31 de janeiro de 2019

Tesouro de Exemplos - Parte 590

SANTA ISABEL DA HUNGRIA

Filha do rei André II, da Hungria, nasceu em Presburgo, no ano de 1207. Sua nobreza, sua piedade e sua formosura atraíram a atenção do duque da Turíngia, que a pediu para esposa de seu filho Luís. Menina ainda, levaram-na para o palácio de seu futuro esposo, a fim de que se habituasse à corte e aos costumes da Turíngia.
Certa vez, a duquesa Sofía, mãe de Luís, levou-a a uma igreja, para visitar uma imagem de Nossa Senhora da Assunção, cuja festa se celebrava naquele dia. A menina, vendo uma imagem de Jesus Crucificado, prostrou-se diante dela, tirando antes a coroa que trazia na cabeça. Repreendeu-a sua futura sogra.
— Uma princesa — disse — deve rezar de pé, com a coroa na cabeça; do contrário, hão de confundir-te com uma beata.
Ao que replicou Isabel:
— Não posso estar com uma coroa de ouro e pérola diante de Jesus Cristo que, por mim, levou a coroa de espinhos. — E desatou a chorar.
Seu futuro esposo amava-a demais.
— Se esta montanha — disse um dia a um de seus vassalos — se transformasse toda em ouro, por ela eu não trocaria a minha Isabel, cuja formosura e bondade enlevam e enchem o meu coração.
Assim que Luís completou vinte anos celebrou seu casamento com Isabel, ainda muito jovem. A duquesa Sofia, cheia de ciúmes de sua nora, procurou debalde arrefecer o amor dos esposos.
Um dia, achando-se Luís ausente, Isabel encontrou um leproso, mísero, chagado e pestífero. Com suas delicadas mãos pensou-lhe as feridas, deu-lhe de comer e o fez deitar-se em seu leito conjugal.
Nisto regressou Luís. A sogra apressou-se a narrar-lhe o ocorrido, levando-o ao quarto do casal. Qual não foi, porém, o seu espanto quando, em lugar do leproso, ali encontraram a Jesus crucificado, estendido sobre o leito. Caíram de joelhos e Jesus desapareceu.
Outra vez, a duquesa Sofia rogou a seu filho que repreendesse a Isabel, porque — disse-lhe — leva tudo que encontra na cozinha para distribuir aos pobres, e vai tão carregada que pode prejudicar a saúde, tornando-se o escárnio da plebe.
Poucos dias depois, Isabel, que descia por um caminho estreito, levando sob o manto grande quantidade de pães e outros alimentos para os pobres, encontrou-se com seu marido que saíra bem cedo a passear a cavalo pela vizinhança. Olhou para ela o duque Luís e, com intenção de repreendê-la suavemente, perguntou-lhe:
— Que é que levas ai?
E ao mesmo tempo abriu-lhe o manto; mas, em vez de víveres, que julgava encontrar no regado de sua esposa, viu, com espanto, uma braçada de belíssimas rosas brancas e encarnadas.
Por aquele tempo pregava-se uma cruzada contra os infiéis. Luís, com o consentimento de sua esposa, partiu com outros cavaleiros. Passados alguns meses chegou a triste notícia de que o duque havia morrido. Deixava por herdeiro o seu primogênito; mas, até que chegasse a maioridade, Henrique, irmão do duque, governaria seus estados.
Foi então que a duquesa Sofia e seus cortesãos puderam vingar-se. Expulsaram do palácio a Isabel com seus filhos, tendo a pobre viúva de viver mendigando. Na primeira noite, ninguém a quis hospedar, temendo a vingança do regente. Com admirável resignação aceitou Isabel, por amor de Deus, todos aqueles desprezos e privações.
Ao regressar da Terra Santa o grosso do exército, capitães e soldados, indignados com o tratamento que se dava a Isabel, obrigaram Henrique e Sofia a recebê-la no palácio e a reconhecerem os direitos do herdeiro.
Isabel deu graças a Deus, mas não quis viver na corte entre danças e intrigas. Retirou-se a um casebre, em Marburgo, perto do qual ergueu um hospital, onde atendia aos pobres e enfermos. Rica de santidade e de méritos, voou para o céu em 1231, contando apenas 24 anos de idade.
Festa: 19 de novembro.

30 de janeiro de 2019

A .Alma de Todo Apostolado, J. B. Chautard,

A Alma De Todo Apostolado
J. B. Chautard


2 - Deus quer que Jesus seja a vida das obras.

Parte 1/3

A Ciência toda se ufana com os seus imensos triunfos e certo é que títulos legítimos tem para disso se ufanar. No entanto, uma coisa até hoje lhe tem sido impossível e impossível lhe será de futuro: criar a vida, fazer sair um grão de trigo, uma larva do laboratório de um químico. As estrondosas derrotas dos partidários da geração espontânea já nos ensinaram o que devíamos pensar acerca dessas pretensões. Deus guarda o poder de criar a vida.
Na ordem vegetal e animal, os seres vivos podem crescer e multiplicar-se e ainda assim a sua fecundidade apenas se realiza dentro das condições estabelecidas pelo Criador. Ao tratar-se, porém, da vida intelectual, Deus reserva-a para si e ele é quem diretamente cria a alma racional. Um domínio há, contudo, de que ele é ainda mais cioso - o domínio da vida sobrenatural, emanação da vida divina comunicada à humanidade do Verbo encarnado.
Per Dóminum nostrum Jesum Christum. Per ipsum et cum ipso et in ipso. A Encarnação e a Redenção constituem Jesus Fonte e Fonte única dessa vida divina, da qual todos os homens são chamados a participar. A ação essencial da Igreja consiste em difundir essa vida por meio dos sacramentos, da oração, da pregação e de todas as obras que com isso se relacionam.
Deus tudo faz por meio de seu Filho: Omnia per ipsum facta sunt et sine ipso factum est nihil. Isto já é verdade na ordem natural; mas quanto mais o é ainda na ordem sobrenatural, desde que se trata de comunicar a sua vida intima e de tornar os homens participantes da sua natureza para torná-los filhos de Deus.
Veni ut vitam hábeant. In ipso vita erat. Ego sum vita. Que precisão nestas palavras! Que luz nessa parábola da videira e dos sarmentos, onde o Mestre desenvolve esta verdade! Como ele se empenha em gravar no espírito dos seus apóstolos este princípio fundamental; que unicamente ele, Jesus, é a vida; e esta consequência: que, para participar dessa vida e comunicá-la aos outros, hão mister de ser enxertados no Homem Deus!

28 de janeiro de 2019

Tesouro de Exemplos - Parte 589

SÃO JOSAFAT, BISPO-MÁRTIR

Nasceu em fins do século dezesseis, em Wladimir, na Polônia. Sua mãe, muito piedosa, explicava-lhe com frequência a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Um dia, diante do crucifixo, lhe contava a história da Paixão do Senhor.. Saiu uma luz brilhante da chaga do peito de Jesus Cristo e penetrou no coração do menino, deixando-lhe no peito uma ferida. Para ganhar o pão, foi para Wilna, onde se empregou num armazém. Ali aproveitava os momentos livres para aprender a doutrina Cristã. Aos vinte e quatro anos, abandonou o comércio, com grande pesar de seu patrão, e entrou no convento da SS. Trindade. Ai entregou-se ao estudo da Sagrada Escritura e à penitência, imitando a Jesus, que orou e jejuou quarenta dias, antes de começar as suas pregações.
Bem cedo começou a pregar, e fazia-o com palavras tão fervorosas e com vida tão santa que as conversões de judeus e cismáticos se contavam por milhares.
Chegaram até Roma essas noticias e o Papa, vendo em S. Josafat uma imagem do bom Pastor; nomeou-o arcebispo de Polocz.
Esta insigne dignidade em nada modificou a sua vida de penitência. Andava com os pés descalços através das estepes, geladas no inverno e barrentas nas outras estações. Nunca provou carne; o vinho, só por obediência; e jamais deixou o seu áspero cilício.
Para socorrer aos pobres, a quem dava tudo, chegou a penhorar seu próprio pálio de arcebispo.
Quando não visitava a diocese, pregava diariamente na catedral, que se enchia por completo; e, ao anunciar que ia terminar seu sermão, o povo rompia em soluços, dizendo: “Falai, falai, santo pastor, pois, ainda que falásseis o dia inteiro, não nos cansaríamos de ouvir.-vos”.
Enfurecidos os judeus e os cismáticos, por causa do grande fruto que ele fazia nas almas, tramaram uma conspiração para assassiná-lo.
A 12 de novembro de 1623, uma multidão de fanáticos e criminosos, convocada pelos sinos de todas as igrejas cismáticas, assaltou o palácio do santo arcebispo. Maltrataram e feriram a alguns criados que procuravam dissuadi-los de seu infame desígnio. Apareceu então São Josafat e com voz carinhosa disse aos invasores:
— Meus filhos, não façais mal aos meus servos. Se tendes alguma coisa contra mim, aqui estou, imolai-me.
Caíram sobre ele aqueles criminosos, vararam-lhe o peito com punhais e partiram-lhe a cabeça com uma machadada. Como o bom Pastor, também ele deu a sua vida por suas ovelhas.
Os milagres que se operaram após a sua morte e a lembrança de suas virtudes converteram a muitos judeus e cismáticos, e até mesmo a alguns de seus assassinos, de sorte que o sangue deste preclaro imitador de Jesus Cristo beneficiou até aos que o derramaram e aos que os induziram a derramá-lo.
Festa: 12 de novembro.

27 de janeiro de 2019

Programação de Missas na Semana

Tesouro de Exemplos - Parte 588

TRAÇO EDIFICANTE DA VIDA DE S. JACINTO

S. Jacinto, descendente de uma família nobre pelo sangue e pela religião, foi apóstolo dos poloneses. Pertencia à Ordem de S. Domingos e, junto com seu irmão Ceslau, fundou vários conventos e evangelizou a Polônia, a Prússia, a Rússia e a Tartária. Faleceu em Cracóvia aos 15 de agosto de 1257.
Encontrava-se ele na cidade de Kiew, na Rússia, onde construirá um convento e uma igreja magnífica dedicada à Rainha do céu.
Um dia, após a celebração da santa Missa, ouve dizer que os Tártaros, inimigos do nome cristão, tinham avançado até os muros da cidade e dentro em pouco a tomariam de assalto. Essa notícia causou-lhe grande terror porque sabia das horríveis profanações a que costumavam. entregar-se aqueles infiéis bárbaros e brutais. Que faz o Santo? Aproxima-se respeitosamente do Sacrário, dele retira a divina Eucaristia, coloca-a sobre o seu coração e esconde-a debaixo da túnica. Em seguida, ordena aos religiosos que o sigam, para escaparem aos bárbaros. Mas, chegando à porta da igreja, ouve uma voz forte que o chama: “Jacinto! Jacinto!” Tentou saber de onde vinha aquela voz e não o descobrindo, continuou a caminhar. A voz brada de novo: “jacinto! Jacinto!” O Santo para, ouve e fica convencido de que a voz vem duma grande e artística imagem da Santíssima Virgem. E a voz continua: “Jacinto, meu filho, então é assim que, subtraindo o Filho dos ultrajes dos Tártaros, abandonas a Mãe ao furor deles?” O Santo, em sua simplicidade angélica, responde que a sua força não dá sequer para mover do lugar a pesada estátua. Maria insiste: “Se tivesses um pouco de amor, meu filho, como te pareceria leve esse peso que te amedronta! Tem confiança em Jesus que sustenta o mundo em suas mãos: Ele torna tudo fácil”. O bom servo de Maria exclama: “Bem! se não é preciso mais que fé e amor, eis-me aqui, SS. Virgem, minha Mãe!" E, correndo para a estátua, inclina-se diante dela, toma-a nos braços e leva-a para fora da igreja e da cidade, seguido de todos os seus religiosos, sem encontrar os inimigos. Tomaram a direção de Cracóvia e, durante a viagem, novo milagre! Chegado à margem do rio Boristeno, que é muito largo e que não havia remédio senão atravessar., jacinto não encontra uma barca sequer. Cheio de confiança na onipotência do Mestre adorável, que leva consigo, e na intercessão de sua augusta Rainha, segura com uma das mãos a estátua e com a outra a Eucaristia, e abençoa o rio; depois, sem hesitar um instante, entra na água. Ó prodígio! a água não cede sob seus passos, e ele anda sobre as ondas como outrora S. Pedro na Galiléia; nem a sola de seu calçado ficou molhada! Os religiosos, testemunhas daquela proteção admirável do céu, lançam-se também às águas e atravessam o rio com a mesma facilidade. E contam as atas da canonização que, por muitos anos, ainda se podiam ver os sinais dos pés do Santo sobre as águas do rio, fato presenciado por milhares de pessoas.
Enfim, chegando a Cracóvia, Jacinto depositou sobre o altar-mor da igreja dos Dominicanos o santo cibório com o divino Sacramento, e sobre um altar lateral a imagem da Santíssima Virgem, que retomou imediatamente seu peso natural.
Não é mister acrescentar que essa igreja de Cracóvia se tornou, daí em diante, um santuário muito frequentado pelos devotos de Nossa Senhora, que ali obtém até hoje inúmeras graças.
Festa de S. Jacinto: 16 de agosto.