2 de novembro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Corpo da Virgem Santíssima Passível


Parte 1/6

O corpo da Virgem Maria era formosíssimo. Tinha a beleza que dá a integridade, e proporção de todos os seus membros; tinha a beleza da cor natural e a beleza que transparece da beleza da alma.
Tinha a beleza dum corpo tão puro que nem sequer tinha as raízes do pecado, a concupiscência. Para que esse corpo fosse completamente belo, faltava-lhe contudo outra fonte de beleza, o sofrimento.
Os vestígios dum sofrimento heroico dão ao rosto uma beleza sobre humana. Mais belas que as cores artificiais, mais belas que os sorrisos alegres, são as lágrimas, quando saem dum coração inocente e amoroso; e quando rolam por um rosto cinzelado pelo sofrimento.
Por isso o que não consegue uma mulher ataviada e sorridente consegue-o uma mulher chorando. Que brilho e que beleza dão ao rosto as lágrimas inocentes e amorosas!
Esta fonte de formosura não podia faltar no corpo da Virgem Santíssima. O corpo da Virgem Santíssima foi passível. O corpo da Virgem Santíssima sofreu como nós.
Deus concedeu à Virgem Santíssima todos os privilégios que exigia a sua dignidade de Mãe de Deus e livrou-a de tudo o que estava em oposição com essa dignidade. A essa dignidade altíssima opunha-se o pecado; e livrou-a do pecado original, do pecado atual e fê-la impecável.
A essa dignidade opunha-se tudo o que fosse inclinação ao pecado e extinguiu nela a concupiscência; mas a dor não só não se opunha à dignidade de Maria, mas era conveniente para a missão que devia desempenhar no mundo.
O Filho de Deus vinha expiar os pecados dos homens com o sofrimento. Vinha pagar com a sua dor o que os homens gozam quando pecam.
Por isso devia possuir um corpo passível apto ao sacrifício: "corpus autem aptasti mihi", dizia o Filho de Deus a seu Eterno Pai. Era necessária uma vitima e deste-me um corpo apto para o ser.
E quem havia de dar esse corpo passível ao Filho de Deus? Havia de lho dar sua Mãe. Logo, o corpo da Virgem Maria devia ser passível como o de seu Filho. Mais ainda, Jesus Cristo associava a Virgem Santíssima à sua obra expiatória. Jesus seria o Redentor. Maria a Corredentora. Jesus remiria o mundo com a dor, Logo, com a dor devia colaborar sua Mãe na Redenção; e para isso devia ter um corpo passível. A dor seria também para a Virgem Santíssima uma fonte de merecimentos. Deus inundaria a sua alma de graça santificante; mas aquela graça podia crescer, e nada melhor que a dor para multiplicar o tesouro da graça.

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