30 de novembro de 2018
29 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Vestido da Virgem Santíssima
Parte 5/5
Não te vou dar normas concretas sobre os vestidos. Dão-nas os Prelados nas suas respectivas dioceses. Observai-as com esmero. Observá-las-ás, se puseres em prática estes últimos conselhos.
Põe na tua alma muito fundo o santo temor de Deus, pensa que a imodéstia é um pecado de escândalo: pecas tu e fazes pecar os outros.
Recorda as terríveis ameaças de Jesus Cristo aos escandalosos: "Ai do escandaloso! mais lhe valia que lhe atassem uma mó ao pescoço e o atirassem ao mar".
Pensa que têm que se desfazer de alguma maneira os efeitos do escândalo e que à hora da morte é difícil desfazê-los.
Acumula muita virtude na tua alma, porque tens que sustentar uma luta heroica para não te deixares arrastar pela moda e para seres superior aos respeitos humanos.
Cultiva com carinho a virtude da pureza; porque dessa raiz brotará para o exterior a flor da modéstia.
Veste conforme a tua posição social; não pretendas aparentar mais do que és, porque isso é orgulho e acarreta transtornos econômicos à tua família.
Põe nos teus vestidos um pouco de austeridade cristã, cortando por luxos que não puderes suportar economicamente. Dentro da tua posição social veste com elegância, com bom gosto. Nada de desalinho. Nada de esquisitices que tornam a virtude antipática.
Dirás: E não posso seguir a moda? Sim, podes seguir a moda, enquanto não passar os limites da lei de Deus. A moda e a modéstia deviam andar sempre juntas, como boas irmãs. Até o seu nome é parecido: moda, modéstia. Derivam da mesma raiz latina: modus.
Mas que acontece? Que chega um momento em que a moda diz: vou impor um vestido escandaloso.
Então a modéstia diz: por aí não te posso acompanhar. As duas irmãs discutem, separam-se e a moda vai-se com a imodéstia. Que deve fazer então a jovem cristã? Deve dizer a moda: Eu sou amiga da modéstia. E não quero perder tão boa companhia.
Quero estar sempre com ela. Enquanto a acompanhares, eu acompanho-te. Quando a deixares e te fores com a imodéstia, eu também te deixarei.
A moda replicar-te-á:
- Rir-se-ão todas de ti.
- Não me importa que ao passar se riam de mim, se Deus e a Santíssima Virgem estiverem contentes comigo.
- As amigas deixar-te-ão.
- Não me importa que as minhas amigas me deixem se tenho a Deus por Pai e à Virgem Santíssima por Mãe e aos anjos e aos santos por irmãos. Nem tão pouco me faltarão jovens boas que pensem como eu.
"Uma jovem cristã - diz S. S. Pio XII - pode ser moderna, culta, desportiva, cheia de graça, de naturalidade e distinção, sem se submeter à vulgaridade duma moda malsã".
Com estas ideias muito claras na alma, quando fores fazer um vestido, dirige a ti mesma estas perguntas:
Com este vestido poderá escandalizar-se alguma pessoa e pecar? E se paca, como desfarei eu este escândalo? E se alguma alma se condena por minha culpa, salvar-me-ia eu? Com esse vestido posso morrer de repente. Se Jesus Cristo me julgasse, estando eu assim, receber-me-ia no céu?
Se pertences a alguma Congregação, vai à capelinha da Congregação, ajoelha-te aos pés da Santíssima Virgem à qual te consagraste total e plenamente e pergunta-lhe: Minha Mãe, ficais contente se eu fizer este vestido assim? Há nele alguma coisa que não te agrade?
Pergunta também à imagem da Santíssima Virgem que figura na tua medalha, nessa medalha que usas com santo orgulho sobre o teu coração, pergunta-lhe: gostarás que te coloque sobre este vestido?
Jovem, a modéstia impõe-te sacrifícios heroicos; mas recorda-te do que disse Jesus Cristo: os que lutam com valentia, arrebatam o reino dos céus.
28 de novembro de 2018
Orações do Cristão - modelos - IBP/ São Paulo
Orações do cristão – modelos
Assim como muitas pessoas nos pediam algum modo de recitação do Santo Rosário, recebíamos também muitos pedidos de modelos de orações da manhã e da noite, e algum esquema de como se deve fazer a meditação.
Oferecemos, aqui, algum modelo para essas práticas de oração que devem fazer parte da vida de todo católico que deseja sobrenaturalizar suas atividades quotidianas.
O fiel poderá, se julgar conveniente, imprimir estas orações e utilizá-las ao longo do dia. Recomendamos que, ao rezar, seja evitado o uso do celular e de outros aparelhos eletrônicos. Usando um livro (ou algo escrito, ou impresso) em papel, o fiel verá que a oração será muito mais frutuosa do que fazendo uso do celular e outros meios eletrônicos.
Bom proveito a todos!
* * *
Oração da manhã
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
- Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
- Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
- Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, um só seu Filho, Nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo; nasceu de Maria Virgem; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos; ao terceiro dia ressurgiu dos mortos; subiu aos céus; está sentado à mão direita de Deus Pai, todo poderoso; de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna. Amém.
- Senhor, Deus todo poderoso, que me fizestes chegar ao começo deste dia, salvai-me hoje pelo vosso poder, a fim de que, ao longo deste dia, não me deixeis cair em algum pecado, mas sempre meus pensamentos, palavras e ações se dirijam ao cumprimento de vossos mandamentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que, sendo Deus, convosco vive e reina, em união com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
- [Aqui, por alguns instantes, pensarei no defeito que mais devo combater ao longo do dia, as ocasiões nas quais serei mais tentado quanto a este mesmo vício, que meios usarei nessas ocasiões para combatê-lo, as ocasiões que posso evitar e como o farei].
- Ó, Minha Senhora e minha Mãe, eu me ofereço inteiro a vós. E em prova da minha devoção para convosco eu hoje vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E como assim sou vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como coisa e propriedade vossa. Amém.
- Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém.
“Procurai o Senhor, enquanto é possível encontrá-lo. Invocai-o enquanto está perto” (Isaías 55, 6).
- Que Deus todo poderoso disponha em sua paz este meu dia e meus atos. Amém.
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
* * *
Meditação
É uma elevação da alma para Deus. Na meditação, mais do que ler muito, se busca ver muita coisa no pouco que lemos. Para isso, nos concentramos na lição que Deus nos dá, como as abelhas ficam na flor todo o tempo que precisam para tirar, só de uma, todo o néctar que ela tem. Consiste em três partes:
Começo:
Recolher-se e rezar:
a) “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém”.
b) “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém”.
c) Pedir a graça que se quer alcançar (p. ex.: frequentar os sacramentos com melhor disposição; mortificação dos sentidos, da opinião própria, da própria vontade; maior disposição para fazer as obras de misericórdia para com o próximo; sofrer com ânimo as calúnias e ofensas recebidas; fazer penitência sem indiscrições nem excentricidades; fazer as obrigações quotidianas com perfeição; verdadeira devoção a Nossa Senhora; devoção ao anjo da guarda; mansidão e bondade no modo de tratar o próximo; confiança em Deus e desconfiança de si mesmo; moderar a língua, pensando antes de falar; comer sem gula; temperança no modo de vestir; receber correções sem revolta; ouvir a Santa Missa com mais devoção; desapego das diversões do mundo; e outras coisas semelhantes).
Meio:
a) Ler o ponto e pensar com a inteligência: O que devo considerar aqui? Que conseqüências devo tirar para minha vida? Que motivos tenho para isso? Como tenho me comportado em relação a isso até agora? Como devo me comportar daqui para frente? Que dificuldades terei que vencer? Que meios devo usar para conseguir vencer tal defeito em particular?
b) Com a vontade: Fazer atos de amor por Deus e mover os afetos. Exemplo: “Quem fez com que perseguidores se tornassem apóstolos? A graça de Deus. Quem fez de cobradores de impostos, evangelistas? A graça de Deus. Quem fez com que crianças, sofrendo o martírio, chegassem a enfrentar reis? A graça de Deus. Quem faz com que homens machucados pelo pecado sejam amigos da Cruz e afrontem a todos e ao inferno, por amor a Deus? A graça de Deus. Ó graça de Deus, como és poderosa! É sobre ti que eu apoiarei minhas decisões e minha esperança!”
Fazer propósitos enérgicos, concretos, práticos, humildes, confiando em Deus.
Fim:
Agradecer a Deus pela meditação feita; pedir perdão pelos defeitos que se cometeu ao longo dela; oferecer a Deus e a Nossa Senhora o propósito tomado, pedindo auxílio para cumprí-lo; resumir o propósito tomado em uma só frase, que será guardada ao longo do dia, que numa só idéia concentra todas as luzes que Deus me deu e que será o motor de minhas ações ao longo do dia (p. ex.: “O reino dos céus é dos violentos”; “Nada se compara ao Paraíso”; “Ter um só coração com Cristo”; “Tudo passa, no fim da vida só o amor por Deus permanece”; etc.).
* * *
Angelus
1. O anjo do Senhor anunciou a Maria.
R. E ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria…
R. E ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria…
2. Eis aqui a escrava do Senhor.
R. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.
Ave Maria…
R. Faça-se em mim segundo a Vossa Palavra.
Ave Maria…
3. E o Verbo de Deus se fez carne.
R. E habitou entre nós.
Ave Maria…
R. E habitou entre nós.
Ave Maria…
Rogai por nós Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos.
Infundi, Senhor, nós Vos pedimos, a Vossa graça em nossas almas, a fim de que nós, que pela Anunciação do Anjo conhecemos a Encarnação de Cristo, Vosso Filho, pela sua Paixão e Morte na Cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
* * *
Oração da noite
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
- Ato de fé: “Eu creio firmemente que há um só Deus, em três pessoas realmente distintas, Pai e Filho e Espírito Santo, que dá o céu aos bons e o inferno aos maus para sempre. Creio que o Filho de Deus se fez homem, padeceu e morreu na cruz para nos salvar, e que ao terceiro dia ressuscitou. Creio em tudo o mais que crê e ensina a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, porque Deus, Verdade infalível, o revelou; e nesta crença quero viver e morrer”.
- Ato de esperança: “Eu espero, meu Deus, com firme confiança, que, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, me darei a salvação eterna e as graças necessárias para consegui-la, porque Vós, sumamente bom e poderoso, o haveis prometido a quem observar fielmente os vossos mandamentos, como eu me proponho a fazer com vosso auxílio”. Amém.
- Ato de caridade: “Eu vos amo, meu Deus, de todo o meu coração e sobre todas as coisas, porque Vós sois infinitamente bom e amável, e antes quero perder tudo do que vos ofender, e morrer do que pecar. Por amor de vós amo ao meu próximo como a mim mesmo”.
- Uma pequena pausa para examinar a consciência sobre: a) Meu deveres para com Deus:omissões ou negligências nas orações; falta de respeito e brincadeiras em uma igreja ou capela; distrações voluntárias nas orações; resistências às boas inspirações que recebi de meu anjo da guarda; queixas contra a vontade de Deus; falta de confiança em Deus; b) Meus deveres para com o próximo: juízos temerários, desprezo, ódio; lesar os bens materiais ou a reputação do meu próximo; inveja; desejo de vingança, disputas e injúrias; mau exemplo; levar outros a pecar; desobediência, falta de respeito; de caridade; não ajudar em casa; não trabalhar corretamente, prejudicando a empresa e/ou clientes; c) Meus deveres para comigo mesmo: vaidade, vergonha de fazer o bem; mentiras; pensamentos, desejos, palavras, e ações contrários à pureza; gula; impaciência; perda de tempo; preguiça em fazer minhas obrigações.
- Ato de contrição: Meu Deus, porque sois infinitamente bom e amável, e porque mereci ser punido(a) nesta vida e na outra, tenho máxima pena de Vos ter ofendido, e me determino firmemente, com o auxílio de vossa graça, a nunca mais pecar e a evitar as ocasiões de pecado. Meu Senhor, misericórdia.
- “Visitai, Senhor, eu vos suplico, esta casa e afastai para longe dela todas as ciladas do demônio. Que os vossos anjos habitem nela para nos conservar em paz, e que vossa bênção sempre nos proteja. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que, sendo Deus, convosco vive e reina, em união com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém”.
- “Debaixo da vossa proteção nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades. Mas livrai-nos sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e bendita”.
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
27 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Vestido da Virgem Santíssima
Parte 4/5
A modéstia tem sido também uma virtude característica da mulher da Península, uma das suas virtudes raciais.
Mesmo agora, apesar da imodéstia que se propaga rapidamente na Península, uma pessoa estrangeira ilustre disse que o melhor da Península eram as suas mulheres pela sua dignidade e modéstia.
Mas este último baluarte da modéstia cristã há anos que é duramente combatido. É ordem dada pelas sociedades secretas e publicada na sua revista internacional: matar o pudor da mulher fomentando para isso a imodéstia no vestir.
Até que ponto? eis a meta: o nudismo completo.
Há anos esta pretensão parecer-nos-ia absurda; hoje, depois de vermos o avanço da ofensiva, chegamos a crer que em alguns casos se alcançou o objetivo previsto como se alcançou já nalgumas nações.
Também se determinou a tática que se deve seguir: para se evitar a oposição será necessário proceder metodicamente. E a tática está-se a seguir.
Lança-se uma moda atrevida. Apresentam-na pela primeira vez mulheres desvergonhadas e mesmo de má nota. As mulheres mundanas, as que estão sempre de ouvido alerta para recolher o último grito da moda, aceitam-na sem vacilar; as mais piedosas admiram-se, protestam. Esses profetas são refutados por um argumento de valor: é a moda. Ante essa razão guarda-se silêncio. Pouco a pouco as outras vão aceitando a moda. Restam umas poucas que são tidas por extravagantes e antiquadas.
No ano seguinte mais um passo, o mesmo processo, os mesmos protestos, a mesma razão: é a moda. E a moda do ano anterior torna-se já extravagante e antiquada.
E avançando, avançando, até chegar à meta. Quais serão os efeitos desta imodéstia no vestir?
Desastrosos: a corrupção dos costumes e, como consequência, o aniquilamento da fé.
Primeiro, a corrupção dos costumes. A mulher, à medida que vai perdendo a modéstia, perde o pudor, que é a muralha defensiva da pureza; e perde a estima pela mesma pureza; e o que se não estima não se defende. Por outro lado, a nudez excita as paixões do homem. O resultado da imoralidade é a perda da fé; porque as apostasias na fé são precedidas da corrupção do coração.
Por isso Heine, o Voltaire do século XIX, disse: para matar a Igreja é preciso apoderar-se a gente da criança e corromper a mulher.
E o famoso apologista Lacordaire, que subia à cátedra sagrada mais elevada de França no ano de 1844, sob as abóbadas de Notre Dame, que abrigavam milhares de jovens e cavalheiros que atravessavam a mesma crise religiosa por que havia passado o orador, disse estas palavras memoráveis: "o último século não viu perecer a religião em França até que não viu perecer o pudor". A experiência dizia ao zeloso apologista que o pudor tinha sido a última trincheira defensiva da fé.
Se isto é assim, e a imodéstia vai crescendo dum modo alarmante na nossa pátria, dar-se-á o caso tristíssimo de que esta fé da Península, que por espaço de vinte séculos tem resistido aos ataques de todos os hereges e exércitos poderosos, sucumba destruída pela imodéstia das mesmas mulheres peninsulares?
Mulheres, medi a vossa responsabilidade.
26 de novembro de 2018
25 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Vestido da Virgem Santíssima
Parte 3/5
A virtude da modéstia, característica da Virgem Santíssima, foi-o também das jovens cristãs da antiguidade.
Como é emocionante o martírio de Santa Perpétua e Santa Felicidade!
O anfiteatro de Cartago estava repleto. Sob um docel com franjas de ouro presidia à festa o representante dos Césares. Depois os cavaleiros, os cidadãos, o povo, os escravos, uma multidão sedenta de sangue. A um sinal do governador abriu-se a porta e entraram na arena os mártires chefiados por Saturno que caminhava majestosamente. No grupo iam duas mulheres, Perpétua, com o seu manto de patrícia, os seus cabelos presos por uma travessa de ouro, e adornada como se fosse para uma festa. Apoiada a seu ombro, pálida e com o passo vacilante, caminhava a escrava Felicidade, que no dia anterior tinha dado à luz no cárcere. Estavam ambas destinadas a ser joguete duma vaca brava. A vaca assaltou Perpétua primeiro e lançou-a ao ar; depois voltou-se contra Felicidade e pisou-a com furor. Perpétua caiu ao chão, desmaiada, mas sem ferida alguma. Quando voltou a si, não reparou nas dores do golpe; como o seu vestido estava rasgado, juntou as suas pregas para se cobrir e segurou o cabelo com a travessa de ouro. Depois vendo Felicidade por terra, correu para ela, e tomando-a nos braços levantou-a docemente. O povo sentiu um movimento de piedade e gritou: Que se acabe com elas quanto antes, que as matem. Um gladiador correu para Felicidade e enterrou-lhe a espada no peito. Outro gladiador, talvez comovido, dirigiu-se a Perpétua. A sua espada resvalou e descobriu-lhe as costas. Perpétua tomou a ponta da espada, pô-la ela mesma sobre a garganta e disse ao gladiador: aqui.
O verdugo enterrou-a com força e embebeu-a no corpo até aos copos. Uma onda de sangue tingiu de púrpura aquele corpo puro como uma açucena.
Narrei-vos o fato para que repareis naquela frase do cronista: como o vestido estava rasgado, Perpétua juntou as suas pregas para se cobrir e segurou o cabelo com a travessa de ouro.
Assim é a modéstia cristã.
24 de novembro de 2018
Tesouro de Exemplos - Parte 552
UMA VERDADEIRA MÃE
Em Florença, numa bela manhã de primavera, três moços saíram de um café, onde haviam passado toda a noite a jogar. Um deles era príncipe. Quando chegaram à porta do palácio, despediram-se, e o príncipe subiu aos seus aposentos, fazendo o possível para não ser ouvido por ninguém. Mas, ao passar junto a capela, viu sua mãe que durante toda a noite ali estivera orando e esperando pelo filho. Ao vê-lo, enxugou as lágrimas que ainda lhe corriam dos olhos e, indo ao encontro do príncipe, disse-lhe com muita doçura:
— Meu filho! Em vão te esperei; mas demos graças a Deus que te preservou de desgraças. Tu também dá-lhe graças e vai logo deitar.-te.
O filho não conseguiu dizer outra palavra senão esta:
— Tens razão, mamãe; sou um miserável!
Ambos se retiraram. O jovem, prostrando-se por terra, chorou copiosamente. Em seguida, despojando-se de toda insígnia principesca, dirigiu-se a igreja dos carmelitas e, aos pés do altar da Santíssima Virgem, refúgio dos pecadores, rezava: “Maria, refugio dos pecadores, ajudai-me e salvai-me!”
Acercou-se, dele um religioso, que, ao reconhecê-lo, exclamou:
— Príncipe, vós por aqui? Que aconteceu?
— O senhor não me chame de príncipe, pois sou indigno de todo principado; sou um grande pecador. Dizei a minha mãe que renuncio a tudo e não voltarei para casa enquanto não tiver a promessa de ser recebido no número dos religiosos deste convento.
E realmente, com as lágrimas e as bênçãos daquela heroica mãe, o príncipe fez-se carmelita, foi mais tarde bispo de Fiésole e distinguiu-se por suas obras de penitência e de caridade chegando a uma insigne santidade. E’ Santo André Corsino (f 1373).
— Meu filho! Em vão te esperei; mas demos graças a Deus que te preservou de desgraças. Tu também dá-lhe graças e vai logo deitar.-te.
O filho não conseguiu dizer outra palavra senão esta:
— Tens razão, mamãe; sou um miserável!
Ambos se retiraram. O jovem, prostrando-se por terra, chorou copiosamente. Em seguida, despojando-se de toda insígnia principesca, dirigiu-se a igreja dos carmelitas e, aos pés do altar da Santíssima Virgem, refúgio dos pecadores, rezava: “Maria, refugio dos pecadores, ajudai-me e salvai-me!”
Acercou-se, dele um religioso, que, ao reconhecê-lo, exclamou:
— Príncipe, vós por aqui? Que aconteceu?
— O senhor não me chame de príncipe, pois sou indigno de todo principado; sou um grande pecador. Dizei a minha mãe que renuncio a tudo e não voltarei para casa enquanto não tiver a promessa de ser recebido no número dos religiosos deste convento.
E realmente, com as lágrimas e as bênçãos daquela heroica mãe, o príncipe fez-se carmelita, foi mais tarde bispo de Fiésole e distinguiu-se por suas obras de penitência e de caridade chegando a uma insigne santidade. E’ Santo André Corsino (f 1373).
23 de novembro de 2018
Tesouro de Exemplos - Parte 551
TRATAVA DA MÃE PARALÍTICA
São Gutmando (ou Gutmann), nascido em Devonshire, na Inglaterra, era de família pobre. Após a morte do pai, ele e sua mãe ficaram na maior miséria e, com o próprio trabalho, mal podiam sustentar-se. Devido a tantas privações, bem depressa a pobre senhora ficou paralítica. Gutmando, que não a podia deixar só e ir ao trabalho para sustentá-la, fez um carrinho no qual colocou um colchão para sua mãe e levava-a de povoado em povoado, mendigando alimentos e cuidados para a enferma. Todos admiravam o amor filial daquele moço e o ajudavam com gosto. Depois da morte de sua piedosa mãe, a quem prestou serviços até o último instante, Gutmando, com esmolas dos fiéis, construiu uma pequena igreja, junto da qual viveu todo dedicado ao serviço de Deus, vindo a falecer em odor de santidade.
Bem mereceu morrer como um santo quem tão piedosamente soube tratar de sua pobre mãe. Celebra-se sua festa a 2 de fevereiro.
Bem mereceu morrer como um santo quem tão piedosamente soube tratar de sua pobre mãe. Celebra-se sua festa a 2 de fevereiro.
22 de novembro de 2018
Tesouro de Exemplos - Parte 550
LEVOU-O A SUA CHOUPANA
Frederico Augusto II, rei da Saxonia, disfarçado, foi observar os operários que trabalhavam na estrada de rodagem nas proximidades de Dresden. Notou que um trabalhava com mais ardor que os outros e cantava alegremente.
Aproximou-se dele e perguntou-lhe quanto ganhava por dia.
— Quatro marcos — respondeu.
— É pouco para viver — disse o rei.
— Sim, senhor. E é necessário que com este salário eu pague dívidas atrasadas e me assegure um capital para o futuro.
— Que quer dizer?
— É hora de ir para o almoço. Venha comigo e lho explicarei
Conduziu-o a sua choupana e ali apresentou-lhe dois velhinhos dizendo:
— Estes são meus pais, que se sacrificaram para me criar; já não podem trabalhar; cuido deles para pagar-lhes a minha divida de gratidão.
Apresentou-lhe em seguida seus seis filhinhos que rodeavam a mãe, dizendo:
— Estes são meus filhos, que devo criar, preparando assim o capital com que, na minha velhice, pagarão a sua divida.
O desconhecido disse algumas palavras de admiração e louvor, e retirou-se. No dia seguinte mandou chamar o operário e entregou-lhe trezentos escudos, dizendo quem era. O pobre trabalhador, cheio de gratidão, ajoelhou-se aos pés do rei, o qual lhe disse que dali em diante podia contar com a sua generosidade.
Assim abençoa Deus aos filhos que com gosto e carinho tratam de seus velhos pais, reconhecendo o quanto lhes devem.
Aproximou-se dele e perguntou-lhe quanto ganhava por dia.
— Quatro marcos — respondeu.
— É pouco para viver — disse o rei.
— Sim, senhor. E é necessário que com este salário eu pague dívidas atrasadas e me assegure um capital para o futuro.
— Que quer dizer?
— É hora de ir para o almoço. Venha comigo e lho explicarei
Conduziu-o a sua choupana e ali apresentou-lhe dois velhinhos dizendo:
— Estes são meus pais, que se sacrificaram para me criar; já não podem trabalhar; cuido deles para pagar-lhes a minha divida de gratidão.
Apresentou-lhe em seguida seus seis filhinhos que rodeavam a mãe, dizendo:
— Estes são meus filhos, que devo criar, preparando assim o capital com que, na minha velhice, pagarão a sua divida.
O desconhecido disse algumas palavras de admiração e louvor, e retirou-se. No dia seguinte mandou chamar o operário e entregou-lhe trezentos escudos, dizendo quem era. O pobre trabalhador, cheio de gratidão, ajoelhou-se aos pés do rei, o qual lhe disse que dali em diante podia contar com a sua generosidade.
Assim abençoa Deus aos filhos que com gosto e carinho tratam de seus velhos pais, reconhecendo o quanto lhes devem.
21 de novembro de 2018
Tesouro de Exemplos - Parte 549
EM SEU PRÓPRIO TEMPLO
Um imperador do Japão, que se convertera ao catolicismo, condenou a morte um de seus pajens que se comportara mal na igreja. Quando lhe suplicaram que perdoasse ao infeliz moço, o rei, indignado, replicou: “Castigam-se os que faltam com respeito aos reis da terra, e eu hei de deixar impune a quem ultrajou o soberano Senhor dos reis em seu próprio templo?”20 de novembro de 2018
Tesouro de Exemplos - Parte 548
A DEMASIADA INDULGÊNCIA
D. João VI, rei de Portugal, era demasiado indulgente.
Certo dia apresentaram-lhe, para a assinatura, a sentença de morte de um homem, que, depois de ter sido indultado, cometera outro horrível crime.
— Não o indulteis — disse-lhe o conde de Arcos; — co meteu um crime muito infame.
— Um? — replicou o rei — não foram dois?
— Não, majestade; cometeu um só; porque o segundo cometeu-o vossa majestade...
— Como assim? Eu?...
— Sim; porque vossa majestade não devia ter perdoado o primeiro, que era um crime bárbaro.
Certo dia apresentaram-lhe, para a assinatura, a sentença de morte de um homem, que, depois de ter sido indultado, cometera outro horrível crime.
— Não o indulteis — disse-lhe o conde de Arcos; — co meteu um crime muito infame.
— Um? — replicou o rei — não foram dois?
— Não, majestade; cometeu um só; porque o segundo cometeu-o vossa majestade...
— Como assim? Eu?...
— Sim; porque vossa majestade não devia ter perdoado o primeiro, que era um crime bárbaro.
19 de novembro de 2018
18 de novembro de 2018
Tesouro de Exemplos - Parte 547
O RESPEITO AOS PAIS
Um professor notável por sua ciência e muito estimado por seus alunos, mas filho de pais muito pobres, estava ocupado em sua classe quando, inesperadamente, entrou ali um ancião mal vestido e de maneiras muito simples.
Os alunos, que não o conheciam, puseram-se a rir. O professor levantou-se imediatamente, cumprimentou ao recém vindo e, dirigindo-se aos alunos, disse:
— Muitas vezes vos tenho falado do respeito que devemos aos pais. Aqui vos apresento o meu, do qual não me envergonho.
Ele tinha razão. Está escrito: “Honrarás teu pai e tua mãe”
Os alunos, que não o conheciam, puseram-se a rir. O professor levantou-se imediatamente, cumprimentou ao recém vindo e, dirigindo-se aos alunos, disse:
— Muitas vezes vos tenho falado do respeito que devemos aos pais. Aqui vos apresento o meu, do qual não me envergonho.
Ele tinha razão. Está escrito: “Honrarás teu pai e tua mãe”
17 de novembro de 2018
16 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Vestido da Virgem Santíssima
Parte 2/5
Como vestiria a Virgem Santíssima?
Nas suas ações nada houve de desordenado; não o houve portanto no seu modo de vestir.
Ora bem; a ordem no modo de vestir, pede que se cumpram os fins que Deus assinalou ao vestido.
Não cumprir esses fins seria desordenado. Que fim são esses? Defender o corpo contra as inclemências do tempo. E sobretudo cobrir: cobrir tudo aquilo que possa excitar as paixões.
Que seja este o fim principal do vestuário, deduz-se da conduta de Deus com os primeiros homens.
Enquanto Adão e Eva tiveram as paixões tranquilas, submetidas à razão, não precisaram de vestido.
No momento em que pecaram, eles mesmos sentiram a necessidade de se vestirem. Abriram-se os olhos de ambos, diz a Escritura, compreenderam que estavam nus; teceram folhas de árvore e fizeram um vestido. Aquele vestido era insuficiente e imperfeito, por isso o próprio Deus, depois de lançar contra eles o castigo, fez uma túnica de pele e deu-lhas para que se vestissem com elas.
A vontade de Deus é clara: quer que o vestido seja principalmente para cobrir, e a Virgem Santíssima ordenadíssima em tudo, deu aos seus vestidos a finalidade que Deus lhes deu. Por isso foi a mais modesta de todas as mulheres.
Se as mulheres tivessem em conta esta disposição de Deus, procederiam de outra maneira.
Quando uma mulher está a fazer um vestido, quando o está a provar, pensa que esse vestido quer Deus que seja para cobrir tudo o que possa excitar paixões ou pensa tudo ao contrário?
Tem em conta que o outro fim principal do vestido é abrigar?
De ordinário pensa que o fim principal é agradar com ele. Contanto que consiga isto, o mais é secundário e aguentará o frio ainda que daí venham graves prejuízos para a saúde. Depois de cumprir estes fins impostos por Deus ao vestuário, a Virgem Santíssima acomodou-se aos costumes da época e da região.
Digo "depois de cumprir os fins impostos por Deus", porque esses fins hão de ficar sempre de pé, em todas as épocas e em todas as regiões e contra eles jamais deve prevalecer o costume da região.
Em todas as épocas e em todas as regiões os homens têm paixões, têm concupiscência; e sempre e em todas as regiões o nu é o que mais excita as paixões. Por isso, sempre e em todas as regiões o vestido deve empregar-se para cobrir.
Fala-se de climas e de temperamentos frios e alega-se isto, como razão para tolerar neles um nudismo maior. Quando a experiência provar que nessas regiões onde vivem esses temperamentos frios, os homens, no meio do nudismo, são exemplos de pureza, dever-se-á pensar se se lhes deve tolerar maior liberdade no vestuário; mas se a experiência prova o contrário, se diz que nessas regiões reina a corrupção mais espantosa, então que não falem de temperamentos frios nem de liberdades de vestir.
Sempre deve ficar a salvo este princípio: o fim do vestuário é cobrir o que excita a paixão, e cumprido isto, poder-se-á acomodar aos costumes da região e da época, como fez a Santíssima Virgem.
Acostumados a olhar para os quadros e estátuas, fruto de imaginação dos artistas, facilmente colocamos a Virgem Santíssima num mundo irreal, diferente daquele em que viveu.
Não situemos a Virgem Santíssima num mundo imaginário; viveu na sociedade palestinense de há vinte séculos e vestiu-se como as mulheres galileias de então, posto que a mais modesta de todas.
Vede-a caminhar pelas ruas de Nazaré. O seu porte é nobre, corre nas suas veias sangue de reis. O seu andar é comedido, reflete o domínio que tem sobre si mesma. Veste uma túnica comprida de cores vistosas, adornada com bainhas e bordados, tudo obra sua, pois aprendeu a bordar no templo de Jerusalém e tem mãos primorosas para isso. Essa túnica é tão comprida que apenas deixa entrever os pés calçados com sandálias. A túnica está cingida com uma faixa. A cabeça vai toucada com uma mantilha que lhe cai sobre os ombros. O rosto podia levá-lo coberto com um véu transparente, segundo o costume oriental; e podia levá-lo descoberto; pois o costume de velá-lo não era frequente nas povoações pequenas.
Aqueles vestidos são feitos e tecidos por suas próprias mãos; pois era uma obrigação e ao mesmo tempo uma glória das mulheres hebreias, mesmo as mais nobres, fazerem os próprios vestidos e os de todos os da sua casa. E ao fazer aqueles vestidos, a alma da Virgem Santíssima punha neles algo de si mesma. O equilíbrio, o bom gosto da alma davam-lhes elegância. O seu espírito de austeridade punha moderação nos adornos.
A sua rara pureza comunicava-lhes modéstia. Não digais que os costumes da época impediam a Virgem Santíssima de pôr luxo e imodéstia nos seus vestidos.
Como hoje chega até as nossas povoações o influxo da moda de Paris e dos Estados Unidos, as modas da Grécia e sobretudo da Itália, chegavam até as povoações afastadas da Palestina, e pretendiam harmonizar-se com as velhas tradições judias.
Pelas ruas palestinenses a Virgem Santíssima pode ver muitas vezes senhoras vestidas com luxo, que vestiam trajes ricamente bordados, senhoras e jovens que levavam o cabelo pintado e adornado com jóias e lantejoulas de metais mais ou menos preciosos. Muitas delas levavam no calçado umas ampolazinhas de essência que, agitando-se ao andar, exalavam um delicioso perfume.
À porta da casa da virgem Santíssima deviam chegar muitas vezes os vendedores ambulantes apregoando a sua mercadoria de adornos femininos e perfumes de Jericó.
Foi contemporânea da Virgem Santíssima aquela bailarina Salomé, que na corte de Herodes, rei de Galileia, exibia os bailados e os vestidos provocantes importados da capital do império, e com a sua imodéstia e sensualidade inflamava as paixões do rei, até conseguir dele que mandasse cortar a cabeça de João Batista.
O impudor e a imodéstia são plantas que se dão em todos os climas e em todas as idades.
A Virgem Santíssima era modestíssima, porque a sua alma lho exigia, porque a modéstia é uma planta que brota espontaneamente nas almas puras, e Maria foi a mais pura de todas as almas.
15 de novembro de 2018
14 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Vestido da Virgem Santíssima
Parte 1/5
O retrato da Virgem Santíssima ficaria incompleto, se não disséssemos alguma coisa sobre o seu vestir. O vestido, ainda que acidental, completa o retrato duma pessoa. Completa o retrato do corpo que se apresenta coberto com o vestido. Por isso, quando ides tirar o retrato escolheis bem o vestido. Por isso, os pintores estudam muito os vestidos que hão de usar as personagens dos seus retratos.
Mas o vestido também completa o retrato da alma. Se a alma transparece no rosto e nas atitudes do corpo, também transparece no vestido; e por ele podemos deduzir alguma coisa do que é uma pessoa interiormente.
Vestido elegante e modesto ao mesmo tempo, alma pura, judiciosa, equilibrada.
Vestido extravagante, ridículo, alma singular, excêntrica, desequilibrada.
Vestido provocante, alma frívola, leviana e talvez sensual.
Isto é tão verdade, que o vestir de algumas pessoas passou a história como qualquer coisa de peculiar e característico da sua personalidade.
Esta influência da alma no vestido é evidente; por isso a virtude da modéstia, essa virtude que modera todo o exterior do homem, não é uma virtude superficial, como poderia parecer à primeira vista. É uma planta que esconde as suas raízes no mais intimo da alma e que brota para o exterior e desdobra a beleza das suas pétalas à vista dos homens.
Santo Agostinho define-a acertadamente: "modus animi", a moderação da alma, que se traduz em "modus corporis", na moderação dos atos exteriores do corpo.
Por isso diz também Santo Ambrósio, que os atos exteriores do corpo são "vox quaedam animi"; são como que a linguagem que tem a alma para nos dizer o que é.
A modéstia no vestir tem as suas raízes na alma e no coração, mas nem todas as almas, nem todos os corações são terra adequada para produzirem essa planta; são unicamente as almas puras, os corações puros.
Quando virdes que a virtude da modéstia mostra todo o esplendor da sua beleza, podeis deduzir: que alma tão pura a desta jovem!
Quando virdes que a planta da modéstia não aparece no exterior, podeis temer que as raízes donde devia brotar tenham secado.
Que complicado e que difícil é vestir-se uma mulher! Complicado e difícil procurar o corte do vestido. Mais complicado ainda escolher as cores de todas as peças de vestuário, para que digam bem umas com as outras e com a cor do rosto, do cabelo e dos olhos.
Mesmo que não o pretendas, o teu modo de vestir estará sempre de acordo com o teu coração e com a tua alma.
Pelo que foi dito deduzireis que o modo de vestir de uma pessoa forma parte do seu retrato, do retrato do seu corpo e mais ainda do retrato da sua alma.
E se queremos fazer um retrato completo da Virgem Santíssima temos necessariamente de fixar-nos no seu vestido.
13 de novembro de 2018
12 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Corpo da Virgem Santíssima
Parte 6/6
O homem ama o seu corpo, mas não compreende bem esse amor. Julga que lhe faz bem quando lhe proporciona todos os prazeres que ele pede e com isso ocasiona-lhe toda a espécie de males.
É como um pai que não castiga o filho, que condescende com todos os seus caprichos, pensando que assim lhe demonstra o seu amor, e está a preparar-lhe a ruína.
O que ama o seu corpo com um amor mal compreendido, procurando prazeres, perdê-lo-á.
Perdê-lo-á ainda nesta vida, porque o prazer que afaga o corpo, destrói-o.
A fome de gozar não se acalma com as concessões; pelo contrário, aviva-se mais como o fogo com o combustível. E o que acontece quando se quer saciar essa fome insaciável?
Os órgãos do corpo gastam-se, os nervos enfraquecem-se, os sentidos exaustos negam-se a dar a satisfação que se lhes pede; e como a ânsia de gozar cresce mais e mais, o homem recorre aos meios mais violentos e desastrosos, e como resultado, o sistema nervoso fica desfeito, destroçado; e nesse organismo desequilibrado e tarado desenvolvem-se os germens de todas as doenças e sobrevêm a morte prematura.
O amor mal compreendido ao corpo ocasiona-lhe a sua ruína temporal e, o que é pior, a sua ruína eterna; porque esse corpo, instrumento do prazer, terá que expiar sofrendo na outra vida o que gozou nesta pecando. Pelo contrário, o que compreende bem o amor ao seu corpo, castiga-o nesta vida e com isso prepara-lhe uma exaltação e uma felicidade eterna.
O corpo maltratado de Jesus Cristo ressuscitou glorioso e subindo aos céus.
O corpo dorido da Virgem Santíssima não sofreu a corrupção do sepulcro e foi também transportado para os céus.
O corpo mortificado dos santos ressuscitará glorioso, como o de Jesus Cristo e o da Virgem Santíssima e será levado aos céus. Mais ainda, aqui na terra recebe a maior exaltação como prêmio do seu sacrifício.
Os mártires desprezaram o seu corpo e entregaram-no às torturas; e os ossos desses mártires servem de trono a Jesus Cristo quando baixa do céu aos altares; pois a pedra de ara de todos os altares deve encerrar as relíquias de algum santo.
Essas relíquias são um dos tesouros que a Igreja mais aprecia; por isso as coloca em urnas de ouro e de prata; envolve-as em panos finíssimos, encerra-os em relicários de pedrarias e todos os cristãos se ajoelham para as beijar e venerar.
O próprio Deus quis glorificar algumas vezes o corpo de alguns santos concedendo-lhes o privilégio da incorrupção. Conserva-se incorrupto o corpo de São Francisco Xavier, aquele corpo flagelado pelas chuvas e ventos, pelo sol abrasador e pelos gelos dilacerantes, pelas inclemências de todas as regiões.
Incorrupto está o corpo de Santa Teresa de Jesus, maltratado pelas macerações de todas as penitências.
Incorruptos estão esses corpos; encerrados em riquíssimos relicários e venerados pelos católicos de todo o mundo que acodem a visitá-los. Os santos mortificaram o seu corpo, tornando-o instrumento da virtude e agora recebem a glorificação dele.
Maior glorificação que a de todos os santos está desfrutando o corpo da Santíssima Virgem, que foi levado aos céus sem sofrer a corrupção e ali está gozando e recebendo a homenagem dos bens aventurados.
É o prêmio dos sofrimentos. Amai o vosso corpo, mas amai-o razoavelmente. Se lhe quereis bem, não lhe concedais prazeres ilícitos, porque terá de sofrer depois dores eternas. Se lhe quereis bem, refreai as suas tendências desordenadas, porque a dor sofrida na terra é semente de felicidade.
11 de novembro de 2018
10 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Corpo da Virgem Santíssima
Parte 5/6
Costuma dizer-se que o espírito e o corpo são como o cavalo e o cavaleiro.
Se o corpo está acostumado a reger-se pela lei do prazer, é como um cavalo por domar e sem freio que vai para onde quer, que salta todos os valados e acaba por derrubar o cavaleiro. Se o corpo está mortificado, é como um cavalo dócil e governado por cavaleiro experiente.
Na frase de Tertuliano, é como um prisioneiro que se entrega ao espírito para que faça dele o que quiser. Dá-lhe as mãos, para que faça o bem e as estenda ao necessitado cheias de esmolas. Dá-lhe os pés, para que vá pelo caminho do apostolado.
Dá-lhe os olhos, para que os encha de lágrimas de arrependimento, para que os pouse amorosos sobre o crucifixo ou os crave extáticos no sacrário.
Dá-lhe o coração, para que o inflame de amor por Jesus Cristo. Dá-lhe todos os seus membros para que os lavre e semeie de violetas da humildade, de açucenas da castidade, ou para que os queime como grãos de incenso sobre as brasas da santa penitência e faça dele uma vítima santa e agradável ao Senhor.
Numa palavra, o homem tem que refrear os impulsos do corpo que se lança para o prazer; e tem que levá-lo a que se abrace à dor quando lho pedir o cumprimento da Lei divina e o exercício da virtude.
Assim o fizeram os santos.
Assim fez São Paulo que exclamava: "castigo o meu corpo e submeto-o à escravidão, não vá acontecer que enquanto prego aos outros eu venha a condenar-me".
"Levo impressos no meu corpo os estigmas da paixão de Jesus Cristo".
Assim o fizeram todos os mártires que entregaram o seu corpo a todos os suplícios.
Assim o fizeram todos os anacoretas.
Assim o fez São Pedro de Alcântara de quem Santa Teresa dizia que o seu corpo parecia feito de raízes de árvores; mas que em paga o seu espírito estava robusto.
Assim o devem fazer todos os bons cristãos.
Por isso Deus não quis que a Virgem Santíssima fosse insensível à dor, como o não quis ser o próprio Filho de Deus.
O exemplo de Jesus paciente e da Virgem dolorosa tinha de ser um modelo e um estímulo para que os verdadeiros cristãos se abraçassem com a dor e com o sofrimento.
9 de novembro de 2018
8 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Corpo da Virgem Santíssima
Parte 4/6
Queres ter inteligência de anjo? Pede antes ao céu coração de anjo.
Nada aclara tanto a inteligência como o perfume das açucenas, disse um escritor moderno. A lei do prazer, se é possível, causa ainda maiores estragos na vontade. A vontade deve ser a rainha das faculdades humanas. Deve mandar na inteligência, na imaginação e nos sentidos.
E essa vontade, que se robustece com o exercício do seu domínio, enfraquece-se com a abdicação da sua autoridade.
Os sentidos gritam: queremos prazer. E a vontade cobarde condescende. Então a que devia ser rainha dos sentidos converte-se em sua escrava.
Efeito dessa escravidão, é esse rebanho de homens abúlicos, vítimas de todas as paixões, incapazes de se imporem um sacrifício, impotentes para tomarem uma decisão enérgica.
Homens aos quais não se pode confiar um assunto de responsabilidade, uma empresa que exija algum esforço. Homens sem caráter. Homens do perpétuo "quereria" que nunca se converte em "quero".
A essa raça de abúlicos pertencem a multidão de jovens indolentes que só respondem sim, quando o prazer chama às portas dos seus sentidos. Que têm sempre nos lábios o gesto do desgosto quando a mais leve contrariedade por eles roça ligeiramente; que não se importam de manchar a sua alma com um pecado imortal, se a preguiça ou a temperatura desagradável lhes exige um pequeno esforço para ouvirem a missa aos domingos.
Jovens que dão como razão suprema dos seus atos: apetece-me ou não me apetece.
A essas jovens escravas do prazer pedi-lhes caridade, pedi-lhes amor aos pobres! . . .
Os pobres... que repugnância! Se entrassem num hospital cairiam desmaiadas à porta de algumas salas de doentes.
A essas jovens pedi-lhes apostolado difícil, sacrificado . . . Quando muito, dar- vos- ão uma moeda para que não as incomodeis e as deixeis em paz. Com isso contribuem para o apostolado. Mas sacrifício pessoal . . .
O ritmo voluptuoso dum baile, os estofos do cinema ou do teatro, é esse o posto dessas almas moles; não as procureis nas avançadas da virtude e do apostolado.
Dessas jovens, que hoje são legião, que são maioria absoluta, saem as modernas esposas, as mães modernas. Mães?! Estou em dizer que mães, não. Porque a palavra mãe significa dor, significa martírio; e a dor e o martírio horroriza-as.
Que ideal levam para o matrimônio? O ideal do prazer que regeu a sua vida. Prazer sem dor.
Por isso, renunciarão aos trabalhos da maternidade, frustarão os planos de Deus sobre o seu lar.
Quando muito, admitirão na sua casa um bonequito para se divertirem, um ser que será tão desgraçado como elas.
Nem mães, nem sequer esposas. Porque uma esposa é uma dona de casa e essa jovem quando se casa continua a gozar, continua a divertir-se e deixa a casa na mão das criadas.
Lei do prazer, maldita lei do prazer, lei imposta pelas paixões, lei que arruína as almas, que arruína os lares, que arruína as nações. De um povo efeminado, criado no prazer, a pátria não pode esperar grandes glórias.
O corpo pode ser instrumento do mal e instrumento do bem. O corpo amimado, ataviado, é instrumento de todos os vícios. O corpo mortificado pode ser instrumento de todas as virtudes.
7 de novembro de 2018
6 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Corpo da Virgem Santíssima.
Parte 3/6
A Virgem Santíssima não devia sofrer a dor porque era inocente, mas nós é que deveríamos sofrer: e o vê-la sofrer seria para nós um exemplo e um alento.
É condição inerente à natureza humana evitar ao corpo todo o incomodo e procurar-lhe o maior prazer possível.
Esta inclinação acentuou-se extraordinariamente na vida moderna, em que a indústria se orienta para proporcionar aos homens o maior conforto e o maior prazer.
O corpo do homem converteu-se num ídolo a quem a maior parte das pessoas rende adoração. Ter por ídolo uma coisa é servi-la, é fazer o que deseja, é dar-lhe o que ela pede.
Muitos, muitíssimos homens têm por ídolo o dinheiro e vivem continuamente ao seu serviço: os seus pensamentos para o dinheiro, os seus desejos de dinheiro, as suas atividades para ganhar dinheiro. É mau ter por ídolo o dinheiro; é pior ter por ídolo o corpo. É tão exigente que pede tudo e tem que se lhe sacrificar tudo. Diz esse ídolo: Sacrifica-me o tempo e pede todo o tempo para que o arranjem e o afaguem. Dá-me prazer, toda a classe de prazeres..., e exige até os mais baixos e degradantes.
E que tirano é ao exigi-los, mesmo que tenha de sacrificar a paz do lar, a tranquilidade da consciência, o dinheiro, a saúde, a vida e a bem aventurança eterna; porque a maior parte dos que se condenam vão para o inferno por se terem deixado arrastar pelo instinto do corpo que pede prazer.
O mundo rege-se por uma lei a que poderíamos chamar a lei do prazer e que se poderia enunciar desta maneira: "O fim supremo da vida é gozar."
Por conseguinte, em todas as ações deve-se perguntar: onde gozarei mais? como gozarei mais? Esta é a pergunta que fazem a si mesmas as jovens quando traçam o plano para um dia de festa ou um dia de trabalho e podemos dizer que para toda a sua juventude e para toda a sua vida.
Isto é o que as pessoas mundanas chamam gozar a vida. A lei do prazer causa espantoso estragos no indivíduo e na sociedade. O jovem ou a jovem que se rege por ela embrutece a sua inteligência.
Um rapaz, uma rapariga nos primeiros anos do liceu tira notas brilhantes, ocupa os primeiros lugares. No quinto ano, no sexto ano, as notas baixam lastimosamente. O que sucede? Os pais procuram afanosamente a causa. Essa causa pode ser múltipla; mas muitas vezes a causa é muito íntima. Esse jovem, essa jovem são vítimas das paixões que pedem prazer. Essa paixão absorve-os por completo.
Gozar, divertir-se, todas as suas energias se gastam nisso. Quando se deita e quando se levanta, quando está a mesa de estudo com o livro aberto, e quando assiste a aula com o corpo, em que pensa? Em tudo menos em estudar. Pensa no romance que leu, no filme que viu, no baile a que assistiu; pensa no que se divertiu ontem, como se divertirá amanhã e em outras coisas menos inocentes.
Não peçam a esse jovem interesse pelo estudo; não peçam a essa jovem afeição pelas coisas de casa; só pensa em viver a vida, em pôr em prática a lei do prazer. O prazer, convertido em norma de vida, causa ainda maiores estragos na inteligência.
Os psiquiatras dir-vos-ão que o maior contingente de crianças anormais o dão as crianças mimadas, as crianças que nunca foram contrariadas nos seus caprichos.
Dir-vos-ão, que os frutos da intemperança são, entre muitas outras misérias: a debilidade mental e mesmo a demência paralítica, essa horrível paralisia geral das faculdades mentais, que vem a ser como que um aglomerado de todas as decadências.
5 de novembro de 2018
4 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Corpo da Virgem Santíssima
Parte 2/6
A Virgem Santíssima como mãe dos homens convinha que sofresse também.
A auréola mais gloriosa que circunda a fronte de uma mãe é o sofrimento. Tirai a uma mãe a dor e ter-lhe-eis tirado a sua maior beleza. Se a Virgem Santíssima não tivesse sofrido, tinha perdido para nós um dos seus maiores encantos. "É nossa mãe; mas não é como nós" - teríamos dito decepcionados. "Não sofria, como nós sofremos".
A Virgem Imaculada tem para nós encantos; mas mais tem a Nossa Mãe dolorosa.
A dor torna uma mãe merecedora do amor de seus filhos.
Porque é que os filhos amam tanto as mães? Porque conhecem o que sofreram por eles.
Porque é que alguns filhos de agora amam menos suas mães do que os de antes? Porque algumas mães de agora procuram sofrer o menos possível pelos seus filhos e por conseguinte são menos merecedoras do seu amor.
Porque amamos tanto a Virgem Santíssima? Porque os seus dons naturais e sobrenaturais são dignos de serem amados, é verdade; mas, mais que por isso, amamo-la pelo que sofreu por nós durante toda a sua vida e sobretudo aos pés da Cruz.
A própria Santíssima Virgem não nos amaria tanto, se não lhe tivéssemos custado tanto. Para que Maria nos amasse mais ardentemente, convinha que sofresse por nós.
Convinha também que a Virgem Santíssima padecesse para que se compadecesse das nossas dores e procurasse remediá-las. É um fato que nos compadecemos mais das dores alheias, quando nós próprios as experimentamos. "Eu sei bem o que isso é", costumamos dizer quando alguém padece duma doença que nós mesmos já sofremos e compadecemo-nos do que sofre o que nós já experimentamos.
É uma das razões que alega São Paulo para que confiemos na intercessão de Jesus Cristo: "temos um Pontífice que experimentou as nossas misérias".
De maneira semelhante podemos nós dizer: temos uma mãe que experimentou as nossas próprias dores; por isso compadecer-se-á delas e procurará remediá-las.
O mundo é um vale de lágrimas e os olhos rasos de lágrimas buscam alguém com quem compartilhar a sua dor.
Por isso vereis tantas pessoas ajoelhadas aos pés de Nossa Senhora das Dores. Essas pessoas estão a dizer à Santíssima Virgem: "Vós, que compreendeis as dores, tende compaixão das minhas".
3 de novembro de 2018
2 de novembro de 2018
Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,
RETRATOS DE NOSSA SENHORA
O Corpo da Virgem Santíssima Passível
Parte 1/6
O corpo da Virgem Maria era formosíssimo. Tinha a beleza que dá a integridade, e proporção de todos os seus membros; tinha a beleza da cor natural e a beleza que transparece da beleza da alma.
Tinha a beleza dum corpo tão puro que nem sequer tinha as raízes do pecado, a concupiscência. Para que esse corpo fosse completamente belo, faltava-lhe contudo outra fonte de beleza, o sofrimento.
Os vestígios dum sofrimento heroico dão ao rosto uma beleza sobre humana. Mais belas que as cores artificiais, mais belas que os sorrisos alegres, são as lágrimas, quando saem dum coração inocente e amoroso; e quando rolam por um rosto cinzelado pelo sofrimento.
Por isso o que não consegue uma mulher ataviada e sorridente consegue-o uma mulher chorando. Que brilho e que beleza dão ao rosto as lágrimas inocentes e amorosas!
Esta fonte de formosura não podia faltar no corpo da Virgem Santíssima. O corpo da Virgem Santíssima foi passível. O corpo da Virgem Santíssima sofreu como nós.
Deus concedeu à Virgem Santíssima todos os privilégios que exigia a sua dignidade de Mãe de Deus e livrou-a de tudo o que estava em oposição com essa dignidade. A essa dignidade altíssima opunha-se o pecado; e livrou-a do pecado original, do pecado atual e fê-la impecável.
A essa dignidade opunha-se tudo o que fosse inclinação ao pecado e extinguiu nela a concupiscência; mas a dor não só não se opunha à dignidade de Maria, mas era conveniente para a missão que devia desempenhar no mundo.
O Filho de Deus vinha expiar os pecados dos homens com o sofrimento. Vinha pagar com a sua dor o que os homens gozam quando pecam.
Por isso devia possuir um corpo passível apto ao sacrifício: "corpus autem aptasti mihi", dizia o Filho de Deus a seu Eterno Pai. Era necessária uma vitima e deste-me um corpo apto para o ser.
E quem havia de dar esse corpo passível ao Filho de Deus? Havia de lho dar sua Mãe. Logo, o corpo da Virgem Maria devia ser passível como o de seu Filho. Mais ainda, Jesus Cristo associava a Virgem Santíssima à sua obra expiatória. Jesus seria o Redentor. Maria a Corredentora. Jesus remiria o mundo com a dor, Logo, com a dor devia colaborar sua Mãe na Redenção; e para isso devia ter um corpo passível. A dor seria também para a Virgem Santíssima uma fonte de merecimentos. Deus inundaria a sua alma de graça santificante; mas aquela graça podia crescer, e nada melhor que a dor para multiplicar o tesouro da graça.
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