Conferência IX
A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO
Parte 1/7
Em 19 de junho de 1934, na Câmara dos Senhores, o conde José Karolyi, hoje junto de Deus, pronunciou um discurso, do qual citaremos algumas linhas nesta instrução.
"O estado húngaro sacrificou milhões e milhões para o futuro material, moral e nacional da jovem geração, e contudo verificamos, com tristeza, que uma crise e uma decadência cada vez mais deploráveis, manifestaram-se na sociedade e na família. A falta esta na base da família, da sociedade, do estado. O número de divórcios é cada vez maior, e aumenta-se a quantidade de crianças que crescem sem pai e sem mãe. De que servem os numerosos sacrifícios pecuniários que o estado húngaro fez pela geração futura? De que serve a educação moral que ela recebe nas instituições e escolas, se, em casa, no seio da família ela não vê senão coisas que a escandalizam, e contempla muitas vezes uma vida em oposição ao exemplo moral? Segundo a história, a pureza da vida familiar, em todos os países, e em todas as nações, é a escala do progresso ou da decadência nacional.
Conforme as estatísticas nacionais, prossegue o orador, o número de divórcios em nossa Hungria mutilada, é exatamente quatro vezes maior que a cifra de 1913. As colunas de nossos jornais estão cheias de casos de divórcios, de escândalos familiares e de crimes, cometidos por crianças, homicídios e parricídios. Julgo que o governo e o parlamento não tem o direito de ver tudo isto sem agir. É preciso que o poder público e a legislação intervenham energicamente nesta explosão revolucionária das paixões humanas, e de irresponsabilidade!"
Assim falava este nobre coração, inquieto pela sorte de sua pátria.
Mas quando vemos os legisladores leigos contemplar, também consternados, as consequências prejudiciais que se originam do divórcio e dos abalos sofridos pela família, podemos imaginar a dor provada pela Igreja. Com efeito, é ela que em primeiro lugar deplora a perda destes incomensuráveis valores morais enterrados sob as ruínas do santuário familiar destruído.
É também esta solicitude que me conduz, nesta série de instruções sobre o casamento cristão, a consagrar três a este dogma fundamental do cristianismo, a indissolubilidade do casamento. Nos dois primeiros, mostraremos o grande ideal cristão: a indissolubilidade do matrimônio, e os motivos pelos quais nossa santa religião ainda hoje persiste imquebrantavelmente nesta ideia. No terceiro consideramos as calamitosas consequências desta triste aberração, o divórcio.
Em nossos dias, o número de divórcios eleva-se assustadoramente. Parece que a humanidade volta novamente para a poligamia dos tempos que precederam a vinda de Cristo, quando muito com esta diferença que naquela época se possuíam ao mesmo tempo tantas esposas quanto o permitiria sua situação de fortuna, ao passo que atualmente se pode tomá-las, uma após outra, enquanto houver ocasião de divorciar.
A Igreja, apesar desta calamitosa epidemia, e desta terrível falta de senso moral, continua com uma coragem inquebrantável a proclamar, defender e exigir a indissolubilidade do casamento.
Mas sobre que razão se apóia a religião católica, para manter com uma lógica rígida e grave a indissolubilidade do casamento? Tal é o ponto levantado nesta instrução.
Tríplice resposta. O casamento deve ser indissolúvel, pois é:
1 - da Vontade divina
2 - da própria essência do matrimônio
3 - do fim do matrimônio.
Há ainda um quarto argumento decisivo em prol da indissolubilidade: o interesse da humanidade. A exposição dos três primeiros exige tanto tempo que sou obrigado a deixar o quartp para a próxima instrução.