30 de abril de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 351 a 352

DEUS DEFENDE A INOCÊNCIA

1. Uma virtuosa e honesta menina, vendo-se perseguida por um rapaz desonesto, fez tudo que pode para afastá-lo: empregou rogos, usou de admoestações e ameaças, mas tudo em vão.
O descarado rapaz, tendo notado certo dia que a donzela ficara sozinha em casa, teve a ousadia de abrir a porta, subir as escadas e apresentar-se diante do quarto dela. Vendo a alguns passos de si o seu perseguidor, a jovem empalideceu e tremeu como a vista de uma perigosa serpente; e, não sabendo como defender-se, ergueu os olhos suplicantes ao céu e, tomando o Crucifixo que estava pendurado à parede de seu quarto, colocou-o no chão, ajoelhou-se diante da imagem e, dirigindo-se ao tentador, disse:
— Vem, celerado! Vem mas antes terás que calcar aos pés este santo Cristo.
O rapaz, diante daquela cena e ao ouvir aquelas palavras, corrido de vergonha, ajoelhou-se e, com lágrimas nos olhos, pediu perdão a donzela com a promessa de nunca mais a tentar.
Eis como Jesus, o amigo das almas castas, defendeu a pureza daquela menina, a qual por sua vez nos ensina como devemos recorrer a Deus para que nos livre de tais citadas do demônio.

2. Santa Inês, por ser cristã e consagrada a Deus, foi ameaçada de desonra pelo prefeito de Roma. Ela, porém, respondeu-lhe que não tinha medo, pois a seu lado estaria um Anjo (isto é, um dos inúmeros ministros de seu Esposo Jesus) pronto para defendê-la de qualquer violência. O prefeito mandou conduzi-la a um lugar de perdição, com o propósito de fazê-la cair no pecado. Deus, porém, não o permitiu, porquanto um Anjo, provavelmente o seu Anjo da Guarda, a defendeu contra os mal- feitores.

29 de abril de 2017

A Pedagogia de Dom Bosco - Padre Daniel - IBP Brasília

Prezados Leitores, Salve Maria!

Com o princípio de divulgar tudo o que é verdadeiramente católico, estamos disponibilizando conferência dada na Jornada de Formação para Casais da Capela Nossa Senhora das Dores, em Brasília, no dia 21.01.2017, pelo Padre Daniel Pinheiro, IBP.
A conferência aborda a pedagogia de Dom Bosco com exemplos tirados da vida do próprio santo, com os elementos que formaram essa pedagogia e com as explicações do santo de Turim.
Essa conferência será complementada por um outro vídeo, com a leitura de alguns trechos relativos à pedagogia de Dom Bosco.
Assistam e divulguem!
Um grande abraço em Cristo Nosso Senhor
Administração do Blog São Pio V




28 de abril de 2017

Matrimônio: Princípios e Questões Práticas - Padre Daniel - IBP Brasília

Prezados Leitores, Salve Maria!

Com o princípio de divulgar tudo o que é verdadeiramente católico, estamos disponibilizando conferência dada na Jornada de Formação para Casais da Capela Nossa Senhora das Dores, em Brasília, no dia 21.01.2017, pelo Padre Daniel Pinheiro, IBP.
A conferência é dada em tom informal, abordando os princípios do matrimônio e questões práticas relativas, sobretudo, às crises conjugais.
Na Conferência se faz alguma referência ao livro Crises Conjugais, de Dom Rafael Llano Cifuentes. O autor aborda questões práticas bem relevantes e de modo bastante proveitoso, sobretudo na segunda parte do livro, embora tenha, por vezes, uma abordagem um pouco moderna.
Assistam e divulguem!
Um grande abraço em Cristo Nosso Senhor
Administração do Blog São Pio V


27 de abril de 2017

Semana Santa - Fotos

Missas Tridentinas - Semana Santa

Abril 2017

Prezados Leitores, Salve Maria Santíssima!

Temos muito para agradecer em 2017, pois  fomos agraciados por mais uma Semana Santa no Rito Tridentino na Capela Nossa Senhora Aparecida na Associação da Vila Militar.

O Padre Renato Coelho do IBP - São Paulo atendeu aos fiéis de Curitiba, ligados ao Rito Tridentino, oferecendo a Benção, Procissão e Missa de Ramos; Missa com Lava pés, desnudamento do altar e adoração do santíssimo no sepulcro; Via Sacra e Solene Ação Litúrgica com o canto da Paixão segundo São João, as orações solenes, a adoração da cruz e a comunhão; Benção do fogo novo, canto do Exsultet, Benção da Água Batismal, Canto das Laudes e Missa da Vigília Pascal e Missa de Páscoa. Tivemos também a Primeira Eucaristia da Primeira Turma de Catequese dentro do apostolado do IBP em Curitiba. Estamos disponibilizando a seguir imagens da Semana Santa na Capela.
09/04     Domingo de Ramos




26 de abril de 2017

Visita do Superior-Geral do IBP, Padre Philippe Laguérie - Fotos

Recebemos no dia 16/03/2017 visita do Padre Philippe Laguérie, Superior Geral do Instituto do Bom Pastor, com sede na França, para acompanhar o desenvolvimento do apostolado realizado pelo Padre Renato Coelho na Capela Nossa Senhora Aparecida, localizada na Associação da Vila Militar.
O Presidente da Associação Civil São Pio V, Coronel Jorge Luiz Mattke, Padre Laguérie e Padre Renato, estiveram em reunião com o Coronel José Paulo Betes, Coronel Altair Mariot, Tenente Coronel Carlos Mascarenhas Machado e a Presidente da Cruzada Social Cosme e Damião, Maria Cristina Albiero Betes na sede da Associação da Vila Militar. Na reunião foi enaltecida a parceria com a AVM e o desejo de aumentar o número de atividades desenvolvidas na Capela até o final de 2017. Disponibilizamos a seguir, link da matéria publicada no site da AVM: http://avmpmpr.com.br/site/padre-frances-philippe-laguerie/

Apresentamos a seguir algumas imagens da visita do Padre Laguérie em Curitiba:
Reunião Associação da Vila Militar


 Missa rezada pelo Padre Laguérie

 Palestra proferida pelo Padre Laguérie




25 de abril de 2017

Congresso Montfort - A Igreja contra as Heresias - Agradecimentos e Fotos!

Prezados Leitores, Salve Maria!

O Instituto do Bom Pastor - IBP já completou dois anos de apostolado em Curitiba na Capela Nossa Senhora Aparecida/Associação da Vila Militar. Apostolado autorizado formalmente pelo Arcebispo de Curitiba Dom José Antônio Peruzzo.
Os sacerdotes ordenados pelo IBP trabalham incessantemente para propagar a Doutrina de Sempre da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, principalmente aos fiéis ligados a Missa Tridentina. Somos sabedores do estado atual em que se encontram os fiéis na prática dos Mandamentos e dos Ensinamentos de Cristo e de sua Santa Igreja. Atualmente somos contaminados pelas heresias, secularismo, falsos gurus e filósofos, assim como pseudos pastores, os quais divulgam e propagam suas fantasias pelos meios sociais e inclusive dentro de nossas próprias paróquias e seminários.
Como toda doença precisa um  remédio, o Padre Renato em seu apostolado em Curitiba, propôs a vinda do Congresso Montfort, realizado pela Associação de mesmo nome (fundada pelo saudoso Professor Orlando Fedeli), cumprindo um dos seus objetivos, levar a boa doutrina católica para todos os lugares do Brasil, mesmo que os inimigos da Igreja esbravejem contra tão importante apostolado.
O Blog São Pio V sempre estará apoiando e divulgando aquilo que visa agradar ao nosso Deus, auxiliar os fiéis que humildemente aceitam a sua ignorância e são dóceis a Graça de Deus, deixando-se "contaminar" pela Verdade de Cristo, transmitida por sua Igreja nos últimos 2.000 anos.
Agradecemos ao Padre Renato, Bruno Oliveira, Alberto Zucchi e André Roncolato pelo Congresso, o qual foi um sucesso, mesmo ocorrendo em um sábado de carnaval.
Sendo a vontade de Deus, esperamos trazer o Congresso Montfort nos próximos anos, abordando novos temas.
Novamente agradecemos a administração da Associação da Vila Militar, a qual ofereceu graciosamente o seu auditório para realização do congresso.
Agradecemos também a Srta. Barbara, proprietária da Banofee, a qual ofereceu graciosamente doces e salgados para nosso agradável  e divertido coffee break.
Agradecemos a todos que auxiliaram no planejamento, organização e realização do congresso,

Fotos do Evento:
Momento de oração colocando o evento nas mãos de nossa Querida Mãe
 Grande quantidade de pessoas participaram do Congresso.
 Padre Renato apresentando palestra com o tema "Modernismo"
 Imagens do nosso animado e gostoso coffee break
 
 Bruno Oliveira apresentado palestra com o tema "Erros na Filosofia Moderna"
 Alberto Zucchi apresentado palestra com o tema "Condenações do Liberalismo"
  André Roncolato apresentado palestra com o tema "Gnose na Ciência"
 Após a realização do Congresso foi rezada missa na Capela da Polícia Militar
 



24 de abril de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 350

CONTAVA O SANTO CURA D’ARS

Que dois soldados entraram numa igreja, quando um missionário pregava sobre o inferno. Ao saírem, um perguntou:
— Você crê tudo que o padre disse no sermão?
— Que esperança! Isso é uma arte muito velha de assustar a gente e arrecadar dinheiro.
— Pois eu creio no que ele disse — respondeu o primeiro — e como prova vou deixar a carreira militar e entrar para um convento.
— Pois vá para onde quiser. Eu continuarei como até agora.
Este soldado, dentro de pouco tempo, adoeceu gravemente e morreu. O companheiro, ao ter noticia da morte de seu amigo, pediu a Deus lhe fizesse conhecer a sorte que coubera ao outro na eternidade. Um dia apareceu-lhe o falecido e disse-lhe:
— Estou no inferno, condenado para sempre. Os pregadores não se enganam senão quanto as penas que se sofrem no inferno; eles não referem nem a mínima parte das mesmas”.

23 de abril de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 349

QUERIA JOGAR NA LOTERIA

Uma religiosa de Orvieto (Itália) pediu ao Beato Crispim de Viterbo, irmão leigo capuchinho, que lhe indicasse três números para ganhar na loteria.
— Vou indicar-lhe quatro, que são infalíveis — disse Frei Crispim. — Escreva-os, para não esquecê-los: Morte, Juízo, Inferno e Paraíso. Combine esses números e ganhará a sorte grande.
Dito isso, retirou-se. Para a religiosa, aquelas palavras foram como flechas que penetraram em seu coraçâo. Desde aquele dia, retirada à sua cela, viveu no recolhimento e na meditação. Frei Crispim, depois de algumas semanas, voltou ao convento, mandou chamar a religiosa e anunciou-lhe que logo ganharia a sorte grande, pois morreria daí a pouco tempo, e seria muito feliz, porque a sorte que a esperava era o Paraíso.
A religiosa comunicou a noticia a uma irmã sua, que, ao vê-la gozando de ótima saúde, não lhe deu crédito. Mas a profecia realizou-se pouco depois, morrendo a religiosa santamente.

22 de abril de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 348

É PRECISO TOMAR O PARTIDO MAIS SEGURO

Um velho capitão, enfermo e desenganado, era assistido por uma religiosa, que se empenhava em salvar a alma do obstinado militar. Ao servir-lhe um copo d’água disse com franqueza:
— Beba até fartar-se, capitão, porque, se vai para o inferno, lá não receberá uma gota d’água durante toda a eternidade.
— Irmã, já lhe disse mil vezes que não há inferno.
— Sim, já ouvi isso muitas vezes; mas negar o inferno não é destruí-lo.
— E se existe, Deus, que é tão bom, não pode atirar o homem ao inferno — respondeu o enfermo.
— Deus castiga só porque é justo — replicou a religiosa — e não pode tratar do mesmo modo aos bons e aos maus, aos fiéis e aos infiéis. Aliás, o sr. verá dentro em breve se o inferno existe ou não.
A religiosa calou-se. Estava rezando. O enfermo, depois de séria reflexão, chamou a Irmã e disse-lhe que queria um sacerdote.
— Bem, vou chamá-lo...
— Sim, chame-o, Irmã, porque é preciso seguir o partido mais seguro... Não é prudente ir ver se existe o inferno, porque, caindo lá, não se sai mais!

21 de abril de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 347

ARREPENDER-ME... POR QUÊ?

Terrivelmente trágica é a história de um velho mendigo de Lião, encontrado na maior miséria física e moral. A algumas senhoras, que o visitaram e se prontificaram a chamar um padre, respondeu:
— Um padre para mim? Não, nunca! Meu pai, um bom cristão, faleceu quando eu tinha quatro e minha irmã cinco anos; minha mãe não tinha fé e toda hora vociferava contra a religião e as patranhas dos padres. Nós lhe demos crédito, crescemos egoístas e libertinos, gozando a vida conforme os exemplos de nossa mãe, que nos repreendia, mas nós não fazíamos caso e a tratávamos de louca. Um dia ela adoeceu seriamente. Chamamos o médico e uma enfermeira, porque nós não podíamos renunciar a vida folgazona e ficar aos pés da velha. Uma noite, ao voltarmos de um café-dançante, perguntamos-lhe: Como vai, mãe?
Muito mal. Choro os meus pecados, porque não vos eduquei como devia. Que hei de responder a Deus? Por caridade, chamai-me um padre!
— Isso, nunca! Não dizias que isso de religião e de padres são patranhas?... Aqui não entrará padre!
— Mas estou arrependida; retrato tudo quanto vos disse. Um Padre, por caridade, que eu morro.
— Dorme e deixa-me em paz! — disse-lhe eu.
— E tu, Laura, queres deixar-me morrer como um cão? um padre, por favor!
E, vendo que minha irmã se sentia comovida, chamei-a:
— Vamo-nos embora; a mãe está delirando.
E, assobiando, saí para a rua com minha irmã. Apenas tínhamos transposto a porta, ouvimos um grito rouco e depois silêncio. Quando chegou a enfermeira, encontrou-a morta. Minha irmã casou-se, mais tarde, com um maçon e foi tão infeliz que se suicidou. Eu, depois de esbanjar toda a herança paterna, fiquei reduzido a este estado miserável. Assim foi a minha vida.
As senhoras, horrorizadas com toda aquela tragédia, queriam chamar-lhe um padre para ele reconciliar-se com Deus e reparar o passado. Ele, porém, respondeu:
— Não, é inútil insistir; jurei ódio ao padre.
— Mas, ao menos, arrependa-se...
— Arrepender-me, por quê? segui os ensinamentos de minha mãe.
— Mas ela arrependeu-se, retratou-se.
— Não, não me arrependo e não quero saber de padre.
Chegara o seu último instante. E morreu como um pagão.
Coisa horrível cair assim nas mãos do eterno Juiz!

20 de abril de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 346

ESTRANGULOU A PRÓPRIA MÃE

O pároco de Esclés, França, dizia a uma sua paroquiana:
— Olhe, é preciso mandar o filho ao Catecismo, do contrário não poderei admitir à primeira Comunhão, para a qual as crianças estão se preparando.
A orgulhosa e altiva senhora replicou:
— Oh! não será isso que impedirá meu filho de crescer são e robusto!
E assim foi. Aquele rapaz cresceu são e forte, mas, dez anos depois, era condenado a morte. Por quê? Porque, não conseguindo extorquir mais dinheiro da mãe, matou-a por estrangulamento.

19 de abril de 2017

Sermão para o 1º Domingo da Paixão – Pe. Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Diante da Paixão, não endureçamos os nossos corações



Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Chegamos, caros católicos, ao 1º Domingo da Paixão e nos aproximamos do coração do ano litúrgico. A Paixão de Nosso Senhor é o Mistério em torno do qual todo o ano litúrgico está disposto. E não só o ano litúrgico, mas toda a história da humanidade está disposta em torno do Mistério da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus quis, de toda a eternidade, que Seu Filho tomasse um corpo como o nosso e uma alma como a nossa, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado, para que derramasse o seu sangue para a redenção dos nossos pecados. Grande mistério. Deus que se faz homem e sofre para nos salvar, nós que somos pobres pecadores.
Na liturgia, nessa semana da Paixão, os Evangelhos, praticamente todos tirados de São João, mostram o combate cada vez mais intenso entre a luz e as trevas, entre a verdade e o erro, entre a graça e o pecado, entre a misericórdia de Deus e a obstinação no mal. O ódio dos inimigos de Cristo, principalmente dos chefes dos judeus, muitos dos quais fariseus, escribas e sacerdotes, vai crescendo. O motivo da condenação de Nosso Senhor não é nem de longe primeiramente por medo de perder um cargo, por uma questão material ou qualquer outra coisa inferior. É uma questão de embate entre a luz e as trevas. Entre Deus que quer nos salvar e o demônio que quer a nossa perdição. Os inimigos de Cristo se opõem a Ele porque Ele afirmou com toda a verdade e clareza que era homem e Deus, e provou com suas obras. É um combate contra o demônio, contra o pecado, contra a morte. Combate do qual Cristo, evidentemente, sai vitorioso. Vitorioso e querendo nos fazer participantes dessa vitória. Nós devemos nos aplicar os méritos da Paixão de Cristo para participar da vitória de Cristo contra satanás, contra o pecado, contra a morte. Pela graça que Ele nos alcançou e mereceu com sua Paixão e morte, devemos renunciar a nós mesmos, tomar a nossa cruz e segui-lo. Não há outro caminho.
Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro. Veio ao mundo para nos salvar. Deus amou tanto o mundo que enviou seu próprio filho, diz São João (3, 16). E Cristo nos amou e se entregou por nós, como diz São Paulo (Ef. 5, 1). A Paixão de Cristo não foi um ato de crueldade da parte de Deus Pai. Foi um ato de amor da Santíssima Trindade. Bem sabemos que bastava um só ato de Cristo para que ele reparasse por todos os pecados de todos os homens de todos os tempos. Sendo Cristo homem e Deus, suas ações são feitas com caridade infinita, com um valor infinito. O mais simples pensamento de Cristo teria bastado para satisfazer pelos nossos pecados. Para que, então, todo o sofrimento de Cristo? O motivo principal é o amor de Deus por nós. Ao sofrer tanto por nós, Deus mostra todo o seu amor por nós. Ao mostrar um amor tão grande por nós, deseja uma só coisa: que o amemos em troca. Jesus Cristo sofre para mostrar seu amor por nós e para que O amemos, pois somente amando-O é que podemos nos salvar. Nosso Senhor sofre para que O amemos e, assim, nos salvemos. Para que O amemos guardando as suas palavras, observando os seus mandamentos. É essa a razão principal do sofrimento de Nosso Senhor.
Claro, ao mesmo tempo Jesus nos mostra, de modo claro na sua Paixão, as consequências gravíssimas de nossos pecados. Com frequência e com muita razão falamos que o pecado é uma ofensa a Deus, que o pecado mortal é uma ofensa infinita a Deus. Mas rapidamente temos tendência a esquecer disso, pois não vemos, muitas vezes, as consequências concretas de nossos pecados. Olhando Cristo em sua Paixão e morte, podemos ver claramente as consequências dos nossos pecados. São nossos pecados que O fizeram sofrer e sofrer tanto, mais do que todos os homens juntos poderiam sofrer. Nossos pecados são uma ofensa a Deus.
Cristo quis sofrer também para dar o exemplo de todas as virtudes na sua Paixão. A Paixão é um livro perfeitíssimo de doutrina católica e de vida espiritual. São Boaventura dizia que o crucifixo era a sua biblioteca. São Francisco de Sales dizia que o crucifixo é o verdadeiro livro do cristão. Devemos pensar na Paixão e aprender com ela, de modo particular nesse tempo litúrgico que hoje começa.
Em particular, Nosso Senhor quis nos dar o exemplo de como sofrer. Ele era inocente, sem pecado algum e sofreu. Sofreu tanto. Nós, com tantos pecados, reclamamos ao sofrer, murmuramos, nos queixamos. Chegamos, algumas vezes, até a considerar o sofrimento injusto, dizendo: o que eu fiz para merecer tal coisa? Ora, o menor dos pecados mereceria, com toda justiça, uma punição sem fim. Mas Deus é clemente, nos dá sofrimentos bem menores do que merecemos, e se nos dá as cruzes é para que nos santifiquemos carregando-as por amor a Ele. Claro, não se trata do sofrimento pelo sofrimento, mas do sofrimento por amor a Deus. E podemos, diante de algo que nos aflige, procurar uma solução, como já dissemos inúmeras vezes, mas sempre levados pelo amor a Deus e submetidos à vontade dEle.
Quanto amor, quanta misericórdia, quanta sabedoria na Paixão, quanta justiça. Quanto amor, quanta misericórdia, quanta sabedoria, quanta justiça? Amor infinito. Misericórdia infinita. Sabedoria infinita. Justiça infinita.
Como nos diz o Prefácio da Santa Cruz, recitado nesse Tempo da Paixão, Deus colocou a salvação do mundo no madeiro da cruz para que, de onde nasceu a morte, nascesse também a vida, e para que aquele que tinha vencido pela árvore fosse vencido também em uma árvore. Pelo madeiro da árvore da ciência do bem e do mal entrou no mundo o pecado e a morte, com o pecado original de Adão. O demônio, nessa árvore, teve certa vitória. Mas foi vencido na árvore da Cruz. Deus tem realmente sabedoria infinita e também uma fina ironia, humilhando o demônio. No Vexilla regis, hino de Vésperas do tempo da Paixão e que será cantado no ofertório da Missa de hoje, a Igreja clama: se manifestem os estandartes do Rei, que brilhe o mistério da Cruz. Em outro hino (Laudes) diz: Canta, língua, o triunfo da luta gloriosa e como o Redentor do mundo, imolado, conseguiu vencer. A cruz é verdadeiramente gloriosa. A cruz de Cristo e a nossa cruz, que é uma participação na cruz de Cristo. Como São Paulo, que nós nos gloriemos na Cruz de Cristo. E que tenhamos diante de nós Cristo, e Cristo crucificado.
Devemos aproveitar esse Tempo da Paixão para considerar de modo particular a Paixão do Senhor. Com fontes confiáveis: os quatro Evangelhos em primeiro lugar, lendo-os a partir da última ceia, livros de Santos. Deixemos de lado as fontes duvidosas e de aparições suspeitas, como as de Ana Catarina Emmerick e outras, por exemplo.
Hoje, existe uma tendência a esquecer a Paixão de Cristo, para pensar apenas na sua Ressurreição. Com frequência, se representa, mesmo nas Igrejas, apenas Cristo ressuscitado e triunfante, desaparecendo os crucifixos. Sem dúvida, Nosso Senhor triunfou. E sem a sua Ressurreição, vã seria a nossa fé, como diz São Paulo. Mas Ele triunfou pela sua Paixão. Sua Ressurreição é como o resultado desse combate tremendo, ela é o resultado de seu sangue derramado. Como diz São Paulo na Epístola de hoje: pelo seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no Santo dos Santos, depois de ter adquirido a redenção eterna.
A liturgia do rito romano tradicional, ao contrário, enfatiza muitíssimo a Paixão de Cristo. Ela é claramente a renovação do Sacrifício do calvário. Seus ritos e orações assim se expressam, sem ambiguidades. Nesse Tempo da Paixão, a Igreja nos faz velar as Imagens na Igreja. Manifestando um certo luto pela paixão e morte do Senhor, mas também para nos mortificar um pouco os sentidos. Vela as imagens para nos lembrar que sem a cruz de Cristo não pode haver santos, não pode haver santidade. É dela que nos vêm todas as graças. O Salmo Iudica me Deus, que empurra a alma para a alegria, é omitido, pois há motivo para uma legítima e moderada tristeza aos nos recordarmos mais intensamente da Paixão nesse tempo litúrgico. O Glória do Introito e do Lavabo são omitidos, lembrando-nos que a glória é dada a Deus perfeitamente somente em cirtude da cruz de Cristo. A Igreja nos prepara para reviver em alguns dias os episódios da Paixão e da Ressurreição de Nosso Senhor, para revivê-los com um misto de alegria e dor.
A Paixão foi a estrada real para a nossa salvação. A cruz é a estrada real para a nossa salvação. Não há caminho fora dela. Não somos maiores que o mestre. Se Nosso Senhor triunfou pela cruz, assim também nós só podemos triunfar pela cruz. Tenhamos em mente a Paixão de Cristo, meditemos nela e, ouvindo a voz do Senhor que nos chama a amá-lO, não endureçamos os nossos corações. A Igreja insiste nisso, fazendo que os padres recitem esse verso no ofício de matinas: Hoje, se ouvirdes a voz do Senhor, não endureçais os vossos corações. Os judeus, apesar de toda a demonstração de bondade divina no deserto, não queriam ouvir a voz do Senhor e endureciam seus corações. Diante da mais perfeita demonstração do amor divino por nós, que é a Paixão, não endureçamos os nossos corações.  Ao ouvir a voz do Senhor que nos chama a amá-lO, não endureçamos os nossos corações.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

18 de abril de 2017

Missas Tridentinas - Semana Santa - Padre Renato Coelho - IBP

Missas Tridentinas

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Abril 2017

08/04     Sábado                     17:30h - Oração do Santo Terço
                                               18:00h - Missa
                                               19:00h - Palestra (tema ainda não definido) 

09/04     Domingo de Ramos 10:30h - Oração do Santo Terço
                                               11:00h -  Benção dos Ramos
                                                              Procissão
                                                              Missa

10/04     2ª feira Santa            20:00h - Missa
11/04     3ª feira Santa            20:00h - Missa
12/04     4ª feira Santa            20:00h - Missa

13/04     5ª feira Santa            20:00h - Missa (com Lava pés, desnudamento do altar e adoração do santíssimo no sepulcro)

14/04     6ª feira Santa           17:00h - Via Sacra
                                                             Solene Ação Litúrgica (com o canto da Paixão segundo São João, as orações solenes, a adoração da cruz e a comunhão)

15/04     Sábado Santo           22:00h - Missa (Benção do fogo novo, canto do Exsultet, benção da água batismal e canto das Laudes)

16/04     Domingo de Páscoa 10:30h - Oração do Santo Terço
                                               11:00h - Missa de Páscoa (Primeira Eucaristia da 1º Turma de Catequizandos do IBP/Grupo São Pio V em Curitiba) 

17/04     2ª feira                     20:00h - Missa

Local:       Capela da Polícia Militar
Endereço: Av. Mal. Floriano Peixoto, 2057
Bairro:      Rebouças - Curitiba - Paraná

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Estamos antecipando a divulgação do Calendário das Missas para o mês de Maio de 2017. Sofrendo alguma alteração, estaremos divulgando em nosso blog.

Maio 2017

27/05     Sábado      18:00h
28/05     Domingo   11:00h
29/05     2ª feira       07:00h

Sermão para o 4º Domingo da Quaresma – Pe. Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] A paz interior contra a inquietação


(Sermão baseado no livro Filoteia de São Francisco de Salve, Parte 4, Capítulo 11 e no livro A Perfeição Cristã de Emílio Gonzales y Gonzales, Capítulo 11)
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Caros católicos, nos sermões da Quaresma, temos tratado de algumas virtudes aparentemente simples, mas que são importantíssimas. Já tratamos da paciência para com o próximo, da constância da alma em meio às mais variadas circunstâncias e, no último domingo, tratamos da modéstia e na pureza no falar, mostrando as más consequências das conversas impuras, dos palavrões, das palavras chulas. Hoje, nos inspirando em São Francisco de Sales, vamos tratar da paz interior, que se opõe à inquietação.
O Santo Doutor da Igreja diz que, excetuando o pecado, a inquietação é o maior mal que pode atingir a alma. Vejamos um pouco melhor o que é essa inquietação, essa perturbação da alma.
A alma, diante de um mal, se entristece. O desejo de livrar-se desse mal e de ter os meios necessários para isso segue imediatamente. Até aqui é razoável, pois naturalmente desejamos o bem e fugimos do mal. Se é pelo amor de Deus que a alma procura os meios para se livrar de seus males, vai procurá-los com paciência, com doçura, com humildade, com tranquilidade. A alma vai agir legitimamente para se livrar desses males, mas esperando mais em Deus do que em si mesma e se conformando à vontade de Deus. Por exemplo, se estou doente, devo procurar os meios para me livrar da doença e devo procurá-los com paciência, com tranquilidade, com humildade, conformando-me à vontade de Deus que pode querer a minha cura ou não. Mas faço serenamente o que me cabe.
Ao contrário, se eu procuro o alívio para meus males por amor próprio e não por amor a Deus, terei grande inquietação e desassossego. Caso eu não encontre imediatamente o que desejo, ficarei irrequieto e impaciente. E essas inquietações, longe de aliviar o mal, o aumentam; a alma fica dominada por uma grande tristeza, e perde a coragem e a força. Os males apenas crescerão nessas condições.
E essa inquietação que nos perturba a alma, que nos leva a ser dominado pela tristeza, que nos faz perder a coragem e a força, é um grande obstáculo para alcançar a santidade. A inquietação, diz São Francisco de Sales, não é simplesmente uma tentação, mas a fonte de várias tentações. Ele faz também uma comparação interessante: como as sedições e revoluções civis em um Estado o desolam inteiramente e o impedem de resistir aos inimigos exteriores, também o espírito inquieto e perturbado não tem força suficiente para conservar as virtudes adquiridas nem para resistir às tentações do inimigo, que gosta de pescar nas águas turvas de nossa alma. A pesca do inimigo nas águas turvas da nossa alma inquieta tende a ser abundante, pescando nela as imperfeições e o pecado.
De fato, aquele que está inquieto está em grande parte incapacitado para ouvir Deus. Em geral, faz mal todas as coisas, pois lhe falta a disposição principal para fazer as coisas de modo ordenado e com acerto. Por isso, o demônio combate tanto a paz interior das nossas almas, e quando não pode conseguir diretamente fazer-nos cair em pecado, procura por todos os meios inquietar-nos e perturbar-nos, para que assim incorramos em mil imperfeições e, pouco a pouco, se vão debilitando as nossas forças espirituais, e nos achamos menos firmes no momento da tentação. Daí, bem podemos afirmar que a inquietação, a perturbação e o desassossego são sinais inequívocos do mau espírito, ao passo que a paz interna, serena e estável numa alma é sinal de que mora nela o espírito de Deus, do qual um dos frutos principais é a paz, como diz São Paulo (Gal.5, 2).
A inquietação pode ter várias fontes: a multiplicidade desnecessária das ocupações e negócios, o ímpeto excessivo com que nos consagramos, às vezes, a essas coisas, a precipitação no agir, o amor próprio, os desejos imoderados, a ânsia indiscreta de progredir repentinamente na virtude, o zelo imprudente e impetuoso, as afeições desordenadas, o desgosto do próprio estado, as apreensões, imaginações e temores infundados, mesmo a inclinação natural de certos temperamentos. A causa geral da inquietação, do desassossego, da perturbação da alma, porém, nos diz São Francisco de Sales, é principalmente um desejo desordenado de se livrar de um mal ou de adquirir um bem. Não qualquer desejo, então, mas um desejo desordenado, como já mencionamos. E nada vai dificultar mais livrar-se do mal ou adquirir o bem do que a inquietação, a perturbação da alma.
Non in commotione Dominus, diz a Sagrada Escritura (3 Reis, 19, 2). Deus não está na inquietação, na perturbação. Quando procurarmos legitimamente nos livrar de um mal ou alcançar um bem, sobretudo o da virtude, devemos, antes de tudo, procurar nos acalmar e tranquilizar a nossa alma para só então seguir o movimento do nosso desejo, empregando calmamente e com ordem os meios que conduzem ao fim desejado. Calmamente não significa com negligência, mas significa sem precipitação, sem desassossego. Se não procedermos assim, aumentaremos o nosso mal e nos afastaremos do bem. O rei Davi dizia (Salmo 118, 109): Minha alma, Senhor, está sempre em minhas mãos e não tenho esquecido a Vossa lei. Devemos ter sempre a nossa alma entre nossas mãos, sem nos deixar arrebatar pela inquietação ou por uma paixão desordenada. Se por acaso nossa alma tiver escapado de nossas mãos, devemos ir procurá-la e reconduzi-la calmamente à presença de Deus. O que tem essa paz interior é dono de si, encontra-se disposto para ouvir Deus, para conhecer e executar a sua vontade com muita serenidade, firmeza e ordem. A paz interior assegura em nós o reino de Deus; dispõe-nos para as comunicações divinas; é muito própria para nos fazer conhecer os movimentos da graça; serve-nos de grande auxílio nas tentações; ajuda-nos muito no conhecimento de nós mesmos; mantém em nós a santa simplicidade; favorece grandemente o recolhimento do espírito.
Quais são os meios para alcançar essa paz? O primeiro meio é a consciência limpa dos pecados, ao menos dos mortais e dos veniais mais deliberados. Como diz a Sagrada Escritura, não há paz para os ímpios. Non est pax impiis (Isaías 48, 22). Se estamos em pecado e dele não queremos sair seriamente, nunca poderemos ter essa verdadeira paz. O segundo meio é a humildade e a mansidão. Nosso Senhor o diz expressamente (Mt. 11, 29): “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis repouso para as vossas almas.” Acharei repouso para as vossas almas. Não confundir humildade com mediocridade, nem mansidão com moleza. O terceiro meio é o desapego de tudo o que possa nos afastar de Deus. Podemos desejar ter coisas honestas, desde que isso não nos afaste de Deus, mas devemos ter o ânimo pronto para nos desprender delas na medida em que nos afastem de Deus ou na medida em que Deus dispuser.
Ao percebermos a inquietação em nossa alma, devemos recomendar-nos a Deus, ainda que muito brevemente, e tomar a resolução de nada fazer daquilo que a inquietação nos pede, até que a perturbação passe. Se não pudermos esperar, em virtude da urgência da questão, devemos nos esforçar suavemente para reprimir ou moderar a inquietação, fazendo o que a razão iluminada pela fé nos mostre o que devemos fazer e não seguindo simplesmente o movimento da inquietação. Ajuda muito manifestar com simplicidade e sinceridade a inquietação a quem possa ajudar, seja a um padre ou, ao menos, a uma amizade piedosa.
Essa paz interior não é estar livre de toda a guerra interior e exterior, de toda a tentação, de toda a imaginação importuna, de todo o movimento e agitação das paixões, de toda a angústia e amargura, de toda a oposição do mundo e do demônio. Essa paz interior consiste em levar com paciência tudo isso, procurando resolver as coisas com ordem, serenidade e calma, possuindo a nossa alma e ordenando-a a Deus. Essa paz deve estar no mais profundo de nossa alma, fixada em Deus sempre, unida a Ele sempre. E essa paz nos trará a alegria verdadeira e que a liturgia de hoje tão bem expressa.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

17 de abril de 2017

Sermão para a Festa de São José, Esposa da Santíssima Virgem Maria – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] São José, Pai Virginal de Cristo e Esposo de Maria Virgem


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Dois títulos de São José demonstram a sua enorme grandeza. Títulos que correspondem, claro, ao que ele foi verdadeiramente. Esposo de Maria Santíssima e Pai Virginal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se consideramos essas duas coisas em São José, podemos entrever a sua grandeza. Sua grandeza que está na sua santidade. Todo o resto em São José decorre de sua paternidade e de seu matrimônio, como a fruta madura decorre da árvore boa. Por ser esposo de Maria Santíssima e Pai Virginal, adotivo, nutrício de Cristo, São José está intimamente ligado ao mistério da encarnação, atrás apenas de Nossa Senhora.
São José exerceu sobre Jesus os direitos de um verdadeiro pai, do mesmo modo que tinha os direitos e deveres de esposo para com Maria, ainda que tenha renunciado ao exercício de alguns direitos próprios do matrimônio. Nossa Senhora, ao encontrar o Menino Jesus no Templo em Jerusalém, depois de três dias buscando-o, diz: “Eis que teu pai e eu te procurávamos.” Nossa Senhora chama São José de pai, prova certa de que Cristo o chama de pai. Que glória a de São José! O Evangelho nos diz claramente que São José era o esposo de Maria, de quem nasceu Jesus, chamado Cristo. Que glória a de São José: pai adotivo de Jesus Cristo e verdadeiro esposo de Maria Virgem.
Considerando essas funções de São José, podemos ter uma pálida ideia do que foi a sua santidade aqui na terra. Deus dá a cada um a graça proporcional para a missão que lhe é confiada. Depois da função de mãe de Deus, a função mais excelsa é a função de esposo da mãe de Deus e de Pai adotivo do Verbo Encarnado. Em razão dessa dupla função, a santidade de São José é imensa, a maior depois da santidade de Nossa Senhora. Além disso, Deus faz as coisas proporcionais: poderia São José ter uma santidade somente grande e conviver tão proximamente coma Santidade Encarnada e com Nossa Senhora? Uma Santidade grande seria ainda desproporcional e daria à Sagrada Família um quê de inconveniente. Portanto, a santidade de São José era imensa, a maior dos homens que já existiram, atrás apenas da santidade de Nossa Senhora. São João Batista é o maior dos homens no sentido de ser o maior dos profetas, como explicado no Evangelho de São Lucas. São José é maior dos homens, sem mais. É o mais santo.
Se o patriarca José, um dos filhos de Jacó guardava os tesouros do faraó, e por isso era estimado e reconhecido por sua sabedoria, quanto mais São José, que guardou o próprio Deus e a Mãe de Deus? Esse argumento da ordem e da proporcionalidade com que Deus faz as coisas nos permite também dizer que São José não era um idoso em idade avançada. Se fosse, a Sagrada Família seria motivo de estranheza, o que não convém. São José era um homem formado, mas com idade conveniente para casar com a jovem Maria.
Tem como descrever o progresso na santidade de São José em virtude do contato com Jesus e com Maria? Ele não recebia os sacramentos. Era o próprio autor dos sacramentos que estava em contato com ele. Que progressos não teria com esse contato tão próximo? São José é o modelo de virtude para o homem. E brilham nele, primeiramente, as virtudes da vida escondida, que levavam em Nazaré: a pureza, a humildade, o desapego dos bens desse mundo, a paciência, a prudência, a fidelidade. A fé vivíssima, a esperança firmíssima e a caridade ardentíssima.
São José, sendo o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e o esposo de Maria, é também o patrono da Igreja Universal. Foi proclamado como tal pelo Papa Pio IX no decreto Quemadmodum Deus, em razão dos pedidos insistentes dos bispos reunidos no Concílio Vaticano I. Se ele foi o protetor da Sagrada Família em Nazaré, continua sendo o protetor da família fundada por Jesus Cristo, que é a Igreja Católica. São José prossegue no seu ofício de velar por Cristo, agora em seu Corpo Místico, que é a Igreja.
São José é também o patrono dos agonizantes. Ele teve a morte mais desejável: entre os braços de Cristo e de Maria. A piedade popular rapidamente viu o patrocínio de São José para os moribundos e comprovou a sua eficácia no momento da morte de seus devotos. Na ladainha de São José, aprovada pelo Papa Pio XI, lá está o título de Padroeiro dos agonizantes ou moribundos.
Toda alma católica deve ser devota de São José, em virtude de sua excelência em virtude de sua função enquanto esteve em vida e em virtude de sua função agora no céu, como Patrono da Igreja, principalmente. São imensas as graças que São José pode nos alcançar. Graça de pureza em meio a esse mundo cada vez mais corrompido. Graça de contemplação nesse mundo cada vez mais agitado. Graça do desapego nesse mundo, para buscarmos nosso tesouro em Deus, nesse mundo cava vez mais materialista. Graça de cumprir bem nossos deveres de estado, também o nosso trabalho em um mundo cada vez mais negligente com tudo. Graça de mansidão, de paciência. Devemos, porém, pedir também grandes graças para a Igreja. Muitas vezes, pedimos s São José somente coisas materiais. Não é ruim e o glorioso pai virginal de Jesus nos atende, mas peçamos também graças mais excelentes e peçamos graças para toda a Igreja, sobretudo nesses tempos tão confusos dentro da Igreja. Devemos ser mais generosos nos nossos pedidos a São José e será ele generoso para conosco.
Ite ad Joseph. Era o que diziam no Egito no tempo das vacas magras. Ide a José, filho de Jacó rejeitado pelos seus irmãos, para alcançar aquilo que ele prudentemente guardou da época das vacas gordas. Ite ad Joseph, pois o faraó tinha confiado a administração de seu reino a José, tinha-o constituído o despenseiro de todos os seus bens. A Igreja nos diz agora: Ite ad Joseph. Ide a José. Não ao patriarca para obter somente bens desse mundo, mas ao Pai de Jesus, ao Esposo de Maria Virgem, ao Patrono da Igreja Universal. Ite ad Joseph. Ide a José, com confiança. Ele ajudará nas coisas mais simples e nas coisas mais importantes. Ele ajudará nos bens materiais. Ele ajudará no matrimônio. Ele ajudará na crise da Igreja. Ite ad JosephIte ad Joseph. Ide a José. A São José.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

16 de abril de 2017

Dom Columba Marmion - Jesus Cristo nos seus mistérios.

I

O que era Nosso Senhor Jesus Cristo antes da Ressurreição? Deus e homem. O Verbo Eterno unira a Si uma natureza pertencente a uma raça pecadora. Claro está que esta Humanidade não contraiu o pecado, mas foi submetida às fraquezas corporais compatíveis com a Divindade, fraquezas que em nós são muitas vezes consequência do pecado: Vere languores nostros ipse tulit, et dolores nostros ipse portavit.
 Considerai Nosso Senhor, durante a sua vida mortal. No presépio é uma criancinha débil que necessita do leite materno para sustento e conservação da vida. Mais tarde sofre de cansaço - Fatigatus ex itinere sedebat -, cansaço real que sentia em Seus membros. O sono, sono verdadeiro e não simulado, cerra-Lhe as pálpebras: os Apóstolos têm que O acordar, quando o barco em que dormia era sacudido pela tempestade. Sente fome: Esuriit, sede: Sitio; sofrimento. Experimenta aflições interiores: no Horto das Oliveiras, o medo, o tédio, a angústia, a tristeza invadem-Lhe a alma: Caepit pavere et taedere... et maestus esse; tristis est anima mea usque ad mortem. Finalmnte padece a morte: Emisit spiritum.
 Assim partilhou das nossa fraquezas, enfermidades, dores; só o pecado e tudo quanto é fonte ou consequência moral do pecado Lhe é desconhecido: Debuit per omnia fratribus similari, absique peccato.
 Mas, depois da Ressurreição, desaparecem todas estas fraquezas. Já não há n'Ele nem sono, nem cansaço, nem enfermidade alguma. Nosso Senhor nada mais sente de tudo isso: é a separação completa de tudo o que é fraqueza. Mas então o Seu corpo já não é real? Evidentemente que sim. É o mesmíssimo corpo que recebeu da Virgem Maria e que padeceu a morte na cruz.
 Vede como o próprio Jesus Cristo se empenha em o provar. Na tarde da Ressurreição aparece aos Apóstolos. Estes, «tomados de espanto e pavor, julgam ver um espírito. Mas Ele disse-lhes: Por que vos perturbais e se levantam pensamentos de dúvida em vossos corações?
Vede as minhas mãos e pés; sou Eu mesmo. Apalpai-me e vede que um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho. Tendo assim falado, mostra-lhes os pés e as mãos». Tomé não estava presente. Quando voltou, os discípulos dizem-lhe que viram o Senhor. Tomé não quer acreditar. Mostra-se cético: «Se não vir em suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no sítio deles e a mão no Seu lado, não acredito». Passados oito dias, Jesus aparece-lhes de novo e, depois de lhes dar a paz, diz a Tomé: «Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega aqui a mão e mete-a no meu lado, não sejas incrédulo, mas fiel».
Assim, o próprio Jesus faz verificar aos Apóstolos a realidade do Seu corpo ressuscitado; mas é doravante um corpo isento das fraquezas terrenas; este corpo é ágil: a matéria não é para ele obstáculo; Jesus sai do túmulo cavado na rocha e cuja entrada está fechada por uma enorme pedra; apresenta-se aos discípulos, januis clausis, «estando fechadas todas as portas" do lugar onde estavam reunidos. Se toma algum alimento com os discípulos, não é que sinta fome, mas porque quer, por misericordiosa condescendência, confirmar a realidade da sua Ressurreição.
 Aquele corpo ressuscitado é agora imortal. Morreu uma vez - Quod enim mortuus est, mortuus est semel -, mas agora, diz S. Paulo, Cristo ressuscitado já não morre, a morte já não tem poder sobre Ele: Mors illi ultra non dominabitur. O corpo de Jesus ressuscitado já não está sujeito à morte nem às vicissitudes do tempo; está livre de toda a servidão, de todas as enfermidades que assumira na lncamação; é impassível, espiritual, vive numa soberana independência.
 Está nisto o primeiro elemento da santidade em Jesus Cristo: ausência de tudo o que é morte, de tudo o que é terreno, de tudo o que é criatura, imunidade de toda e qualquer fraqueza, enfermidade, passibilidade. Jesus Cristo, no dia da Sua ressurreição, deixa no túmulo os lençóis, símbolo das nossas enfermidades, das nossas fraquezas, das nossas imperfeições sai triunfante do sepulcro; a Sua liberdade é completa, está animado duma vida intensa, perfeita, que faz vibrar todas as fibras do Seu ser. N'Ele, tudo quanto é mortal é absorvido e dominado pela vida.

15 de abril de 2017

Dom Columba Marmion - Jesus Cristo nos seus mistérios.

XV
SI CONSURREXISTIS CUM CHRISTO ...

Todo o mistério de Jesus Cristo durante os dias da Sua Paixão se pode resumir nesta frase de S. Paulo: Humiliavit semetipsum, factus obediens usque ad mortem. "Humilhou-se, fazendo-se obediente até à morte». Vimos até que ponto Jesus Cristo se abaixou; tocou o abismo da humilhação, escolheu «a morte dum maldito», como estava escrito: Maledictus omnis qui pendet in ligno. 
Mas estes abismos de ignomínias e sofrimentos a que Nosso Senhor quis descer eram também abismos de amor; e este amor mereceu-nos a misericórdia do Pai, todas as graças para nos salvarmos e santificarmos.
 Se a palavra humilhação resume o mistério da Paixão, há igualmente uma frase de S. Paulo que resume, quanto a Jesus Cristo, o mistério da. Sua Ressurreição: Vivit Deo: Vive para Deus». Vivit; doravante não há para Ele senão a vida perfeita e gloriosa, sem enfermidade nem «perspectiva de morte»: Jam non moritur, mors illi ultra non dominabitur; vida toda para Deus, dedicada mais do que nunca ao Pai e à Sua glória.
Nas suas ladainhas, a Igreja aplica certas denominações a alguns mistérios de Jesus. Da Sua Ressurreição diz que é «santa»: Per sanctam ressurrectionem tuam. Que quer isto dizer? Não são porventura santos todos os mistérios de Jesus Cristo? Está claro que sim. É Ele em primeiro lugar «o santo por excelência": Tu solus sanctus, canta-se na Missa, no hino Glória. E todos os Seus mistérios são santos. «É santo o Seu nascimento»: Quod nascetur ex te Sanctum. A Sua vida é inteiramente santa: "fez sempre tudo o que era do agrado do Pai»; e sabeis que ninguém o pôde arguir de pecado.  É santa a Sua Paixão; é certo que morre pelos pecados dos homens; mas a Vítima é imaculada, é o cordeiro sem mancha: o Pontífice que a Si mesmo se imola é «santo, inocente, justo, separado dos pecadores».
 Por que é então que a Ressurreição, de preferência a qualquer outro mistério de Jesus, é pela Igreja chamada "santa»?
 Porque é neste mistério que Jesus Cristo realiza de modo particular as condições da santidade; porque este mistério põe sobretudo em evidência os elementos que constituem formalmente a santidade humana, cujo modelo e fonte é Jesus Cristo;  porque, se em toda a Sua vida Ele é o caminho, a «luz»,  se dá o exemplo de todas as virtudes compatíveis com a Sua Divindade, na Ressurreição, Jesus Cristo é sobretudo o modelo da santidade.
 Quais são, pois, os elementos constitutivos da santidade? Para nós, a santidade pode reduzir-se a dois elementos: afastamento de todo o pecado e desapego da criatura, e doação total e estável de nós mesmos a Deus.
 Ora estes dois caracteres encontram-se particularmente, como vamos ver, na Ressurreição de Cristo, no mais alto grau de perfeição, que se não manifestou antes da Sua saída do túmulo. Embora o Verbo Incarnado tenha sido, durante toda a Sua vida, o «santo» por excelência, revela-se-nos sobretudo debaixo deste aspecto, com deslumbrante claridade, na Sua Ressurreição. E eis por que a Igreja canta: Per sanctam resurrectionem tuam.
 Contemplemos, pois, este mistério de Jesus que sai vivo e glorioso do sepulcro. Veremos como a Ressurreição é o triunfo da vida sobre a morte, do celestial sobre o terreno, do divino sobre o humano, e como realiza eminentemente o ideal da santidade ...