31 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


Parte 8/10


D - É preciso mencionar um dever importante dos pais: educar seus filhos na moralidade.
a - Duas são as graves obrigações dos pais, neste ponto: instruí-los e vigiá-los.
Que é preciso ensinar-lhes? Os grandes desígnios de Deus, o plano sublime que atesta sua tocante confiança no homem, quando chegar o momento.
E como vigiá-los? Uma atmosfera de alta moralidade deve reinar na família e nada deve aí existir que fira o melhor escudo da alma jovem, a sua pureza.
Muitos compreendem esta última obrigação e consequentemente agem; muitos, porém, recuam sempre mais ante a primeira. "É uma tarefa difícil e delicada", dizem. Sei que deveria dizer alguma coisa, mas não encontro palavras para dizê-lo.
Primeiramente, não vejo por que isto seria tarefa tão delicada para os pais, compenetrados de um santo respeito ao pensamento divino, e que refletem eles mesmos, com piedosa gravidade, no santo poder criador que Deus concebeu ao homem. Estes pais acharão o tom e as expressões convenientes.
Mas, mesmo se este trabalho fosse difícil, não teria o direito de subtrair-se a ele, quando se consideram os danos espirituais irreparáveis, que o silêncio dos pais produz nos filhos em idade de crescimento.
Com efeito, não é preciso mostrar que se guarda silêncio a este respeito diante dos filhos já crescidos, a questão está liquidada. Pois as reuniões mundanas, a rua, o teatro, o cinema, o jornal, o romance, as vitrines, os cartazes não ficam mudos ... todos falam, mas em um tom e de um modo que irremediavelmente os arrastam ao pecado.
Se dependesse de mim faria com que todos os pais lessem os capítulos das "Confissões" de Santo Agostinho onde ele descreve com uma força comovedora seus terríveis combates de jovem contra os pecados dos sentidos. É verdade que então ele ainda não era cristão, mas infelizmente quantos jovens cristãos poderiam escrever outro tanto!
"Onde estava eu, Senhor? e como, neste exílio, estava longe das delícias de vossa casa no 16º ano de minha carne, escreve ele, quando tomou o cetro sobre mim, e com uma completa submissão de minha parte - o frenesi da voluptuosidade. Os meus não cuidavam senão de me verem fazer belos discursos e a persuadir pela arte da palavra" (Livro II, cap. 2). Neste 16º ano, a falta de recursos dos meus obrigou-me a suspender meu trabalho. Livre de toda a escola, morava com meus pais. Foi, então, que os espinhos das paixões se levantaram em cima da minha cabeça, sem que mão alguma daí os pudesse arrancar (Livro II, cap. 3).
Pais, não esqueçais que se um dia vossos filhos tiverem necessidade de alguém, a quem possam dirigir-se com uma completa confiança e diante de quem não tenham segredo algum, será justamente na sua juventude. Feliz do filho que nestes anos puder se dirigir a seus pais com absoluta confiança!

30 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 155

QUE SANTOS BEIJOS!

Margarida acabava de completar vinte anos. Não era mais uma menina. Entretanto, desde a sua primeira comunhão, amava a Jesus-Hóstia com um amor imenso, apaixonado.
Sua maior alegria e felicidade consistia em lavar e engomar os objetos que serviam para o altar. Lavava as toalhas e, quando acabava de engomá-las, depositava nelas um beijo porque sabia que sobre elas Colocariam os sacerdotes o cálice, o cibório, a custódia... Lavava e engomava os corporais e beijava-os não uma mas muitas vezes, porque — dizia — sobre eles repousará a branca hóstia, depois de consagrada.
As vezes estava sozinha na igreja e não podia conter-se: corria ao altar do Santíssimo e, quando julgava que ninguém a via, subia a uma cadeira e beijava a portinha do sacrário, porque — dizia — ali atrás está escondido o meu amor.
Aquela alma estava madura para o céu. Margarida morreu na flor dos anos. Tendo sido sacramentada, ia receber o sagrado viático; e foi então que fez o que sempre desejara fazer. Quando o sacerdote aproximou de seus lábios a hóstia divina, que seria a sua última comunhão, antes de tomá-la, imprimiu-lhe um beijo. E dizia depois, satisfeita, que nada mais lhe faltava para ser feliz. E partiu para o céu...
Todo ato de amor, toda jaculatória de amor, passará através da portinha do Sacrário e encherá de alegria o coração de Jesus tão desprezado dos maus e tão esquecido dos bons.

29 de julho de 2016

V Congresso São Pio V - Abertura do Congresso com Missa Cantada

Prezados Leitores, Salve Maria!
Não esqueça de divulgar e fazer sua inscrição para o V Congresso São Pio V. As inscrições devem ser solicitadas através do e-mail saopiov@gsaopiov.com.

Obs: Muitos leitores perguntam sobre a taxa de inscrição para participação no Congresso, salientamos que a participação é gratuita. No entanto, quem quiser contribuir com as atividades da Associação Civil São Pio V, poderá contribuir observando os dados contidos no primeiro banner ao lado direito do blog. Muito obrigado!

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


Conferência XVI


Parte 7/10


C - Ao lado da obediência e do respeito à autoridade, é preciso dar grande importância à franqueza absoluta do filho. Que alegria para os pais se podem confiar em cada palavra do filho! A franqueza é a base da educação do caráter, e ao contrário nada se tem a fazer com um filho mentiroso.
a - E aqui, preciso indicar de modo especial dois defeitos na educação. Primeiramente a severidade injustificada dos pais pode habituar o filho à mentira. Sim, tem-se o direito de punir, como já disse, a má vontade, mas não a falta de jeito, as travessuras e outras criancices. Nem sobretudo a franqueza. Se o filho confessa francamente a sua falta, é preciso falar à sua consciência, adverti-lo, mas não se tem o direito de o punir pela sua sinceridade.
b - Outro defeito que se apresenta é quando os próprios pais pecam contra a verdade. 
Uma filha diz a sua mãe: Mamãe, estão pedindo, na escola, para as crianças pobres. Posso também dar alguma coisa?
A mãe responde-lhe: Tu não darás nada. Dirás à Irmã que também somos pobres.
Na manhã seguinte diz novamente a filha: Mamãe, a Irmã disse para eu não tomar lições de dança, e não esbanjar o dinheiro de nossos pais.
A mãe responde: Dirás à Irmã que temos o suficiente para pagar as lições. Isto não a interessa.
E a mãe ficará muitíssimo admirada, quando um dia a filha mentir não só à Irmã, mas também a ela?

28 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 154

O AMOR DA CORAGEM

Era uma jovem de uns dezesseis anos. Vivia num bairro pobre duma cidade do norte da Espanha. Todos ali eram pescadores e passavam a vida à beira do mar. Sobre aquelas águas sem horizonte navegavam todos os dias procurando naqueles procelosos abismos o pão de cada dia.
O pai de nossa jovem era pescador, e dos piores e mais brutos que se possam imaginar. Nunca o viram na igreja. Para ele só havia dois lugares prediletos: a taberna e o mar. Muito natural, portanto, que sua filha, apesar de seus dezesseis anos, não tivesse feito a primeira Comunhão.
Naqueles dias tinham chegado ali alguns padres missionários. Transformaram um barracão em igreja e, pela manhã e à noite, reuniam aqueles pobres pescadores para falar-lhes de Deus e da salvação eterna. Além disso, em horas diversas, reuniam os meninos e as meninas para explicar-lhes o catecismo. E isto era uma necessidade porque, entre aquelas pobres alminhas, muitas nunca tinham ouvido falar de confissão ou de comunhão.
Nossa jovem de dezesseis anos era das mais assíduas e atentas. De manhã, quando o pai ia para o mar, ela corria à capela dos missionários para aprender a rezar e cantar e ouvir coisas tão belas que nunca ouvira em sua vida.
Chegou o dia da confissão. Passavam de sessenta as meninas que já haviam completado quinze anos e que no dia seguinte iam ter a felicidade de receber Jesus pela primeira vez. Estavam todas radiantes de alegria. Começava a anoitecer e o Padre missionário levantou-se do confessionário. Terminara a sua tarefa. Naquele momento aproximou-se dele uma daquelas meninas e, apontando com o dedo uma jovem que estava no fundo da capela, disse:
— Padre, aquela menina tem mais de dezesseis anos e ainda não fez também a primeira comunhão. Nem sequer se confessou... Mas o senhor não a confesse porque, se o pai dela souber que se confessou, dá-lhe uma sova e a deixa moída...
— Ele é tão mau assim?
— Se é! É péssimo. É o homem pior do bairro e tem o apelido de “tio Barrabás”.
O Padre missionário dirigiu-se à jovenzinha, que já conhecemos, e entre os dois houve o seguinte diálogo:
— Quantos anos tens?
— Já completei dezesseis.
— Nunca te confessaste?
— Nunca.
— Sabes o catecismo?
— Antes, não; mas agora, sim; porque todos os dias tenho vindo pela manhã e à tarde e comprei um livrinho e já o sei de cor.
O Padre fez-lhe algumas perguntas e viu que não havia menina que soubesse o catecismo tão bem como ela.
— E queres confessar-te?
— Sim, Padre.
— E comungar?
— Mais ainda.
— E teu pai consentirá?
— Meu pai não o saberá. Quando ele for de manhã para o mar, eu venho comungar e ele não ficará sabendo. E se o souber...
— Então ele te bate...
— Paciência. Será mais uma surra...
O missionário estava pasmado. As almas como aquelas não se pode negar o maior prêmio da vida: a Eucaristia. Sentou-se, pois, no confessionário e a menina aproximou-se da grade. Já estava o Padre a dar-lhe a absolvição, quando se ouviram na capela uns passos pesados e compassados. Não havia dúvida: tinha que ser algum pescador que entrava com seus pesados sapatões. Era-o com efeito. Foi direto ao confessionário e, agarrando pelo braço a jovem que naquele instante se levantava, deu-lhe tremendas bofetadas e pontapés, empurrando-a para a rua e dizendo:
— Eu já suspeitava que tu andavas por aqui. De onde te vêm essas beatices? Eu te ensinarei a ter juízo. Fora daqui, filha má...
Era o pai. Não se tinha enganado os que disseram que era o homem mais bruto do bairro. O Padre missionário não podia fazer nada com aquele pai monstro.
— Meninas — disse às que estavam ainda na igreja e contemplavam aterradas aquela cena brutal — meninas, de joelhos! vamos rezar três Ave-Marias por aquela filha mártir e por aquele pai verdugo.
E todo se ajoelharam e rezaram com fervor. Amanheceu o grande dia da comunhão daquelas boas meninas. Antes da hora já estavam ali com seus melhores vestidinhos. Os bancos estavam enfeitados com flores brancas. Ia começar a missa e o Padre perguntou:
— Veio aquela menina a quem o pai ontem esbofeteou tão brutalmente?
— Não — disseram — não se deve esperar por ela. Terá cama por alguns dias, talvez com alguma costela quebrada.
Diziam isto, quando junto à pia de água benta apareceu a nossa jovem. Tinha a cabeça toda enfaixada, mas seus olhos brilhavam de alegria. Fez o sinal da Cruz e, satisfeita e resoluta, sentou-se no banco entre as outras jovens.
— Mas, minha filha, — disse-lhe o velho missionário — que foi que te aconteceu?
— Nada, Padre — respondeu com a maior tranqüilidade — apenas meu pai, por eu me ter confessado, me deu ontem tão tremendas pancadas, que estou com o rosto e a cabeça cobertas de feridas.
— E teu pai, onde está agora?
— Seguiu para o mar.
— Ele sabe que vieste comungar,?
— Não, senhor.
— E se ele chegar a saber?
— Dá-me outra sova.
— E que dizes a isso?
— Não faz mal, Padre; para ter a felicidade de comungar, a gente bem pode aguentar duas sovas.
Com que prazer não terá Jesus entrado naquele coração. Aquela jovem, sim, amava a Jesus; aquela, sim, sabia fazer sacrifícios por amor de Jesus Cristo!
Vós, meninos e meninas, admirai-lhe a grandeza de alma, a coragem e firmeza de caráter.

Missas Tridentinas da Semana

Prezados Leitores, Salve Maria!

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Administrador do Blog São Pio V

27 de julho de 2016

Casamento e Família. - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


Parte 6/10


B - A segunda virtude, após a obediência e proveniente dela, é o respeito à autoridade. 
Não há vida comum sem respeito à autoridade; ao contrário, harmonizar o amor paterno com a necessária autoridade é uma das tarefas mais difíceis, ainda que indispensáveis, da educação. Sim os pais devem amar seu filho, mas o filho deve corresponder a este amor com um respeito, uma obediência incondicional.
a - E não é só no ambiente estreito da família que a obediência e o respeito tem seu valor, mas são também indispensáveis para a civilização humana toda inteira. A civilização consiste em acolher as descobertas das gerações antigas, edificando sobre elas, e prosseguindo sua obra. Mas para isto é necessário o respeito à autoridade. Se a vida familiar ensinar o respeito à autoridade, serve ao mesmo tempo aos valores universais da civilização.
Se uma geração recusa o respeito à autoridade e aos valores do passado, ela soçobra na revolução. Compreende-se assim por que os revolucionários se dedicam com predileção a destruir a família: com a família desaparece ao mesmo tempo o respeito à autoridade, e o terreno se torna favorável para os perpétuos tumultos.
b - Mas naturalmente, se os pais querem que seus filhos tenham o respeito à autoridade, é preciso recordar que eles mesmos não devem destruir esta autoridade diante de seus filhos.
Os antigos compreenderam melhor que nós como assegurar a autoridade dos educadores e mestres. Filipe, rei da Macedônia, proibira seu filho, o futuro Alexandre Magno, de se assentar quando seu preceptor falasse com ele. E o imperador Teodósio, tendo um dia encontrado seus dois filhos assentados, enquanto seu preceptor Arsênio estava de pé, ordenou-lhes ficar de pé enquanto o mestre se assentaria.
E hoje? Como é diferente! Com que leviandade muitos pais querem razões e discutem, prejudicando o respeito à autoridade!
Se o filho leva más notas, naturalmente a "falta é do mestre".
Escutai o que escreve a este respeito um pedagogo muito experimentado.
Ordinariamente é a mãe que recebe o boletim. Em seu primeiro impulso repreende severamente o filho. Mas a primeira coisa que faz a criança, menino ou menina, - é lançar tudo sobre o professor.
- Mamãe, sabia muito bem minha lição, mas não de cor.
- Mamãe, sabia minha lição, mas o professor pediu-me coisas que não estavam no livro.
- Mamãe, o professor enganou-se, tomou-me pelo meu vizinho.
- Mamãe, é o professor de alemão que me pegou. E sabe, ele é um judeu...
- Mamãe, não era o meu professor habitual, e sim um substituto que não gosta de mim.
- Mamãe, não te zangues, eu brinquei muito, mereci a má nota, mas eu te prometo que me esforçarei, até o fim do semestre. Interroga-me todas as noites...
Depois, e sempre a mesma conclusão: "Mamãe, assine o boletim para que o papai não o perceba.
E 50% das vezes a mãe nada diz ao pai. Quando lhe diz, as mais das vezes desculpa o filho, ataca o professor ou a professora, na família, na sociedade e em toda a parte (Journal des Parents, nº de dezembro, 1924). 

26 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 153

POR QUE CHORAS?

Uma menina, que foi mandada a fazer uma compra, perdeu o dinheiro e pós-se a chorar. Um senhor, que por ali passava, perguntou-lhe:
— Menina, por que choras?
— Porque perdi o dinheiro com que devia fazer uma compra.
— Oh! e por que não tens mais cuidado?
— O senhor tem razão; mas o que mais me aflige é pensar no quanto custa a meu pobre pai ganhar esse dinheiro.
Aquele senhor, compadecido, deu-lhe o dinheiro. Alguns instantes depois voltou a menina para devolver-lhe aquela importância, pois encontrara o dinheiro que havia perdido. O homem, admirado de tanta honradez, não aceitou a devolução e, como recompensa, deu-lhe mais outra quantia. A menina não a queria aceitar, repetindo que não fizera mais que cumprir o seu dever. O senhor, porém, respondeu que ela merecia aquele presente porque procedera não só com justiça mas com honradez.

25 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


Parte 5/10


Considerai, enfim, a advertência da Sagrada Escritura: "Acaricia o teu filho, e ele te fará tremer... Não lhe dê toda a liberdade na juventude, e não feches os olhos às loucuras" (Ecli 30, 9-11).
Mas se o filho se obstina, e não escuta a voz da sabedoria, então lembrai-vos do provérbio: "Os navios e as crianças são governados por detrás" e ainda deste outro provérbio: "A pancada infligida a propósito é muitas vezes mais eficaz para o filho que uma centena de sermões"; e enfim este terceiro provérbio: "É melhor que o filho na juventude chore por causa dos pais do que os pais chorarem por causa dos filhos, quando eles crescerem".
Justamente nesta questão, a Sagrada Escritura não é tão sentimental como certos métodos pedagógicos atuais. Como a Sagrada Escritura sabe que a estultícia é inerente ao coração da criança (Prov 22, 15), ela diz claramente aos pais: "Aquele que ama seu filho não lhe poupa a vara" (Ecli 30, 1). O cavalo indômito torna-se intratável; o filho entregue a si mesmo torna-se insolente" (Ecli 30, 8); "Aquele que poupa a vara odeia o seu filho; se lhe bates com a vara livrarás sua alma da região dos mortos" (Prov 23, 13-14). "A vara e a correção dão a sabedoria, mas o filho abandonado aos seus caprichos envergonha a sua mãe" (Prov 29, 15).

24 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 152

CONTEMPLA-SE AO ESPELHO PELA ÚLTIMA VEZ

Na cidade de Florença vivia uma jovem. Que vaidosa que era! Só pensava em pentear a sua formosa cabeleira, acariciar e aformosear a sua carne. Diante do espelho, diariamente passava longas horas contemplando-se e estudando o grave problema de encontrar um meio de fazer sobressair ainda mais a sua graça e formosura...
Mas, por detrás do espelho, a enfermidade a espreitava... Meteu-lhe as garras e prostrou-a no leito de dores. A febre consumia todos os seus ossos e, dentro de poucos dias, de toda a sua beleza não restava mais que um rosto lívido e um punhado de ossos descarnados.
E por detrás da enfermidade apresentou-se, com sua terrível caveira e com seus ossos esqueléticos, a morte. Aquela jovem não contava mais de vinte anos e, no entanto, tinha de despedir-se da vida e de todas as coisas mundanas que tanto amava.
Disseram-lhe com delicadas palavras que o seu estado era muito grave e que, por isso, devia preparar-se para comparecer diante de Deus... A vaidosa jovem lançou um grito de dor. Olhou para trás e viu que perdera tristemente a vida esquecendo-se de Deus... Olhou para frente e compreendeu que estava a dois passos do Juiz dos céus e da terra, a quem terá de dar contas de todas as suas vaidades... Estava as portas do céu ou do inferno!
A consciência dizia-lhe aos gritos que muito tinha que temer por sua salvação eterna...
A febre converteu-lhe a cabeça numa fornalha de fogo. Saltou da cama, abriu seus cofres e seus armários, tirou os vestidos mais preciosos e as jóias mais ricas e começou a vestir-se e a enfeitar-se como naquelas noites em que se preparava para ir aos bailes e teatros... Como louca, e sustentada pela mesma febre, penteou-se e arranjou-se com toda a elegância... Contemplou-se ao espelho e pôs-se a exclamar: “Como sou formosa! como sou formosa!... E queriam enterrar-me a mim, a mulher mais formosa do mundo! Não, não... quero viver, quero viver... Venham minhas jóias, minhas pérolas, meus vestidos, meus anéis, minhas pulseiras, meus colares...”.
E fora de si, arrojava-se a todos os seus cofres, armários e baús, e tirava os seus tesouros e apertava-os contra o coração e beijava-os com loucura...
Sim, esteva louca! E louca continuou por alguns dias, e louca morreu... E metida num caixão, e vestida com uma pobre mortalha, levaram-na á sepultura.
Eis ai a verdade: A vaidade humana tem que deixar todos os seus tesouros nas garras frias e cruéis da morte.

Missas Tridentinas


23 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


QUE EDUCAÇÃO SE DEVE DAR AOS FILHOS?


Parte 4/10


Não é menos importante saber quais são as virtudes que particularmente se devem ensinar aos filhos.
A - Primeiramente, mencionarei a obediência absoluta. "Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, porque isto é justo" (Ef 6, 1), tal é a advertência dirigida por São Paulo aos filhos. Logo depois, contudo, ele fala nestes termos aos pais de família: "E vós, pais, não exaspereis vossos filhos, mas educai-os formando-os, instruindo-os no Senhor" (Ef 6, 4).
a - Educar os filhos formando-os, isto é, habituá-los a obedecer sem nada dizer, acostumá-los à modéstia e à renúncia. Outrora, era natural que em toda a família os filhos obedecessem com presteza às ordens de seus pais.
Mas este princípio de educação foi abandonado, quando apareceu a moda do filho único, e os pais, então, começaram a obedecer a todos os caprichos deste pequeno tirano muito animado. Pois, é preciso reconhecer, ou bem o filho obedece ou bem ele manda; ou bem ele toma a palavra, ou bem se lhe dá a palavra.
Escutai somente um caso típico de um filho excessivamente animado.
Um destes filhos únicos chora, uma noite no pátio, junto ao poço, e batendo com o pé grita à sua preceptora: "Dai-me. Eu a quero".
Ante aquele barulho, a mãe abre a janela e pergunta: "Senhorita, que contraria o pequeno? Dai-lhe!"
"Mas, senhora, ainda mesmo que Ladislau sapateasse até amanhã cedo, eu não poderia dar-lhe". Esperai um pouco, e eu mesma vou fazê-lo", grita a senhora precipitando-se para junto de seu marido.
O marido corre à preceptora: "De que se trata? Por que não dais à criança o que ela pede? Minha mulher o ordena. Tomai cuidado, podeis partir no próximo mês".
A pobre jovem responde suavemente: "Que o senhor lhe dê, se puder. A lua brilha na superfície da água, e Ladislau bate o pé, pedindo que eu a tire da água, e lhe dê".
Que ser infeliz não será, quando crescer, um filho assim abominavelmente animado!
b - Mas que é preciso fazer se realmente o filho sapateia, chora, joga-se por terra, quando se lhe recusa alguma coisa?
Não é preciso dar-lhe o que pede mesmo neste caso. É preciso que se lhe ensine que, apesar da riqueza dos pais, há coisas no mundo às quais é preciso renunciar.
"Mas fico com pena do pobrezinho, quando ele chora tão aflito. É penoso contrariá-lo".
Se não olhais para o seu futuro, então é difícil contrariá-lo. Considerai, porém, que Herodes não soube recusar o pedido da jovem Herodíades, e mandou por sua causa matar São João Batista.
Considerai as palavras de Santo Agostinho: "Odeia o que ama de maneira má, e ama aquele que odeia bem".

22 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 151


O NOME DE JESUS

S. Bernardino de Sena foi um grande apóstolo e propagador da devoção do Nome de Jesus. Conta-se que, no fim de todos os sermões, costumava expor um quadro no qual estava gravado o nome de Jesus, e com esse meio de propaganda conseguía efeitos maravilhosos. Uma vez, numa praça de Bolonha, pregou contra o jogo de baralho com tamanho sucesso, que o abuso desse jogo foi extirpado. Ora, um artífice, que fabricava as cartas e com essa arte ganhava o seu sustento, ficou reduzido à miséria, pois ninguém mais lhe comprava baralhos. Que fazer? Apresentou-se ao pregador S. Bernardino e disse-lhe: “Padre, agora não terei mais com que viver; pensai vós em socorrer-me”. O Santo não se embaraçou. “Se não sabes pintar, outra coisa — disse-lhe — vai e pinta esta imagem, e verás que tudo vai bem”. E fazendo um círculo, desenhou nele o sol e no centro do sol o nome de Jesus. O artífice executou aquele trabalho com o máximo cuidado, e toda a gente corria , a comprar cópias daquela imagem. De sorte que, assim, o fabricante daquele novo gênero de cartas, além de cooperar para a propaganda do Nome de Jesus, fez ainda uma boa fortuna.

21 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


Parte 3/10


C - Em compensação a experiência quotidiana fornece-nos incessantemente exemplos da influência feliz da atitude dos pais na formação de seus filhos. Bastará talvez recordar os pais da pequena Teresa de Lisieux. Quando se lê, na vida desses dois esposos respeitáveis, como eles cuidavam seriamente de seus deveres conjugais, quando se lê, nas cartas da mãe de Santa Teresa do Menino Jesus, o seu amor generoso e sua submissão à vontade de Deus, exclama-se involuntariamente: "Sim, desse matrimônio devia nascer uma santa".
"Mas, como se pode hoje ser tão idealista? Hoje os tempos estão mudados. Hoje, temos atrás de nós a grande guerra, e ela tudo destruiu".
Assim se expressam alguns. Mas que sofisma! Atrás dos pais da pequena Teresa, havia também a guerra de 1870 e seus males. E pôr um filho no mundo, sempre foi um sofrimento, sempre foi um sacrifício em todos os tempos, em todas as épocas. E a aceitação desses sacrifícios depende da fé que os pais tiveram em Deus, e de seu amor por Ele.
Infeliz o pobre filho cujos pais perderam a piedade! Infeliz do pobre filho cujos pais não tem religião! Os olhos dos filhos são muito vivos e vêem tudo; aos dez anos, esta ainda escandalizado com a descrença dos pais; aos quinze, já se habituou, e aos vinte encontra nela uma desculpa para a sua vida de incredulidade e leviandade moral.
Pais, não o esqueçais nunca: A primeira tarefa do educador é o seu próprio exemplo. E somente educareis convenientemente vossos filhos, se fordes irrepreensíveis.

20 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 150

A INGRATIDÃO PARA COM DEUS

Conta o historiador César Cantu que certo rei da índia caiu num rio. Um servo fiel correu, lançou-se à torrente e, agarrando o rei pelos cabelos, salvou-o da morte certa.
Voltando a si, o rei quis saber quem e de que modo o salvara das águas. Levaram-lhe o servo fiel, e esperavam que o soberano lhe desse uma generosa recompensa. Mas não foi assim. O rei com ar severo perguntou-lhe: “Como tiveste a ousadia de por as mãos em teu rei?” E imediatamente mandou que o trucidassem. Essa monstruosa ingratidão causou horror. O castigo, porém, não tardou. Estando o rei, certo dia, embriagado, entrou num barco e outra vez naufragou. Os barqueiros bem o poderiam salvar, mas, recordando-se do servo trucidado, deixaram que o rei se afogasse. Fizeram mal, é certo; mas o mau rei teve o que merecia, porque fora ingrato e cruel para com aquele que lhe demonstrara tanto amor, livrando-o da morte.
Oh! quantos não há por ai que, escapando da morte eterna por meio do Sacramento da Penitencia, imitam aquele rei,

19 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI 


O EXEMPLO DOS PAIS


Parte 2/10


A - Os jovens dançam conforme a melodia que cantarem os pais, diz com muita exatidão um provérbio germânico. As palavras boas ou más ouvidas pelos filhos não são apenas palavras que voam. O exemplo em casa dos pais sempre permanece. E o que vale a mais bela exortação ou mais grave advertência nos lábios do pai, que por sua conduta destrói o que verbalmente exige de seus filhos?
A Virgem Maria e São José não disseram ao Menino Jesus: "vá ao Templo", mas sim "vamos ao Templo". Infelizmente é um fato bastante triste o de que, em nossos dias, muitos pais proíbem seus filhos de blasfemar, quando eles mesmos blasfemam tranquilamente ou então proíbem-lhes mentir, mentindo eles mesmos.
E se admiram se lhes acontece como na história do caranguejo e seu filho.
O velho caranguejo repreendia uma ocasião o seu filho.
- Não convém que caminhes sempre recuando. Caminha, pois, para a frente.
- Fá-lo-ei de boa vontade, quando te vir caminhando também para diante.
B - Infelizmente, os pais, em sua leviandade, muitas vezes, não vêem como eles corrompem seus filhos pelos maus exemplos. Talvez não haja má intenção, mas apenas falta de reflexão.
Um pai de família surpreendera seu  filho a roubar.
- Meu filho, não deves roubar, porque Deus não pode ser enganado. Ele vê tudo.
- Vê tudo? - responde o filho. - Então, é lamentável isto, porque Ele viu que o papai entrou embriagado, ontem, à noite.
Certamente Ele tinha visto. Mas o pai podia responder alguma coisa a isto?
Os catequistas e os mestres mais zelosos fazem, muitas vezes, a triste experiência de que todos os seus esforços se tornam inúteis pelos exemplos opostos, vistos em casa.
Em uma escola primária os alunos escutam a lição. O professor recorda entre outras coisas que ao comer não é conveniente tocar no saleiro, mas que se deve tomar o sal com a ponta da faca.
- Vós já ouvistes dizer isto muitas vezes em vossa casa, não é? Apesar disto pegais no saleiro, eu o sei.
- Oh! - diz um pequenino - papai também toca o sal com os dedos.
E agora eu adjuro solenemente os pais a não tomarem o sal com os dedos...
Mas para que as mulheres recebam com seus maridos uma pequena lição, recordarei o caso de uma educadora que repreendia a uma menina: "Mas, menina, não tens vergonha de vir à escola com um vestido tão curto?"
A pequena banhada em lágrimas respondeu-lhe: "Senhora, eu acordei tarde e precisei vestir-me apressadamente, e ... sem notar ... pus o vestido da mamãe ..."

18 de julho de 2016

Missa e Palestra - Padre Aulagnier

Prezados Leitores, Salve Maria!

Informações da missa e palestra do Padre Aulagnier - Reitor do Instituto Bom Pastor - França

Missa rezada pelo Padre Aulagnier
Horário: 19:30h
Local: Capela da Polícia Militar

Palestra a ser proferida pelo Padre Aulagnier
Tema: O combate e a herança de Dom Lefebvre
Horário: 20:15h
Local: Fundo da Capela da Polícia Militar



17 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XVI


A FAMÍLIA NUMEROSA II


Parte 1/10


Foi talvez um pouco original o desejo com o qual terminei a minha instrução anterior. Não é costume terminar o sermão com um brinde: "Deus, abençoe as boas e devotadas mães de famílias".
É verdade. Mas aquele que reflete no devotamento contínuo que os bons pais são obrigados a manifestar aos seus filhos; aquele que conhece o trabalho árduo a que se impõe o pai de família para subvencionar as despesas materiais decorrentes da educação dos filhos; aquele que vê todos os cuidados, lágrimas e noites de insônia por que passa a mãe de família na educação do filho, julgo que não achará tão estranho que na fronte dos pais, ciosos de seus deveres, perceba eu o brilho de uma coroa sobrenatural.
Que seja sempre maior o número desses pais educadores ideais. Possam eles cumprir sempre com mais frutos a sua pesada missão de educadores. Eis a finalidade da presente instrução.
A educação frutuosa dos filhos coloca, sem dúvida, os pais diante de grandes deveres. Cumprirão, porém, mais facilmente esses deveres: 
1 - Se eles souberem que o primeiro fator de educação é o próprio exemplo.
2 - Se souberem quais as virtudes que devem ensinar em primeiro lugar a seus filhos.
É a discussão destas duas questões que consagrarei a presente instrução.

16 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 149

O MENINO SOLDADO

José Sánchez del Rio pertencia a juventude Católica, seção de Aspirantes. Tinha 13 anos quando Calles, presidente do México, iniciou a sua terrível perseguição contra os católicos. O menino apresentou-se ao general Mendoza, comandante do Exército dos Libertadores, e disse-lhe:
— Se eu não souber atirar com o fuzil, poderei prestar, outros serviços: cuidar dos cavalos, preparar munições, carregar água. Deixe-me ser soldado de Cristo-Rei!
Em vista de tamanha insistência, o general resolveu aceitar o pedido do menino. A mãe, porém, temia pela sorte de seu filhinho.
— Ora, mamãe, — dizia ele para animá-la, — não me deixe perder esta boa ocasião de ganhar o céu com tão pouca fadiga e tão depressa.
Qual seria o segredo de tamanho ardor? A santa Comunhão cotidiana. Rezara muito junto da sepultura do protomártir da Juventude Católica Mexicana — o jovem Joaquim Silva — e desta oração o aspirante Sánchez saiu soldado de Cristo-Rei, na expectativa de um glorioso martírio.
No acampamento era ele o benjamim, mas o seu desejo era entrar em combate.
Pouco depois de seu alistamento, no mais aceso furor duma batalha, o cavalo do general Mendoza caiu fulminado. Ato continuo, o soldadinho apeou-se, e disse:
— General, tome o meu cavalo. Que importa que me matem? O senhor é aqui mais necessário do que eu.
E escondido atrás de uma pedra, continuou a atirar, até que, esgotadas as munições, foi aprisionado.
Admirado ao ver um menino feito soldado, o general inimigo indagou:
— Que está fazendo, menino? Não sabe que vamos fuzilá-lo?
— Que importa? — replicou Sánchez. — Só me prenderam porque estava sem munição.
— Ninguém pretende fazer-lhe mal algum; mas diga-nos o que sabe dos rebeldes.
— Eu, traidor de meus irmãos? Nunca! Pensam que sou um judeu como vocês? Prenderam-me como a um inimigo; então, devem fuzilar-me!
Tais respostas espantavam a todos. Conservaram-no, porém, como prisioneiro, na esperança de, por meios brandos ou violentos, arrancar-lhe informações.
A noite, fecharam-no na igreja da aldeia, transformada pelos soldados de Calles em galinheiro. Sánchez, que queria passar a noite rezando, em dado momento percebeu a presença de galos e galinhas na igreja. Ficou indignado com aquela profanação e, levantando-se, torceu o pescoço de todos aqueles animais.É fácil imaginar a irritação dos guardas, quando, pela manhã, deram com a inesperada matança. Investiram contra o menino, e bateram-no até vê-lo derramar sangue. Sánchez, corajoso, dizia:
— Deixem-me vivo para morrer fuzilado.
Naquele dia obteve licença de escrever a sua mãe.
Na carta dizia: “Mamãe querida. Fui feito prisioneiro e esta noite serei fuzilado. Chegou, finalmente, a hora tão desejada. Abraço a senhora e a todos os meus irmãos, e prometo-lhes um bom lugar no Céu”. E assinou: “José Sánchez del Río, que morre em defesa da Fé, por amor de Cristo-Rei e da Rainha Nossa Senhora de Guadalupe”.
Seriam 23 horas do dia 10 de fevereiro de 1928, quando o menino era conduzido ao cemitério. Caminhava cantando o hino: “Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera”. Ao chegar ao cemitério, perguntou onde estava a sua cova e vendo-a, para lá se dirigiu, ajoelhou-se e beijou-a.
Os soldados inimigos avançaram sobre ele e o transpassaram a punhaladas. O sangue jorrava de inúmeras feridas, mas Sánchez não tremia nem chorava.
— Continuem, — repetia, — continuem! Mais um pouquinho e estarei com Cristo-Rei!
Um dos soldados disparou-lhe um tiro na cabeça e ele caiu morto na cova.
O sepulcro desse valoroso menino soldado de Cristo-Rei é, hoje, glorioso e muito visitado.

15 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV


Parte 7/7


E agora que vou terminar esta instrução, na qual tratei do amor paterno e materno tão devotado, tão generoso até o sacrifício, vem-me à mente uma lembrança de guerra, que se desenrolou há vinte poucos anos, e que eu nunca poderia esquecer.
Era primavera de 1915. Nossas tropas após a tomada de Gorlice avançavam rapidamente na Galícia enfim libertada, e a ambulância de campanha, à qual eu estava adido, mal podia seguir o exército. Um dia, trouxeram um jovem que recebera uma bala na cabeça: Teria vinte anos, e era de origem polonesa ou rutena. A bala atravessara-lhe a cabeça sem matá-lo, mas ele perdera a consciência. Durante alguns dias ficou entre nós, sem recuperar os sentidos e seu jovem e robusto organismo lutava contra a morte. Permaneci ao seu lado a fim de poder confessá-lo, se recobrasse a consciência. Mas esta não vinha sequer um minuto. Seus lábios se moviam incessantemente, noite e dia, e durante dias, deste corpo inconsciente, saíram incansavelmente essas duas palavras: "Tatyinko, maminko... tatyinko, maminko..." papai, mamãe! Finalmente, o pobre jovem morreu!
Era terrível ouvir durante dias essas duas palavras.
Mas atualmente...
Atualmente, pergunto a mim mesmo: Quais eram o papai e mamãe deste infeliz jovem? Que doce imagem deveriam despertar naquele cérebro atingido por uma bala, e desprovido de conhecimentos! Como deveriam ser bons para que o filho, no meio do sofrimento dos últimos dias, pudesse encontrar no seu nome tal doçura, repetindo   estas duas palavras: "Tatyinko, maminko".
A esses bons pais o meu último pensamento.
Que Deus abençoe o devotamento das boas mães de família. Amém.

14 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 148

UM MÁRTIR DE 18 ANOS

Em Jalisco, no México, um bando de comunistas prende um rapaz de 18 anos, acusando-o de fomentar, um motim. Querem forçá-lo a gritar: “Abaixo o Cristo”.
— Não posso, responde o jovem; sou católico.
— Agora não és mais que um revolucionário.
— Revolucionário? Nunca! nunca me bandeei para os revolucionários. Ninguém poderá prová-Io. Sou simplesmente católico, e não posso renegar a Cristo.
Declarações tão firmes e decididas tiveram consequências imediatas. O jovem é, primeiramente, espancado e, depois, amarrado á traseira de um caminhão e arrastado pelas ruas da cidade entre risos satânicos. Coberto de sangue e de pó, chega em frente da casa paterna. Os delinquentes param o caminhão e mandam que o mártir grite:
“Viva Calles”. Redobrando as forças o jovem grita:
— Viva Cristo-Rei!
Uma senhora presente à cena corre a chamar a mãe da vítima. "Que fosse depressa, porque pretendiam obrigar o filho dela a apostatar”.
Imediatamente, a mãe, trémula e pálida como a morte, voa para junto do mártir. Cena capaz de comover as próprias pedras. O filho, seu querido filho de 18 anos, cuja beleza e coragem eram o orgulho da mãe, banha de sangue a rua. Ela atira-se sobre aquele corpo, já nas últimas, e grita-lhe:
— Meu filho, ainda que te matem, nunca renegues o teu Deus. Vale mais a Fé do que a vida. Viva Cristo-Rei.
O mártir, num supremo esforço, consegue balbuciar as palavras de sua mãe:
— Viva.... Cristo... nosso... Rei!
E morre sob as vistas da mãe.
Não sabemos o que mais admirar, se a fidelidade do filho ou a coragem da mãe.

13 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV


Parte 6/7


C - Recordei já muitas vezes especialmente a tarefa da mãe de família. Pois se tudo quanto disse atá aqui, a respeito de dever educador dos pais, serve uniformemente para ambos, a experiência mostra, porém, que a mãe é a mais apta para exercer uma profunda ação educadora, pois para cada filho, a primeira e a mais preciosa educadora é a mãe de família.
Uma ocasião alguém dizia a Adams o célebre presidente dos Estados Unidos da América: - Eu sei como vos tornastes o homem que sois. - Ah! Como soubestes? perguntou o presidente. - Li algumas das cartas que vossa mãe nos escrevia, respondeu o interlocutor.
Como tinha razão! Pois se, em falando do crime de um homem, costuma-se dizer: "Procurai a mulher", falando de suas virtudes pode-se dizer muito mais: "Procurai a mãe".
a - O Antigo Testamento, já fornece exemplos inesquecíveis da mãe de família ideal. Bastará talvez citar apenas um só. 
Pelo ano 166 antes de Jesus Cristo, brotaram dos lábios de uma heroica mãe palavras que nunca poderão ser esquecidas enquanto um homem viver sobre a terra. Elas não o serão, pois a Sagrada Escritura dá-lhes uma existência perpétua.
É a questão da mãe heroica dos Macabeus, cujos sete filhos foram mortos por um tirano, por causa de sua fidelidade às leis de sua religião. Um após outro morreram, entre horrorosos suplícios, sob os olhos de sua mãe. Poderiam escapar deste sofrimento, se renegassem a fé, mas nenhum deles o fez. E quando o mais jovem foi torturado, sua mãe encorajou o filho banhado de sangue, dirigindo-lhe essas sublimes palavras: "Eu te conjuro, meu filho, olha o céu e a terra, e tudo que eles contém, vê que Deus o criou do nada, e que a raça dos homens assim chegou à existência. Não temas este algoz, se, porém, digno de teus irmãos (2 Mac 7, 28 - 29). Assim morreu o mais jovem e depois também sua mãe. Mas não traíram sua fé.
b - Se o Antigo Testamento podia já produzir tais mães ideais, qual não deve ser então a imagem da mãe de família cristã, no N. T., ante a qual brilha como ideal o exemplo da Imaculada Mãe de Deus! Porque depois que a Santa Virgem levou em seus braços o Menino Deus, cada mãe de família traz uma coroa invisível. Uma coroa mais bela que todos os diamantes. Uma coroa digna de maior veneração que toda a decoração terrena. Coroa que difunde uma beleza maravilhosa sobre o semblante de quem a leva. Mas uma coroa que se assemelha também à coroa de espinhos de Nosso Senhor!
Se todas as mães vivessem conscientes dessa dignidade sobrenatural! Se todos os homens soubessem que eles podem substituir em todas as coisas as mulheres. menos em tarefa vital em que ninguém a substitui! Na tarefa da mãe educando seu filho. Não é, pois, compreensível que as mulheres ambicionem justamente essa carreira, única onde ninguém as substitui? 
Infelizmente, a desordem da vida econômica atual obriga sempre a mulher a abandonar a calma do santuário familiar, e vir fazer concorrência ao homem na vida pública. Atualmente, não há só empregadas, mas há mulheres deputadas, advogadas, doutoras, artistas, professoras, motoristas de táxis, agentes de policia... e em certas regiões há mulheres pastoras... e entre os soviéticos, mulheres soldados. Em todos os domínios, o homem pode produzir mais que a mulher, e em tudo isto a humanidade poderia viver sem a colaboração feminina.
Há todavia uma profissão que pertence única e exclusivamente à mulher: há uma carreira que, se as mulheres abandonarem, ninguém poderá substituí-las e sobre a qual repousa toda a humanidade: é a profissão de mãe de família.
Não creio que um homem possa provar maior alegria na terra, do que quando seu filho já crescido lhe diz o que o ilustre Széchenyi escrevia um dia à sua mãe: "Vós me instruístes, me educastes, plantastes no meu coração o bem no qual estou e ficarei, e o pouco que fiz para meu Deus, meu Rei e minha Pátria é vossa obra.


12 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 147

LEVAVA A COMUNHÃO AOS MÁRTIRES

O governo maçônico e ateu do México metia no cárcere, à espera da morte, sacerdotes e fiéis católicos. Para confortá-los na fé, meninas piedosas e inteligentes, disfarçadas mas com risco da própria vida, levavam-lhes freqüentemente a Comunhão.
Rosina Gomez foi uma dessas meninas privilegiadas. Com apenas 12 anos, consagrara-se ao piedoso oficio de levar Jesus-Hóstia aos prisioneiros. Rosina, com permissão de sua mãe, ia todas as manhãs a uma das estações eucarísticas. Ali comungava, e o sacerdote entregava-lhe as hóstias consagradas, para levar aos encarcerados. A fim de evitar suspeitas, tirava-se o miolo do pão e, em seu lugar, colocavam-se as sagradas espécies envoltas em pano de linho. Deste modo Jesus chegava diariamente aos confessores da Fé, que aguardavam a morte gloriosa.
Durava já três meses esse trabalho; quando Rosina começou a ser observada e seguida pelos callistas. Um dia, cercaram-na e perguntaram-lhe:
— Aonde vais?
— Para minha casa, e tenho pressa, — respondeu Rosina.
— Que é que tens nas mãos?
— Nada para os senhores, e tudo para mim.
— Joga fora o pão que tens oculto.
— Isso eu não faço.
Os policiais apontam-lhe os revólveres. A esse gesto ela responde calmamente:
— Não tenho medo de ninguém. Jesus me dará forças. Ajoelha-se, em seguida, toma as hóstias e ali mesmo comunga, para evitar profanações.
Um minuto depois, cai varada das balas daqueles tigres.

11 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV


Parte 5/7


B - E quando começa o dever educativo dos pais? A partir de que idade? Quando é preciso empreender a educação da criança? Aos cinco, seis ou dez anos?
a - Oh! Já seria bem tarde. É preciso começar a educação desde o primeiro instante da vida terrena do filho, e até antes de sua vida terrena.
Como? Não compreendo bem. Até antes de sua vida terrena? Que quer dizer isso?
Que a responsabilidade dos pais começa muito antes do novo ser. Começa desde a sua própria juventude, fazendo com que essa se passe no caminho da virtude. Atualmente uma ciência inteiramente nova, a ciência das leis da hereditariedade, ensina com uma força indiscutível o que a Igreja sempre proclamou, isto é, que a juventude dos pais, passada na pureza moral, é uma benção para os futuros filhos, assim como lhes traz consequências fatais a juventude vivida leviana e imoralmente!
b - Mas por outro lado observamos hoje mais claramente a importância decisiva das impressões da primeira infância. Nada mais é do que aquilo que os antigos já suspeitavam quando diziam que alguém bebera tal ou tal coisa com o leite de sua mãe. Desde o instante em que as águas do batismo tocaram a fonte do recém-nascido, Cristo depôs na sua alma em germe a vida sobrenatural; e o dever grandioso dos pais, sua verdadeira vocação sacerdotal, é levar aquela vida cristã nascente ao supremo desenvolvimento pelo seu afeto de educadores. E esta tarefa deve ser iniciada em uma idade em que nem a escola e nem a Igreja influíram sobre a criança.
Milhares de ocasiões se apresentam aos pais sobretudo às mães, para elevar ao Pai celeste por meio de um amor cada vez mais ardente, a alma infantil que se esta desenvolvendo. O efeito da grave emoção, o tom fervoroso com os quais a mãe fala de Nosso Senhor, do Menino Jesus, da Santa Virgem e das verdades fundamentais da religião, ao seu filho de três ou de quatro anos, estendem-se por toda a sua vida. Não há educação, por melhor que seja, não há sacerdote por zeloso que seja, que saiba ensinar essas verdades com tanta delicadeza e sucesso como os pais.
Feliz o filho que recebeu essa educação de seus pais, e não somente belos vestidos, bons alimentos e presentes!
Feliz o filho que cresce num meio familiar cuja atmosfera se impregnou destes espíritos vivificantes de uma profunda piedade!
Feliz o homem que sob os golpes da sorte encontra sólido apoio na inquebrantável piedade, cujas bases foram lançadas pela sabedoria previdente dos pais, sobretudo da mãe, no solo bem enriquecido dos anos da infância!

10 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 146

COMO MORRE O SOLDADO DE CRISTO

Gabino Alcázar alistou-se aos 80 anos no Exército dos libertadores, e com ele três de seus filhos. “Chegou a hora de morrermos mártires, disse ele aos seus na hora da despedida. Tenho ainda pouco tempo de vida, e por que não hei de consagrá-lo a Cristo-Rei? Desejo que a vossa morte seja tal qual a minha. Vamos combater por Deus”.
Isto sucedia a 3 de março de 1927. O velho soldado de Cristo receberia dentro em breve a sua coroa de glória. Tomou parte em três combates com uma tenacidade extraordinária. A 12 de março, numa renhida batalha, saltara da trincheira para avançar contra o inimigo, oculto atrás de uma rocha, e atirou até o último cartucho. Afinal, os soldados de Calles o cercaram, gritando-lhe:
— Entrega-te, velho!
— Os soldados de Cristo-Rei morrem, mas não se rendem, — respondeu com altivez.
— Entrega-te ou te matamos.
— Cair, sim; ceder, nunca!
E para que os callistas não se apoderassem do seu fuzil, Gabino quebrou-o em dois pedaços e atirou-os contra o inimigo, dizendo-lhes:
— Tomai e entregai isso ao vosso Calles-Nero.
Seus olhos tem um lampejo de alegria. No momento em que levanta a mão aberta para o céu e grita: Viva Cristo-Rei, uma descarga o prostra por terra.
A Escritura diz: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus; o tormento da morte não chega a tocá-los.
As almas dos justos descansam na paz; atormentados pelos homens, a sua esperança tomou vulto na eternidade”.
Como essas palavras se adaptam ao velho soldado Gabino!

9 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV



II - A FAMÍLIA CRISTÃ PREOCUPA-SE DA EDUCAÇÃO DO FILHO.


Parte 4/7

Chegamos à segunda ordem de ideias da nossa instrução de hoje: não só os pais cristãos respeitam o filho, mas justamente porque respeitam os grandes valores aí ocultos, dão-lhes a educação com amor e solicitude.
A - Nunca se repetiria demais que a educação do filho é o primeiro dever dos pais.
a - Educação! Que sentido profundo nesta palavra! Fazer do que é pequeno alguma coisa de grande, do que é fraco algo de forte, fortificar o corpo e a alma, extirpar a erva má e semear a boa semente. Quantos sacrifícios, que tarefa desinteressada, que noite de insônia, quantas lágrimas e cuidados nestas duas palavras "educação familiar".
A educação familiar é um sacrifício, mas é também uma alegria.
Como seria preciso insistir muitas vezes, e sob formas diversas, junto aos pais, sobre esta imensa responsabilidade. Mas não para se concluir: " então é preferível não ter filhos", mas para fazer tudo conscienciosamente tendo em vista a felicidade futura de novos seres pequeninos lançados à vida.
Sim, a tarefa educadora é cheia de sacrifícios, mas é cheia também de alegrias.
Que é que dá aos pais esta alegria, esta felicidade e esta paz, enquanto educam, instruem, alimentam e protegem seus filhos? O pensamento de que eles cumprem assim o mais santo dever que repousa na lei natural e na lei divina. Mas, se, após o cumprimento de qualquer dever, provamos um sentimento de satisfação, este sentimento cresce na medida da obrigação da qual dependem os interesses primordiais de nosso destino terrestre e eterno, da raça humana, da nação e da Igreja.
b - Mas para que os pais sejam capazes destes sacrifícios contínuos, Deus criou em seus corações um dos mais belos sentimentos humanos: o amor paterno e materno. 
O amor paterno e materno! Que palavra mágica. Quantas lágrimas e fadigas, quanto perdão e quanta indulgência, quantas vigílias e privações nestas palavras; amor paterno e materno!..
É um amor inesgotável, porque se nutre de três fontes: Os pais amam seus filhos porque são a carne de sua carne, e também a carne de outro ser, que eles mais amam no mundo, além de seus filhos; amam-nos ainda porque a alma do filho, desde que foi purificada pela água batismal, tornou-se filha de Deus.
Este amor paterno e materno nada e ninguém o substitui. Um filho pode ser educado por mil pedagogos, a governanta mais devotada, a melhor ama, ou educadora de crianças, sem o amor dos pais, nada mais é que "Ersatz", mas este "Ersatz" não substitui senão aproximadamente o amor paterno e materno.

8 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 144 e 145

DO PAGANISMO AO CLAUSTRO

1. Hiéria era pagã. Jovem e viúva de um senador romano, estava destinada a novas núpcias. Aconteceu, porém, que, durante a perseguição de Diocleciano contra os cristãos, veio a saber que em certo mosteiro vivia uma virgem chamada Febrônia, de vinte e cinco anos, belíssima, douta, eloquente, cujo rosto ninguém jamais via a não ser as suas coirmãs. Ora, Hiéria desejava vê-la; sentia uma como necessidade absoluta de satisfazer a semelhante curiosidade.
Fingindo-se de monja, foi admitida à presença de Febrônia e pode vê-la e ouvir-lhe, chorando de comoção, as santas palavras.
Febrônia foi depois martirizada; e Hiéria, depositando sobre o féretro da virgem mártir todas as suas riquezas, ajoelhou-se aos pés da abadessa e, após fervorosas súplicas, obteve a graça de substituir a virgem.

2. Aglaé, nobre e rica romana, concubina de Bonifácio, que era o primeiro dos 73 intendentes de suas propriedades, ouvira dizer que quem honrava os santos mártires gozaria de especial proteção deles no tribunal de Deus.
Aglaé chamou, pois, a Bonifácio e deu-lhe a incumbência de ir ao Oriente à procura de relíquias.
— Senhora, disse Bonifácio, se um dia as minhas relíquias vos fossem enviadas sob a forma de mártir, vós as receberíeis?
Aglaé censurou-lhe esse modo de falar; mas Bonifácio morreu realmente mártir da fé, em Tarso. A nobre dama venerou aquelas relíquias, converteu-se, fez-se monja e de tal modo se purificou pela penitência que, mereceu ser sepultada na capela de S. Bonifácio que ela mesma mandara construir a 50 estádios de Roma.

7 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV

Parte 3/7


B - Mas na linguagem popular cristã o filho não é só uma coisa santa. É também uma bênção divina; "Uma bênção divina" são justamente as mãos pequeninas e fracas da criança que ligam mais solidamente aos laços da família.
a - Primeiramente, a família se torna mais unida pelos sofrimentos e pelas dores suportadas em comum.
Quantas vezes não se renova sob formas diversas o caso de Santa Perpétua, com seu filhinho.
Quem é Santa Perpétua? A jovem esposa de um cartaginês ilustre, que sob a ordem do imperador Severo havia sido jogada na prisão, e esperava a morte, por causa de sua fé cristã. Não era a prisão que a fazia sofrer, mas o fato de estar separada de seu filho recém-nascido.
Pode-se ler, nos atos de seu martírio, as lamentações desta mulher heroica: "Durante dias e dias, estive a mercê de amargas preocupações. Finalmente, obtive que meu filho pudesse ficar comigo na prisão. A criança tornou-se logo mais forte, e eu mesma me restabeleci, cuidando de meu filho. E a prisão tornou-se para mim um salão de festas, onde eu estou mais satisfeita que em qualquer outro lugar" (Acta Sanctorum dos Bolandistas, t. 1, 632).
Que palavras magníficas! Cada mãe de família deveria meditá-las durante horas: Restabeleci-me, cuidando de meu filho. E a prisão tornou-se para mim uma sala de festas, porque meu filho estava comigo.
b - Mas a família esta estritamente unida não só pelos sofrimentos padecidos em comum, como também pelas alegrias recíprocas. E se o provérbio "Alegria partilhada, alegria dobrada" é verdadeiro, é igualmente verdade que a alegria partilhada entre os membros da família aumenta à medida que cresce o número dos membros, com os quais ele pode ser compartilhada.
São também de um grande valor educativo as pequeninas amabilidades que quebram a monotonia da vida quotidiana, tais como as felicitações de boas festas e de aniversário, as festas de família, as tardes de domingo passadas em uma doce intimidade, noite de natal esperada com emoção, etc.
E aqui preciso mostrar particularmente quanto seria importante proteger a família contra a dispersão e separação que em nossos dias, infelizmente, ameaçam-na sempre mais. A vida de família exige que os seus membros estejam reunidos em maior número possível. Infelizmente, as distrações modernas, o teatro, o cinema, esportes e reuniões diversas, afastam as pessoas de seu lar, e fazem perigar a tão necessária intimidade familiar.
Mas se não se passaram os anos da infância no circulo familiar, tão doce e tão quente, sentir-se-á aquela ausência em toda a vida sentimental e moral. Tem-se o costume de dizer, num sentido diferente, é verdade, falando-se de pessoas grosseiras e mal educadas, "sem educação"; como se poderia bem mais dizê-lo destes homens nervosos, desarvorados, indecisos, sem plano fixo, e sem finalidade definida porque lhes faltou na infância a felicidade da família. E se hoje aumenta cada vez mais o número destes, uma das principais razões é que o número de santuários familiais tão íntimos e tão doces diminui sempre mais.
c - E pela mesma razão deplora-se tenham desaparecido da atual vida de família tantos exercícios religiosos feitos em comum, que existiam nas nossas antigas famílias e cujo valor educativo é inegável.
Aquele que um dia esteve no meio da família católica na Holanda conserva uma lembrança inesquecível da oração da noite, tal como existe ainda hoje. Não só os pais se ajoelham com seus oito, dez ou doze filhos, mas todos os da casa se reúnem para a oração em comum. Há educação mais social, pode-se apresentar melhor formação de alma para a criança em seu crescimento, que o espetáculo do Pai celeste para a oração comum? E quando pais e filhos, juntos, vão se confessar, comungar, há aí uma educação pedagógica mais eficaz que toda a ordem ou admoestação feita pelos pais.
Naturalmente, é o espírito interior que dá seu verdadeiro valor às práticas religiosas exteriores: o amor infinito por Deus, a confiança de filho e a fé cujo poder sobrenaturaliza cada ação da família. O que quer que se dê na família: acontecimentos alegres ou tristes, o que quer que digam ou julguem os pais, que projetem ou façam, atrás de tudo isto irradia-se o desejo de cumprir a santa vontade de Deus. Estamos convictos de que, se os filhos aprenderem dos pais este modo de pensar, receberão deles uma lembrança mais preciosa que todas as riquezas.

6 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 143

ARROJADO DO ALTO DA ESCADA

Na vida de S. José Calasanz lemos uma passagem interessante e instrutiva. Ele é chamado a salvar a juventude abandonada; o demônio, porém, afirma um autor, propõe-lhe a mais alta união com Deus e as delicias da vida contemplativa; apresenta-lhe, depois, as Índias, a Asia, repletas de idólatras, a Europa infestada de hereges, tantos pecadores a converter; mostra-lhe, por fim, quanto era árduo ocupar-se dos meninos incapazes de compreender as verdades da fé!... Os seus companheiros, vítimas da mesma tentação, dão crédito ao demônio, retiram-se e abandonam o Santo. O nosso Santo, porém, não se deixou enganar; com isso o demônio ficou tão irritado que, um dia, o arrojou furiosamente do alto duma escada e tomou o aspecto de sombras horríveis, para amedrontá-lo.

5 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV


1- A FAMÍLIA CRISTÃ RESPEITA O FILHO.


Parte 2/7


O cristianismo sempre rodeou a criança de um respeito particular. Ele a olha como uma "coisa santa" e uma " bênção divina", e como vamos ver, com muita justiça.
A - "A criança é uma coisa santa, "Res sacra puer". Se os pagãos já assim falavam, quanto mais os cristãos! Como  botões na árvore, quantas esperanças aguardam nela sua realização! 
O filho é santo para seus pais. É, não somente o sustentáculo e o apoio dos pais na velhice, mas também a continuação terrestre de sua vida que se inclina para o túmulo.
O filho é santo aos olhos da nação. Ela vive por ele. Seu destino melhora com uma juventude robusta, previdente e casta, ou então desaparece o seu futuro, com uma juventude leviana e frívola.
O filho é santo aos olhos da Igreja. Dá ele sem cessar novos membros à Igreja do Cristo, e por eles a luz do Evangelho se espalha sobre a terra.
O filho é santo aos olhos de Nosso Senhor Jesus Cristo: com que amor Ele o olhou, e com que ternura deu Ele sua bênção.
Não exagerava pois Leônidas, este mártir dos primeiros séculos, do qual lemos que se ajoelhava muitas vezes ao pé do leito de seu jovem filho, Orígenes, e como sua mulher lhe perguntasse por que, ele respondeu: " eu adoro o Espírito Santo que habita no peito de meu filho".
Que concepção profundamente cristã, do valor da criança! Sim. "Res sacra puer", a criança é uma coisa santa.

4 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 142

A OBSERVÂNCIA ANTES DE MAIS NADA

O P. Joli, Superior Geral da Congregação da Missão, quando se tratava da observância das Regras, era atentíssimo quanto a si e inflexível quanto aos outros, não se rendendo jamais nem a razões, nem a súplicas no permitir alguma quebra da Regra, por mínima que fosse. Quando um Superior lhe escreveu, pedindo certa licença, deu-lhe esta resposta: “A nossa Regra é contrária a isso; e é preciso que estejamos fortemente apegados á Regra”. Eis a melhor de todas as razões.
Falando certo dia á sua comunidade, disse: “Devemos ter em conta de nossa obrigação principal as Regras e santos costumes da Congregação, deixando por isso, quando se trata de observá-la, todas as nossas devoções particulares: fazer mais conta, por exemplo, de não falar sem licença com pessoas conhecidas, que encontramos eventualmente, do que fazer vinte disciplinas de nossa própria vontade”

3 de julho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XV


A FAMÍLIA NUMEROSA


Parte 1/7


Foi doloroso e triste o quadro da família sem filhos que passou aos nossos olhos nas duas últimas instruções, mas o objeto das duas que virão agora é bem consolador e alegre: vou falar da "família numerosa".
O quanto é terrível, porque é contra a natureza, o silêncio de túmulo que reina em casa dos esposos sem filhos, tanto é alegre e cheio de promessas o riso argentino que enche o lar da família numerosa.
O quanto é abandonada e triste a velha árvore seca que perdeu sua folhagem, suas flores e todo o seu ornamento, o quanto é triste o caminhar para o túmulo, dos esposos sem filhos, atingidos pela velhice: tanto são altivos em sua velhice os que generosamente e confiantes no auxílio de Deus acolheram o filho. São como gigantescos carvalhos, cujos vastos ramos trazem ninhos onde sempre cantam novos pássaros. Estes velhos vêem, com a alma cheia de gratidão para com Deus aparecer, no lar de seus filhos e mesmo netos novos berços, e nestes berços, pequeninos seres que exprimem o seu reconhecimento aos pais e avós. Estes velhos terão alguém para rezar por eles, e implorar a graça de Deus para o repouso de sua alma.
Sim, sempre foi assim; as famílias cristãs sempre amaram seus filhos; o seu mais belo móvel sempre esteve a um canto do quarto, o berço com um pequeno anjo risonho quase a dormir, enquanto num outro canto um bebê de três anos se mantém altivamente em seu cavalo de balanço, e mostra ao seu irmão maior de 5 anos toda a sua habilidade.
As duas últimas instruções passaram-se numa paisagem árida, na família sem filhos. Nas duas, porém, que se seguem, subiremos às alturas consoladoras do lar feliz da família numerosa. Nesta instrução, mostrarei só de um modo geral que a verdadeira família cristã tem duas características:
1 - Respeita o filho;
2 - Dá a educação ao filho.
Na instrução seguinte, darei alguns detalhes sobre a maneira de educar cristãmente os filhos.

2 de julho de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 141

ISTO É AMOR AO PRÓPRIO INSTITUTO!

S. Inácio, quando se inteirava de que entre os seus religiosos havia algum espirito inquieto, que se permitia críticas contra os Estatutos da Companhia, mandava-o embora inexoravelmente. Nenhuma razão o persuadia a transigir nesse ponto. No Colégio Romano ensinava então um célebre professor, homem de grande talento e possuidor de várias outras qualidades apreciáveis.
Depois de certo tempo veio à tona o espirito inquieto que o dominava e começou a pronunciar-se contra alguns regulamentos da Companhia, a externar e insinuar nos outros as suas idéias. Inácio repreendeu-o seriamente e, como os avisos não surtiram efeito, licenciou-o sem mais, embora fosse constrangido a por em lugar dele, como suplente, a um jovem noviço flamengo, entrado fazia pouco tempo.

1 de julho de 2016

Sermão para o 3º Domingo depois de Pentecostes – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] O culto excelente ao Sagrado Coração de Jesus

Amém.

Ave Maria…
São João, no prólogo de se Evangelho, nos diz que no princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus e que Deus era o Verbo. Nós poderíamos dizer igualmente que no princípio era a Caridade e que a Caridade estava em Deus e que Deus era a Caridade. De fato, em sua epístola, São João diz: Deus caritas est. Deus é caridade.
A caridade de Deus se exprime de modo perfeito no Sagrado Coração de Jesus. O Sagrado Coração de Jesus é o símbolo e a imagem da caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, homem e Deus. Como estamos iniciando o mês de junho, caros católicos, mês dedicado ao Sagrado Coração, convém tratar dele, isto é, do Sagrado Coração e da devoção a Ele.
Consideremos, primeiramente, a dupla caridade que se encontra no Sagrado Coração de Jesus. A caridade primeira e que domina o Sagrado Coração de Jesus é a caridade para com Deus, é o amor a Deus. Nem poderia ser diferente. A caridade tem uma ordem e ela começa por Deus. O Sagrado Coração de Jesus é, então, de uma caridade infinita para com Deus. Caridade que se manifesta claramente no Evangelho, quando Nosso Senhor diz que veio fazer unicamente a vontade do Pai e não a sua própria. Mesmo em sua agonia mortal no Jardim das Oliveiras, o Salvador deixa claro o amor que está presente em seu Sacratíssimo Coração: que se faça a vontade do Pai e não a sua própria.
A caridade perfeita no coração de Nosso Senhor Jesus Cristo se exprime precisamente na conformidade com a vontade de Deus. E mais do que em uma conformidade, podemos falar de verdadeira uniformidade. Amar a Deus é fazer a vontade dEle em todas as coisas, amar a Deus é fazer a nossa vontade conforme ou mesmo uniforme com a vontade de Deus. Assim era o Sagrado Coração de Jesus: perfeitamente uniforme com a vontade divina. No Sagrado Coração de Jesus, na sua inteligência, na sua vontade, em seus sentimentos, não havia nada, absolutamente nada, que destoasse, ainda que minimamente, da vontade perfeita de Deus. É esse amor a Deus, essa uniformidade plena com a vontade do Pai que faz do Coração de Jesus o abismo de todas as virtudes, como rezamos na sublime ladainha do Sagrado Coração de Jesus. A uniformidade com a vontade de Deus é a fonte de perfeição de todas as outras virtudes. Portanto, a primeira coisa que devemos considerar no Sagrado Coração de Jesus é a sua caridade para com Deus, a uniformidade com a vontade de Deus. Uniformidade que se mostra de modo ainda mais claro e perfeito nas tribulações, nas perseguições, nos sofrimentos, nas humilhações, nas calúnias. É na sua Paixão e morte sobre a cruz que a caridade de Cristo para com Deus se manifesta de modo absolutamente claro.
A outra caridade presente no Sagrado Coração de Jesus é a caridade para com os homens, é a caridade para conosco, pobres pecadores. O Sagrado Coração de Jesus é a imagem de todo o bem que Deus quer para nós, de todo o bem que já fez por nós e de todo o bem que continua a nos fazer. Esse amor do Sagrado Coração de Jesus pelos homens decorre de seu amor a Deus. Ele nos ama porque ama a Deus. Ele nos ama buscando o nosso bem supremo, que é a nossa salvação. Devemos parar, caros católicos, e pensar realmente em tudo aquilo que Deus fez por nós: primeiramente, a criação. Ele poderia simplesmente não ter criado nada. Mas criou. Criou Adão e Eva, nossos primeiros pais. Tendo eles se revoltado contra Deus com o pecado original, prometeu-lhes o Salvador. Governou toda a história antiga da humanidade preparando os homens para a vinda do Salvador, em particular formando para si um povo, o povo judeu, e mantendo nesse povo a verdadeira fé, a verdadeira doutrina sobre Deus, apesar das muitas infidelidades do povo eleito. Eis que o Verbo vem, então, ao mundo, faz-se homem. Nasce em Belém, de uma jovem virgem. Vem ao mundo para sofrer, para nos ensinar a verdade, para morrer por nós e nos salvar. Funda a Igreja Católica, institui os sacramentos, em particular a eucaristia e a confissão, institui a Santa Missa. Quantos tesouros NSJC nos dá! Seu Coração se inclina somente a isso: à glória de Deus e à nossa salvação. Devemos parar e pensar também em nossas vidas e ver todo o bem que Deus nos fez e continua a fazer. Mas é preciso ver esse bem não somente nas facilidades, nas alegrias e na prosperidade. É preciso ver o bem que Deus nos faz e quer nos fazer também nas tribulações, nos sofrimentos, nas injustiças que padecemos. Enfim, é preciso ver também o amor do Sagrado Coração de Jesus nas cruzes. Devemos ver o amor do Sagrado Coração de Jesus na cruz que Ele, na sua sabedoria e bondade, esculpiu para que nós carregássemos. Devemos, então, ver o amor de Deus também nas cruzes, caros católicos, em que Ele deseja tão ardentemente que nos unamos aos seus sofrimentos, que completemos em nós a sua paixão, que expiemos os nossos pecados, que avancemos no amor a Ele e em todas as virtudes.
O Sagrado Coração deve ser por nós profundamente venerado. Devemos procurar imitar o Sagrado Coração de Jesus no seu amor para com Deus. Devemos buscar a uniformidade com a vontade de Deus em todas as coisas. Principalmente, nas cruzes, que são um tesouro de santidade e de virtudes. Devemos buscar imitar o Sagrado Coração em seu amor pelos homens. Devemos desejar ardentemente a salvação do nosso próximo e agir para isso. Devemos considerar o amor infinito do Sagrado Coração de Jesus para conosco a fim de responder com amor completo. Devemos considerar o amor do Sagrado Coração de Jesus para conosco e nos decidir a amá-lo inteiramente, de uma vez por todas, com decisão firmíssima, abandonando os nossos pecados mortais, combatendo vigorosamente também os veniais, corrigindo as nossas imperfeições, deixando de lado a tibieza, a mornidão digna de ser vomitada por Deus, a preguiça. Devemos deixar o espírito mundano, amaldiçoado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos nos decidir a fazer a vontade de Deus em todas as coisas com constância, com generosidade, sem respeitos humanos. Devemos fazer do nosso coração um espelho do Sagrado Coração de Jesus, repleto do amor a Deus, do amor pelo próximo e repleto de todas as virtudes. Devemos fazer do nosso coração o espelho do Sagrado Coração de Jesus, incendiado pelo fogo do amor divino, incendiado pelo fogo do amor à verdade, incendiado pelo fogo do amor ao bem.
Ao Sacratíssimo Coração de Jesus, caros católicos, devemos o culto de latria, quer dizer, de adoração. Devemos esse culto de adoração em virtude da união substancial que existe entre a humanidade de Cristo e o Verbo. O Coração de Jesus está unido substancialmente ao Verbo de Deus, como tão bem rezamos na Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Devemos adorar o Sagrado Coração de Jesus também por ser símbolo tão perfeito da caridade, para com Deus e para com os homens. O culto tributado ao Sagrado Coração de Jesus é o culto tributado ao amor divino e humano do Verbo Encarnado.
Devemos ter em alta conta, caros católicos, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Essa devoção é muitas vezes despojada de sua mais profunda eficácia porque se torna uma devoção muito sentimental ou muito naturalista. Ao contrário, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus não deve ser uma devoção meramente afetiva. Deve ser uma devoção efetiva, que nos leve a amar a Deus com toda a nossa mente, com todas as nossas forças, com todo o nosso ser. Reconhecer o amor divino e humano de Jesus Cristo por nós, cultuar esse amor de Jesus Cristo por nós é elemento básico e essencial de nossa santa religião. Sem isso, não pode haver cristianismo. Esse reconhecimento do amor do Verbo Encarnado por nós e esse culto do amor de Jesus Cristo por nós se faz de modo perfeito com o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Recomendo a todos uma verdadeira e profunda devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Recomendo a devoção ao Sagrado Coração de Jesus aos homens, em particular, que às vezes tendem a achar que a devoção ao Sagrado Coração é para as mulheres e para os fracos. Espelhar o Coração de Jesus em nosso próprio coração exige grande força, grande virilidade. Colocar em nosso coração a uniformidade com a vontade de Deus, o amor pelos sofrimentos e contrariedade, colocar em nosso coração todas as virtudes, entre elas a mansidão e a humildade, exige, ao contrário, uma grande força, uma grande virilidade. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é a devoção daqueles violentos que querem arrebatar o reino dos céus pela força, pela força da caridade ardente, pela força de todas as virtudes.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, bem compreendida e bem praticada, é arma necessária para os nossos tempos, caros católicos. É o que dizia e repetia com frequência o Papa Pio XII. Em sua excelente Encíclica sobre o Sagrado Coração,Haurietis Aquas, ele diz: “À vista de tantos males que, hoje como nunca, transtornam profundamente os indivíduos, as famílias, as nações e o mundo inteiro, onde acharmos, veneráveis irmãos, um remédio eficaz? Poderemos encontrar alguma devoção que seja melhor que o culto augustíssimo do Coração de Jesus, podemos encontrar uma devoção que corresponda melhor à índole própria da fé católica, uma devoção que com mais eficácia satisfaça as necessidades atuais da Igreja e do gênero humano? Que devoção mais nobre, mais suave e mais salutar do que este culto que se dirige todo à própria caridade de Deus? Por último, que pode haver de mais eficaz do que a caridade de Cristo – que a devoção ao Sagrado Coração promove e fomenta cada dia mais – para estimular os cristãos a praticarem em sua vida a lei evangélica, sem a qual não é possível haver entre os homens paz verdadeira?” E diz também o Papa: “desejando ardentemente opor segura barreira às ímpias maquinações dos inimigos de Deus e da Igreja, como também fazer as famílias e as nações voltarem ao amor de Deus e do próximo, não duvidamos em propor a devoção ao Sagrado Coração de Jesus como escola eficacíssima de caridade divina; dessa caridade divina sobre a qual se há de construir o reino de Deus nas almas dos indivíduos, na sociedade doméstica e nas nações.”
A fim de que a devoção ao coração de Jesus possa dar frutos mais abundantes para o indivíduo, para a família e mesmo para toda a humanidade, é preciso unir a ela a devoção ao Coração Imaculado da Mãe de Deus, pois foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a santíssima virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo. E no Imaculado Coração de Maria temos o espelho perfeito do Sagrado Coração de Jesus. E, por isso, caros católicos, temos no altar o Sagrado Coração de Jesus e o Coração de Maria unidos. Por isso, sobre o altar, temos a imagem do Sagrado Coração de Jesus, no lado do Evangelho, com uma mão apontando o seu Sagrado Coração, para que consideremos a sua infinita caridade, e, com a outra mão estendida, chamando-nos a imitar o seu Sagrado Coração.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.