28 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Dona De Casa


Parte 2/4

Que faz nessa casa a santa família?
Passemos um dia na sua companhia. Muito cedo, apenas as luzes da aurora permitem distinguir o céu da terra, todos se levantam. O Menino Jesus talvez se levante primeiro e de joelhos sobre a esteira, que lhe serviu de cama, reza a seu Eterno Pai. Ao amanhecer o novo dia, renova o oferecimento que fez ao vir ao mundo: "Meu Pai, mais um dia que me concedeis para que com o meu exemplo, com o meu trabalho, com os meus sofrimentos, leve as almas ao céu. O meu alimento é fazer a tua vontade. "Ecce venio". Aqui me tens disposto." 
Depois São José ensina Jesus a recitar a profissão de fé, que duas vezes ao dia, de manhã e a noite, devia semi-entoar o pai de família com os seus filhos varões. Era um compêndio dos preceitos divinos e das promessas e ameaças vinculadas à observância da Lei. A esta profissão de fé, que deviam fazer só os varões, juntavam-se duas breves orações em que tomava parte Maria: "Bendito sejais, Senhor, nosso Deus, pai do mundo, que fizestes a luz, que dais a paz e criais todas as coisas, que iluminais a terra e os que nela moram".
"Bendito sejais, Senhor, nosso Deus, pela glória das obras das vossas mãos e pelos astros luminosos que fizestes para vosso louvor".
"Bendito seja o Senhor que fez a luz".
Que sublime louvor sobe ao céu, do coração e dos lábios daquela santa família! Ali palpita a divindade. Porque não hão de ser as famílias cristãs como as famílias hebreias? Ao pai compete a direção religiosa da família; porém abdicou este direito na mulher. Não a abandones tu também, mãe cristã. Reza com teus filhos as orações da manhã: o oferecimento das obras, a consagração à Virgem Santíssima, o "Angelus"; reza diante do Coração de Jesus entronizado no teu lar, diante da Virgem Maria vossa Padroeira.
A Sagrada Família passaria as horas em oração, se o trabalho não os reclamasse a todos. No lar hebreu, o primeiro cuidado da esposa era preparar o pão necessário para o dia.
Maria tira um pouco de trigo da ânfora de barro, pega no moinho de mão e sai com ele para o pátio quando o sol começa a iluminar o céu límpido e azul. O moinho são duas pedras redondas, com um eixo ao centro. A de baixo é fixa, a outra gira à volta do eixo. O ruído estridente das pedras ouve-se em todos os pátios da aldeia. 
O Menino Jesus ajuda sua mãe, deitando os grãos de trigo pela abertura que tem em torno do eixo. Maria faz girar a pedra superior. A farinha cai pelos lados das pedras. O Menino Jesus olha admirado e pensativo. Pensa que todas as manhãs ele se ocultará sob as espécies do pão, para ser alimento das almas. Moído o trigo, Maria pega no fermento, um bocado de massa, conservada do dia anterior, e com aquele fermento faz nova massa. Jesus observa e medita.
Mais tarde dirá na sua pregação: "O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado".
Amassada a farinha, coze o pão ou no forno portátil ou sobre duas pedras quentes. É o pão de cada dia que Jesus Cristo manda pedir no Padre-Nosso. Depois de cozer o pão, a mulher nazarena devia ir buscar água a única fonte do povoado.
A Virgem com o cântaro à cabeça e seu filho pela mão vai buscar a água a fonte, que mais tarde terá o seu nome: a fonte da Virgem. As mulheres e as crianças agrupam-se a volta dela. A fonte do povoado foi sempre centro de notícias, comentários e murmurações. A Virgem Santíssima é afável, carinhosa; porém não participa nas conversas, nem gasta o tempo a falar, por isso a admiram e respeitam.
A senhora, a jovem que não murmure, que é delicada nas suas conversas, também infunde respeito quando se apresenta na sociedade.
Cumpridos estes deveres, Maria retira-se, vai para casa. Não tem criadas e, sozinha, tem que fazer os trabalhos domésticos.
Faz roupas para todos. Era um dever e uma honra para a mulher hebreia vestir todos os da casa. E fazer as roupas significava: fiar a lã e tecê-la. A túnica inconsútil de Jesus que sortearam os seus verdugos, foi tecida pelas mãos primorosas de Maria.
Também prepara a comida. Jesus, quando era pequeno, ajudava sua Mãe; depois trabalhava na oficina em companhia de José. Reúnem-se para comer. A refeição dos israelitas piedosos era cheia de orações: benzia-se a mesa e benzia-se cada um dos alimentos. Os manjares que se servem na casinha de Nazaré são muito bem preparados pela Virgem Santíssima, porém não são acepipes; apenas os que abundam na região: há peixe em abundância naqueles lagos; galinhas e ovos, ovelhas, frutas que se põem em conserva, mel dos campos. que conversas tão elevadas sustentam durante a refeição e a sobremesa.
 Os pais cristãos convertem a mesa em cátedra para instruírem os filhos. ali estão todos reunidos. Os sucessos do dia, as notícias dos jornais e da rádio dão matéria para formar o critério cristão dos filhos.
Terminada a refeição, a Virgem Santíssima limpa a louça.
Acostumados a vermos as imagens da Virgem Santíssima entre nuvens e anjos, não a imaginamos limpando os pratos e varrendo a casa. Mas foi isso o que fez quando vivia na terra, e foi a mais santa das mulheres e remiu o mundo juntamente com Jesus Cristo. As horas da tarde decorrem da mesma maneira que as da manhã: oração, trabalho; trabalho convertido em oração. Talvez cultivem uma hortazinha.
Não têm diversões? A diversão é o descanso do corpo e do espírito para recomeçar o trabalho; por isso é necessária a diversão. A Sagrada Família sai para o campo. Percorrem o vale onde vivem; vão pelo desfiladeiro a contemplar a vasta planície de Esdrelon. O Menino Jesus gosta muito do campo, é obra sua. A cidade é obra dos homens, o campo é obra de Deus. A imaginação de Jesus Cristo esta cheia de imagens campestres: os montes, os campos de trigo, as avezinhas e os lírios, o pastor que conduz as ovelhas, o lavrador que semeia o trigo. Na sua pregação, serão as comparações que empregará. Caminham pelo campo e falam do céu, de Deus, das belezas da criação. O campo é higiênico para o corpo e para a alma. Mais que os salões de ar abafado e viciado. Que o teu lugar de diversão seja o campo.
Ao anoitecer voltam para casa. São as horas mais felizes na casinha de Nazaré. Horas de intimidade no lar. Jesus, que aos discípulos rudes descobriu mistérios tão altos, o que diria aquelas duas almas tão santas, tão bem dispostas! Revelava-lhes os mistérios da divindade. Pegava no rolo das Escrituras, lia as profecias e explicava como se cumpririam nele.
 As horas correm velozes e nunca deveriam terminar. Estes gozos familiares desconhecem-nos a maioria das famílias modernas. Nestas horas propícias para a vida do lar, o espetáculo é desolador: casas vazias, famílias dispersas. Todos pelos salões de diversão. Não há vida de família; por isso as famílias desmoronam-se e com elas a sociedade. O terço em família, a leitura do Ano Cristão, as distrações simples entre parentes e amigos, são coisas que desaparecem com o tempo.
A Sagrada Família ceia, e começa a conversar depois da sobremesa. Termina o dia com as últimas orações, entre as quais esta a profissão de fé, de novo semi-entoada pelos varões; e pegando cada qual no seu colchão, tomam o merecido descanso.
Mãe, não deixes de rezar as orações da noite com os teus filhos. Que a tua figura rezando de joelhos ante o crucifixo ou a imagem da Virgem Santíssima, se grave bem na imaginação de teu filho. Correrão os anos. Esse menino inocente penetrará pelos caminhos da perdição. Voltará a casa depois de uma noite de pecado e reviverá na sua mente a tua imagem rezando com ele, e talvez, talvez curve a cabeça envergonhado da sua conduta, e caia de joelhos e reze o ato de contrição.
A vida de Maria em Nazaré é vida oculta, de trabalhos humildes, de desoladora monotonia; e não houve mulher mais santa nem mais feliz.
Se descobrisses a felicidade que se esconde na vida familiar! Se encontrasses em tua casa o segredo da santidade!

27 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Dona De Casa


Parte 1/4

Ao fazer o retrato de Maria, dona de casa, temos de começar perguntando: Onde esta a casa da Virgem Santíssima? 
Seu filho vinha a ser o Rei do mundo; a casa devia estar na capital do império romano. Em Roma não encontrareis a casa da Virgem Santíssima. Seu filho seria a luz do mundo; a casa de sua Mãe devia estar na cidade dos sábios, artistas e filósofos. Em Atenas também não encontrareis a casa da Virgem Santíssima. Seu filho era o Messias profetizado e esperado; a casa da Virgem Maria devia estar em Jerusalém, a cidade santa, onde viviam os doutores das Escrituras, em cujo templo todos os dias se elevavam súplicas pedindo a vinda do Messias libertador. Em Jerusalém, também não encontrareis a casa da Virgem Santíssima.
Maria tem a sua casa em Nazaré. E onde é Nazaré? Atravessai a fértil planície de Esdrelon. Penetrai num desfiladeiro e num vale pitoresco; na descida de uma colina encontrareis algumas casas, agrupadas junto de uma fonte: é isso Nazaré. 
E, como é a casa da Virgem Santíssima? Como as outras casas da aldeia: parte cavadas na colina e parte construídas, meio casas meio covas. Em frente da casa há um pátio cercado por um muro. O pátio nas aldeias da Palestina é tão importante como a própria casa. Às vezes o pátio é comum a várias famílias, pois as portas das casas dão para ele. Ali há trepadeiras e árvores, de ordinário figueiras e videiras.
Ao sol durante o inverno e a sombra durante o verão, a mãe da família faz a maior parte dos seus trabalhos domésticos no pátio.
Que cenas tão celestiais teriam lugar no pátio da Sagrada Família, frequentado por Maria e pelo Menino Jesus!
Atravessemos o pátio e dirija-mo-nos ao interior da casa. Subamos um degrau e penetremos no compartimento principal, que é a sala de jantar e dormitório. A impressão que recebemos é de obscuridade. A luz brilhante do sol oriental só entra pela porta e por simples janela aberta perto da porta.
Jesus diz numa das suas parábolas: a mulher que perdeu um dracma no interior da casa, acende a luz para a procurar. Percorramos com a vista os móveis da habitação. Pregada na porta, uma caixa de madeira, que contém um pergaminho, onde estão escritos alguns preceitos da lei mosaica. Quando José sai de casa toca com a mão o pergaminho. Jesus também o faz depois de crescido. Os bons cristãos tomam água benta ou pelo menos benzem-se quando saem de casa. Num canto da sala, o moinho de mão, e talvez o forno portátil.
Ao lado das paredes, ânforas, tigelas de barro, utensílios de cozinha. Umas almofadas no chão para se sentarem. A comoda onde guardam os vestidos de festa. Uns colchões quase esteiras, que durante o dia se guardam e à noite se estendem e servem de cama.
Os móveis foram feitos por José, que é carpinteiro e marceneiro. Com que esmero e carinho trabalhou neles! Eram para o Filho de Deus e para sua Mãe. Tudo esta limpo e arrumado. Em Nazaré há casas mais ricas; mas mais bem cuidada, nenhuma.
A Santíssima Virgem é a grande dona de casa.

26 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Virgem-Mãe


Parte 6/6

Ainda se pode dar outra desgraça maior: a de uns pais que perdem culpavelmente seus filhos e cegam-se voluntariamente e não querem reconhecer que esse filho se perdeu.
As línguas de toda a cidade repetem sem rebuço: a filha desses senhores perdeu toda a vergonha, o filho desses senhores é o maior libertino de toda a cidade; e seus pais, e sobretudo sua mãe, vai pensando: meu filho é um santo, a minha filha é um anjo; e não se coíbem de o dizer em público com a irrisão dos que os ouvem.
Isto é o mais desastroso; porque se esses pais, não sabem nem querem saber que seu filho se perdeu, como vão a procurá-lo? como vão a chorar ou a rezar por ele?
Para nenhuma mãe o seu filho é mau, são as amizades, as circunstâncias em que vive, a mulher que tem; porém ele é bom; quando na realidade, é ele quem perverte e é ele o verdugo da esposa. Nenhuma mãe chega a crer por completo o que lhe dizem de seu filho ou filha, ainda que lho digam pessoas autorizadas e desinteressadas e o façam por caridade. Julgando que cumpris um dever de amizade e de caridade, aproximai-vos de um pai ou de uma mãe, para informá-los sobre a conduta de seus filhos, para que lhe ponham termo; pois eles, os pais, estão caindo no ridículo e no descrédito de toda a povoação.
- Senhora, ouvimos dizer que seu filho anda por maus caminhos, que se junta com péssimas companhias, que frequenta lugares suspeitos.
Temos ouvido dizer que sua filha é objeto de comentários pouco favoráveis, que sai com um rapaz de má reputação, que os vêem em lugares afastados e fora de horas, que tem certas liberdades que escandalizam. Aviso-a para seu bem, para lhe darem algum remédio.
Ao ouvir isto, o amor próprio da mãe exalta-se como se fosse uma víbora a quem tivessem pisado.
- Isto não é verdade. Eu conheço bem o meu filho e a minha filha. Meus filhos não têm segredos para mim; dizem-me aonde vão, com quem vão, e o que fazem. São invejas, porque a minha filha vale mais do que as outras. São calúnias que se levantam. Que línguas tão más há neste mundo! Diga-me quem lho disse, porque sou capaz de o levar ao tribunal por caluniador.
- Dizem-no todos, senhora. É a voz pública.
- Todos, mas alguma invejosa terá levantado a calúnia. Assim se fazem os romances.
Despedes-te sem teres convencido a mãe e desde então a amizade que tínheis com a família esfria, se não se rompe por completo. 
Já que os pais da terra não choram a perda de seus filhos, terá de os chorar a sua Mãe do céu. Sim a Virgem Santíssima, Mãe de todos os homens, sente a perda desses jovens extraviados que são também seus filhos; chora por eles, suplica por eles, e sai a procurá-los com as suas inspirações.
Não os abandone tu, Mãe do céu, ainda que os tenham abandonado os pais da terra.
Com a tua súplica omnipotente alcança-lhes graças para que deixem o caminho da perdição e encontrem de novo o caminho da felicidade eterna.

25 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Virgem-Mãe


Parte 5/6

O que é lamentável, é que muitos pais perdem culpavelmente os seus filhos e não choram por eles, nem sequer os procuram porque não dão importância a isso.
Que espetáculo tão desolador o que oferecem as cidades e as provações ao cair da tarde e nas primeiras horas da noite! Os bares estão cheios de pares que bebem e fumam e dizem graças picantes. Os salões de baile estão repletos de pares que bebem e dançam num ambiente de orgia. Os cinemas estão cheios de pares que reproduzem cenas mais escandalosas do que as que aparecem na tela. Os cantos das ruas e os portais escuros estão de onde a onde salpicados com pares que lá sabem o que fazem. Os arredores das povoações estão semeados de pares em atitudes tão indecorosas que as pessoas decentes não podem passar por ali.
Antes estes espetáculos repugnantes e vergonhosos as pessoas dignas perguntavam-se: Estes jovens e sobretudo estas jovens terão pais? E se os têm, onde estão? Andam pelas ruas angustiados, como a Virgem Maria e São José, procurando os seus filhos e filhas? Esses pais estão tranquilos em suas casas, até que os filhos queiram voltar? Esses pais estarão talvez como os seus filhos, divertindo-se e pecando também. E esses pais que dizem que são cristãos e que como tais devem conhecer as suas obrigações gravíssimas, esses pais têm a consciência tranquila?
Os pais de Tobias, obrigados pela necessidade, enviaram o seu jovem filho a terras longínquas, à casa de um parente seu para cobrar uma divida. Não queriam mandá-lo só por aqueles caminhos e recomendaram-no a um viajante, que lhes pareceu dotado de extrema prudência e bondade. Não fosse ele o Arcanjo São Rafael disfarçado de viajante. 
Porém os meses passavam e o filho não voltava. Então os pais de Tobias começaram a inquietar-se e a arrepender-se de ter deixado sair seu filho de casa. A mãe, sobretudo, chorava inconsolável e suspirava: "Porque te mandamos a terras distantes, luz dos nossos olhos, ânimo da nossa velhice? Porque te mandamos a buscar um pouco de dinheiro? Porque te recomendamos a uma pessoa estranha?" E saía de casa todos os dias, e espiava os caminhos a ver se divisava ao longe o seu filho; e regressava a casa desfeita em lágrimas e suspirando: "Que será de ti, meu filho!" E a sua amargura crescia a ponto de ser capaz de a matar, até que o viu voltar são e alegre acompanhado do anjo disfarçado.
Que pouco se parecem com os pais de Tobias os pais de que estamos falando! Chega a noite, passam as horas, vossa filha ou vosso filho devia vir para casa e não vem. Desencaminhou-se talvez com más companhias, e não saís a procurá-lo e não vos preocupais.
Os pais de Tobias tinham recomendado seu filho a um anjo. Tu, com quem mandaste tua filha, com um anjo ou com um demônio? Pelo menos mandaste-a com um homem; comum jovem. E não sabes que um homem não é um anjo? Tu, pai de família, que és homem, não sabes o que são os homens?
Tu, pai dessa filha, que foste jovem, esqueceste o que são os jovens? Não sabes por experiência que os homens, e mais ainda os jovens, têm paixões violentas, que são liquido inflamável, e que uma faúlha pode provocar a explosão e que essa faúlha pode ser a tua filha?
A tua filha volta para casa depois de uma tarde e uma noite de diversão, e volta triste e mal humorada e não dás importância a isso, contentas-te com dizer-lhe: Porque estas assim, que te fizemos? Ah! se soubesses a tragédia que se passa no interior de tua filha! Se soubesses como ficou a honra dessa filha, que é a tua honra!
E tens pundonor, e tens consciência da obrigação grave, gravíssima que têm os pais de vigiar os seus filhos? Pelo menos, devias saber. Porque os pais e as mães que assim descuidam essa obrigação gravíssima, são a maioria das vezes, pais católicos, pais que se prezam de ter uma formação religiosa muito completa, são mães que comungam tranquilamente todos os dias, mães que sonham com fazer apostolado fora do seu lar.
Chora a Virgem porque perdeu o seu filho, sem culpa da sua parte.
O teu filho, a tua filha perdeu-se por culpa tua, pelo teu abandono criminoso e não choras. Chegará o dia em que conheças com clareza o teu pecado; Deus te fará conhecer e então chorarás lágrimas irremediáveis.
"Ibi erit fletus". No inferno haverá pranto, disse Jesus Cristo. O pranto de uns pais que perderam culpavelmente seus filhos na terra, e não choraram a sua perda nem os foram procurar. 

24 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Virgem-Mãe


Parte 4/6



Há pais que perdem os filhos sem culpa alguma da sua parte. 
É certo que a educação exerce uma influência enorme na formação do homem, tanto que Helvetius lançou esta afirmação: "A educação é omnipotente".
Locke estabelece uma proporção bastante acertada: "De cada dez homens, nove são o que são, bons ou maus, pela educação".
Podemos afirmar que noventa por cento dos homens são conforme os educaram; porém uns dez por cento extraviam-se, apesar da boa educação que receberam no lar. Esta possibilidade, parece querer indicá-la Jesus Cristo na parábola do filho pródigo.
Excelente era aquele pai. Boa a educação que deu a seus dois filhos; e no entanto, um deles tornou-se trabalhador, honrado, obediente, e o outro extraviou-se. É que algumas vezes a educação familiar vê-se contrariada por causas internas provenientes de um organismo tarado, que se recebe em herança, ou por influências exteriores de amigos e mestres. Por esta razão, há pais que perdem seus filhos sem culpa nenhuma da sua parte.
Uma destas mães foi Santa Mônica. Excelente foi a educação que deu a seu filho Agostinho.
Tão fortemente gravou na sua alma o nome e a imagem de Jesus, que todos os erros e todos os vícios pagãos, que o jovem acumulou no seu espírito, não conseguiram apagá-la; por isso, no meio dos seus extravios, quando lia com gosto os autores clássicos do paganismo, só de uma coisa achava falta neles: ali não encontrava o nome de Jesus com que sua mãe o tinha alimentado. Mas a boa educação que lhe deu sua mãe, foi contrariada e vencida pelo temperamento fogoso, apaixonado que lhe transmitiu seu pai pagão e vicioso, e por influência de companheiros e professores ímpios e corrompidos.
E Mônica, sem culpa alguma, perdeu o seu filho. E que fez então aquela mãe exemplar? Deixou que seu filho perecesse arrastado pela corrente?
Não; imitou a Virgem Santíssima. Como ela chorou, e como ela procurou-o sem descanso. Não se contentou com esperar em sua casa a volta de seu filho, saiu a procura dele, como o bom pastor vai em busca da ovelha perdida; e seguiu-lhe os passos e atrás dele foi a Cartago e juntamente com ele atravessou o Mediterrâneo e acompanhou-o a Milão e ali conseguiu rendê-lo e conquistá-lo de novo para Jesus Cristo.
Quando a mãe voltava já para a sua pátria radiante de júbilo, a morte cortou-lhe os passos no porto de Óstia. Que cenas tão sublimes as daqueles dias, como as deixou escritas o próprio Agostinho no livro incomparável das suas Confissões!
Santa Mônica morre longe do seu lar; porém morre satisfeita e tranquila, porque tem ao seu lado aquele filho que é duplamente seu: porque lhe tinha dado a vida do corpo e o tinha regenerado para a vida da graça.
Assim procede uma mãe cristã, que apesar da educação esmerada que deu a um filho ou filha, constata que ao chegarem à idade crítica da juventude, começam e extraviar-se.
Uma mãe exemplar, imitando Santa Mônica, imitando a Santíssima Virgem, não os perde de vista, segue os seus passos extraviados, admoesta-os com bons conselhos; e quando não pode mais, reza e chora por eles.
Esse filho, essa filha, voltarão ao bom caminho? Quem sabe! Motivos há para confiar. A oração, as lágrimas e os conselhos de uma mãe querida, são muito poderosos; porém se esse filho transviado não voltar ao bom caminho, a mãe, o pai, poderão apresentar-se diante de Deus com a consciência tranquila.
Jesus Cristo ia deixar o mundo. Celebrava com os seus discípulos a última ceia; nela dirigiu a seu Eterno Pai uma oração sacerdotal e entre outras coisas dizia-lhe: "Os discípulos que me deste guardei-os, nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição". De todos os seus discípulos cuidou Jesus Cristo; e, apesar dos seus cuidados, Judas condenou-se.
Que na hora da morte possas elevar a Deus uma oração semelhante. De todos os filhos que me destes cuidei bem. Todos os que Deus te deu, porque não fechaste as portas do mundo a nenhum dos que quis enviar-te. De todos cuidaste. A todos defendeste. A todos educaste bem.
Se apesar dos teus cuidados, algum, abusando da sua liberdade se extraviou, aconselhaste-o, repreendeste-o, choraste e rezaste por ele. Tudo foi inútil. As paixões e o mundo puderam mais do que tu. É o filho da perdição. Deus não te pedirá contas dele.

23 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Virgem-Mãe


Parte 3/6

Maria perdeu seu filho, sem que houvesse da sua parte falta ou descuido.
A multidão que aqueles dias enchia Jerusalém era imensa.
Conta Josefo, famoso historiador judeu, que um ano sacrificaram-se no templo 256.500 cordeiros, e como o número de pessoas que se juntavam para comer cada cordeiro assado era mais de dez e menos de vinte, calcula que naquele ano se reuniram em Jerusalém uns três milhões de judeus para celebrarem a Páscoa.Os peregrinos da mesma povoação faziam a viagem juntos.
Para empreenderem o caminho da volta combinavam encontrar-se num sítio determinado. Marcavam um lugar onde deviam juntar-se todos para passarem a noite e dividiam-se em grupos com certa liberdade para fazerem a viagem.
Isto fizeram os nazarenos, e entre eles a Sagrada Família. Jesus juntou-se a um dos grupos. Seus pais viram-no sair e confiaram.
Tinham razões para isso; Jesus era senhor dos seus atos. Tinha sido educado num plano de responsabilidade e seus pais sabiam que tinha sempre correspondido à confiança que tinham feito nele. Não cometeram nenhuma imprudência deixando-o sair num dos grupos, embora eles não fossem nele. 
Ao sair da cidade, aproveitando a confusão do povo, Jesus afastou-se do grupo em que ia, sem que seus pais se apercebessem, e entrou de novo em Jerusalém. Ao escurecer, os grupos de nazarenos iam chegando ao sítio fixado para pernoitar. Maria e José esperam que Jesus venha em algum deles. Chega o último e Jesus não vem. Perderam seu filho.
Que sente Maria? A sua consciência está tranquila. Não houve descuido algum da sua parte. Porém a angústia oprime-lhe o coração. O que será feito de seu filho? Veio ao mundo para morrer pelos homens. Simeão profetizou-lhe coisas muito dolorosas. Herodes procura-o para lhe dar a morte poucos dias depois de ter nascido. Teria caído nas mãos dos seus inimigos? Tê-lo-iam matado?
Mães, vós compreendereis alguma coisa da dor da Santíssima Virgem.
Durante a noite não pode descansar. De manhã os santos esposos voltam para trás. Que horas tão compridas e tão amargas! - Procurávamos-te com o coração dorido!
E procurando-o dirigiram-se ao templo. Durante as festas pascais, os doutores da Lei, espalhados pelos átrios do templo explicavam ao público as Sagradas Escrituras. Cada doutor levantava a sua cátedra sobre um estrado e sentado fazia a explicação. A volta dele formando semicírculo colocavam-se os ouvintes. À frente, os meninos sentados no chão, atrás, os adultos, de pé. Terminada a explicação, os ouvintes propunham dificuldades.
Sentado Jesus entre os meninos num dos grupos, chegada a hora, começou a fazer perguntas ao doutor. Sobre que versavam aquelas perguntas? O Evangelho nada diz. A Sagrada Escritura toda ela gira em volta do Messias.
O tema que apaixonava os hebreus era a sua aparição, que esperavam de um momento para o outro, para que os livrasse do poder romano. É provável que as perguntas versassem sobre o Messias: sobre a data da sua aparição, sobre a natureza do reino messiânico, cuja natureza política e materialista, como a concebiam os doutores, não se conciliava com o que dizia a Escritura.
Aquele menino de doze anos demonstrava ter um conhecimento tão amplo e tão profundo dos Livros sagrados, que o doutor chamou aos outros doutores para que conhecessem aquele menino extraordinário. Vieram os doutores e com eles as pessoas que os escutavam. Mandaram sentar Jesus e começou uma discussão animada, na qual um menino de doze anos obscurecia a ciência daqueles sábios, que tinham envelhecido no estudo dos Livros Sagrados.
E os doutores sentiam satisfação, pensando que aquele menino, dedicado aos estudos sagrados seria um dos sábios que honraria a sua nação.
Assim encontraram a Jesus os seus pais. Quem compreendesse a sua dor de antes, compreenderia a sua alegria agora. Não os surpreendeu a sua ciência. Sabem que é a sabedoria de Deus.
alegram-se porque encontraram o seu filho que tinham perdido, e porque os raios daquele sol oculto começavam a iluminar a noite das almas. Terminada a discussão, Maria aproximou-se do Filho e desabafou com Ele o coração: "Meu filho, porque procedeste assim conosco? Teu pai e eu procuramos-te cheios de dor".
Jesus responde a sua Mãe com respeito e com firmeza. - "E porque me procuráveis? Não sabíeis que eu devo ocupar-me das coisas de meu Pai?"
É esta uma lição admirável para os pais, que pensam que os filhos são deles mais que de Deus.
Como já disse, não vou comentar essa lição. Vou antes fixar-me no exemplo que dá a Virgem Santíssima procurando com dor o seu Filho que perdeu sem culpa alguma da sua parte.
A perda moral de um filho ou de uma filha é muito frequente nas famílias; e a Virgem Santíssima ensina aos pais como devem proceder neste caso.

22 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 459

A NEGRINHA QUE MORRERA SEM BATISMO

S. Pedro Claver, apóstolo dos negros, que batizou a mais de trezentos mil escravos, procurando excitar neles um vivo desejo desse sacramento, foi chamado um dia para batizar uma negrinha; mas, quando chegou, encontrou-a morta. Sumamente entristecido, fez oração por ela e a menina ressuscitou e foi batizada. Perguntou-lhe o Santo o que tinha visto ao morrer, a menina contou que lhe parecerá ver um formoso jardim, no qual quis logo entrar, mas outro menino formosíssimo a deteve dizendo: “Para trás! aqui não podes entrar por não seres batizada”. Depois de receber o batismo, a menina tornou a morrer.

21 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 458

ATÉ OS ÍMPIOS CRÊEM NO BATISMO

Litré, ardoroso materialista da Academia Francesa, não era batizado. Aos oitenta anos de idade, na noite antes de sua morte, pediu o batismo e foi batizado. E que foi que o levou a esse ato? Litré ouviu a religiosa que o assistia rezar, devotamente o rosário, e pôs-se a pensar nos pecados que havia cometido, e, como não era cristão, não sabia a quem pedir perdão. Logo que foi batizado começou a repetir as palavras da Ave-Maria.
Também o ímpio Renán, que escrevera a sua “Vida de Jesus” a troco do ouro judeu, e com ela arrancou a fé a tantas almas, vendo que morria um filho seu de poucos anos, pediu à sua esposa que batizasse a criançaa; mas, como ela se negasse terminantemente, Renán mesmo batizou o filhinho.

20 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 457

O BATISMO PERDOA TODOS OS PECADOS

A jovem Afra, consagrada por sua mãe Hilária ao serviço da deusa Vênus, levava vida má. Mãe e filha foram convertidas à fé católica por São Narciso, bispo de Gerona, que fora a Augsburgo. Ambas, depois de instruídas na fé, receberam o santo batismo e, logo depois, durante uma terrível perseguição, Afra teve que comparecer perante o juiz Gaio, que lhe perguntou: “Como pode ser cristã quem levou uma vida tão culpada?” Afra, porém, respondeu humildemente que, pela misericórdia de Deus, confiava terem sido perdoados todos os pecados. Como perseverasse firme em sua fé, foi condenada à fogueira, morrendo queimada.

19 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 456

POR QUE SE CHAMOU RENATO

S. Renato era natural de Angers, na França. Tendo falecido antes de receber o batismo, foi ressuscitado por São Cirilo Marillo, bispo daquela cidade. Puseram-lhe o nome de Renato porque morrera e fora ressuscitado, isto é, nascido segunda vez. Também foi, mais tarde, bispo de Angers, chegando a ser santo como seu predecessor. Segundo outros, tudo isto se teria dado em Sorrento, na Itália. S. João Crisóstomo diz que o batismo é “a infusão de uma nova vida, que nos transforma em outros seres”. Todo cristão, pelo batismo, é um “renato" e poderia com direito e razão ter também esse nome.

18 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 453 a 455

GRATIDÃO PELO SANTO BATISMO

1. S. Francisco Solano, na idade de trinta anos, sendo já religioso franciscano, foi um dia visitar, a terra natal! Logo que entrou na igreja paroquial de São Tiago, na qual recebera o santo batismo, foi direto à pia batismal e ajoelhado no chão com a fronte apoiada sobre a pedra, rezou em voz alta o Credo, que seus padrinhos tinham rezado ali mesmo, quando ele foi batizado.

2. S. Vicente Ferrer celebrava todos os anos, até à sua morte, o aniversário de seu batismo. Nesse dia mandava celebrar uma Missa de ação de graças na capela da igreja de Santo Estevão de Valência, onde recebera, quando criancinha, a graça do santo batismo.
 
3. S. Luís, rei de Franca, estando um dia em Poissy, disse à comitiva que ali, justamente, lhe concederá Deus a maior felicidade e a mais alta dignidade. Admirados os que o ouviam, julgaram que confundia Poissy com Reims, onde fora ungido e coroado rei de Franca. S. Luís respondeu-lhes que não havia engano, pois ali recebera a graça do santo batismo, muito superior a todas as honras e dignidades do mundo e a todos os bens terrenos. Quando algum de seus filhos acabava de ser batizado, beijava-o e dizia: “Antes eras filho meu; agora és filho de Deus”.

17 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 452

CONVERTEU-SE AO SAIR DO TEATRO

Em Burgos, na Espanha, numa noite muito fria de inverno, pela uma hora da madrugada, saía de um teatro um capitão de Lanceiros. Ele e a dama, com quem acabava de dançar, ouviram ao longe o sino da Cartuxa, que chamava os monges à oração, e o capitão começou a dizer de si para si: “Que contraste! Aqui abandonamos o teatro à uma da madrugada para ir dormir, e lá aqueles deixam o leito a mesma hora para ir ao coro rezar. Aqui ouvimos a dança lúbrica da pianola, e lá se ouve a voz do monge que diz: “Havemos de morrer! Sim, todos temos que morrer e comparecer perante o divino Juiz! Quem poderá então cantar vitória?”
Meses mais tarde aquele capitão tomava na cartuxa o hábito de S. Bruno; e hoje o seu túmulo é venerado como o de um santo.

14 de fevereiro de 2018

Reparação, missa de cinzas, via sacra e Instrução Jejum - Capela Nossa Senhora das Vitórias


Missas Tridentinas
Importante:
Excepcionalmente na próxima terça-feira, dia treze de fevereiro (13/02/2018), a missa ocorrerá às 09:00 horas, seguida de Hora Santa Reparadora pelos Crimes do Carnaval.
Na quarta-feira de cinzas a missa ocorrerá às 19:30 horas com imposição de cinzas.
No período da quaresma haverá o exercício da via sacra toda sexta-feira às 18:00 horas.

Instrução sobre o Jejum e a abstinência católicos

Fonte: site IBP São Paulo com algumas alterações nossas.

A Quaresma é um tempo de penitência. É necessário se dar conta disso.
Infelizmente, com o relaxamento da disciplina eclesiástica, os sacrifícios deixaram de fazer parte notável da vida católica. Não se jejua mais durante toda a Quaresma, ou durante a maior parte dela. A abstinência de carne imposta ainda hoje aos católicos às sextas-feiras, e expressada no Código Canônico, pode ser comutada por outra oração ou sacrifício, os jejuns e abstinências das quatro-têmporas não existem mais de modo obrigatório, etc. Tudo isso, que fazia parte da vida católica, se enfraqueceu muito e o espírito de penitência e de reparação pelos nossos pecados e pelos dos outros encontra-se em um estado que deixa muito a desejar. Ao mesmo tempo, muitos manifestaram o desejo de serem instruídos de modo mais claro e proveitoso sobre as penitências da Quaresma.
Por isso, aqui, o fiel poderá encontrar uma lista não-exaustiva de penitências e obras que podem ser feitas no tempo quaresmal. De modo geral, o fiel não precisa pedir conselho ou orientação para fazer penitências ordinárias. Para penitências mais notáveis, é muito aconselhável recorrer à opinião de um padre ou diretor de ciência e prudência.
Os gêneros de obras tradicionalmente apresentadas aos fiéis são três: jejum, esmola e oração. Assim:

Jejum:
O jejum, diz a Igreja em sua liturgia, reprime os vícios, eleva a alma, aumenta as virtudes, nos dá grandes prêmios (Prefácio da Quaresma).
Estritamente, consiste em tomar uma só refeição normal ao longo do dia. Pode-se tomar uma refeição pela manhã e outra pela noite, mas as duas não devem juntas formar uma refeição completa. Gestantes e mães que amamentam devem evitar jejuar, e estão mesmo dispensadas quando é dia em que a Igreja obriga os fiéis a jejuar. Aqueles que têm trabalhos pesados também devem ser prudentes quanto ao jejum. Não se jejua nos domingos e dias de festa (Festa de São José e da Anunciação, por exemplo).
O Jejum é obrigatório para todos os maiores de idade (18 anos) até os 60 anos. A abstinência de carne obriga à partir dos 14 anos.
Outras obras semelhantes de mortificação física e que são propostas aos fiéis como penitências são:
· comer mais do quê não se gosta, e menos das coisas preferidas;
· comer normalmente nas refeições, mas não comer nada entre o café da manhã e o almoço, nem entre o almoço e a janta;
· atrasar em 15-30 minutos as refeições, se possível (não se faz isso se for prejudicar a rotina da família ou do trabalho); não tomar líquidos durante a refeição, e mesmo entre as refeições (se a saúde permitir);
· abster-se de prazares lícitos, como ouvir música, cigarro, sobremesa, açúcar;
· levantar-se 15-30 minutos mais cedo; não dormir após o almoço;
· dedicar-se com diligência às necessidades da casa, como lavar os pratos, varrer, ajudar no jardim, etc;
· suportar sem queixa o frio ou o calor;
· moderar o uso de adornos e maquiagens;
· privar-se de fazer algum comentário ou de manifestar opinião, mesmo em coisas lícitas; não falar de si mesmo;
· rezar de joelhos por um tempo maior do que se está habituado;
· não perder tempo com superficialidades; diminuir notavelmente o uso do celular e internet, usando-os para o que é necessário, somente; estudar seriamente, por um tempo já determinado de antemão;

Esmola:
É louvável dar esmolas para quem precisa de ajuda. A esmola alcança o perdão de nossas culpas. Ao dar esmola, não é necessário, nem se deve, fazer uma investigação pormenorizada da condição e da honestidade de quem pede, salvo quando se trata de grande quantia, porque dar esmola não é sinônimo de fazer um contrato empresarial. É uma obra de caridade, não de justiça, e por isso não precisa ser antecedida de uma grande inquisição sobre a honestidade da pessoa que pede. É melhor, como regra geral, dar muitas pequenas esmolas do que poucas de grande valor. É melhor, também, dar comida ou material de higiene do que dinheiro. Porém, é necessário reconhecer que às vezes um pobre precisa de dinheiro para outra coisa e que, por privacidade, ele não é obrigado a expor seus problemas pessoais. Não se está obrigado a dar esmola para quem dá sinais suficientemente claros de que pede algo usando de mentira e falsidade. Outras obras semelhantes são:
· emprestar prontamente o que nos pedem, sem apego;
· aumentar um pouco se possível, durante a Quaresma, uma ajuda material que se faz a alguém ou instituição de modo regular;
· oferecer alguma leitura, se a ocasião se apresenta, que seja piedosa a uma pessoa que precise;
· consolar e encorajar as pessoas que se mostram desanimadas na prática da virtude; aproximar-se de alguém com a qual se tem antipatia, e ajudá-la prontamente; perdoar aquela pessoa para com a qual se guarda rancor (rezar pedindo essa graça);
· visitar algum doente e/ou algum membro da família que precise;

Oração:
· ir em mais alguma(s) missa(s) ao longo da semana; acrescentar mais um terço ao longo do dia, ou ao menos alguma(s) dezena(s);
· retificar as intenções antes de agir, agindo não para ser estimado ou reconhecido, mas para agradar a Deus;
· oferecer a Deus as calúnias recebidas, humilhações, insucessos; não se queixar;
· fazer a Via Sacra nas sextas-feiras; visitar o Santíssimo Sacramento por 10-15 minutos todos os dias, ou alguns da semana, e de joelhos; confissão logo após alguma queda;
· obedecer prontamente; falar bem de uma pessoa para com a qual se tem inveja, e rezar por ela;
· ser fiel à oração mental diária; acrescentar mais 5-10 minutos à oração mental;
· fazer 10-15 minutos de leitura espiritual todos os dias, em horário fixo (após café da manhã, ou antes de dormir, por exemplo);
· fazer exame de consciência antes de dormir, ou mesmo em dois momentos do dia (depois do almoço: o que fiz até o almoço; antes da janta: o que fiz entre o almoço e a janta);
· fazer um exame de consciência diligente e ir se confessar;
· ler sobre algum ponto do catecismo ou da doutrina católica que ignora ou sabe que conhece de modo fraco;
· ler uma biografia de um santo (evitar as biografias muito resumidas e simplificadas, e mais ainda as biografias sentimentais);
· examinar qual é o próprio defeito dominante e fazer sérios esforços para vencê-lo;
· oferecer algum sacrifício pelas almas do purgatório;
· instruir-se sobre as cerimônias da Semana Santa, para assisti-las com maior devoção.

Outras tantas penitências possíveis podem ser vistas em outros lugares e inspiradas pelo amor a Deus, e Deus as recompensará certamente.

É necessário, também, evitar a pusilanimidade. Um rapaz ou uma moça de 18 anos ou mais tem condição de ser, de fato, mais generoso, e de se exigir mais, do que uma criança ou pessoa idosa.
Em todas as penitências deve-se agir com discrição, mas sem receio de que sejam, necessariamente, visíveis aos outros. Não há qualquer problema, por exemplo, em que um pai de família ou outro membro da família jejue de modo visível aos outros membros da casa. Basta que seja feito sem clamor e com simplicidade, e por amor a Deus, e Deus abençoará o que é feito. Evitem-se, porém, toda originalidade e desmedida. Imite-se o que é feito pelas pessoas piedosas e de bom senso, evitando toda singularidade.

E, mais uma vez, que nos demos conta de que a Quaresma é realmente tempo de penitência



Programação das Missas na Capela Nossa Senhora das Vitórias

- Missa todos os domingos às 10:00 horas, com oração do Santo Terço a partir de 09:30h
Obs: O Padre atenderá confissões somente antes da missa.
- Missa todos os sábados às 09:00 horas.

- Missa todas as segundas, terças e quartas-feiras às 07:30 horas.
- Missa todas as quintas-feiras às 19:00 horas, com exposição e bênção do Santíssimo a partir de 18:00 horas.
- Missa todas as sextas-feiras às 19:00 horas.

Local:

Capelania Militar Nossa Senhora das Vitórias – Capelania Militar do Exército
Endereço: 

Rua Francisco Rocha, nº 740 - Batel - Curitiba - Pr.
Referências:

Hospital Geral de Curitiba (Hospital Militar) e Colégio Estadual Julia Wanderley

Mapa Capela

Missa do Galo - 25/12/2017 - Capela Nossa Senhora das Vitórias - Apostolado do IBP Curitiba


13 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 451

PODER DA PALAVRA DE DEUS

1. S. João de Deus, natural de Montemor, (Portugal) e de família humilde, fora conduzido à Espanha, onde vivia da venda de estampas e romances. Foi a Granada, por ocasião da festa de S. Sebastião, e entrou na ermida do Santo para ouvir a pregação do Beato João de Ávila. A impressão que fez nele aquele sermão foi tão grande, que saiu da igreja publicando em altas vozes os seus pecados, imediatamente repartiu entre os pobres o pouco dinheiro que tinha e as estampas e livros sagrados e religiosos; rasgou e queimou os folhetos e livros profanos, e correu à igreja, clamando: “Meu Deus, misericórdia! Senhor, misericórdia! tende piedade deste grande pecador que tanto vos tem ofendido!” Fez confissão geral com o Beato João de Ávila, mudou de vida e tornou-se um grande santo.

2. Domingos Mansi era estudante de direito, alegre e divertido e bastante despreocupado das coisas da alma. Um dia entrou numa igreja, no momento em que pregava sobre as verdades eternas um Padre Franciscano, e ouviu-lhes estas palavras:
“O’ eternidade! eternidade, que jamais terá fim!” Ficaram-lhe aquelas palavras de tal modo gravadas na mente, que, embora quisesse voltar às suas habituais ocupações, não Ihe foi possivel. Na manhã seguinte abraçou a carreira eclesiástica e foi mais tarde arcebispo de Luca e cardeal da Santa Igreja.

12 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 450

UMA CONVERSÃO SINCERA

São Norberto foi ilustre por seu nascimento, inteligência, beleza e caráter. Vivia no meio do prazer e da opulência, onde não encontrava senão tédio e enfado, mas amava aquelas cadeias do demônio e não tinha forças para rompê-las. Um dia, montado em seu cavalo, foi surpreendido perto da aldeia de Freton, na Westfália, por um furioso temporal. Um raio, caindo perto dele, deixou-o estendido num lodaçal. Ficou durante uma hora sem sentidos e, ao voltar a si, começou a considerar qual teria sido a sua sorte diante de Deus. E qual outro S. Paulo, exclamou: “Senhor, que quereis que eu faça?” Sentiu em seu interior que uma voz lhe respondia: “Foge do mal e faze o bem, busca a paz e emprega todas as tuas forças para alcançá-la”.
Trocou então suas ricas vestes por um hábito branco de lá; fez-se sacerdote; fundou a Ordem dos Premonstratenses, foi mais tarde arcebispo de Magdeburgo e hoje o veneramos sobre os altares.

11 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 449

A GRAÇA DE DEUS E A ALEGRIA

S. Paulo, embora encarcerado, exclamava: “Estou inundado de consolação, transbordo de alegria no meio de minhas tribulações”.
S. Francisco de Assis, o verdadeiro pobre de Cristo, andava pelos bosques cantando louvores a Deus; e, entre cânticos, pedia esmolas para reparar a igreja de S. Damião. Cantando, partiu com Frei Gil para suas primeiras missões; o canto era o consolo de suas longas e repetidas enfermidades; e, cantando, acolheu a morte que o vinha buscar. Tudo isto era fruto da graça que inundava a sua alma. Por isso costumava dizer: “A tristeza assenta bem ao demônio e a seus sequazes; a nós porém, quadra a alegria do Senhor”.

10 de fevereiro de 2018

Sermão para o Domingo da Septuagésima – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Cânon Romano VII – Supplices te rogamus e Memento dos mortos


Em nome do Pai…
Ave Maria…
Caros católicos, continuamos a tratar das cerimônias e orações da Missa. No último domingo, falamos das duas primeiras orações após a consagração: o Unde et Memores e o Supra quae propitio. Elas são concluídas pela terceira oração após a consagração: o Supplices te rogamus.
O sacerdote profundamente inclinado, começa a oração: súplices, vos rogamos, Deus onipotente, façais que esses dons (o Corpo e o Sangue de Cristo) sejam levados pelas mãos de vosso santo anjo para o vosso sublime altar, diante de vossa divina majestade. Devemos notar, em primeiro lugar, que a posição do corpo do padre, profundamente inclinado, corresponde exatamente às palavras da oração. Aquele que suplica a Deus deve estar em posição de humildade diante de dEle.
O sacerdote pede, então, que o Santo Anjo leve o sacrifício ao sublime altar celeste, diante de Deus. Alguns dizem que o Anjo aqui é o anjo do grande conselho, o próprio Cristo. Outros dizem que, de fato, se trata de um anjo propriamente dito. Entre as funções angélicas encontra-se a função de levar até Deus nossas preces (Tobias 12, 12; Apocalipse 8, 3-4). Alguns dizem que é São Miguel Arcanjo, o anjo protetor da Igreja Católica, única esposa de Cristo. As três interpretações são possíveis, embora a mais apropriada talvez seja considerar que o anjo é Cristo, que efetivamente apresenta o seu próprio sacrifício diante da Santíssima Trindade.
Pedimos que o sacrifício da Igreja militante seja levado ao sublime altar de Deus, diante da majestade divina. Esse trecho significa a união entre o sacrifício da Igreja Militante e o sacrifício da Igreja Triunfante. No céu, propriamente, já não há mais sacrifício como o nosso, nem altar como nosso. O que há no céu é Nosso Senhor Jesus Cristo, sumo sacerdote e mediador, diante de Deus apresentando suas chagas para interceder por nós e nos aplicar os frutos da redenção. Cristo é o próprio altar e falamos de sacrifício no céu na medida em que está diante de Deus com as marcas de Seu sacrifício redentor aqui na terra. E a esse sacrifício celeste, se unem todos os bem-aventurados no céu. Ao pedir que os dons sejam levados ao céu, ao altar sublime e ao olhar da divina majestade, pedimos que nosso sacrifício aqui na terra seja unido a esse sacrifício celeste e pedimos que o nosso sacrifício aqui na terra seja aceito como o sacrifício celeste. Não se trata, portanto, de transportar fisicamente aos céus o Corpo e o Sangue de Cristo que estão sobre o nosso altar, mas dessa união entre a liturgia terrestre e a liturgia celeste. Devemos também lembrar que as orações da Missa nos explicam, muitas vezes, o que ocorre no instante da consagração. É o que ocorre aqui na oração do Supplices te rogamus. É no momento da consagração que Nosso Senhor une o sacrifício da Missa ao Sacrifício celeste.
Unimos o sacrifício da Missa com o sacrifício celeste, apresentamos a Ele o sacrifício de Cristo para que possamos receber os frutos abundantes que lhe são próprios. Pedimos que todo aquele que, participando deste altar, receber o Corpo e o Sangue de Cristo, seja repleto da bênção celeste e de graça. Ao mencionar a participação no altar, o padre oscula o altar, mostrando todo o seu amor por Cristo e por seu sacrifício e mostrando que é do altar que nos vêm as graças. Trata-se de um movimento ascendente – é o sacrifício que sobe até Deus –  e de um movimento descendente – as graças de Deus que descem até nós. A oração do Supplices te rogamus apresenta a realidade da escada de Jacó: ela mostra a escada misteriosa do sacrifício que toca o altar celeste com uma extremidade e que toca o altar terrestre com a outra extremidade.
A conclusão da oração do Supplices te rogamus é, na verdade, a conclusão do Unde et memores e do Supra quae propitio, deixando clara a unidade dessas três orações que pedem que o sacrifício da Missa seja agradável a Deus, tornando-O propício. Pedimos que seja agradável a Deus não tanto como sacrifício de Cristo, pois o sacrifício de Cristo é necessariamente agradável a Deus, mas pedimos que seja agradável a Deus a nossa disposição de alma com que oferecemos o sacrifício da Missa.
Após o Supplices te rogamus, vem o memento dos defuntos. O sacrifício da Missa é útil não só para os vivos, mas também para os mortos. Pela Missa, os vivos podem adorar a Deus perfeitamente, agradecer por todos os seus benefícios, pedir as graças de que precisam e expiar pelos seus pecados. Para os defuntos, aproveita apenas o aspecto de expiação dos pecados. Aqueles que estão no purgatório podem simplesmente padecer e expiar pelos pecados veniais e pelas penas temporais dos pecados com que morreram. E é nesse sentido que a Missa pode ajudá-los, expiando os seus pecados.
Lembrai-vos também, Senhor, dos vossos servos e servas que nos precederam com o sinal da fé e dormem o sono da paz. Apenas podem ser ajudados aqueles que morreram marcados com o sinal da fé e que dormem o sono da paz, quer dizer, que morreram em paz com Deus, em estado de graça, sem pecado mortal. A Igreja fala naqueles que dormem, pois a morte, aguardando a ressurreição, é uma espécie de sono. O Padre pode, então, nomear alguns defuntos por quem reza de modo especial na Missa. Ao relembrar os defuntos por quem quer rezar, o padre guarda os olhos voltados para a hóstia consagrada sobre o altar. O padre começa a oração estendendo e juntando as mãos, em gesto de súplica pelos defuntos. Ditos os nomes, o padre pede para eles e para todas as almas do purgatório, isto é, para todos aqueles que repousam em Cristo, o lugar do refrigério, da luz e da paz. Pedimos, para os fiéis defuntos, o céu. O céu é o lugar de refrigério, pois não haverá mais o calor do fogo do purgatório nem a dor de qualquer outra pena sensível. O céu é o lugar da luz. A luz significa o conhecimento. No purgatório, a alma está privada do conhecimento perfeito de Cristo. O céu é o lugar da luz, então, porque no céu ver-se-á Deus face-a-face, conhecer-se-á a Verdade, com V maiúsculo, conhecer-se-á perfeitamente Cristo, a Luz do mundo. No céu, teremos a visão beatífica.  O céu é o lugar da paz, o lugar da tranquilidade na ordem. No purgatório, ainda não há paz, pois a alma ainda não está definitivamente unida a Deus, ainda há algum resto de pecado. No céu, tudo está tranquilo, já não há o mal, já não há a possibilidade de perder o bem. No céu tudo está ordenado a Deus. Todas as nossas faculdades estarão plenamente ordenadas a Deus. Que belas expressões para designar o céu são usadas no Memento dos mortos. É preciso, porém, compreendê-las bem, como acabamos de explicar.
Ao concluir o Memento dizendo Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso, o padre faz uma inclinação de cabeça. Em nenhum outro lugar da Missa o padre faz inclinação ao nome Cristo separado de Jesus. A única vez em que se inclina diante da palavra Cristo, sem Jesus, é no Memento dos mortos. Por qual motivo? Para lembrar a descida de Cristo ao limbo dos justos do Antigo Testamento após a Sua morte na cruz. Já não existe mais o limbo dos justos, mas existe ainda o purgatório. Pela Missa, é como se Nosso Senhor descesse ao purgatório para aliviar as penas das almas que nele se encontram. O Padre inclina a cabeça para indicar que realmente reza em benefício das almas do purgatório.
Caros católicos, o tesouro da Missa é imenso. Agrada a Deus, nos alcança todas as graças para a nossa salvação e ajuda as almas do purgatório. O que poderíamos mais desejar? Apenas podemos agradecer a Nosso Senhor Jesus Cristo por ter instituído a Santa Missa, de modo tão sábio e tão misericordioso. E agradecer tendo grande devoção pela Santa Missa e aproveitando seus infinitos benefícios.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

9 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 448

A BELEZA DA ALMA

S. Catarina de Sena redobrou as demonstrações de caridade para com uma co-irmã da Ordem Terceira, que lhe tinha muita inveja. E logrou com suas orações e penitencias que aquela alma se salvasse. Depois da morte de Salmerina (assim se chamava a co-irmã), permitiu Deus que Catarina visse como estava a alma da defunta. “Era tão brilhante — afirma Catarina — que palavra alguma poderia traduzir a sua formosura”, E Nosso Senhor disse-lhe: “Minha filha querida, eis a alma que recuperei graças a ti. Vê como está linda e preciosa. Se Eu, que sou a suprema beleza, me deixei arrebatar pela formosura das almas, a ponto de descer a terra e morrer para resgatá-las, com quanto mais razão deveis trabalhar uns pelos outros, para que tão admiráveis criaturas não se percam”. Quando, depois, se encontrou com seu confessor, o Beato Raimundo de Cápua, disse a Santa: “Ó Padre! se pudésseis ver a beleza de uma alma em estado de graça, daríeis cem vezes a vossa vida, se necessário fosse, para assegurar-lhe a salvação”.
É isso mesmo. A beleza da graça não é uma beleza exterior, corporal, efêmera; é, sim, interior, espiritual, perdurável.

8 de fevereiro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 447

TODO PECADO OFENDE A DEUS

A rainha de França, Maria Teresa, esposa de Luís XIV, por sua delicadeza de consciência sentia amarga dor por qualquer falta que cometia. Como lhe dissessem, para tranquilizá-la, que aquilo não passava de um pecado venial, respondia com lágrimas nos olhos: “Terá sido leve; mas foi uma ofensa a Deus e isso foi bastante para abrir em meu coração uma ferida mortal”.
Sim; o pecado venial não é coisa tão leve como parece. Se uma maçã começa a apodrecer, perde toda a beleza e valor. Se num vaso de água cristalina lançamos uma gota de tinta, toda a água ficará turva ou enegrecida.

7 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Virgem Mãe
       (Pormenor)


Parte 2/6


Três Páscoa celebravam os judeus, segundo se lê no Êxodo e no Deuteronômio:
"Três vezes no ano me celebrareis festa".
"Três vezes no ano se apresentarão os teus varões diante do Senhor".
O episódio evangélico teve lugar na Páscoa principal: na dos ázimos.
Estavam obrigados a ir a Jerusalém os varões desde os doze anos. Nessa idade o israelita começava a ser filho da lei, responsável pelos seus atos. Não estavam obrigadas as mulheres, iam só as piedosas.
Da Sagrada Família, diz São Lucas:
"Iam os pais de Jesus todos os anos a Jerusalém na festa da Páscoa".
São José, por obrigação. A Virgem Santíssima, por devoção. Os peregrinos de cada aldeia ou região faziam a viagem juntos. Iam rezando e cantando salmos apropriados às circunstâncias: "Alegrei-me quando me disseram: Iremos à casa do Senhor".
Os ritos principais celebravam-se nos primeiros dias. 
A catorze de Nizão, depois do pôr do sol, reuniam-se em grupos de mais de dez e menos de vinte para celebrarem nas casas a Ceia Pascal.
Na manhã seguinte, tinha lugar no templo um ofício solene com cânticos acompanhados de instrumentos musicais. Oficiavam os sacerdotes e levitas. Então dava-se a bênção ao povo. No mesmo dia pela tarde, oferecia-se o sacrifício vespertino.
No terceiro dia das festas pela manhã, voltavam ao templo para fazerem a oblação matutina, em que se ofereciam a Deus as primícias da colheita. Depois desta cerimônia, os que queriam podiam regressar a suas casas; porém as festas pascais prolongavam-se ainda por alguns dias.
Foi esta ocasião que Jesus escolheu para submeter sua mãe a uma prova dolorosa, ficando no templo sem avisá-la.
Para proceder assim teve fins altíssimos; o principal deduz-se da resposta que deu a sua Mãe: "Eu tenho de ocupar-me das coisas de meu Pai celestial". Quer dizer, que Deus está primeiro que os pais, porque a Ele devemos incomparavelmente mais do que a nossos próprios pais e tem mais direito a mandar-nos.
Com o exemplo de Jesus muitos filhos se animaram a deixar a casa de seus pais quando Deus lho pedia; e com o exemplo de Maria muitos pais fizeram generosamente esse sacrifício.
Não vamos insistir nesta lição e queremos antes fixar-nos mais detidamente no exemplo que dá a Virgem Santíssima procurando seu filho com dor e sem descanso.

6 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA


Nossa Senhora Virgem Mãe
   (Pormenor)


Parte 1/6


Nas reproduções de retratos, depois de se representar o quadro completo, apõem-se alguns pormenores ampliados, para se apreciar melhor a sua beleza.
Vamos fazer isso com o retrato da Virgem Mãe.
O Evangelho conservou-nos um pormenor belíssimo que devemos reproduzir aqui: o pormenor de uma mãe que perde o seu filho sem ter culpa e o procura com dor e sem descanso.

5 de fevereiro de 2018

Sermão para o 3º Domingo depois da Epifania 21.01.2017 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Sentido Espiritual das Cerimônias da Missa – Parte 13: O Cânon Romano V – Unde et Memores e Supra quae propitio


Em nome do Pai…
Ave Maria…
Continuemos, caros católicos, nosso propósito de tratar do sentido espiritual das cerimônias e orações da Santa Missa no Rito Romano Tradicional. Após a consagração do cálice, seguem três orações que formam um conjunto: Unde et memoresSupra quae propitio e Supplices te rogamus. Nós trataremos hoje das duas primeiras. Essas orações que sucedem a consagração vão explicitar aquilo que ocorre no momento da transubstanciação. Lembremos que o que ocorre no instante da consagração – a transformação da substância do pão e do vinho na substância do Corpo e no Sangue de Cristo – é algo de sobrenatural. Precisamos de todas as cerimônias da Missa para explicar essa conversão, esse milagre.
Unde et memores. Essa oração é chamada de anamnese, que quer dizer lembrança e ela desenvolve as palavras logo após a consagração do cálice: “toda fez que fizerdes isso, fazei-o em memória de mim.” Ela mostra que cumprimos, de fato, esse mandamento do Senhor na Última Ceia. Donde, lembrando, Senhor, nós, vossos servos e o vosso povo santo, da bem-aventurada paixão do mesmo Jesus Cristo Vosso Filho. As palavras “nós, vossos servos”, fazem referência ao próprio sacerdote, chamado de servo durante a Santa Missa. Assim é no Hanc Igitur logo antes da consagração e no Placeat tibi Sancta Trinitas antes da bênção final. O povo santo é como São Pedro e São Paulo chamavam os primeiros cristãos para destacar a dignidade dos que foram regenerados pelo batismo e para lembrar que são chamados à santidade. Primeiro, faz-se menção ao sacerdote e, em seguida, ao povo, para lembrar que é o padre que oferece propriamente o sacrifício e que o povo se une a Ele.
Lembramos da bem-aventurada paixão de Cristo, bem como da Sua ressurreição dos infernos e da sua gloriosa ascensão. A Missa é formalmente a renovação da paixão de Cristo, do calvário, da Cruz. É com Sua paixão e morte que Cristo merece infinitamente as graças para nossa salvação. Já explicamos, no Suscipe Sancta Trinitas, porque se citam a ressurreição e a ascensão de Cristo. Seria para diminuir a cruz de Cristo, para amenizá-la? Não. Deixemos o Papa Bento XIV nos explicar porque fazemos referência à ressurreição e a ascensão de Cristo na Missa. Diz o papa: “nos sacrifícios judaicos, a vítima (depois de sacrificada) era queimada no altar dos holocaustos, para que tudo que houvesse de defeituoso fosse consumido pelas chamas e para que a fumaça se elevasse ao céu em odor de suavidade como diz a Sagrada Escritura. Sob a nova Lei, a vítima (Jesus Cristo, depois de Sua morte na cruz) é consumida na Ressureição e na Ascensão. Com efeito, na ressureição, o que era mortal em Cristo é absorvido pela vida, como diz o apóstolo na segunda epístola aos coríntios, e o que podia haver de corruptível em Cristo é destruído. E, na ascensão, a vítima – que é Ele mesmo – é aceita por Deus em odor de suavidade e colocada à sua direita.” A ressurreição é, então, como o fogo do altar que consome a vítima. A ascensão é como a fumaça que sobe até Deus, mostrando que o sacrifício Lhe foi agradável. Assim, a ressurreição, que significa o fim de toda a mortalidade no corpo de Cristo, e a ascensão, que significa a aceitação do sacrifício de Cristo por parte de Deus, são, em certo sentido, parte do sacrifício da cruz. Nessa oração do Unde et memores essa verdade nos é lembrada mais uma vez. Hoje, existe com frequência uma tendência a esquecer a paixão e morte de Cristo na Missa, como se ela fosse mera comemoração da ressurreição. É um erro grave. Na prática, vemos, às vezes, a cruz do altar sendo substituída por Cristo ressuscitado. Todavia, não se pode tampouco fazer abstração da Sua ressurreição e ascensão. É mencionada a ressurreição dos infernos, lembrando que Nosso Senhor desceu ao limbo onde se encontravam os justos do Antigo Testamento, para liberá-los e conduzi-los ao céu. É desse inferno que se trata aqui, como também no Credo, quando dissemos que Cristo desceu aos infernos.
Continua a oração dizendo que oferecemos à preclara majestade de Deus dos dons que Ele mesmo nos deu: oferecemos a hóstia pura, a hóstia santa, a hóstia imaculada, o pão santo da vida eterna e cálice da salvação perpétua. Lembremos que hóstia quer dizer vítima, vítima que é Nosso Senhor Jesus Cristo. É Ele a hóstia pura, formada pelo Espírito Santo no seio de Maria Virgem, sem o pecado original. É Ele a hóstia santa, unida substancialmente ao Verbo de Deus, fonte de toda a santidade. É Ele a hóstia imaculada, sem mancha de qualquer pecado também atual. Ao dizer essas palavras, o padre faz três vezes o sinal da cruz sobre o corpo e o sangue de Cristo conjuntamente. Antes da consagração, o sinal da cruz tinha a função de abençoar e de preparar o pão e o vinho para a transubstanciação. Depois da consagração, sendo já o corpo e o sangue de Cristo, o sinal da cruz simplesmente designa a vítima, que é Nosso Senhor Jesus Cristo e nos lembra que a Missa é a renovação do calvário. Não se poderia abençoar aquele que é a causa de toda bênção. Depois, ao mencionar o pão santo da vida eterna e o cálice da salvação perpétua, o padre faz o sinal da cruz separadamente sobre o corpo de Cristo e o Seu sangue. Essas palavras lembram a promessa de vida eterna de Cristo para quem comer o seu corpo e beber o seu sangue. No total, temos cinco sinais da cruz, lembrando as cinco chagas do Senhor.
Devemos notar bem, caros católicos, como oferecemos a Deus aquilo que Ele mesmo nos deu. Nem poderia ser diferente. Só podemos oferecer a Deus algo bom. Tudo o que é bom vem de Deus. Deus é o autor de todo bem. Deus é quem realizou a obra da criação e da redenção: lembremos a oração de bênção da água no ofertório. Se podemos oferecer algo a Deus, é porque Ele mesmo nos deu esse algo. Se podemos oferecer o Corpo e o Sangue de Cristo, é porque Ele mesmo nos Deus Cristo, é porque o próprio Cristo se entregou a nós e por nós. Com essa oração, devemos reconhecer a soberania e a bondade de Deus para conosco.
Passamos à segunda oração depois da consagração, Supra quae propitio, que é continuação do Unde et memores. Dignai-vos lançar vosso olhar, propício e sereno, sobre estes dons. Pedimos a Deus que encontre nesses dons o Seu agrado, que Ele seja aplacado. E pedimos que aceite esses dons – que são o Corpo e o Sangue de Cristo – como Ele aceitou os sacrifícios de Abel, Abraão e Melquisedeque. É claro que sabemos que a Santíssima Trindade aceitará muito mais o sacrifício de Cristo do que esses sacrifícios do Antigo Testamento. Mas mencionamos esses sacrifícios para aumentar a nossa confiança. Se aceitou esses, aceitará muito mais e com muito mais fruto o sacrifício perfeito de Nosso Senhor. Pedimos isso também para que Deus se agrade com o padre que oferece o sacrifício nesse momento e com o povo que se une ao padre.
Entre tantos sacrifícios do Antigo Testamento, a oração cita os três mais célebres e que melhor significam o sacrifício da cruz. De modo proposital, não se faz menção dos sacrifícios do Templo, abolidos pelo sacrifício de Cristo.
Os sacrifícios de Abel e de Abraão prefiguraram o sacrifício sangrento da cruz. O sacrifício de Melquisedeque prefigura o sacrifício não sangrento da Missa. Abel ofereceu o melhor que tinha a Deus, as primícias de seu rebanho. Jesus, filho unigênito do Pai, oferece a vítima mais perfeita, o melhor que poderia ser oferecido, isto é, oferece a si mesmo. Abel é morto por seu irmão, como Jesus foi morto pelos judeus, seus irmãos de sangue. O sangue de Abel clama por vingança. O de Cristo clama para implorar o perdão dos pecados. Abel é chamado de puer, isto é, de criança, para significar a disposição pura de sua alma ao oferecer o seu sacrifício. Ele é chamado de justo pelo próprio Cristo nos Evangelhos. Não houve melhor disposição que a de Cristo ao se oferecer a si mesmo nem maior justiça que a de Cristo.
O sacrifício de Abraão aqui mencionado é o sacrifício de seu filho Isaac. Isaac, filho de Abraão, subia a montanha carregando a madeira que serviria para seu próprio sacrifício em obediência ao seu pai. Nosso Senhor, Filho de Deus, subiu a montanha do calvário carregando a madeira do seu próprio sacrifício, a cruz, em obediência a seu Pai, o Pai Eterno. Isaac não estava consciente de seu sacrifício. Nosso Senhor sempre esteve consciente do seu. Devemos também destacar as disposições de Abraão, obediente plenamente a Deus, a ponto de se dispor a sacrificar seu próprio filho. Sabemos bem que Deus não quis que o sacrifício fosse consumado, mandando um anjo para impedir o sacrifício de Isaac, pois Ele não quer sacrifícios humanos. Era uma provação da fé, da fidelidade, da obediência de Abrãao. Abraão é chamado nosso patriarca porque é o nosso pai na fé e é de sua descendência que se formou o povo eleito, do qual veio o Salvador.
O sacrifício de Melquisedeque prefigura a Missa. Melquisedeque oferecia pão e vinho. Na Missa, se oferecem à Santíssima Trindade o corpo e o sangue de Cristo sob as aparências de pão e de vinho. Melquisedeque era o rei de Salem, que quer dizer paz. É pelo sacrifício da cruz e pela sua renovação na Missa que podemos obter a paz com Deus e com nosso próximo. Melquisedeque não tinha genealogia (não são citados os seus ascendentes) ao contrário dos sacerdotes da lei mosaica, que precisavam comprovar toda a sua filiação. A genealogia desconhecida prefigura a genealogia misteriosa, isto é, divina de Cristo e lembra que o sacerdócio de Cristo não é um sacerdócio hereditário, reservado a uma família ou tribo como era o sacerdócio sob a lei de Moisés. Melquisedeque é aqui chamado sumo sacerdote justamente porque seu sacerdócio prefigura de modo excelente o sacerdócio de Cristo, que é, Ele, sim, o sumo e eterno sacerdote. O sacrifício de Melquisedeque é chamado santo e imaculado porque não envolvia derramamento de sangue, mas é chamado assim sobretudo porque prefigura o sacrifício da Missa.
Nessa oração, devemos enxergar como a Igreja quer que tenhamos as mesmas disposições dessas três figuras eminentes para que o sacrifício de Cristo seja aceito por Deus também como nosso sacrifício e para que possamos receber os frutos do sacrifício da cruz renovado sobre os altares. Devemos ter a justiça e a inocência de Abel, a fé e a obediência de Abraão, e devemos buscar a paz como Melquisedeque, isto é, devemos buscar a paz com Deus e com nosso próximo, pedindo o perdão de nossos pecados, amando a Deus e ao nosso próximo. Com essas disposições poderemos obter os benefícios sem fim da Santa Missa e Deus será propício e sereno para conosco.
Em nome do Pai…

4 de fevereiro de 2018

Programação de Missas Tridentinas


Missas Tridentinas
Importante:
No próximo dia dois de fevereiro (02/02/2018) às 19:00 horas, Festa da Purificação de Nossa Senhora, também conhecida como Nossa Senhora da Candeia ou da Candelária, haverá bênção das velas.
Trazer velas para a bênção.
Chegar com antecedência, pois a bênção ocorrerá no início da celebração.


Programação das Missas na Capela Nossa Senhora das Vitórias

- Missa todos os domingos às 10:00 horas, com oração do Santo Terço a partir de 09:30h
Obs: O Padre atenderá confissões somente antes da missa.
- Missa todos os sábados às 09:00 horas.

- Missa todas as segundas, terças e quartas-feiras às 07:30 horas.
- Missa todas as quintas-feiras às 19:00 horas, com exposição e bênção do Santíssimo a partir de 18:00 horas.
- Missa todas as sextas-feiras às 19:00 horas.

Local:

Capelania Militar Nossa Senhora das Vitórias – Capelania Militar do Exército
Endereço: 

Rua Francisco Rocha, nº 740 - Batel - Curitiba - Pr.
Referências:

Hospital Geral de Curitiba (Hospital Militar) e Colégio Estadual Julia Wanderley

Mapa Capela

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA


Nossa Senhora Virgem-Mãe


Parte 9/9


A Virgem, que foi mãe na terra, continua a ser mãe no céu.
Os seus filhos somos nós, os homens.
Entregou-lhes Jesus quando morria na cruz, depois de a ter feito verdadeira mãe nossa.
Como a Virgem Santíssima continua sendo mãe perfeita e a maternidade consiste em pensar continuamente nos filhos e procurar-lhes o maior bem, alegremo-nos, confiemos.
Temos no céu uma mãe que pensa constantemente em nós, que deseja sinceramente o nosso bem, que tem em suas mãos os tesouros da divindade e quer comunicar-no-los.
Descansemos confiadamente, como criancinhas, nos braços de tão boa mãe.

3 de fevereiro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA.

Nossa Senhora Virgem-Mãe


Parte 8/9


São conceitos antagônicos: maternidade e egoísmo.
O egoísmo diz: pensar só em mim sem preocupar-me com os mais; procurar o meu bem estar, ainda que para isso tenha de sacrificar os mais.
A maternidade diz: esquecer-me de mim, para pensar nos outros; sacrifício próprio pelo bem dos mais.
Por isso a jovem que aspira a ser uma mãe exemplar, tem que preparar-se arrancando todos os rebentos do egoísmo e acostumando-se ao sacrifício.
Não se prepara a que cultiva o egoísmo. A que procura o seu prazer sem preocupar-se com o bem dos outros. A que tem como plano diário - aonde e como gozarei mais?
A que pretende ser um ídolo a quem todos adorem: os pais, os irmãos, as amigas, o noivo; e mais tarde, o marido, os filhos, e os criados.
Numa jovem assim, o egoísmo abafará o instinto da maternidade.
Quando for esposa, não quererá o peso dos filhos, porque custam muitos sofrimentos, e ela não sabe sofrer.
O máximo aceitará um ou dois, para que alegrem a casa e a acompanhem quando estiver só, pois a solidão é muito triste.
E a esses filhos só dará o imprescindível: não os amamentará nem alimentará quando os pequenos, não cuidará deles quando maiores, não os educará. Tem que divertir-se e não pode estar presa ao lar.
Quando os filhos forem maiores e pretenderem tomar estado de vida, irritar-se-á e, se puder, evitá-lo-á. Quer que, quando ela seja idosa e não possa divertir-se e todas a abandonarem, aquele filho ou filha estejam sempre ao seu lado, acompanhando-a e mimando-a; ainda que os filhos tenham de sacrificar os seus ideais de matrimônio, de apostolado e todo o seu futuro.
Essa mulher, embora tenha filhos, não tem a grandeza de uma mãe. Não merece a veneração dos seus filhos, porque nada há tão pouco apreciável como o egoísmo, e ela é egoísta.
A que aspira a ser mãe perfeita, deve cultivar o instinto da maternidade, fazendo obras de caridade que requeiram sacrifício.
A mulher que não é nem mãe material nem mãe espiritual, atrofia na sua natureza esse instinto precioso que torna venerável a mulher, concentra-se em si mesma, e prepara o caminho para o histerismo.