30 de dezembro de 2020

Restrospectiva 2020 do Apostolado IBP em Curitiba - Solenidade da Epifania

 Missa Solenidade da Epifania

Nota sobre a questão das vacinas desenvolvidas com uso de linhagens de células de fetos humanos abortados

Nota sobre a questão das vacinas desenvolvidas com uso de linhagens de células de fetos humanos abortados

1. Considerando a importância do assunto e as dúvidas que nos têm chegado desde um certo período acerca da questão das vacinas, resolvemos esclarecer alguns princípios e a aplicação deles.

2. A doutrina católica sobre a vacina desenvolvida a partir do uso de linhagem de células de fetos abortados é, em resumo, a contida no documento de 2005 do Vaticano, intitulado Reflexões morais sobre vacinas preparadas a partir de células derivadas de fetos humanos abortados. Essa mesma doutrina foi sumariamente retomada em documento da Congregação para a Doutrina da Fé de 17 de dezembro de 2020, intitulado Nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas contra a Covid-19. Neles, o Vaticano não diz simplesmente que é lícito receber esse tipo de vacina, mas que pode ser lícito com certas condições.

3. Essa doutrina foi exposta em 2005, pois já nessa época havia vacinas desenvolvidas assim. Não consta que tenha havido contestação de nenhuma tendência ou de nenhum grupo católico, desde então até 2020, sobre isso.

4. O princípio da possibilidade da cooperação material mediata com o mal é inquestionável, desde que haja três condições.

5. São as condições: que a ação de quem coopera materialmente e mediatamente seja boa ou indiferente, que a intenção seja boa e que haja causa proporcionalmente grave. Essa causa deve ser tanto mais grave quanto mais grave é o mal com que se coopera e quanto mais próxima (embora sempre material) seja a cooperação.

6. Esse princípio se aplica, sem dúvida alguma, ao caso de vacinas assim desenvolvidas, desde que haja as três condições e desde que não haja outro tipo de vacina ou de tratamento comprovadamente eficaz. O pecado do aborto, por mais abominável que seja, não se constitui em uma exceção quanto à aplicação desse princípio.

7. Portanto, em caso de doença realmente grave para o indivíduo ou para o bem comum e não havendo outras vacinas ou tratamentos à disposição, é possível tomar esse tipo de vacina, mantendo o desacordo pelo aborto e procurando, segundo suas possibilidades, favorecer o desenvolvimento de vacinas que não utilizem essas linhagens.

8. As vacinas, em si, não contêm células de fetos abortados.

9. Novos abortos não são perpetrados para continuarem a produção das vacinas.

10. Isso não significa minimizar em nada a gravidade do aborto, assassinato covarde e cruel de um ser humano inocente e indefeso.

11. Falando de vacinas em geral: poderia haver casos (de doença grave para o bem comum) em que o Estado poderia até mesmo obrigar a vacinação.

12. Se alguém sustenta que a cooperação material mediata é sempre imoral em relação ao aborto, tem que aplicar isso em todos os aspectos da vida e não só com a vacina. Na prática, é quase impossível não cooperar materialmente com o aborto na sociedade atual. Ao comprar algo da indústria farmacêutica ou alimentícia (para citar apenas duas) se financiam muitas vezes aqueles que financiam os laboratórios que também trabalham com essas linhagens de células.

13. Fala-se muito com suspeita sobre vacinas, mas pouco ou nada se prova de fato, nem com argumentos científicos nem com fatos.

14. Se há motivo proporcionalmente grave ou não, no caso concreto do coronavírus, para se tomar uma vacina desenvolvida a partir dessas linhagens de células, é uma questão em aberto. Portanto, ninguém deve pretender impor ao outro a própria opinião causando divisões desnecessárias.


Padre Daniel Pinheiro, IBP
Padre Renato Coelho, IBP
Padre Marcos V. Mattke, IBP
Padre Thiago Gaspar da Silva Bonifacio, IBP
Padre Luiz Fernando Karps Pasquotto, IBP
Padre Ivan Chudzik, IBP
Padre Mathias Moskva, IBP
Padre Lucas Altmayer, IBP
Padre Gian Strapazzon, IBP

THESOURO DE PACIÊNCIA

DA ORAÇÃO NO HORTO


MEDITAÇÃO V

Continuando o Senhor a sua oração por largo tempo, baixou um Anjo do Céu a conforta-lo; mas não quis o Eterno Pai livrar o amado Filho da morte cruel a que o tinha destinado. E assim tratou Deus ao seu Filho Unigênito! Ora, que muito é, alma minha, à vista disto, que te trate Deus a ti como tratou seu único e inocente Filho? Considera bem nisto e ficarás desenganada, que não é falta de amor em Deus o não te livrar desses trabalhos, que tanto te afligem; assim como semelhante modo de proceder não foi falta de amor para com seu Filho. Olha: tu não me hás de dizer que o Senhor te não tem amor; porque se Ele o não  tivera, onde estarias tu a estas horas? Se Ele te não tivera amor, e muito amor, dize-me porque razão te havia de sofrer o que te tem sofrido? A outras almas, talvez melhores que a tua, não tem sofrido nem a quarta parte das injurias que a ti te tem perdoado: logo, é certo que te ama. Discorre agora contigo, e dize a ti mesma: É certo que Deus me ama muito e deveras: Deus bem me ouve clamar, e pode acudir-me e livrar-me num momento de todos os trabalhos que me oprimem; mas não me quer livrar, como não livrou a Jesus Cristo seu Filho, estando em muito maior aflição e agonia do que eu estou: logo, é sinal que este trabalho me é conveniente, esta aflição para mim é boa: sim, sem duvida, convêm-me aliás Deus me acudiria; pois tanto me ama, que, para me acudir e valer, rasgou as mãos e os pés, e se deixou atravessar pelo peito. E tira por fruto não pedir nunca a Deus, que absolutamente te livre dos trabalhos, mas só se for conveniente á tua alma o tira-los: pede-lhe, sim, que te conforte, como confortou o seu Unigênito Filho, para poderes com merecimento suporta-los.

JACULATORIA-

Meu Deus, confortai-me com a vossa graça poderosa, e dai-me os trabalhos que fordes servido.


29 de dezembro de 2020

Restrospectiva 2020 do Apostolado IBP em Curitiba - Missas de Natal

Prezados Amigos, Salve Maria!

Estamos encerrando o ano de 2020! Um ano muito estranho e com muitas dificuldades. No entanto, Deus permite as dificuldades para a conversão e o crescimento na fé, sendo a oportunidade para aproximar-se cada vez mais de Deus, através da frequência à Santa Missa e a oração do Santo Terço. 

Terminamos o ano de 2019 com a bela e santa celebração do Natal do Senhor. A expectativa era de mais um ano (2020) de crescimento do apostolado em Curitiba.

Não temos a intenção em descrever as dificuldades enfrentadas no ano corrente, pois ainda estamos vivenciando, e não temos clareza até quando a mesma estará flagelando o mundo, no entanto esperamos aproveitar para uma conversão verdadeira para a salvação das nossas almas.

Estamos propondo uma retrospectiva de imagens, iniciando com o Natal de 2019, até o Natal atual.

Desejamos que as imagens publicadas possam mostrar o quanto Deus é bom e quantas graças recebemos em uma época tão difícil como a atual.

Desejamos um Feliz Natal e um 2021 de muita Paz, a Paz que vem de Deus!

Administrador do Blog São Pio V

Missa do Galo 2019

28 de dezembro de 2020

 THESOURO DE PACIÊNCIA

DA ORAÇÃO DO HORTO


MEDITAÇÃO  IV

 Era Jesus Cristo verdadeiro Deus, nascido do seio do Pai; mas também era Homem verdadeiro e da nossa mesma natureza; e por isso o seu coração, quando se viu submergido em tão profundo mar de amargura, sentia o que nós sentimos, que é a repugnância aos trabalhos. Tu, pois, ó  alma aflita, não te perturbes, se achas que o teu coração foge e repugna às penalidades desta vida; ele é de carne, Deus bem o sabe, porque pela sua mesma mão o formou; e sendo de carne, se o ferirem, há de sentir-se; se atravessarem e trespassarem com lanças, que muito que derrame sangue e que teus olhos se desfaçam em lágrimas? Chora pois embora, alma minha, e desabafa na presença do teu Deus, que o Senhor não te deu o coração de pedra, nem o espera achar insensível; somente o quer fiel, humilde e rendido à sua santa vontade. Que merecimento seria o teu, se isto te não custasse? O sacrifício que fazes do teu coração a Deus, quanto mais te custar, mais precioso será aos olhos do Senhor, e mais o há de estimar. Consola-te, que, quando ofereces ao Senhor o teu coração, assim como o tens, todo ferido, cortado e escorre em sangue, então recebe o Senhor com sumo agrado essa vitima, que tu lhe consagras. Portanto, alma atribulada, quando o teu coração te doer, aproveita-te dessa ocasião e oferece-o ao teu Deus: dize-lhe, ainda que seja com lagrimas: Meu Deus, sabei que sofro pelo amor de Vós o que não havia de sofrer por outra nenhuma causa; sim, meu Deus, estimo que isto me custe tanto para vos fazer este sacrifício bem custoso, e para que vejais quanto vos amo.

JACULATÓRlA.

Meu Deus, só por Vós quero sofrer, só por Vós.


Transmissão dos Horários de missa no Apostolado IBP Curitiba

Na Capela São José de Chambéry:

⛪️ Domingo, 27/12
Domingo na Oitava de Natal

08h30, Missa Rezada
10h00, Missa Cantada
19h00, Missa Rezada
————————————————————

Na Casa do Padre: Olavo Bilac, 76

⛪️ 2ª feira, 28/12
07h30, Missa Rezada

⛪️ 3ª feira, 29/12
07h30, Missa Rezada

⛪️ 4ª feira, 30/12
07h30, Missa Rezada
————————————————————

Na Capela São José de Chambéry:

⛪️ 5ª feira, 31/12
18h30, Exposição do Santíssimo
19h30, Missa Rezada e Te Deum

⛪️ 6ª feira, 01/01
Oitava do Natal de Nosso Senhor
08h30, Missa rezada
10h00, Missa Cantada

⛪️ Sábado, 02/01
08h30, Atendimento de Confissões
09h00, Missa Rezada

⛪️ Domingo, 03/01
Santíssimo Nome de Jesus

08h30, Missa Rezada
10h00, Missa Cantada
19h00, Missa Rezada

Deus abençoe!
Pe. Thiago, IBP

27 de dezembro de 2020

Nota sobre a questão das vacinas desenvolvidas com uso de linhagens de células de fetos humanos abortados

Nota sobre a questão das vacinas desenvolvidas com uso de linhagens de células de fetos humanos abortados

1. Considerando a importância do assunto e as dúvidas que nos têm chegado desde um certo período acerca da questão das vacinas, resolvemos esclarecer alguns princípios e a aplicação deles.

2. A doutrina católica sobre a vacina desenvolvida a partir do uso de linhagem de células de fetos abortados é, em resumo, a contida no documento de 2005 do Vaticano, intitulado Reflexões morais sobre vacinas preparadas a partir de células derivadas de fetos humanos abortados. Essa mesma doutrina foi sumariamente retomada em documento da Congregação para a Doutrina da Fé de 17 de dezembro de 2020, intitulado Nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas contra a Covid-19. Neles, o Vaticano não diz simplesmente que é lícito receber esse tipo de vacina, mas que pode ser lícito com certas condições.

3. Essa doutrina foi exposta em 2005, pois já nessa época havia vacinas desenvolvidas assim. Não consta que tenha havido contestação de nenhuma tendência ou de nenhum grupo católico, desde então até 2020, sobre isso.

4. O princípio da possibilidade da cooperação material mediata com o mal é inquestionável, desde que haja três condições.

5. São as condições: que a ação de quem coopera materialmente e mediatamente seja boa ou indiferente, que a intenção seja boa e que haja causa proporcionalmente grave. Essa causa deve ser tanto mais grave quanto mais grave é o mal com que se coopera e quanto mais próxima (embora sempre material) seja a cooperação.

6. Esse princípio se aplica, sem dúvida alguma, ao caso de vacinas assim desenvolvidas, desde que haja as três condições e desde que não haja outro tipo de vacina ou de tratamento comprovadamente eficaz. O pecado do aborto, por mais abominável que seja, não se constitui em uma exceção quanto à aplicação desse princípio.

7. Portanto, em caso de doença realmente grave para o indivíduo ou para o bem comum e não havendo outras vacinas ou tratamentos à disposição, é possível tomar esse tipo de vacina, mantendo o desacordo pelo aborto e procurando, segundo suas possibilidades, favorecer o desenvolvimento de vacinas que não utilizem essas linhagens.

8. As vacinas, em si, não contêm células de fetos abortados.

9. Novos abortos não são perpetrados para continuarem a produção das vacinas.

10. Isso não significa minimizar em nada a gravidade do aborto, assassinato covarde e cruel de um ser humano inocente e indefeso.

11. Falando de vacinas em geral: poderia haver casos (de doença grave para o bem comum) em que o Estado poderia até mesmo obrigar a vacinação.

12. Se alguém sustenta que a cooperação material mediata é sempre imoral em relação ao aborto, tem que aplicar isso em todos os aspectos da vida e não só com a vacina. Na prática, é quase impossível não cooperar materialmente com o aborto na sociedade atual. Ao comprar algo da indústria farmacêutica ou alimentícia (para citar apenas duas) se financiam muitas vezes aqueles que financiam os laboratórios que também trabalham com essas linhagens de células.

13. Fala-se muito com suspeita sobre vacinas, mas pouco ou nada se prova de fato, nem com argumentos científicos nem com fatos.

14. Se há motivo proporcionalmente grave ou não, no caso concreto do coronavírus, para se tomar uma vacina desenvolvida a partir dessas linhagens de células, é uma questão em aberto. Portanto, ninguém deve pretender impor ao outro a própria opinião causando divisões desnecessárias.


Padre Daniel Pinheiro, IBP
Padre Renato Coelho, IBP
Padre Marcos V. Mattke, IBP
Padre Thiago Gaspar da Silva Bonifacio, IBP
Padre Luiz Fernando Karps Pasquotto, IBP
Padre Ivan Chudzik, IBP
Padre Mathias Moskva, IBP
Padre Lucas Altmayer, IBP
Padre Gian Strapazzon, IBP

26 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XIX

CAPÍTULO XIX

De um menino morto a quem Santo Antônio miraculosamente ressuscitou

Também de outra vez tinha chegado Santo Antônio a um lugar para pregar, e uma devota mulherzinha deixou o filho no berço e foi ouvir o sermão.

Ora, quando depois voltou a casa, foi dar com o filho, morto, deitadinho de costas no berço.

Toda aflita e apoquentada correu numa pressa a Santo Antônio a rogar-lhe com muitas lágrimas que lhe ressuscitasse o seu menino.

E o Santo, doendo-se dela, por duas ou três vezes lhe disse:
— Anda, vai, que Deus te fará bem.

E ela, fiada nas palavras do Santo, voltou para casa cheia de esperança; e ao filho que deixara morto, encontrou-o vivo e a brincar com umas pedrinhas que antes nunca tivera.

25 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XVIII

CAPÍTULO XVIII

Como Santo Antônio preservou da morte um menino que caíra em caldeira de água a ferver

Chegou Santo Antônio a certa vila para pregar, ao tempo em que uma mulherzinha estava com o filho cerca da caldeira, ao pé do lume, a aquecer a água para o banho.

Tão nos ares ela ficou quando soube da chegada do Santo que, houvera de se dizer quase perdeu o tino.

Na pressa de ir ao sermão, pegou no filho, e, pensando deitá-lo no berço, meteu-o na caldeira, e desatou a correr a caminho da igreja.

No fim, ia para voltar a casa, perguntaram-lhe as vizinhas onde deixara o filho. E só então a pobre caiu em si e se acordou que deixara a criança ao pé do lume. E na aflição de que se poderia o filho ter queimado, começou de arrepelar-se e de carpir-se, chamando-se mofina e desgraçada. E numa corrida doida desarvorou para casa. Seguiram-na de perto, também receosas e aflitas, as pessoas que a ouviram.

Pois ao chegar a casa encontrou o menino dentro da caldeira a brincar com as bolhas da água que fervia em cachão.

E todos os que ali foram presentes, se maravilharam e com razão; e em grandes vozes louvaram a Deus e ao glorioso Santo Antônio.

24 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XVII

CAPÍTULO XVII

Como Santo Antônio lesse Teologia aos frades em Montpellier, um noviço se foi da Ordem, furtando-lhe um Saltério, e do mais que ali aconteceu

Quando Santo Antônio ensinava Teologia aos frades em Montpellier, aconteceu fugir da Ordem um noviço, de noite, e levar consigo furtivamente o Saltério glosado, de grande valor, por onde o servo de Deus dava suas lições.

Ao saber do caso, Santo Antônio muito se apoquentou, e pôs-se logo em oração. E permitiu a virtude de Deus que saísse o demônio ao caminho àquele noviço quando ele, fugindo, atravessava uma ponte, e lhe dissesse com voz ameaçadora e de espanto:

— Torna com o saltério ao servo de Deus Frei Antônio e volta à Ordem que deixaste, senão — é Deus quem assim ordena — mato-te já aqui e atiro contigo ao rio.

O noviço, cheio de terror, ainda quis resistir; mas logo o demônio se lhe mostrou de grandeza tão cruel, tão espantosa e aborrecível, a crescer em direcção a ele para o matar, que, possuído de temor de Deus, o pobre tornou-se a Santo Antônio a restituir-lhe o Saltério, a conhecer a sua culpa e a pedir com lágrimas que lhe consentisse ficar na Ordem.

23 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XVI

CAPÍTULO XVI

Como Santo Antônio com Frei Adão de Marisco foi mandado pelo Capítulo dos frades a estudar no Estudo Geral

Com aprazimento de São Francisco o Capítulo Geral escolheu a Santo Antônio para primeiro estudante de teologia da Ordem, e mandou-o a terras de França com o inglês frei Adão de
Marisco a frequentar o Estudo Geral.

E indo eles seu caminho, foram dar ao mosteiro de S. André de Vercelli, cujo abade era então havido pelo maior de todos os teólogos, e trasladara até do grego para latim os livros do bem-aventurado S. Dionísio e os ornara com formosíssimos comentários. E por aqueles tempos fora transferido para Vercelli o Estudo Geral de Milão.

Ora, o abade recebeu-os muito benignamente, e tanto se edificou com seu enlevamento de espírito, que, depois, afirmava muito ter aprendido com aqueles frades de aspecto simples e ignorante e ter visto em suas almas realmente retratadas as celestiais Jerarquias.

E durante os cinco anos que ali os dois passaram a estudar nos livros de São Dionísio, vieram a tanta claridade e lume de sabedoria que parecia não somente terem aprendido as ditas Jerarquias, mas haverem-nas de facto experimentado e percorrido. Por isso o venerável abade, a propósito de Santo Antônio, escreveu assim no referido volume, capítulo terceiro, no parágrafo que começa pela letra U:
“Muitas vezes o Amor penetra lá onde não chegam as humanas filosofias. E assim lemos de alguns santos bispos que, apesar de menos instruídos nas ciências naturais, alumiados da Mística Teologia com a agudeza da razão penetraram os céus, e, transcendendo todo o saber natural, chegaram até ao conhecimento da Trindade Beatíssima. Isto mesmo achei eu, por própria experiência, em Frei Antônio de Lisboa da Ordem dos Frades Menores quando ele esteve comigo em companhia. Menos versado como era nas ciências naturais, com tanta pureza de coração e fervor de alma desejou a Mística Teologia, que abundantemente a sua inteligência a alcançou. Pelo que se pode a ele aplicar o que de São João Baptista está escrito: Era candeia ardente e luminosa, pois lá por dentro ardia em Amor e por fora luzia em boas obras”.

E o varão de Deus Santo Antônio, apesar de muito rogado pelos frades, não presumiu pôr-se a ensinar sem primeiro conhecer a vontade de São Francisco, o qual, segundo corre, lhe deu por escrito esta resposta: “Ao muito amado irmão meu Frei Antônio, eu Frei Francisco envio muito saudar em Jesus Cristo. Apraz-me que leias aos frades a santa Teologia, mas de maneira que eles não afoguem no estudo o espírito da santa oração e devoção, segundo na Regra se contém. E Nosso Senhor te ajude”.

Também se afirma que Santo Antônio foi algum tempo companheiro de São Domingos, quando ambos eles eram Cônegos Regulares.

Certa vez o abade dos monges negros de S. Bento, pregando em Pádua repetiu as palavras que São Paulo escreveu numa carta sua para São Dionísio. Ouvia-o Santo Antônio, e tanto se comoveu com aquelas doces palavras que, por largo espaço de tempo ficou arroubado, fora de si.

22 de dezembro de 2020

THESOURO DE PACIÊNCIA

DA ORAÇÃO DO HORTO


MEDITAÇÃO III


 Vendo Jesus Cristo que crescia a sua aflição, continuou em orar a Deus, a então baixou um Anjo do Céu para o confortar. Assim deves tu fazer, alma atribulada: nas tuas angustias não te voltes para as criaturas, volta-te antes para o teu Deus, e com Ele desabafa, com Ele chora, com Ele desafoga o teu coração, que Ele te confortará. Tu não sabes, alma minha, que Deus tem um coração, e, deixa-me explicar assim, um gênio sumamente terno e compassivo? Não sabes que Deus te tem um amor excessivo e entranhável, e que te amou até morrer por ti? Pois como podes duvidar que, se te voltares para Ele no meio da tua aflição, deixe de te confortar? Adverte que o teu Deus é teu Pai, é teu Irmão, é teu Esposo, é teu Amigo, e até quis ser teu companheiro nos trabalhos. E quem te pode consolar melhor? Se todo o mundo te faltar, não importa: Se todos te desampararem, não importa, que tens o teu Deus; isto te basta. No teu maior desamparo retira-te a um canto, ou, se o não tiveres, ao teu mesmo coração; e, abrasada intimamente com Deus, dize a ti mesma: Ainda bem que tenho a meu Deus: ainda bem que ninguém mo pode tirar.

JACULATÓRIA.-

Meu Deus, meu Pai, meu Amigo, tende compaixão de mim.


21 de dezembro de 2020

Transmissão dos Horários de missa do Apostolado IBP Curitiba

Na Casa do Padre: Olavo Bilac, 76

⛪️ 4ª feira, 23/12
07h30, Missa Rezada

⛪️ 5ª feira, 24/12
Vigília do Natal
07h30, Missa Rezada

————————————————————
Na Capela São José de Chambéry:

⛪️ 5ª feira, 24/12
Natal de Nosso Senhor
21h00, Santa Missa do Galo cantada (antecipada) 🐓

⛪️ 6ª feira, 25/12
Natal de Nosso Senhor
08h30, Missa da Aurora Rezada
10h00, Missa do Dia Cantada

⛪️ Sábado, 26/12
08h30, Atendimento de Confissões
09h00, Missa Rezada

⛪️ Domingo, 27/12
Domingo na Oitava de Natal

08h30, Missa Rezada
10h00, Missa Cantada
19h00, Missa Rezada

Deus abençoe!
Pe. Thiago, IBP

20 de dezembro de 2020

THESOURO DE PACIÊNCIA

DA ORAÇÃO DO HORTO


MEDITAÇÃO II


Posto o Senhor em oração, foi tanta sua amargura, tão forte a aflição do seu espirito, que, tendo naturalmente um coração bem largo, e estando em toda a sua vida acostumado aos trabalhos; sendo por outra parte santíssimo, e tendo uma paciência e virtude infinita, não obstante tudo isto, observou-se no Senhor o mais estranho e nunca visto efeito de uma cruelíssima aflição: muda a cor do rosto, o semblante faz-se vermelho, começa um novo suor violento e geral, aparece sangue na testa, sangue nas faces, suam sangue até as mãos, sangue todo o corpo; repassa o suor as vestiduras santas, chega á terra, e não se vê senão sangue sem feridas, sangue saindo á força da aflição por todos os poros do sacratíssimo Corpo. E em que estado estaria o seu coração nesta hora? Pois sabe, alma atribulada, que toda esta aflição que padecia o teu Jesus, é por teu respeito. Mede agora uma aflição com outra, e conhecerás quanto deves ao teu Deus e quão pouco te deve Ele a ti: se a tua agonia te faz chorar lagrimas, a de teu Jesus o fez suar sangue; se a tua pena te fere o coração, quanto mais aflito estaria por tua causa o do Senhor nesta ocasião! Ah! filho meu! crê firmemente que, se é amargo o cálix que o Eterno Pai te dá a provar, muitas mais vezes tinha, sem comparação, o que, por teu amor, deu a beber a seu Unigênito Filho. Prostra-te, pois, aos pés de Jesus Cristo no Horto, e dize: Senhor, aqui tendes o meu coração, aqui o tendes: apertai-o quanto quiserdes, até derramar sangue, se for vossa vontade, já que tão apertado esteve o vosso a meu respeito.

JACULATÓRIA-

Meu Deus, tende o meu coração seguro na vossa mão, e apertai-o quanto quiserdes.

19 de dezembro de 2020

THESOURO DE PACIÊNCIA

PRIMEIRO PASSO


 DA ORAÇÃO NO HORTO


MEDITAÇÃO 1 

Considera, alma atribulada, que vês a Jesus Cristo debaixo de umas tristes e sombrias oliveiras: lá está de joelhos, mãos erguidas, rosto aflito e o animo cheio de amargura, de tristeza e de uma mortal agonia: repara que está só; mas não te admires desta solidão e desamparo, porque tu boa experiência tens do mundo, e bem sabes que todos querem acompanhar a .Jesus Cristo no monte Tabor; isto é, nas felicidades e glorias desta vida, e muitos poucos o desejam acompanhar no Olivete; quero dizer, nas tristezas, aflições e agonias. Tu, pois, se dele te compadeces, faze-lhe companhia, e não queiras desamparar o teu Senhor aflito. Mas adverte bem, que a Jesus, assim triste e desconsolado, não acompanha bem urna alma, quando está muito alegre e contente com as prosperidades do mundo: só umas lágri­mas fazem boa companhia a outras lágrimas, e uma aflição a outra. Portanto, se te vês, como Jesus Cristo, cheio de tristeza e de amargura, consola-te, que assim acompanhas bem a teu Senhor na oração do Horto. Ele estima sumamente a tua companhia, pois bem conhece que, acompanha-lo nas glorias, pode ser interesse; mas, acompanha-lo nas aflições, é puro amor. Dize-lhe, no meio de tuas penas: Aqui me tendes, meu  Deus; aqui me tendes: antes triste convosco, que alegre com o mundo. Repete isto muitas vezes na tua alma; e, quando o coração for vacilando, lança mão desta jaculatória, e repete-a com muita força, que Deus algum dia te dirá: Filho meu, já que me acompanhaste nas penas, vem acompanhar-me na glória.

JACULATORIA.

Meu Deus, aflito por meu amor, sinceramente vos digo, que antes quero viver triste convosco, do que alegre sem Vós.

18 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XV

Como Santo Antônio estando em Pádua, cansado de ouvir confissões e dar conselhos espirituais, desejou entregar-se à oração

Largo tempo demorara Santo Antônio em Pádua a ouvir confissões, a pregar e a dar conselhos espirituais. Ao fim sentiu-se deveras fatigado, e desejou recolher-se a lugar de mais sossego para todo se entregar à oração e contemplação de Deus. E por isso escreveu ao Ministro Provincial a pedir licença para se retirar a um eremitério onde pudesse viver em santa paz e quietação de espírito.

Quando teve a carta pronta, deixou-a no escritório e foi ter com o guardião a pedir quem lha pudesse levar ao Ministro Provincial. E, achado um portador, tornou o servo de Deus pela carta; mas por mais que a procurou, nunca a pôde encontrar.

Donde concluiu não ser talvez da vontade de Deus que se fosse daquele lugar; e por isso, mudando de propósito, tornou ao guardião a dizer que desistira de mandar a carta.

Mas, oh! maravilha de contar! Cumpridos que foram os dias em que pudera estar de volta o portador se tivesse sido enviado aonde o Ministro se encontrava, dele recebeu Santo Antônio carta de resposta, a autorizá-lo a recolher-se ao eremitério que demandava, para sua consolação espiritual.

Com razão se pode acreditar que foi um anjo, em semelhança de mensageiro, quem pegou da carta do Santo e a levou ao Ministro, para deste modo o consolar e mostrar com tal prodígio que seu pedido era muito do agrado de Deus.

17 de dezembro de 2020

 THESOURO DE PACIÊNCIA

PRÓLOGO


Todo neste mundo é um vale de lagrimas e de misérias: nascemos chorando, e chorando morremos; e enquanto não acabamos a vida, sempre temos motivos que nos obrigam a chorar. Por uma parte, se servimos o mundo e as nossas próprias paixões, ­ordinariamente acontece que, desenganados com repetidos desgostos, entre mil lagrimas e queixas confessamos, que este mundo é um tirano insuportável: então conhecemos por experiência que as nossas paixões são como víboras venenosas, as quais, quanto mais alimentamos no próprio seio, tanto mais ferozes se fazem para nos morderem e para nos introduzirem no coração um insuportável fel de amargura. Por outra parte, se servimos a Deus, achamos toda a terra como um campo de batalha, e andamos cercados por toda a parte de inimigos, que nos mortificam e perseguem: se queremos fugir-lhes, basta o susto, a fadiga, a aflição para nos fazerem derramar muitas e bem amargosas lagrimas; e se lhes não fugimos, as nossas lastimosas feridas nos dão motivo para derramar lagrimas de sangue. Por onde, os que vivem aflitos são quase tantos como os que povoam a terra. Sendo logo preciso dar algum remédio a um mal, que é comum, não achei outro mais suave, mais eficaz e mais pronto do que a meditação dos tormentos e aflições de Jesus Cristo; porque as Chagas do Senhor Jesus verdadeiramente são um tesouro de paciência. Portanto, a alma que se vê falta desta virtude, e desejosa de a conseguir, não tem que andar mendigando por outras partes: entre por meio da consideração neste grande e inexaurível Tesouro, e dele tirará riquezas imensas. Entre com vagar meditando uma ou duas vezes no dia os tormentos e paciência do Senhor; e entre também de passagem, mas com grande frequência, pelo decurso do dia, ao menos com a lembrança do seu sofrimento, e conhecerá maravilhosa mudança no seu coração. O Rea1 Profeta dizia: No dia da minha tribulação busquei a Deus: pus-me de noite com as mãos levantadas defronte do senhor, e não me enganei: a minha alma recusava toda a consolação, mas lembrei-me de Deus, e fiquei consolado. E se este efeito faz o pôr-se uma alma orando simplesmente defronte de Deus, que será defronte de Deus crucificado, aflito, cheio de sangue e de opróbrios? De Deus, que morreu por nos consolar, e que, por poder enxugar na bem aventurança (como prometeu) as nossas lagrimas, quis derramar as suas. Portanto, valham- se todos os aflitos deste remédio, e para isso se lhes propõem especiais meditações, e, no fim de cada uma, sua conveniente jaculatória, para no decurso do dia avivar a lembrança da Paixão do Senhor e o fruto que se tirou na oração. Divide-se toda a Paixão em sete Passos principais, que na Quaresma podem servir para as sete semanas, e fora dela para os sete dias de cada semana. Cada passo tem sete meditações, que, juntas, chegam para toda a Quaresma; mas no outro tempo poderá a alma escolher de cada Passo só uma para o dia da semana correspondentes á ordem dos Passos do Senhor, começando pelo Horto, no domingo.



16 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XIV

Como certa vez, pregando Santo Antônio, se levantou de entre o povo um sandeu a gritar

Pregando, uma vez, Santo Antônio, levantou-se de entre o povo um sandeu e desatou aos gritos a perturbar o sermão.

Com brandura o admoestava o Santo, a pedir que se calasse; mas o louco respondia que tal não havia de fazer até que lhe desse o seu cordão.

Fez-lhe o servo de Deus a vontade: tirou a corda que trazia atada à cinta e foi a entregar-lha.

Pegou dela o sandeu, pôs-se a abraçá-la e beijá-la, e de repente cobrou o siso e uso da razão. E na presença de todos caiu de joelhos diante de Santo Antônio a agradecer o favor de o ter curado.

E assim moveu o povo a glorificar a Deus pelos milagres que fazia por intercessão de Santo Antônio.

15 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XIII

Como certa vez, estando Santo Antônio a pregar, começaram de vir trovões e chuvas e relâmpagos

Outra vez convocara Santo Antônio o povo de Limoges para vir à pregação. E acorreram tantos a ouvi-lo, que não couberam em nenhuma das igrejas da cidade. Pelo que o Santo teve de os levar a um sítio amplo, chamado Cova das Arenas, onde antigamente foram os palácios dos pagãos. Ali ficavam mais à vontade e melhor podiam ouvir a celeste doutrina.

Principiara o Santo a falar com o fervor costumado e estava o povo suspenso de suas palavras doces como mel, quando de repente começou de ribombar o trovão, faiscaram no céu os relâmpagos e desatou a chover.

Os ouvintes iam já a debandar, cheios de susto, com medo à chuva e trovoada, mas o varão de Deus começou de os afoitar:

— Irdes-vos embora, não! Não haja medo! Espero no Senhor, e Ele não deixará que vos moleste a chuva nem que a tempestade vos faça mal.

E o povo animou-se com as palavras do pregador, e assossegou. E o Senhor que segura as águas dentro das nuvens, susteve a chuva, em tal maneira que, caindo ela avonde a toda a volta da cidade, depois da promessa do Santo nem uma só gota caiu sobre a multidão que se quedara, atenta, a ouvir a palavra de Deus.

E terminado o sermão que foi longo, levantaram-se todos e viram a terra, à volta, completamente encharcada, e só o lugar por eles ocupado estava enxuto e seco.

Pelo que louvaram a Deus que, nas maravilhas do Santo, manifestava a sua Onipotência.

14 de dezembro de 2020

THESOURO DE PACIÊNCIA


ECCE HOMO

O almas devotas que me contemplais, refleti se existe dor maior que a minha.

SENHOR

Confiado nas dulcíssimas entranhas de vossa misericórdia, chego a vossos pés; e o vosso amor para conosco me dá animo para humildemente falar na vossa presença. Deixai-me, Senhor, louvar, como me for possível, a vossa inefável bondade, pois tanto vos compadecestes das nossas misérias que viestes desde o Céu aliviar-nos delas, fazendo-nos companhia em umas e livrando-nos misericordiosamente de outras. O grande desejo de nos livrar das aflições e trabalhos intermináveis, vos reduziu ao lastimoso estado em que minha alma vos vê. Bendito sejais para sempre! Não quisestes deixar de padecer, gênero algum de aflição das que padecemos  no mundo; e Vós só padeceis os trabalhos e angustias, que se acham repartidos por todos os homens. A quem logo pode recorrer uma alma aflita, senão a Vós?  E onde pode achar maior consolação nos seus trabalhos, do que na companhia que lhes quisestes fazer com os vossos; e particularmente nessas Chagas, que amorosamente estais padecendo. Dai-me pois licença, Senhor, que eu saia pelo mundo a convocar a todos os aflitos, que, vagando pela face da terra, andam desanimados, impacientes e tristes. Vou convida-los para que vos venham buscar ao Calvário, em volta da vossa cruz levantem seus chorosos olhos á vossa sumamente amável, mas lastimosa figura. Vós derrame sobre seus corações feridos o precioso balsamo desse Sangue, e comunicar-lhes aquela conformidade, aquela paciência divina com que estais padecendo. Eu lhes persuadirei, quanto me for possível, que jamais tirem os olhos de Vós nesse patíbulo; e Vós também não aparteis d'eles vossos amantes olhos, e nisso lhes dareis alivio e consolação. Ao Bom Ladrão, que compassivo olhou para Vós nesse estado, remunerastes com tanta paciência, que a sua cruz se lhe converteu em paraíso. Ora, já que nesse mundo todos vivemos crucificados, razão é que todos ponhamos em Vós os nossos olhos, para todos acharmos nas vossas chagas paciência. No horto tiveste um Anjo que vos confortou,  sede Vós agora, meu Deus, o nosso consolador e enquanto eu vou pelo mundo clamando publicamente, Vós, que podeis, ocultamente ide atraindo todos á vossa Cruz; pois no Evangelho dissestes, que quando nela fostes exaltado, tudo havíeis de trazer a Vós. Fazei, pois, que todos os aflitos venham pela contínua meditação a buscar-vos no Calvário, e a vossa Cruz será a sua consolação, e a sua consolação a vossa maior glória no meio d'esses ludíbrios. Aceitai, Senhor, os meus desejos; abençoai as minhas palavras, e livra-me da aflição eterna por meio da vossa aflição.


13 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XII

Como Santo Antônio, pregando em Bourges, com fervor de espírito se dirigiu ao senhor bispo

Pregando Santo Antônio em Bourges quando ali se reunira o sínodo, movido de zelo e fervor santo voltou-se para o senhor bispo e exclamou:

— Contigo falo, mitrado!

E deu logo de exprobrar as mazelas que lhe ensujentavam a alma. E com tamanha energia o fez, com tão claras e firmes razões tiradas das sagradas Escrituras, que logo o bispo entrou de compungir-se e desatou em lágrimas de tanta devoção como até ali nunca sentira.

E, acabado que foi o sínodo, o bispo chamou à parte a Santo Antônio, e descobriu-lhe as chagas da consciência.

E desde então ficou mais amigo dos frades e com maior diligência se entregou ao serviço de Deus.

12 de dezembro de 2020

THESOURO

DE  PACIÊNCIA 

NAS CHAGAS DE JESUS CHRISTO

ou

CONSOLAÇAO DA ALMA ATRIBULADA

NA MEDITAÇÃO DAS PENAS DO SALVADOR

OFERECIDO

A .JESUS CRUCIFICADO


Pelo
Padre Theodoro de Almeida

Da Congregação da Oratória

Quinta edição correta e aumentada

Aprovada e Recomendada
pelo Em. Senhor Dom Américo, Cardeal Bispo do Porto

PORTO

LIVRARIA CATHOLICA PORTUENSE
Centro de Propaganda Religiosa em Portugal e Brasil

De

ALOYSIO GOMES DA SILVA, Editor

1902


11 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo XI

Como, pregando uma vez Santo Antônio a muito povo, vieram os demônios e o derribaram do púlpito

Uma vez foi Santo Antônio pregar a S. Juniano no bispado de Limoges, e porque a multidão do povo não cabia na igreja, resolveu de se ir à praça grande com toda aquela gente que para o ouvir se ajuntara.

Logo ali improvisaram um estrado, em lugar alto, à maneira de púlpito, onde o pregador de todos pudesse ser visto e ouvido. E o Santo para lá subiu. E, a abrir o sermão, exclamou:

— Eu sei que daqui a nada nos vem o demônio a perturbar. Não tenhais medo. Sua maldade não fará dano a ninguém.

E o caso foi que, passados momentos, se veio abaixo o estrado em que o Santo pregava; mas com admiração de todos não sucedeu mal a ninguém.

E o povo, ao ver como no servo de Deus reluzia o espírito de santa profecia, maior respeito lhe ganhou, e com mais atenção o escutou quando ele, armado outra vez o púlpito, recomeçou o sermão.

10 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo X

Como os frades se foram a Santo Antônio a dizer do mal que uns homens fizeram no campo do seu amigo

Também foi naquele lugar que isto aconteceu. Estava Santo Antônio em oração à noite depois de Completas, segundo era seu costume, quando alguns irmãos, ao sair do oratório, viram ali ao pé num grande campo pertencente a um certo amigo e benfeitor, muitos homens que parecia arrancavam pela raiz toda a seara e tudo destruíam.

Condoídos do amigo que assim tanto dano sofria, vieram os frades numa pressa a correr, e com vozes doridas contaram ao Santo o que faziam aqueles malvados no campo do benfeitor.

E respondeu-lhes o santo varão de Deus:

— Deixai-os lá, irmãos; deixai-os lá, e tornai-vos à oração!
Aquilo são artimanhas do inimigo, a ver se nos dá noite sem sossego, e nos perturba a alma, e distrai da oração. Ficai certos que nem prejuízo nem estrago vem daí ao campo do nosso amigo.

E obedecendo os frades às admoestações do santo padre, esperaram até manhã para saber do sucedido. E, apenas rompeu o dia, foram ver o campo a toda a volta e de uma parte e de outra, e encontraram-no como antes era, sem danos nem destroços.

Donde melhor conheceram o embuste do demônio e a santidade do varão de Deus.

9 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo IX

Como Santo Antônio fundou eremitério para os frades, em Brive no bispado de Limoges, e milagre que ali aconteceu

Como Santo Antônio viesse a Brive no bispado de Limoges, ali fundou eremiterio para os frades. Em gruta apartada fez a sua cela, e na rocha, ao pé, escavou uma fonte para receber as águas que da pedra escorriam. E ali vivia, em grande austeridade, vida contemplativa e solitária.

Ora, certa vez não tinha o cozinheiro que dar aos frades. E mandou então Santo Antônio pedir a dona sua devota lhe enviasse alguma hortaliça com que pudesse acudir aos religiosos seus súbditos.

Foi a dona ter com a criada, e com bons modos lhe dizia que fosse à horta numa pressa e trouxesse o que precisavam os frades para fazer a cozinha.

Era tempo de muita chuva, e por isso a rapariga de má catadura recebeu a ordem e armou logo em desculpas. Mas vencida pelos rogos da senhora, ao fim sempre se resolveu e foi colher as hortaliças e levou-as ao eremiterio dos frades que ficava bastante longe da vila.

E entretanto nunca cessou de chover nem um momento sequer. Mas, apesar disso, ela foi e veio com os vestidos enxutos, sem nada se ter molhado.

E, no regresso a casa, contou à senhora como sempre chovera a bom chover, e não obstante a chuva nem lhe tocara.

E Pedro de Brive, cônego de São Leonardo de Noblet e filho da dita dona, todo se comprazia em recontar o milagre que sua mãe lhe contara. Em honra de Santo Antônio. Amém.

8 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo VIII

Do milagre que fez Santo Antônio a uma mulher devota dos frades

Naquela terra vivia certa dona que, pela muita devoção que tinha aos frades, ela mesma por vezes lhes ia mercar as coisas necessárias. E aconteceu que, por isso, certa ocasião entrou em casa era já noite. E logo o marido, homem ciumento e indevoto, admoestou:

— E só agora vens da casa dos teus amigos?

E ela que respondeu:

— Sim, dos frades venho, aos quais muito estimo por amor de Deus. E por causa deles tardei tanto em vir.

E o marido, aceso em iras, agarrou-a pelos cabelos e tantos safanões deu de uma e outra parte, que lhe arrancou toda a cabeleira.

A dona apanhou os cabelos, e, alumiada pela Fé, colocou-os muito ordenadamente em cima do travesseiro e sobre eles deitou a cabeça. E, quando foi manhã, mandou recado a Santo Antônio a pedir viesse logo a sua casa, pois não se sentia bem.

E o Santo, julgando que talvez a dona se quisesse confessar, veio numa pressa. E, ao chegar, ela que lhe diz:

— Ó frei Antônio, vês quanto sofri por amor dos frades?

E contou-lhe o sucedido. E, cheia de confiança, a rematar acrescentou:

— Mas eu tenho a certeza que, se rogardes por mim a Deus, Ele me restituirá os cabelos como antes eram.

E tornou-lhe Santo Antônio:

— Ó mulher, e foi para isto que me obrigastes a vir cá?

E partindo-se, reuniu os frades e contou o que sucedera àquela devota, e também o que ela demandara. E ajuntou:

— Oremos, irmãos. Tenho confiança no Senhor, que há-de premiar a sua Fé.

E no ponto em que Santo Antônio se pôs a orar, logo os cabelos se pegaram na cabeça daquela dona e ficaram assim tal qual como de primeiro ela os tivera.

E quando veio o marido, mostrou-lhe a dona o que havia acontecido. E o marido, maravilhando-se e acatando a Deus, depôs toda a suspeita e ciúme, e dali em diante também ele se fez muito devoto e muito amigo dos frades.

7 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo VII

Como Santo Antônio livrou a certo monge vexado por tentação impura

Por aqueles tempos passou o bem-aventurado Santo Antônio pela abadia de Solesmes, no bispado de Limoges.

Ora, vivia ali certo monge que sofria, há muito, grave tentação do deleite da carne. A vencer o mau impulso, quebrava o corpo com jejuns e vigílias e orações; mas sem resultado algum, porque Deus guardava para Santo Antônio a sua cura e remédio.

Pois, reparando o dito monge na santidade do varão de Deus, foi ter com ele e em confissão lhe descobriu todos os pecados e a molesta tentação, e fielmente e humildemente lhe pediu ajuda e auxílio.

E o varão santo e piedoso tirou o monge à parte, despiu a túnica e deu-lha para que ele a vestisse. E a túnica levava em si tanta limpeza de alma e tanta pureza de coração que se lhe pegara do corpo castíssimo de Santo Antônio, que mal o monge a vestiu logo os impulsos da carne amainaram. E desde então, assim muitas vezes ele o confessou, nunca mais os movimentos impuros o acometeram ou apoquentaram.

6 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo VI

De um milagre que fez Santo Antônio com um noviço sendo Custódio de Limoges

No tempo em que Santo Antônio era Custódio de Limoges, certo noviço chamado Pedro andava em grande tentação de abandonar a Ordem. Por divina revelação soube do caso o servo de Deus; e porque tinha solícito cuidado da grei que lhe fora confiada, houve entranhável compaixão daquela ovelhinha errada. E, encendido pelo Espírito do Senhor, abriu a boca do noviço com suas próprias mãos e soprou-lhe dentro a dizer:

— Recebe o Espírito Santo!

E, foi coisa de maravilha! Tão depressa o moço sentiu em si o sopro do servo de Deus, quando caiu em terra como se fora morto. Mas erguendo-o Santo Antônio na presença dos frades que tinham acudido, logo recobrou os sentidos e se pôs a contar que fora arrebatado ao coro dos Anjos e vira os maravilhosos segredos do Céu.

E receando Santo Antônio que à sua pessoa atribuíssem o milagre e não ao poder de Deus, mandou ao noviço nada dissesse de quanto lhe havia sido revelado.

E, desde aquela hora, ao moço o deixou a tentação em que andava. E, segundo ele confessou, enquanto viveu nunca mais sentiu o aguilhão do mal. E, vestido com a virtude do Alto, perseverou em tão santo viver que foi, na Ordem, exemplo para os outros frades.

5 de dezembro de 2020

Transmissão dos Horários de missa no Apostolado IBP Curitiba

Na Capela São José de Chambéry:

⛪️ Domingo, 06/12
II Domingo do Advento

08h30, Missa Rezada
10h00, Missa Cantada
19h00, Missa Rezada

Na Casa do Padre: Olavo Bilac, 76

⛪️ 2ª feira, 07/12
07h30, Missa Rezada


⛪️ 3ª feira, 08/12
Imaculada Conceição
 🚨Missa na Capela São José de Chambéry:

19h30, missa cantada


⛪️ 4ª feira, 09/12
07h30, Missa Rezada


Na Capela São José de Chambéry:

⛪️ 5ª feira, 10/12
18h30, Exposição do Santíssimo
19h30, Missa rezada


⛪️ 6ª feira, 11/12
19h00, Atendimento de confissões
19h30, Missa Rezada


⛪️ Sábado, 12/12
Nossa Sra de Guadalupe
08h30, Atendimento de Confissões
09h00, Missa Rezada


⛪️ Domingo, 13/12
Domingo Gaudete
III Domingo do Advento

08h30, Missa…
 

Atenção. Dia 08 de Dezembro, Festa da Imaculada Conceição. Missa na Capela São José de Chambéry às 19h30.

4 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo V

Como Santo Antônio estando a pregar ao povo de Limoges, foi ao coro dos Frades dizer a lição que lhe fora encomendada

Quando Santo Antônio era Custódio de Limoges, na Semana Santa em noite da Ceia do Senhor saiu a pregar a palavra de Vida eterna na igreja de S. Pedro dos Quatro-Caminhos. E à hora da meia noite, estava ele no sermão, os Frades Menores cantavam no seu convento os salmos do Ofício. E Santo Antônio ficara de ler uma das lições de Matinas.

Ora, prosseguindo os frades na salmodia, chegaram à lição que Santo Antônio havia de cantar, e ei-lo que subitamente aparece no meio do coro e começa de entoar solenemente a lição. E todos os frades ali presentes se espantaram e com razão, pois sabiam que naquele momento estava o Santo a pregar na igreja da cidade.

A virtude de Deus fizera com que ele a um tempo pudesse estar com os seus frades no coro a ler a lição e na igreja de S. Pedro a anunciar ao povo as palavras de Vida eterna. E enquanto demorou no coro dos frades, esteve no púlpito, calado, em silêncio, à vista de toda a gente.

Numa Legenda de Santo Antônio se conta haver-lhe acontecido coisa semelhante em Montpellier. E foi desta maneira:

No tempo em que o Santo Antônio ensinava teologia em Montpellier, sucedeu pregar ele certa vez numa festa solene onde se ajuntara a cleresia e muito povo. E mal começara o sermão, quando se acordou haverem-lhe dado no convento ofício que por esquecimento não encomendara a outro.

Era costume entre os frades, nas festas maiores, cantarem dois deles a Aleluia na missa conventual. E daquela feita caía a vez ao Servo de Deus.

Pelo que, muito pesaroso, puxou o capuz para a cabeça e recostou-se no púlpito a modos de quem vai dormir. E àquela mesma hora foi visto a cantar na igreja dos frades por largo espaço de tempo; e entretanto esteve também presente em corpo, no púlpito, à vista da multidão dos ouvintes.

E não há motivos para duvidar, no caso. Pois como o Deus todo poderoso se dignou levar o doutor Santo Ambrósio às exéquias de São Martinho e o bem-aventurado São Francisco ao Capítulo Provincial de Arles quando Santo Antônio ali pregava do título da Cruz, assim quis repetir a maravilha com este seu servo, a mostrar que em méritos era ele igual àqueles Santos.

E cantada que foi a Aleluia no coro dos frades, logo o Santo tornou a si no púlpito e prosseguiu na pregação que interrompera.

3 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo IV

Como em terras de Itália os hereges convidaram Santo Antônio para comer

Aconteceu uma vez, em terras de Itália, os hereges convidarem a Santo Antônio para comer. E o Santo, a ver se os podia tirar do erro, aceitou o convite, a exemplo de Jesus Cristo que por essa mesma razão comia com publicanos e pecadores.

E porque sempre engendra maldades a consciência perversa, aqueles hereges a quem Santo Antônio amiúde confundia nas disputas e sermões, à mesa puseram-lhe diante manjar de morte e venenoso. A qual perfídia logo o Espírito Santo revelou a Santo Antônio.

E como ele com piedosas e pacíficas admoestações os repreendesse da maldade que haviam tramado, os hereges, mentindo, a remedar o demônio pai da mentira, responderam que não para outra coisa assim haviam feito senão para provarem com a experiência a verdade do Evangelho que diz: “E se beberem algum veneno de morte, nem por isso haverão dano”. E, pois assim era, comesse ele do manjar que fora servido. Caso não lhe fizesse dano, prometiam converter-se para sempre à Fé do Evangelho. Mas se mostrasse medo de comer do manjar, então mais se firmavam na sua crença de que nas palavras do Evangelho se contêm falsidades.

Santo Antônio fez o sinal da Cruz sobre o manjar envenenado, e tomando dele por suas mãos sem nenhum temor, disse:

— “Pois vou comer; não para tentar a Deus, mas para que tenhais Fé no Evangelho”.

E depois que comeu daquele manjar, ficou são e não sentiu em seu corpo algum incômodo. O que, vendo os hereges, se converteram à Fé católica.

2 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo III

Como disputou Santo Antônio nas regiões de Toulouse com herege mui pérfido sobre o santo Sacramento do Corpo de Jesus Cristo.

Nas regiões de Toulouse disputava Santo Antônio com herege mui pérfido sobre o Santo Sacramento do salutar Corpo de Deus. Apesar de vencido, o herege não se convertia à Fé; e depois de muito discutir, propôs:

— Deixemo-nos de palavras e vamos a obras. Se tu fores capaz de mostrar com milagres, na presença de toda a gente, que no Sacramento está deveras o Corpo de Jesus Cristo, eu prometo deixar a heresia e submeter-me à Fé católica.

E Santo Antônio, cheio de confiança, respondeu que assim faria.

— Pois então vou fechar em casa um animal. Atormento-o com a fome durante três dias, e ao fim trago-o perante todos os que quiserem assistir e ponho-lhe de comer. Neste entrementes vens tu com o Sacramento que dizes ser o Corpo de Jesus Cristo. Se o animal assim esfomeado parar de comer e se for numa pressa para o Deus que, segundo afirmas, toda a criatura tem obrigação de adorar, podes ficar certo que imediatamente abraçarei a Fé da Igreja.

O santo varão de Deus logo sem tardança em tudo consentiu. E no dia aprazado ajuntou-se o povo na praça grande, e veio o dito herege na má companhia de outros hereges, e trouxe a mula que tinha atormentado com a fome, e também, para ela, vianda apetitosa de comer. E Santo Antônio celebrou missa em capela que no lugar havia, e ao fim, à vista do povo, trouxe o Santíssimo Corpo de Jesus Cristo. E, mandando a todos que se calassem, disse para a mula:

— “Ó animal, em virtude e em nome do teu Criador que eu, embora indigno, tenho aqui presente em minhas mãos, ordeno e mando que venhas já sem demora até Ele e humildemente lhe prestes reverência, para que desse modo veja a maldade dos hereges que toda a criatura é sujeita ao Criador a quem a dignidade do sacerdote trata cada dia nos altares”.

E entretanto o herege punha de comer à mula esfomeada.

Oh! maravilha de contar! O animal, apesar de tão atormentado pela fome, quando ouviu as palavras de Santo Antônio, logo parou de comer, e abaixou a cabeça, e caiu de joelhos diante do Sacramento.

Pelo que muito se alegraram os fiéis católicos, e merecidamente saíram confundidos os hereges. E aquele dito herege logo ali se fez fiel, conforme havia prometido, e obedeceu aos mandamentos da Igreja.

1 de dezembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo II

Como Santo Antônio pregou certa vez em Rimini e muitos hereges, desprezando-o, não o quiseram ouvir

Como Santo Antônio pregasse em Rimini onde havia grande multidão de hereges, desejoso como andava de trazê-los à luz da verdade, disputava contra seus erros. Mas eles, os hereges, feitos assim como pedras pela obstinação e endurecimento, não davam crédito às suas palavras e nem sequer acudiam a ouvi-las.

E então Santo Antônio, por inspiração divina, achegou-se à foz do rio onde ele entra no mar, e começou, em maneira de sermão, a chamar os peixes da parte de Deus:

 — Ó peixes, meus irmãos, vinde vós ouvir a palavra do Senhor, já que os infiéis menosprezam de ouvi-la!

E logo naquela hora se ajuntaram diante de Santo Antônio tantos peixes, grandes e pequenos, como nunca por ali fora vista tamanha multidão. E todos eles atiravam a cabeça ao cimo da água.

E foi maravilha de espanto, os peixes grandes andarem com os mais pequenos, e os pequenos sem medo nem perigo passarem por sob as barbatanas dos maiores e até debaixo delas se ficarem quedos e seguros.

Peixes de todas as espécies e qualidades corriam dum lado para o outro em cata dos semelhantes para com eles se juntarem. E como aparece admiravelmente aformosentado o campo quando ornado e pintado com variedade de cores e figuras, assim eram as águas, coalhadas de peixes, ali em frente a Santo Antônio.

E era de ver os peixes grandes marcharem em alas, ao modo dos cavaleiros, a tomar seus lugares para assistir à pregação; e os peixes de meio tamanho ocuparem os lugares do centro e como ensinadores de Deus ali se ficarem quietos sem armar barulho; e os pequeninos achegarem-se mais ao Santo como se ele fora o seu protetor, numa pressa tão grande que nem peregrinos que vão a ganhar indulgências.

E desta forma se dispôs o auditório para assistir ao inspirado sermão: todos os peixes estavam à vista, frente a Santo Antônio; nas águas baixas os mais pequenos, adiante contra o mar os de mais tamanho, e os grandes ao largo onde a água era já funda.

E, assim todos em ordem, começou o Santo de pregar solenemente:

“Peixes, meus irmãos, muita obrigação tendes de, à vossa maneira, cantar louvores e render graças a Deus nosso Criador. Deu-vos Ele para morada tão nobre elemento, a água doce ou salgada segundo haveis mister. Outrossim vos preparou abrigo para fugirdes aos riscos das tempestades. E a água que vos deu é clara e límpida, a fim de poderdes ver os caminhos a andar e os manjares que haveis de comer. E é o mesmo Criador quem vos reparte o alimento necessário à vida.

“E, lá na criação do mundo, houvestes de Deus, com a Sua bênção, o mandamento de vos multiplicardes. No dilúvio, quando  fora da arca todos os animais pereceram, vós sem aleijão nem dano
fostes guardados como nenhuma outra criatura.

“E Deus dotou-vos de barbatanas e encheu-vos de vigor para vos poderdes mover a uma parte e a outra, segundo vosso aprazimento.

“A vós se vos confiou o profeta Jonas para o guardardes e lançardes em terra, são e salvo, ao fim de três dias. Quis Deus que fôsseis vós quem oferecesse a Nosso Senhor Jesus Cristo o dinheiro do tributo, quando Ele, assim como pobrezinho, não tinha donde pagasse. Antes da Ressurreição e depois, servistes de manjar ao Rei eterno.

“Por todas estas graças muito deveis louvar e bendizer o Senhor, pois d’Ele recebestes benefícios tantos e tão singulares como nenhuma outra criatura os recebeu”.

A estas palavras e semelhantes admoestações alguns dos peixes soltavam vozes, outros abriam a boca, e outros inclinavam a cabeça, louvando ao Senhor da maneira que sabiam.

Ao ver a reverência dos peixes. com muito júbilo espiritual se alegrou Santo Antônio, e esforçando mais a voz, exclamou:

— “Bendito seja Deus para sempre, pois mais honra Lhe dão os peixes da água que não os homens hereges; e melhor ouvem a Sua palavra os animais sem entendimento, que não os infiéis dotados de razão!”

E quanto mais pregava Santo Antônio, mais crescia a multidão dos peixes, e nenhum deles arredava do seu lugar.

À notícia do prodígio ajuntou-se o povo da cidade e mai-los ditos hereges, e foram-se todos aonde estava Santo Antônio. E vendo milagre tão grande e singular, assentaram-se, de coração compungido, aos pés do Santo, e rogaram-lhe que também a eles fizesse sermão. E o Servo de Deus, tomando a palavra, tão maravilhosamente pregou da Fé católica que converteu aos hereges ali presentes, e aos fiéis os confirmou na fé. E depois a todos despediu com grande prazer e bênção.

E os peixes, havida licença de Santo Antônio, gozando-se e alegrando-se, com muitas graças e inclinações se foram nos diversos rumos do mar.

E pregando o Santo na cidade ainda por muitos dias, fez grande fruto convertendo hereges e confirmando-os na santa Fé católica.

30 de novembro de 2020

Milagres de Santo Antônio, durante a sua vida mortal - Primeira Parte - Capítulo I

Como o glorioso Santo Antônio pregou em Roma diante do Papa

O mui glorioso Padre Santo Antônio de Lisboa, um dos escolhidos companheiros e discípulos de S. Francisco, ao qual o mesmo Santo pela vida e pela fama das suas pregações chamava o seu bispo, pregou em Roma, por mandado do Papa, aos peregrinos sem conta que haviam acorrido a ganhar indulgências e assistir ao Concílio. E estavam ali gregos e latinos e franceses e teutões e eslavônios e ingleses e outras gentes de diversas línguas. E o Espírito Santo pôs virtude e maravilhas no falar de Santo Antônio como outrora fizera com os Apóstolos, em tal maneira que todos, com grande pasmo, entendiam o Santo claramente, pois o ouvia cada um na sua língua em que fora nascido. E disse Santo Antônio, naquela pregação, coisas tão altas e tão doces, que todo o auditório estava suspenso do seu maravilhoso falar. E até o senhor Papa lhe chamou então a Arca do Testamento.

29 de novembro de 2020

Transmissão dos Horários de missa no Apostolado IBP Curitiba

Na Capela São José de Chambéry:

🚨!!!ATENÇÃO!!!🚨

Não haverá missa nesta semana do dia 30/11 ao 05/12, por conta do retiro dos padres.


⛪️ Domingo, 06/12
II Domingo do Advento

08h30, Missa Rezada
10h00, Missa Cantada
19h00, Missa Rezada


Deus abençoe!
Pe. Thiago, IBP

28 de novembro de 2020

O Inferno Existe - Parte 12

CAPÍTULO XII

O inferno é invenção dos padres
 
Nada mais falso. O inferno já existia antes que existissem os padres e mesmo antes do primeiro homem, tendo sido criado pela eterna justiça para os anjos rebeldes. Os sacerdotes outra coisa não fazem senão pregar uma verdade terrível, ensinada por Deus na Sagrada Escritura e que se acha em todas as religiões dos vários povos que passaram pela terra.
 
Precustrai o mundo, do álgido polo ao ardente equador, do oceano Atlântico ao Pacífico; entrai nas florestas dos selvagens, interrogai as tribos bárbaras e haveis de ver que todos admitem depois da morte um lugar de castigo. Não estão de acordo sobre a natureza dos sofrimentos; mas todos concordam em acreditar na existência do inferno.
 
Os gregos tinham o seu tártaro, no qual punham penas horríveis para os maus. Os romanos chamavam inferno ou arco e Virgílio na Eneida descreve com cores bem vivas os tormentos dos condenados, dizendo-os eternos. Os egípcios criam firmemente na vida futura e no prêmio ou castigo eterno, e dos mortos faziam um julgamento para ver se eram dignos da sepultura e das honras fúnebres. Os hidús chamam o lugar dos réprobos Palatán e nos livros sagrados dos Vedas se encontra uma longa descrição dos atrozes tormentos a que serão submetidos os condenados. Os escandinavos e outros povos setentrionais leem no Edda a existência do cárcere infernal. Os hebreus o denominavam sheol ou geena, e o santo profeta Daniel, tomado de espanto ao meditar naquelas chamas terríveis, rogava a Deus que o livrasse do profundo abismo e não permitisse fechar-se sobre sua cabeça aquele poço de fogo.
 
Os Missionários Salesianos encontraram esta crença nas pampas da Patagônia e nas florestas da Terra do Fogo; e aqueles selvagens falavam com pavor do castigo que receberão os maus. Maomé, o mais solene impostor da História, gastou muitas laudas do Corão para descrever o lugar dos tormentos acumulando todas as penas que uma fantasia oriental pode imaginar. Zoroastro imprimiu também nos persas uma ideia terrível da punição além tumba.
 
Deixo de citar outros povos, porque, do contrário, não acabaria mais.
 
Os padres, portanto, não inventaram esta crença, mas acharam-na bem impressa em todos os povos e a encontraram ainda agora esculpida no fundo da consciência humana, a qual brada que o pecado não passará sem castigo, como a virtude não ficará sem prêmio.
*
* *
Outra extravagância que os “espíritos fortes” vão assoalhando é esta: “o inferno é coisa da Idade Média”.
 
Só mesmo quem perdeu o juízo fala desse modo. O que era verdade na Idade Média o é também hoje e o será sempre, porque o tempo não pode destruir a verdade. Os séculos não conseguem apagar aquelas chamas vorazes, alimentadas, pela divina justiça e nas portas tenebrosas daquele cárcere continuarão as terríveis palavras: sempre, nunca.
 
Deus tratará os homens do século XIX como os da Idade Média, premiando os bons com o paraíso e castigando os maus com o fogo. A justiça eterna é invariável e incorruptível e não muda com o correr dos tempos e das opiniões do mundo.
 
Ouvindo falar a certas pessoas, parece que hoje em dia foram abolidos os mandamentos de Deus e da Igreja, foram suprimidos os deveres religiosos, soltou-se o freio às paixões e ao homem foi dada plena liberdade de viver segundo os seus caprichos. Ilusões estultas, que se pagam depois com uma eternidade infeliz! As leis de Deus e da Igreja estão sempre em vigor, e todo cristão é obrigado a observá-las se quiser ter uma sentença favorável no grande dia do juízo.
 
Os heróis dos bares e clubes, quando se veem apertados de toda a parte por argumentos fortes e não podem mais negar a existência do inferno, saem-se com um dislate sem igual: “O acostuma com tudo. Eu me acostumarei no inferno.”
 
Falam assim para não se darem por vencidos e não abandonar a vida dissoluta. Propriamente não têm dificuldade em admitir o cárcere eterno, porque a razão prega a existência dele; o difícil e o repugnante para eles é corrigirem os costumes, praticarem o bem, abandonarem os maus hábitos e viverem como bons cristãos. E em vez de fazerem violência sobre si mesmos, preferem perder-se para sempre.
 
De resto, se não são capazes de habituar-se a vencer as próprias paixões, como se acostumarão com aquelas penas cruciantes? Quem, jamais, pode acostumar-se com a dor que é contrária à natureza? Fomos feitos para a felicidade e o coração foge sempre da desventura e é impossível que se dê bem nos sofrimentos. E os santos respondem que os tormentos se sucedem aos tormentos; e do mesmo modo que os bem-aventurados compreensores experimentarão sempre novos gáudios, os infelizes condenados sentirão sempre novos e mais terríveis tormentos.
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* *
Divulgou-se o provérbio que “o demo não é tão feito como o pintam”, e costumam citá-lo para demonstrar que a fama e a opinião popular muitas vezes são superiores à realidade das coisas, porque a fantasia sois exagerar as dificuldades e as penas.
 
Mas, se aplicamos ao inferno esse adágio andamos em errados. Por mais que procuremos calcar as cores e as tintas pintando as penas do demônio e dos réprobos, estaremos sempre aquém da realidade e não chegaremos nunca a exagerar. Um cadáver em decomposição não nos dá nem ideia de como Satanás é sórdido, é horrível; e uma santa informou que, se ele saísse da sua prisão tal mal é, faria morrer pela sua hediondes todos os homens e animais.
 
No opúsculo citado da possessa de Briga lê-se que muitas vezes quando invadida pelo demônio tinha o aspecto tão medonho que punha toda a povoação em polvorosa. Dado o sinal de alarme, todos corriam para a igreja para implorar misericórdia de Nosso Senhor.
 
Eis as palavras textuais. “A filha tornou-se furiosa e ameaçadora. Horrível à vista, cabeleira desgrenhada e hirta como um penacho, olhos de fogo, assobios nunca ouvidos e incessantes, hálito quentíssimo, contrações de nervos, engrossamento muscular de fazer medo, sem um membro que ficasse calmo. Nenhuma força era capaz de a dominar. Os mais robustos são juncos flexíveis. Acorrem outros e o quarto fica cheio de homens fortes e corajosos. Sete deles seguram-na ao mesmo tempo nos pés, no pescoço, nos braços e na cintura; mas não resistem, porque à guisa de turbilhão impetuoso vence a todos e os põe em fuga”.
 
Então o povo corre ao pároco para que a exorcize.
 
“Não há palavras suficientes para dar uma ideia do que viu e o medo que teve entrando naquela casa. Todavia, confiando em Nosso Senhor, a quem sempre tinha eficazmente invocado, entra e ordena: – „Olá! satanás, para em nome de Deus‟. A essas palavras, Teresa como fulminada cai no leito”.
 
Na manhã de 11 de maio 1849, desapareceu improvisadamente de casa e durante todo o dia ouviram-se pelos ares lamentos, gritos, rumores misteriosos. O povo pensando que aquilo fosse o fim do mundo se recolheu na igreja para rezar.
 
À tarde, durante a Bênção do Santíssimo Sacramento, ouviu-se, sob um céu sereno e estrelado, estrépito medonho como de um furacão que se aproximava. A povoação se alarma; ecoam gritos prolongados e suspiros dolorosos; e finalmente distinguem-se a voz da moça possessa no teto de uma casa. À meia-noite pede auxílio para descer; e um destemido sobe uma escada e a desce, sem a menor dificuldade, como se fosse um feixe de palha. Estava fria petrificada, descalça, e tinha um bastãozinho na mão. Homens fortes experimentaram tirar-lhe o bastão, mas não o conseguiram, como se fosse de ferro os seus braços.
 
“Se, além disso, observas o seu rosto, és obrigado a desviar o teu olhar; é o mesmo que ver um espectro, isto é, o demônio em forma humana. De qualquer lado que se a observes ficas horrorizado: parece mesmo satanás, horrível, ameaçador, feral. O olho, principalmente, sanguíneo e irrequieto, sob imóvel e entreaberta pupila fere de modo cruel. O inferno nela se esconde”.
 
Deitada no chão, ninguém mais ousava aproximar-se-lhe, quando, após incessantes pedidos dos parentes, quatro homens mais fortes a suspendem e a levam, como um tronco, para casa, onde o pároco exorcizando-a, fá-la voltar a si e largar o bastão não sem grande resistência e agitações do demônio.
*
* *
Todos esses fatos que narramos confirmam o dogma terrível revelado por Deus da existência do inferno; e eu faço os melhores votos para que os meus leitores o evitem e mereçam o Paraíso, para o qual o Senhor nos criou. A. M. D. G.
 
Imprimatur Por comissão especial do Exmo. e Revmo. Snr. Bispo de Niterói D. José Pereira Alves. Niterói, 1.º de janeiro de 1945. Pe. Francisco X. Lanna, SS.

27 de novembro de 2020

O Inferno Existe - Parte 11

CAPÍTULO XI

Outras provas da existência do demônio e do inferno
 
O espiritismo, em suas várias manifestações, é também uma prova evidente da existência do cárcere eterno. Se existe o espírito maligno e se ele se manifesta por meio de mesas que falam ou giram e por meio de outros médiuns, deve também existir o lugar de sua morada, isto é, o inferno com suas penas atrozes.
 
Estranha contradição! Os ímpios não prestam fé a Deus e à sua Igreja e creem nas imposturas do demônio, pai da mentira, que os engana nas sessões espíritas; zombam do inferno e dos novíssimos e têm medo do número treze, ou do sal derramado na mesa, como de um mau agouro; desprezam a Sagrada Escritura e veneram os livrecos eu tratam de magia ou de sortilégio, não querem saber dos santos ensinamentos da Igreja e dos seus ministros e vão consultar uma cartomante ou um cigano para lhes revelar o futuro ou para curá-los. Assim é: quando o homem fecha voluntariamente os olhos à verdade, abre-os ao erro e à mentira; enquanto espezinha a religião e ao seu Criador, nega o culto devido, torna-se supersticioso e presta homenagem ao diabo e às coisas insensatas.
*
* *
Outra prova evidente da existência da prisão eterna e dos demônios, são as obsessões.
 
Satanás, em nossos dias, se incarna nos livros ímpios que ridicularizam a nossa santa religião e difamam as religiões, os padres e os bispos; nos romances que ensinam descaradamente o vício e espezinham a virtude; nas estátuas, nos monumentos e nos quadros obscenos trabalhados sob o ridículo pretexto da arte, como se arte não devesse respeitar a honestidade dos costumes e não fosse feita para civilizar e nobilitar o homem.
 
As tipografias e as livrarias que publicam maus livros, a oficina dum artista que reproduz nudez na tela, no mármore, ou no papel, as reuniões tenebrosas da maçonaria, são querenças de Lúcifer.
 
Certos escritores e certos propagadores de doutrinas anárquicas ou socialistas ou ateus, parecem possuídos do espírito da mentira, tanta é a constância, a imprudência, a ousadia com que espalham a baba dos seus erros. A sua pena é molhada em veneno violento e torna-se na sua mão o punhal do assassino que mata a alma e o corpo dos leitores.
 
Mas, além dessas incarnações de Satanás nos homens ímpios que servem a sua causa e agem sob sua influência, houve, mesmo ultimamente, verdadeiras obsessões.
 
Cito um fato, do qual foi testemunha uma cidade inteira, fato extraído dum opúsculo do advogado Feliz Sonelli; (*Teresa Strigini ou “A famosa endemoniada de Briga Novarense, publicada em Milão, em 1877”.) quem não crê pode ir interrogar as testemunhas oculares.
 
Teresa Strigni nasceu em Briga, vilório de Novara, Itália, aos 20 de maio de 1832, e a certa idade começou apresentar sinais de obsessão diabólica. Fechada em casa, desaparecia e depois de muito tempo voltava e entrava sem abrir a porta. Passava dias sem tomar alimento ou bebia e via o que acontecia em lugares distantes; seu rosto tomava formas horríveis a ponto de amedrontar os mais corajosos. Rumores misteriosos se ouviam em seu quarto; e muita vez toda a casa era sacudida como por um terremoto, derrubando as mobílias como se fossem palhas.
 
A coitadinha ora parecia agonizante e prestes a exalar o último respiro; ora, tinha tanta força que ninguém a dominava e até punha em fuga homens robustos que acorriam para refrear-lhe a veneta, ou socorrê-la nas frequentes convulsões de que era toada. Apesar de analfabeta, e sem nenhuma instrução, compreendia línguas desconhecidas e demonstrava saber extraordinário.
 
Os exorcismos produziam nela grande efeito e via-se claramente que o demônio sentia o poder que Deus concedeu à sua Igreja. Quando os parentes e os vizinhos não sabiam o que inventar para acalmá-la, chamavam o pároco para que ordenasse a Satanás com as fórmulas do Ritual que deixasse em paz a infeliz moça.
 
Sentia também a influência e, às vezes terror das coisas benzidas, terços, imagens, medalhas, água benta, como se fosse tocada por um ferro em brasa.
 
Um dia o sacerdote a interrogou:
– Quem és tu? és um demônio?
 
– Não, respondeu a voz terrível.
 
– Em nome de Deus, quem és?
 
– Um demônio.
 
– És um daqueles soberbos precipitados do céu?
 
– Sim.
 
– Não é verdade, que apesar de tua arrogância sofres também aqui as penas do inferno?
 
– Sim.
 
Outras vezes respondia que era uma legião. E na verdade, os fenômenos extraordinários que sucediam em sua pessoa, no quarto, na casa, mostravam que devia haver mesmo uma multidão de demônios.
 
Alguns libertinos que zombavam do inferno e dos demônios foram examinar o fato e o sarcasmo morreu-lhes nos lábios. Alguns até foram horrivelmente maltratados e outros ficaram gelados de medo quando viram pintado naquele rosto o desespero dos reprobos.
 
Repito: Quem não quiser acreditar, consulte as testemunhas oculares. Mas, vede a estultícia: os ímpios não querem averiguar os fatos e continuam a escarnecer dos dogmas da fé, até que, vindo a morte, as chamas devoradoras do inferno os convençam da existência de um Deus que castiga o pecado e a iniquidade.
*
* *
Na vida de S. João Maria Vianney, mais conhecido pela expressiva alcunha de Santo Cura d'Ars, lê-se a luta terrível que deveu sustentar contra satanás, furioso por causa das inúmeras almas que o santo sacerdote arrancava da eterna perdição. A povoação de Ars foi testemunha do ocorrido e vivem ainda muitas pessoas que poderiam confirmar o que relatamos.
 
O demônio lhe aparecia sob formas horríveis para perturbar-lhe o breve repouso que tomava num pobre catre. Às vezes a casa parecia invadida por uma turba de leões, tigres e serpentes e pelos quartos e corredores ressoavam rugidos, assobios e urros; outras vezes aparecia no meio das chamas; corriam os paroquianos para salvar do incêndio o seu querido pastor, mas o fogo de súbito se apagava. Os mais robustos e os mais corajosos experimentaram dormir na casa paroquial, mas de noite fugiam de medo, enquanto o santo sacerdote, bem sabendo que o demônio não pode fazer nenhum mal sem a permissão do céu, descansava tranquilo sob as asas da proteção divina.
 
Quando operava uma conversão prodigiosa, a raiva da antiga serpente não tinha limites e redobrava os esforços para vingar-se da presa perdida. Uma noite o demônio ateou fogo no seu pobre leito, outra vez o atirou no chão com violência, sem porém o machucar, e muitas vezes o chamava com voz rouca, reprovando a guerra que lhe movia.
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* *
Na vida de S. José Cotolengo se encontra também a aparição do nosso eterno inimigo e vivem ainda muitas testemunhas. Geralmente todos os santos tiveram lutas corporais e visíveis contra o príncipe das trevas, pelo zelo que mostraram na salvação do próximo e pelas vitórias que alcançaram do próximo e pelas vitórias que alcançaram contra o mundo, a carne e o inferno. Portanto, veio alguém do outro mundo a provar-nos a existência das verdades eternas: veio até o chefe dos anjos rebeldes.
*
* *
Na história de S. João Batista de La Salle, benemérito fundador desses anjos da juventude que se chamam Irmãos das Escolas Cristãs, narra-se que um cavalheiro de nobre família levava vida mundana, pouco se lhe dando da salvação da alma.
 
Alistou-se no exército, onde subiu facilmente de posto e obteve condecorações pelo seu valor. Duma feita, foi ferido num combate; curaram-no remédios secretos, com auxílio diabólico. Entrando uma vez numa igreja no momento preciso em que se exorcizava um possesso, por curiosidade e para zombar da credulidade das pessoas presentes, inesperadamente o demônio lhe dirigiu a palavra e disse:
– Tu não crês no inferno e no demônio! Infeliz! sentirás um dia o seu poder.
 
Assustado por essas ameaças e por ver que o espírito infernal tinha penetrado seus íntimos pensamentos, que ele não revelara, caiu em si, voltou crente e decidido a abandonar o mundo para ingressar no Instituto de São João de La Salle e fazer penitência.
 
Naquele santo retiro o esperava Satã. Abriram-se-lhe de novo as feridas, foi tomado de dores atrozes e misteriosas, de frenesi e convulsões horríveis, de jeito que nenhuma força humana podia contê-lo. A comunidade vivia em sobressaltos. O Santo notou no infeliz os sinais da obsessão; e exorcizando-o, intimou ao espírito das trevas que saísse daquele corpo. O demônio ouviu a voz potente do ministro de Deus e escabujando e urrando, abandonou o infeliz cavalheiro.
 
Na vida do mesmo Santo se encontra o seguinte fato. Vivia em Ruão uma senhora de nome Maillefer, toda entregue às vaidades e aos prazeres do mundo, sem mesmo pensar nos seus deveres de cristã.
 
Gastava suas grandes riquezas em vestidos, banquetes e teatros, caminhando a passos ligeiros pela estrada da perdição.
 
Aprouve, porém, à bondade divina detê-la à beira do abismo e fazê-la instrumento das suas misericórdias.
 
Um dia, bateu à porte do palácio um pobre, doente e faminto.
 
Os criados, embora conhecessem o coração duro da ama, deixaram-no entrar; julgando que o seu mísero estado movesse à compaixão. Assim não foi, porém! A cruel senhora o expulsou de sua casa, com asco, atirando-lhe em rosto estas palavras: – Poltrão, vai trabalhar.
 
O mendigo abaixou a cabeça e saiu cambaleando de fome e de fraqueza. À porta, deu com o cocheiro, que sentiu doer-lhe o coração à vista de seus padecimentos e levando-o à estrebaria, o socorreu como pôde.
 
Mas o novo Lázaro morreu durante a noite, e na manhã seguinte os criados encontraram o frio cadáver, em cujo semblante se percebiam as angústias e as dores que padecera nos últimos momentos. A ama tendo notícia do acontecido exasperou-se, despediu logo o compreensivo cocheiro e atirou aos criados o primeiro lençol encontrado para que amortalhassem o defunto e sem mais o sepultassem.
 
Passou o resto do dia debaixo duma triste impressão, humilhada pela sua crueldade e pelo que correria a seu respeito na cidade.
 
Qual não foi a sua admiração quando, pondo-se à mesa, encontrou dobrado em sua cadeira o lençol que tinha dado pela manhã. Julgou, de princípio, que não fora obedecida e ameaçou despedir os criados; mas estes asseguraram que tinham executado a ordem recebida e que êles mesmos depuseram na sepultura o cadáver amortalhado com aquele lençol.
 
Que mão misteriosa teria colocado aí o véu fúnebre? É claro: o defunto recusou depois da morte uma esmola daquela que lhe negou barbaramente em vida um auxílio, e Deus tal permitiu para comover a infeliz pecadora. Realmente, ela compreendeu a lição, mudou de vida, penitenciou-se e expirou placidamente no ósculo do Senhor, cheia de confiança na misericórdia divina que acolhe um coração contrito e humilhado.
*
* *
S. Felipe Néri ressuscitou momentaneamente um menino para dar-lhe azo de se confessar.
 
Ele amava ternamente Paulo Máximo, filho do príncipe romano Fabrício Máximo. O menino tinha 14 anos quando adoeceu gravemente; o santo tendo revelação de sua morte próxima, pediu à família que o chamasse à cabeceira do menino quando estivesse no extremo da vida, porque desejava confortá-lo e prepará-lo para a luta suprema.
 
A doença se agravou e o pai mandou chamar a S. Felipe para que corresse a abençoar o seu filho espiritual. Como, porém, estivesse celebrando a Santa Missa, a criada deu o recado a um dos Padres do Oratório.
 
Nesse ínterim o menino morreu e o santo, quando chegou ao palácio, encontrou-o cadáver. Ajoelhou-se ao pé da cama e rogou com devoção por um quarto de hora, depois aspergiu o rosto do menino com água benta, deitando-lhe umas gotas na boca. Soprou-lhe o rosto, colocou-lhe a mão na fronte, chamado duas vezes em voz alta e sonora: – Paulo! Paulo!
 
O morto acorda como de um profundo sono, abre os olhos e exclama: – Padre, Padre, tenho um pecado e quero confessá-lo.
 
S. Felipe pede aos presentes que se retirem, dá ao menino um crucifixo e ouve a sua confissão; terminada a qual, chama os parentes e põe-se a falar sobre o paraíso e a felicidade dos eleitos; o menino se entretem em santa conversação, como quando gozava perfeita saúde; após meia hora, o santo obtido resposta afirmativa, disse: – Vai, sê feliz e roga a Deus por mim.
 
E Paulo com rosto plácido, sem nenhum movimento, torna a morrer docemente nos braços do santo. Estavam presentes àquela cena, entre outras pessoas, o pai, duas irmãs e a criada.
 
O quarto foi convertido em capela e é visitado ainda hoje com veneração e os romanos chamam o palácio Máximo “a casa do milagre”.
 
Todo ano, depois de três séculos, a família Máximo comemora o prodigioso acontecimento.