamente e assim foi alvo de mais terríveis e longas torturas. Teve ossos arrancados, as unhas e dedos esmagados, dependurada de cabeça para baixo, mergulhada na água com pedra amarrada nas mãos e submetida ao mergulho da fossa com outros 10 Cristãos.


Os 10 companheiros acabaram morrendo, mas Magdalena resistiu os sofrimentos durante 13 dias. Houve vários acontecimentos extraordinários durante a sua paixão, mas a chuva torrencial acabou rompendo a corda e ela morreu afogada. Os seus restos foram queimados e lançados no mar. A sua coragem, porém, foi gravada profundamente nos corações dos Cristãos e serviu de estímulo para eles não temerem nem as torturas nem a morte.



Em meio a esta terrível era aconteceu a Revolta de Shimabara. A causa não foi religiosa.mas foi provocada pelos abusos de autoridade dos senhores feudais e seus subordinados. No início os Cristãos e os não-Cristãos lutaram juntos e foram endurralados no castelo. Ordenaram, então: os budistas seriam libertados se se entregassem, mas os Cristãos não seriam perdoados. Assim, eles decidiram lutar até o fim. Os heróis mortos pela verdadeira libertação foram 37 mil.



Por causa do fechamento do país e expulsão dos missionaries, os Cristãos acabaram numa situação lastimável. Para promover a sua extinção realizava-se anualmente o rito de “fumi-ê”. Quem se recusasse a pisar uma imagem de Cristo ou Nossa Senhora era condenado a morrer queimado e, assim, o número de Cristãos se reduziu vertiginosamente. Porém, os Cristãos escondidos em Nagasaki, Goto e outras vilas afastadas mantiveram a sua Fé de modo oculto.


Com a abertura do país a Igreja pôde novamente se instalar no país, porém, unicamente para servir aos estrangeiros. Após a consagração da Catedral de Oura em fevereiro de 1865, 15 agricultores visitaram a igreja em 17 de março. Depois de algum tempo uma mulher se aproximou do Pe. Petitjean e sussurrou, “Temos o mesmo coração que o senhor. Onde se encontra a imagem de Santa Maria?” O sacerdote, surpreso, levou-os diante da imagem de Nossa Senhora. “É verdade! Ela segura o Menino Jesus!”, disseram, vertendo lágrimas de alegria. Eram habitantes de Urakami.



Alguns meses depois do descobrimento dos cripto-cristãos em 1868, se iniciou a última perseguição aos Cristãos. 6000 deles foram obrigados a se espalhar pelo país, mas felizmente, por misericórdia do Imperador Meiji, a tempestade foi acalmada e foi concedida a liberdade de religião em 1873. Entre as vítimas daquele período, se destaca uma moça chamada Tsuru Yamanaka. Foi torturada de vários modos em Hagi e por fim enterrada na neve por uma semana e pressionada pelos guardas para se apostatar, mas permaneceu inabalávbel. Mais tarde, se tornou religiosa e deixou uma notável obra de evangelização.


Os Cristãos exilados em Tsuwano da Província de Shimane, foram especialmente mal-tratados. 36 deles acabaram morrendo em consequência das torturas. Domenico Zen-emon e Jinzaburo Moriyama foram lançados no lago gelado várias vezes. Segundo Zen-emon, quando ele estava prestes a morrer, aparecia Nossa Senhora para conceder-lhe força para continuar.



João Batista Yasutaro era possuidor de um grande coração. Foi confinado numa caixa minuscula e abandonado no jardim. Adoeceu por causa do frio e estava para perecer. Fukabori soube do fato e, escondido, foi encontrá-lo à noite. Disse-lhe, “Deves te sentir solitário com a aproximação da morte...” João respondeu, “Não, nenhum pouco”. “Toda noite aparece uma lindíssima moça de 16, 17 anos para confortar-me com sua voz doce. Estou certo de que é Santa Maria, mas rogo-te, não contes a ninguém até eu morrer...” Entrou na eternidade depois de 2 ou 3 dias.



Alguns anos mais tarde, este local da glória da aparição de Nossa Senhora e imolação dos Mártires se tornou o “Passo da Virgem”, Adquirido pela Igreja em 1939 se construiu ali uma linda capela em 1951.



Assim, a Nossa Senhora confortou os nossos antepassados da Fé submetidos à perseguição. Que o sangue derramado pelos Mártires possam, pela graça de Deus produzir grandes frutos e assim, possa o Japão prosperar por essa virtuosidade e iluminado pela luz de Deus leve ao mundo a Paz Eterna e a Verdadeira Felicidade pela Fé e pelo Amor...

Nossa Senhora do Japão, rogai por nós



Quando se obtém a sabedoria dos Mártires, o temor do mundo desaparece e a morte adquire um significado totalmente novo.