31 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 285

AMOR FILIAL

N. era pai de vários filhos e havia anos que estava de cama. A filha maior fazia de enfermeira; ao vê-lo próximo da morte e sem sentimentos religiosos, chorava sem consôlo. O doente indagou a razão de tanto chôro.
Papai, o que me faz chorar é o pensamento de que temos de separar-nos e não nos veremos mais.
- É preciso ter paciência, replicou o pai; a separação não será para sempre, pois no outro mundo nos tornaremos a ver.
- Oh! não - disse a menina; nunca mais nos veremos.
- Sim, filha, havemos de ver-nos; por que não?
- Não, meu pai; porque, se o sr. morrer em pecado mortal, irá para o inferno e eu quero ir para o céu. E não quero vê-lo no inferno, mas no céu.
A estas palavras cheias de dor e carinho da filha, o enfêrmo resolveou confessar-se e morrer santamente.

30 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 284

SALOMÃO HONRA SUA MÃE

Durante uma audiência solene, estava Salomão sentado em magnífico trono. Ao ver entrar sua mãe, a rainha Betsabé, que ia pedir-lhe uma graça, pôs-se de pé, foi ao seu encontro, fêz-lhe profunda reverência e mandou preparar-lhe um trono para que sentasse à sua direita.

29 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 283

DEVORADOS PELOS URSOS

O profeta Eliseu, venerável ancião, subia à cidade de Betel. Um bando de meninos mal educados saíram-lhe ao encontro e insultaram-no dizendo:
"Sobe, calvo! Sobe, calvo! Naquele momento saíram do bosque vizinho dois ursos e mataram a quarenta e dois dêles.

28 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 282

SENTENÇA SEVERA

Em esparta, os juízes condenaram à morte um menino por ter arrancado os olhos de um animal. Aos que reclamaram que a sentença era muito severa, responderam: "O ânimo cruel de um menino que assim procede com os animais, amanhã se voltará contra os homens".

27 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 281

OS FILHOS DE TEODÓSIO

O imperador Teodósio entregara seus dois filhos a Arsênio para que os educasse. Um dia entrou o imperador para assistir à aula e encontrou os dois meninos sentados e o mestre de pé. "Neste momento - disse-lhes - sois discípulos e, portanto, deveis respeito a vosso mestre".
E obrigou-os a assistir à aula de pé.

26 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 280

O RETRATO DO PAI

Boleslau, rei da Polônia, levava sempre ao pescoço o retrato de seu pai. Quando tinha algo importante, olhava para o retrato, beijava-o e dizia: "Deus não permita faça eu alguma coisa que desonre a memória de meu querido pai".

25 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 279

ESQUECERAM MEUS DEVERES

- O imperador Décio quis coroar imperador a seu filho, mas êste recusou a honra, dizendo: "Eu creio que, sendo imperador, esqueceria meus deveres de filho. Prefiro não ser imperador mais filho bom e obediente, a ser imperador e filho revoltoso. Que meu pai mande e minha glória consistirá em obedecer-lhe com tôda fidelidade".

24 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 278

QUANTO CUSTASTES A TEUS PAIS?

O arcebispo de Salzburgo, D. Agostinho Gruber, ao visitar uma escola no Tirol, perguntou a uma menina se sabia quanto custara a seus pais.
A menina, surpreendida, corou e não soube  responder.
- Vamos ver, disse: quantos anos tens? Quanto lhes custas por dia, por mês e por ano?
- A menina, auxiliada pelo arcebispo, conseguiu fazer as contas pedidas.
O arcebispo acrescentou:
- Como poderás pagar os cuidados de tua mãe e os suores de teu pai?
Não com ouro ou prata, mas com amor, respeito e obediência.
Esse cálculo impressionou de modo salutar todos os meninos da escola.

23 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 277

GUIAVA-O

O célebre Cornélio Cipião, por gratidão e respeito a seu pai que ficara cego, guiava-o êle mesmo a tôda a parte e tinha para com êle as maiores atenções.

22 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 276

MINHA MÃE ERA POBRE

O papa Bento XI, filho de pais pobres, foi elevado ao pontificado em 1303. Estando o papa de passagem em Perússia, sua mãe mandou pedir para falar-lhe. O papa perguntou como ela estava vestida. Responderam-lhe que estava com vestido de sêda. "Então não é minha mãe - disse o papa - minha mãe é pobre mulher do povo". Levaram-lhe essa resposta do papa; ela pôs seus vestidos humildes e apresentou-se de novo. Desta vez o filho recebeu-a e abraçou-a com efusão.

21 de março de 2013

Sermão 1º Domingo da Paixão - Padre Daniel Pinheiro - IBP


[Sermão] Causas e efeitos da Paixão de Cristo


Sermão para o Primeiro Domingo da Paixão
17 de março de 2013 - Padre Daniel Pinheiro

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…
Entramos hoje no Tempo da Paixão. Os sinais de austeridade se acentuam. O Gloria Patri é tirado do Asperges, do Intróito e do Lavabo. O Salmo 42, que expressa alegria, é omitido. A Cruz e as imagens dos santos são cobertas com panos roxos, simbolizando que a Paixão de Cristo ainda não ocorreu e, se ela ainda não ocorreu, os santos também ainda não entraram no céu. Somente na Sexta-Feira Santa a Cruz será descoberta e somente na Vigília, após a ressurreição, os santos serão descobertos.
Rezemos pelo Santo Padre, o Papa Francisco, pela Igreja e por nós mesmos, caros católicos.
Lembro mais uma vez que a Quaresma é Tempo propício para a Confissão, a fim de fazermos uma boa comunhão pascal. Como dizia oração da Missa de sexta-feira passada: Deus renova o mundo por meio dos sacramentos, pois a verdadeira renovação se faz pela santidade e fidelidade ao que a Igreja sempre ensinou e não por revoluções.
***
Entramos hoje, caros católicos, nesse tempo particular dentro do Tempo da Quaresma: o Tempo da Paixão. É tempo oportuno para refletir bem e meditar bem a obra da nossa Redenção e o mistério dos sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo durante a sua Paixão. Não basta, no entanto, considerar somente o fato dos sofrimentos suportados por Nosso Senhor. É preciso conhecer também as causas e os efeitos da Paixão, pois somente assim poderemos começar a ter ideia da grandeza da bondade divina e poderemos haurir uma água viva para a nossa vida espiritual.
A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo encontra sua origem no pecado de nossos primeiros pais. Com efeito, Nosso Senhor se encarnou para nos livrar do pecado, que entrou no mundo pela falta cometida por Adão. Nós sabemos, a gravidade de uma ofensa se mede a partir da dignidade da pessoa ofendida. Como o pecado é uma ofensa feita a Deus, infinitamente digno, o pecado é uma ofensa infinita. E isso não só para o pecado de Adão, mas também para todos os nossos pecados graves, que são, então, ofensas infinitas feitas a Deus. Ora, como nós somos seres finitos, como podemos satisfazer por nossos pecados, que são ofensas infinitas? Como podemos satisfazer, quer dizer, como podemos oferecer a Deus algo que lhe agrade mais do que a ofensa infinita lhe desagradou? Isso é, para nós, impossível. Até mesmo se oferecêssemos a Deus todas as vidas de todos os homens de todos os tempos, seria largamente insuficiente. Assim, é impossível para nós satisfazer pelo pecado. Como resolver esse problema?
Nós, na nossa sabedoria humana, teríamos pensado em um perdão gratuito e completo de Deus, que Ele poderia nos dar sem nenhuma injustiça e sem prejudicar ninguém. Todavia, nessa hipótese, a justiça divina, embora não fosse violada, não seria perfeitamente satisfeita. Além disso, com um perdão gratuito, o homem não se daria conta da gravidade de seu pecado: se Deus perdoa com tanta facilidade, o pecado não é assim tão grave, diria o homem. Podemos dizer também que esse perdão gratuito não manifestaria claramente e perfeitamente o amor de Deus pelos homens. O perdão puramente gratuito é uma solução humana.
A sabedoria divina, que dispõe perfeitamente todas as coisas, nos deu outra solução. Deus permite um mal sempre em vista de um bem superior. Dessa forma, se a sabedoria divina permitiu o pecado, que é o maior dos males, foi justamente para que ocorresse a encarnação e para que a obra da redenção se cumprisse pelo Verbo feito carne, Nosso Senhor Jesus Cristo, homem e Deus. Sendo homem e Deus, uma só ação de Nosso Senhor basta para satisfazer abundantemente a ofensa infinita do pecado. E isso pela simples razão de que a mais simples ação de Cristo é feita sempre com uma caridade, com um amor infinito por Deus. E essa caridade do Homem-Deus é infinitamente mais agradável a Deus do que todos os pecados lhe são desagradáveis. Assim, a encarnação é necessária para satisfazer plenamente a justiça divina. Um ato, então, do Menino Jesus recém-nascido teria bastado para resgatar, redimir todos os homens. A encarnação, resposta divina ao pecado, satisfaz perfeitamente a justiça divina. Mas a solução divina não se resume a isso. A solução divina compreende, além da encarnação, a paixão, os sofrimentos e a morte de Cristo.
No entanto, caros católicos, se uma única ação do Menino Jesus teria bastado para a redenção de todos os homens, por que uma paixão tão sangrenta? Estamos nós diante de um Deus sedento de vingança? Claro que não. Como dissemos, a justiça divina já está plenamente satisfeita com a mais simples ação de Cristo, homem e Deus. Se a providência divina permitiu a paixão e a morte de Nosso Senhor, há uma só razão (principal) para isso. Seu amor por nós. Como nos diz São João: Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito. E Nosso Senhor, Ele mesmo desejava com um desejo ardente a chegada de sua hora, que não é outra que a hora de sua Paixão. Mas como? Nosso Senhor quis padecer tantos sofrimentos por amor dos homens? Sim, caros católicos, o motivo principal da paixão e morte de Cristo é seu amor por nós. Por amor, Ele quis ser preso e amarrado no Jardim das Oliveiras, maltratado  na casa do sumo sacerdote, flagelado e coroado de espinhos diante de Pilatos. Ele quis carregar a Cruz, Ele quis as quedas dolorosas durante o caminho da Cruz. Por amor, Ele quis, enfim, ser destituído de todas as suas vestes, quis a crucificação com dores inauditas, a sede tremenda. Ele quis também padecer as dores interiores, mil vezes maiores que essas imensas dores exteriores: a tristeza mortal no Jardim das Oliveiras diante da visão de todos os tormentos que Ele ia sofrer, o sofrimento diante da perfídia dos judeus que teriam tantos imitadores ao longo dos séculos; a tristeza mortal face à infidelidade de seus discípulos e de tantos cristão frouxos, face aos pecados sem número cometidos até o final dos tempos, face à inutilidade de seu sangue para o mau ladrão e para tantas outras almas que não o aceitaram.
O Verbo Encarnado nos mostrou, pela sua Paixão e Morte de Cruz, a imensidade de seu amor porque uma das medidas mais seguras e exatas do amor é justamente o sofrimento que somos capazes de suportar para alcançar o bem do amigo. Ele quis nos mostrar esse amor infinito, amor capaz de sofrer todas as dores para o bem daqueles que eram ainda pecadores. E ao nos mostrar seu amor, ele queria uma só coisa, pois Cristo quer uma só coisa: que o amemos em troca. E que o amemos com todas as nossas forças, com toda a nossa alma, com todo o nosso ser, guardando os seus mandamentos. A paixão de Cristo destrói os obstáculos que se opõem à conversão da alma, em particular, ela destrói a dureza do coração que se obstina a não escutar a voz suave de Deus que o chama por meio de sua Paixão.
Da Paixão de Nosso Senhor há ainda vários outros frutos. A Paixão de Cristo e sua Cruz, de modo particular, é a cátedra mais eloquente que pode existir. O Salvador nos ensina do alto dessa cátedra pelo exemplo. Ele nos ensina a prática de todas as virtudes, sem as quais o homem não pode se salvar: obediência, humildade, paciência, justiça, constância, fidelidade à vontade de Deus, etc…
Pela Paixão de Cristo, a feiura e as gravíssimas consequências do pecado nos são mostradas claramente. Os sofrimentos, as feridas, as chagas, os opróbrios suportados por Nosso Senhor Jesus Cristo, deveriam ter sido carregados por nós, os verdadeiros culpados. Assim, à vista das graves consequências do pecado, tão graves que levam Deus a um tal sofrimento, devemos ser levados a abandonar todo e qualquer pecado.
Finalmente, a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo é a derrota mais humilhante para o demônio. O inimigo do gênero humano havia triunfado fazendo nossos primeiros pais pecarem. A morte, fruto amargo do pecado, era o troféu do demônio. Nosso Senhor destruiu a obra perniciosa do demônio e abriu para nós o céu justamente pela sua morte. Quando o demônio acreditava vencer, ele foi, na realidade, definitivamente derrotado e humilhado.
Sofrer por aquele que amamos e lhe fazer o bem. Eis as duas coisas que nos fazem conhecer um amigo, diz Cícero. Todos os sofrimentos e todos os bens que decorrem da Paixão de Cristo nos mostram a grandeza de seu amor por nós. Na Paixão de Nosso Salvador, a justiça e o amor se encontram de modo perfeito. E é o amor que vence, pois a Paixão, embora tenha por finalidade satisfazer pelo pecado, ela tem como objetivo principal mostrar aos homens o amor infinito de Deus por nós, a fim de que o amemos em troca. A Paixão era, então, a maneira mais conveniente de nos resgatar porque pela paixão nós somos levados a Deus e afastados do pecado de uma maneira admirável. Um homem não seria capaz nem de suspeitar uma resposta tão perfeita ao pecado.
Não fiquemos indiferentes, caros católicos, a um tal amor. E quando Nosso Senhor se dirige a nós, como o faz agora, não endureçamos nosso coração, mas sigamos o Salvador, guardando seus preceitos e carregando nossa cruz com verdadeira alegria. Não sejamos como os judeus do Evangelho de hoje, que não encontrando nenhuma falta em Cristo, quiseram lapidá-lo. Ao contrário, vivamos, de agora em diante, por Cristo, com Cristo, em Cristo, fazendo em tudo a sua divina vontade. Combatamos pelo triunfo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se o pecado e a morte entraram no mundo pela falta de um só homem – Adão – a graça e a vida eterna vieram também por um só homem – Jesus Cristo. Consideremos com frequência a misericórdia, a bondade, o amor infinito de Jesus Cristo por nós, e que nos foram manifestados na sua Paixão e Morte. E peçamos também a Nossa Senhora, Virgem das Dores, a graça de nos fazer herdeiros desses bens que foram adquiridos ao preço de um sangue tão caro. Foi pela nossa alma que Cristo sofreu e morreu. Foi para salvar a nossa alma.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Tesouro de Exemplos - Parte 275

SANTA MACRINA

Era irmã de S. Gregório Nisseno. Esta santa mulher nunca perdeu de vista sua mãe. Concentrou nela todos os seus cuidados e afetos e jamais permitiu que os criados a servissem, reservando-se a honra de preparar-lhe a comida e de servi-la. Quando a mãe enviuvou, Macrina dedicou-se inteiramente a ajudá-la na educação dos quatro filhos e das cinco filhas que restavam.

20 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 274

QUERO IR COM MINHA MÃE

Enquanto se torturava a mártir S. Julieta, Ciro, seu filhinho de três anos, ao ver que sua mãe derramava sangue, começou a gritar de maneira enternecedora. O governador tomou-o nos braços para acalmá-lo, mas êle o repeliu, gritando: "Sou cristão e quero ir com minha mãe". E para escapar-se, arranhava-lhe o rosto. Furioso, o governador tomou-o pelo pé e partiu-lhe a cabeça contra as grades do tribunal. A mãe deu graças a Deus e logo a ela mesma se lhe cortou a cabeça.

19 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 273

CASTIGO DE UM MAU FILHO

A 19 de outubro de 1914, próximo de Turim, um rapaz discutiu com sua mãe por questão de interêsses, chegando a espancá-la brutalmente, quebrando-lhe o braço e causando-lhe ferimentos graves.
A mãe teve de ser hospitalizada e o filho foi prêso. Quando o levaram à estação para conduzi-lo ao tribunal de Turim, o rapaz tentou atirar-se debaixo do trem que se aproximava.
Caindo, porém, ao lado, o trem cortou-lhe sómente as duas mãos com que maltratava a mãe e, assim, teve de apresentar-se no tribunal.

18 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 272

S. TOMÁS MORO

Êste grande chanceler da côrte da Inglaterra, sendo já casado e em idade avançada, nunca saía de casa sem pedir de joelhos a bênção e seu velho pai, a quem demonstrava aliás a maior veneração e respeito.

17 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 271

DEU-LHE A LIBERDADE

Serapião, o Dionita, fêz-se escravo de um pagão, para convertê-lo, e conseguiu-o de fato. Seu amo deu-lhe a liberdade, e presenteou-o com um vestido, uma túnica e um Livro dos Evangelhos. Serapião deu o vestido ao primeiro pobre que encontrou e, pouco depois, a túnica a outro e, depois, mostrando o Evangelho, dizia: "Eis aqui o que me despojou de tudo".
Entretanto, vendeu também o livro para socorrer a uma viúva.

16 de março de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 270

GUARDÁ-LO-EI COMO LEMBRANÇA

Um inglês visitava a cidade de Viena. Entrou numa loja de cabeleireiro no momento em que uma jovem oferecia sua formosa cabeleira pelo preço de dez coroas. Já se dispunha o cabeleireiro a cortá-la, quando o visitante quis saber por que a jovem ia sacrificar seus cabelos.
- Senhor - disse a jovem - meu pai foi negociante opulento; mas as coisas foram mal; agora é velho e desamparado; minha mãe está enfêrma e, como não encontro outra solução vejo-me obrigada a vender a minha cabeleira.
- A senhora não venda seus cabelos tão barato. Eu o pagarei melhor. E, entregando-lhe cem libras esterlinas, tomou a tesoura e disse:
- Permita-me que lhe corte um só fio de cabelo, que guardarei como lembrança de seu amor filial.
Aquelas cem libras serviram de base para, em pouco tempo reconstituir a fortuna perdida.

13 de março de 2013

Sermão 4º Domingo da Quaresma (Laetare) - Padre Daniel Pinheiro - IBP


[Sermão] O milagre da multiplicação e a Eucaristia


Sermão para o Quarto Domingo da Quaresma (Laetare)
10 de março de 2013 - Padre Daniel Pinheiro

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…
***
Estamos hoje no Domingo Laetare, Domingo da Alegria. Os paramentos rosas, as flores, o órgão e os textos da Missa indicam alegria. Trata-se de amenizar as austeridades da Quaresma para poder continuá-las com melhor disposição ainda para o resto desse tempo penitencial. Se alguém ainda não começou as práticas de penitência na Quaresma, é preciso fazê-lo desde já. Não podemos deixar passar esse tempo de graça e de misericórdia, para elevar o nosso coração ao alto, pela oração, pela mortificação, pelas obras de caridade.
***
Gostaria de lembrar alguns pontos relativos à liturgia: o primeiro é que os fiéis devem fazer o sinal da cruz quando são aspergidos com água benta, no início da Missa. Os fiéis devem estar em pé quando o padre se volta para eles para dizer o Dominus Vobiscum na coleta e no ofertório. Finalmente, para receber a comunhão, é preciso levantar um pouco a cabeça e colocar a língua para fora, a fim de que o sacerdote coloque confortavelmente o Corpo de Cristo na boca do fiel.
***
Regozijai-vos com ela de alegria, vós que tendes vivido na tristeza, porque sereis fartos de consolações.
Nós vemos, caros católicos, a bondade divina no Evangelho de hoje. A multidão seguia Nosso Senhor Jesus Cristo por causa dos milagres que fazia, nos diz o Evangelho, e, seguramente, o seguia também por suas palavras de vida eterna. Era uma multidão de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Nosso Senhor, movido de compaixão, tem pena dessa gente. Essa multidão esqueceu até mesmo o alimento corporal, para poder seguir o Salvador. Buscou primeiro o Reino de Deus, e Cristo, na sua bondade, lhe deu o resto. Nosso Senhor multiplica os cinco pães e os dois peixes, e a multidão é saciada com tal abundância que sobraram ainda doze cestos de pães. Quão admirável é a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, no entanto, essa multiplicação de pães é somente uma pálida manifestação da bondade e misericórdia de Nosso Senhor.
Digo que ela é somente uma pálida manifestação da bondade e misericórdia divinas porque os cinco pães e os dois peixes são figura dos sete sacramentos, que alimentam a nossa alma. Os dois peixes são os dois sacramentos de mortos, quer dizer, para quem está em estado de pecado: batismo e confissão. Os cinco pães são os cinco sacramentos de vivos, para quem está em estado de graça: eucaristia, crisma, matrimônio, ordem, extrema-unção. Todavia, a multiplicação de pães é mais propriamente uma figura da Sagrada Eucaristia. Essa prefiguração se torna explícita em vários detalhes do Santo Evangelho de hoje. O primeiro deles é o fato de São João mencionar que a Páscoa estava próxima. Ele associa a multiplicação de pães à Páscoa. Ora, é justamente no dia da Páscoa judaica, no dia do sacrifício do cordeiro pascal, que Cristo instituiu a Eucaristia em união indissociável com o novo e eterno sacrifício, que é o sacrifício do Corpo e Sangue de Cristo. O segundo deles é o próprio fato da multiplicação, que prefigura a Santa Eucaristia. O mesmo e único Corpo de Cristo é multiplicado sobre os altares pelas palavras do sacerdote – “Este é o meu Corpo”, “Este é o Cálice do meu Sangue” – e conservado nos tabernáculos. A abundância de pães nos indica a abundância da graça que Cristo quer nos transmitir por meio do sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Na Eucaristia, é o próprio Cristo, homem e Deus, que está presente. Jamais poderemos receber integralmente a graça que Ele quer nos transmitir nesse sacramento. Também o cuidado com os fragmentos que sobraram nos dirigem para a Eucaristia, mostrando o cuidado que devemos ter para evitar qualquer profanação – por menor que seja ela – do Corpo de Cristo.
eucaristia_12É na Sagrada Eucaristia que se manifesta toda a caridade de Deus para conosco. Na Eucaristia, Nosso Senhor não alimenta o corpo de seus discípulos com simples pão. Na Eucaristia, Nosso Senhor alimenta a nossa alma com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. É Deus que se entrega a nós. É Nosso Senhor que se entrega a nós, sob as aparências do pão e do vinho. Mistério incompreensível da bondade divina. Nosso Senhor disse (Jo VI): “Eu sou o pão da vida. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” Quando Cristo falou isso, muitos se escandalizaram e abandonaram o Salvador, exatamente como o fazem hoje os protestantes. Em Seguida Cristo dirá na Última Ceia: “Este é o meu Corpo” e “Este é o Cálice do meu Sangue”, transmitindo aos apóstolos o poder de realizar a mesma transformação, dizendo-lhes: “Fazei isso em memória de mim”. É, portanto, Deus que se faz presente no altar. É Deus que recebemos quando comungamos. Nunca devemos nos esquecer dessa verdade: É Deus que se entrega a nós na Sagrada Eucaristia.
Para receber dignamente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo – pois na Hóstia está Cristo inteiro, tal como ele se encontra no céu – devemos nos preparar adequadamente. A multidão que recebeu o favor da multiplicação dos pães nos auxilia a conhecer as disposições necessárias para receber o Corpo de Cristo. Primeiro, é preciso ter a fé, aderindo às verdades reveladas por Nosso Senhor e ensinadas pela Igreja. A multidão segue Cristo aonde ele vai e negligencia os bens desse mundo buscando primeiramente os bens do alto. Para receber a comunhão, é preciso ser católico, ter a fé e seguir Nosso Senhor. É preciso buscar antes as coisas do alto e não as coisas desse mundo. Vemos também que antes da multiplicação dos pães que Cristo curou os doentes. Isso significa que é preciso buscar a confissão antes de comungar, se por infelicidade cometemos um pecado mortal. Se alguém ousa comungar estando em pecado mortal, comete outro pecado gravíssimo, o pecado de sacrilégio, abusando daquilo que há de mais santo. Como pode esperar da misericórdia divina aquele que abusa dessa mesma misericórdia? Aquele que comunga nesse estado, não receberá evidentemente, nenhuma graça, mas receberá a sua própria condenação, como diz São Paulo: “aquele que se alimenta do Corpo do Senhor indignamente, será réu do Corpo do Senhor”. A Eucaristia significa a união e a incorporação a Cristo, que se faz somente pela graça santificante. Assim, se alguém comunga sem estar unido a Cristo pela graça e pela caridade, comete uma falsidade e um sacrilégio. Além disso, a eucaristia é alimento espiritual, e como todo alimento, ela serve para nutrir e fortificar alguém que já está vivo e não alguém que está morto.
Algumas pessoas comungam em pecado mortal por respeito humano, temendo que as outras pessoas pensarão justamente que ela está em estado de pecado mortal. Assim, elas terminam cometendo um sacrilégio. Ora, ninguém tem o direito de julgar uma pessoa porque ela deixou de comungar. Há inúmeras razões além do pecado mortal que podem nos conduzir a não comungar em determinado dia. Por exemplo, o fato de ter se distraído demasiado durante a Missa. Ou o fato de não ter feito o jejum eucarístico como diremos mais adiante. Ou o fato de não comungar porque a pessoa começa a comungar por pura rotina e começa a perder a devida reverência com o sacramento, etc. Assim, se alguém deixa de comungar, ninguém pode julgar que ela está em pecado mortal. A pessoa não deve se preocupar com o que os outros irão pensar. Ela deve ser preocupar com a misericórdia divina, ofendida pela comunhão indigna.  Portanto, para nos aproximarmos da Eucaristia, devemos estar em estado de graça, em amizade com Deus, com a consciência limpa de todo pecado mortal. É bom que estejamos arrependidos dos pecados veniais, fazendo um ato de contrição durante a Missa, por exemplo, mas isso não é indispensável. Não precisamos ser perfeitos para receber a Sagrada Eucaristia. Aliás, é pela Comunhão que conseguiremos vencer os pecados veniais. Além da fé e do estado de graça, a Igreja exige também que se pratique o jejum de alimentos e bebidas, exceto água e remédio, uma hora antes da comunhão. Esse jejum não precisa ser observado para os moribundos, claro. Finalmente, diz o Catecismo de São Pio X que é preciso a modéstia, tanto na própria pessoa como no vestir.
Como já sabemos, nós recebemos na Eucaristia o próprio Deus, o autor da santidade. Uma só comunhão bastaria para nos tornar santos, para nos levar a praticar as virtudes em grau heroico.  Por que ocorre, então, caros católicos, que comunguemos sem tirar grandes frutos de nossas comunhões, sem fazer grande progresso na nossa vida espiritual? A explicação está no fato de que não nos preparamos como deveríamos para receber a Sagrada Comunhão. Além da fé, do estado de graça, da modéstia, do jejum é preciso ter uma reta intenção ao comungar. Devemos comungar com a intenção de agradar a Deus e de nos unir a Ele e não por simples rotina ou vaidade. Para comungar com fruto abundante, devemos ter uma fé vivíssima na presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as aparências de pão e vinho. Devemos ter uma humildade profunda, lembrando que se podemos receber o Corpo de Cristo, é unicamente devido a sua bondade infinita e não aos nossos méritos. Em seguida, devemos ter uma grande confiança, pois um Deus que se entrega a nós como alimento, quer o nosso bem, ele quer que nos salvemos. Ele espera tão somente a nossa cooperação. Em seguida, devemos ter um desejo ardente de receber Nosso Senhor na Sagrada Hóstia. Essa fome e sede de receber Nosso Senhor procede da caridade, procede do desejo de amizade com Cristo, do desejo de união com ele, querendo as mesmas coisas que Ele, querendo fazer de nós um outro Cristo. Deus nos dá uma graça imensa na Eucaristia. Essa preparação pela fé viva, pela humildade, pelo desejo ardente de receber Cristo para nos assemelhar a Ele fará que recebamos com grande fruto a Sagrada Eucaristia. E, para aumentar esses frutos, devemos fazer uma boa ação de graças após a recepção do sacramento. A preparação é mais importante do que a ação de graças ao receber a Sagrada Comunhão, mas a ação de graças também é essencial. Na ação de graças, devemos nos oferecer a Deus em união com Cristo, adorando-o, pedindo perdão por nossas faltas, pedindo-lhe as graças necessárias para nossa salvação e agradecendo-lhe todos os benefícios que Ele nos fez. Nós podemos nos dispor para receber somente um pouco ou muito dessa graça. Disponhamo-nos bem, caros católicos, para que sejamos santos. É nisso que consiste a nossa felicidade.
Regozijemo-nos de alegria, nós que temos vivido na tristeza, pois fomos saciados de consolações abundantes. Pode haver maior consolação e consolação mais abundante que o próprio Deus que se entrega a nós em alimento?  O Corpo de Cristo nos dá a força para combater com alegria o bom combate pela salvação de nossa alma e pela salvação da alma de nossos irmãos. Pela Sagrada Eucaristia possuímos Deus de um modo que nem mesmo o mais piedoso dos santos poderia imaginar e que somente a bondade infinita de Deus pôde inventar. Devemos fazer algo semelhante àquela multidão. Depois do grande milagre, quiseram proclamar Nosso Senhor rei, mas um rei puramente terreno. Nós pela comunhão devemos fazer de Cristo Rei da nossa alma e Rei das nações, para que elas sigam sua santa lei. Pela Sagrada Eucaristia nós possuímos um bem infinito. Eis a nossa felicidade. A Sagrada Eucaristia recebida com devoção é o céu aqui na terra. Ofereçamos a nossa boa comunhão de hoje pela eleição de um Papa Santo.

4 de março de 2013

Sermão 3º Domingo da Quaresma - Padre Daniel Pinheiro, IBP

Sermão para o Terceiro Domingo da Quaresma
03 de março de 2013 - Padre Daniel Pinheiro
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…
Sede imitadores de Deus, como filhos amados e andai no amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós a Deus, como oferenda e hóstia de suave odor.
Como todos sabem, a Sé de Pedro está vacante. A cátedra do Apóstolo São Pedro, sobre o qual Cristo edificou a sua Igreja, a sua única Igreja, está vazia. O momento da eleição de um futuro Papa é sempre muito importante para a Igreja, mas no contexto da crise atual em que vivemos, o momento se torna crucial. Bento XVI, alguns dias antes de deixar o Pontificado, assinalou alguns dos elementos dessa crise quando se dirigiu ao clero de Roma: seminários fechados, conventos fechados, liturgia banalizada…
800px-COA_sede_vacante_San_Giovanni_in_Laterano_2006-09-07Eu digo que esse momento se torna crucial porque o Papa é a autoridade suprema dessa sociedade divina e humana que é a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. A autoridade suprema de uma sociedade é a causa formal de uma sociedade. Isso significa que a sociedade é tal sociedade ou tal outra sociedade, com tais ou tais características, em virtude da autoridade suprema. Vemos isso claramente em um governo civil. Evidentemente, haverá uma sociedade distinta se há um governante católico ou se há um governante comunista, por exemplo. Claro, a Igreja, ao contrário da sociedade civil, não pode deixar de ser a Igreja. A Igreja não pode mudar a constituição divina que lhe foi dada por Cristo. A Igreja não pode errar em matéria de fé ou moral. A Igreja não pode deixar de existir até o final dos tempos. Tudo isso porque Cristo falou que as portas do inferno não prevaleceriam – e não prevalecerão – contra ela. Tudo isso porque a autoridade suprema invisível da Igreja é Nosso Senhor. Porém, é evidente a importância que tem o Santo Padre, autoridade visível suprema na Igreja. Nosso Senhor disse a São Pedro e a seus sucessores: “tudo o que ligares na terra será ligado no céu e tudo o que desligares na terra será ligado no céu”. Ao ofício de Pedro está, consequentemente, intimamente atrelada a salvação das almas.
Foi publicada, nesses dias e em várias línguas, a carta de Santo Afonso Maria de Ligório endereçada ao conclave do ano de 1775. (Nota do Editor: por exemplo, neste link do site do Pe. Paulo Ricardo; em inglês, neste link; em italiano neste link.) Recomendo a todos que leiam essa carta excelente desse grande santo. 

Santo Afonso: o Papa deve ser dotado, antes de tudo, de espírito e de zelo pela honra de Deus.
O Santo descreve, então, as virtudes que deve ter o sucessor de Pedro. Tratemos somente da primeira delas, que inclui todas as outras. Ele diz que o Papa deve ser dotado, antes de tudo, de espírito e de zelo pela honra de Deus. Ter, antes de tudo, zelo pela honra de Deus, significa que o Papa deve ter uma caridade perfeita, pois o zelo é decorrência do amor, da caridade. Isso significa que o Papa deve ser santo. A única preocupação do Papa deve ser agradar a Deus pela salvação das almas.  Isso é ter zelo pela honra de Deus. É para isso que eu conclamo todos a rezarem: para que Deus, Nosso Senhor, nos dê um Papa santo. A oração é, nesse caso, a única arma que possuímos. É preciso rezar e rezar muito, diz Santo Afonso.
Creio que está suficientemente claro, para qualquer católico minimamente sério, que nós não precisamos de um Papa de tal ou tal continente. Que nós não precisamos de um Papa de tal ou tal cor de pele, etc. Nós precisamos de um Papa santo. A santidade consiste na perfeição da caridade. Quem possui uma caridade perfeita possui também as outras virtudes em grau perfeito, necessariamente. As virtudes estão intimamente ligadas, elas crescem proporcionalmente, como os dedos da mão. Portanto, um Papa Santo possuirá todas as outras virtudes necessárias para conduzir as almas ao céu. Um Papa Santo terá uma fé firmíssima, confessando-a até o martírio, se necessário for. Ele terá uma fé firmíssima para combater todo risco de indiferentismo religioso. Ele terá uma esperança inabalável em Deus, fundada na bondade e na onipotência divinas, sabendo que pode contar com o auxílio divino, apesar das adversidades postas pelo mundo. Ele terá a prudência celestial – virtude do chefe – necessária para governar, para tomar as melhores decisões em vista do fim a ser atingido: fim que é a maior glória de Deus e o bem das almas. Ele não terá a prudência da carne. Ele terá a justiça para dar a cada um o que lhe é devido, premiando os bons, promovendo os dignos e punindo os maus. Ele terá a temperança necessária para exercer seu ofício buscando não a glória desse mundo, mas a glória eterna. Ele terá a fortaleza, a fim de poder colocar em prática tudo isso, vencendo todos os obstáculos, todo respeito humano, vencendo o mundo, e tendo em vista somente o zelo pela honra de Deus. Ele terá a virtude de religião, para favorecer uma liturgia que tenha Deus no centro e que corresponda perfeitamente à doutrina católica. Enfim, ele terá todas as virtudes em grau perfeito, se ele for verdadeiramente santo, para governar a Barca de Pedro, conduzindo as almas que estão na Barca única e exclusivamente a Cristo.
Devemos rezar nesses dias para que tenhamos um Papa Santo. Para Deus, nada é impossível. “Pedi e vos será dado. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.” Há certas coisas que Deus quer nos dar, mas que Ele condiciona às nossas orações. É preciso rezar. É preciso rezar muito, como diz Santo Afonso.
Conta-se a história de uma religiosa italiana que há alguns séculos teve uma visão de três cardeais que participavam do conclave naquela época. Havia um ruim. Havia um bom. Havia um excelente. Na visão, foi-lhe dito que seria eleito o primeiro, o ruim. A irmã não se conformou e passou a rezar e fazer penitência pela eleição do cardeal excelente. Em visão posterior, foi-lhe dito que, em virtude de suas orações e mortificações, foi eleito o cardeal bom, que aparentemente foi beatificado posteriormente. Não posso garantir a veracidade da história, mas ela é perfeitamente verossímil. Nossas orações e nossos sacrifícios, unidos à oração de Cristo e aos sacrifícios dele, têm verdadeiro valor diante de Deus. Fazer uma boa confissão também ajudará nas nossas súplicas. Peçamos a eleição de um Papa Santo. E, depois de eleito, continuemos a pedir pela santificação do Santo Padre. É preciso que façamos a nossa parte, pois, como diz Santo Afonso, se, por acaso e para nossa desgraça, for eleito um Papa que não tem somente a glória de Deus diante dos olhos, o Senhor pouco vai ajudá-lo, e as coisas como estão nas circunstâncias atuais irão de mal a pior. Quem diz isso é um Santo e Doutor da Igreja. Podemos aplicar suas palavras perfeitamente aos nossos tempos. É preciso rezar. É preciso rezar muito. Devemos ter grande confiança e esperança, caros católicos. “Pedi e vos será dado. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.” E aconteça o que acontecer, ter sempre presente em nosso espírito que a Igreja é divina. Que a Igreja é indefectível. Que a Igreja é infalível. Que as portas do inferno não prevalecerão. Devemos ter a certeza absoluta de que a vitória é da Igreja e de seus filhos fieis. Rezemos pela eleição do futuro Papa.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.