O PODER DA CRUZ
O caso que vou contar é engraçado, mas dá-nos uma preciosa lição sobre o poder da santa cruz.
Tinham os monges de certo convento o sagrado dever de descer todos os dias à igreja e, ali, sentando-se o Abade em sua grande cadeira de superior, e eles nos bancos do presbitério, cantavam os louvores de Deus.
Sucedeu que, um dia, o santo Abade Leufrido se achava adoentado em seu pobre leito e não pode descer para presidir ao oficio em sua igreja. O demônio, que vive rodeando também os santos e servos de Deus, achou que era chegada a ocasião de todos os monges lhe prestarem reverência. Tomou, pois, o hábito e a figura do Abade, desceu com os outros ao presbitério e sentou-se depressa na grande cadeira com ar de importância. Todos os monges fizeram-lhe reverência; mas um deles, chegando atrasado por vir da cela do Abade, viu com espanto outro Leufrido ali sentado.
Volta imediatamente à cela abacial, e diz alvoroçado:
— Dom Abade, que é isso? Estais ao mesmo tempo em dois lugares? Acabo de encontrar-vos sentado no presbítero, e estais aqui.... que é isso?
Caiu o Abade na conta do diabólico estratagema e, sentindo-se com forças bastante, vai à igreja depressa; mas, antes de entrar, no presbitério, traça o sinal da cruz em todas as portas e janelas. Entra, depois, no presbitério e, armado de um bom chicote molhado em água benta, começa a açoitar o fingido Abade.
O demônio foge espavorido e Leufrido segue-o. O demônio quer passar por uma porta e, embora esteja aberta, volta correndo; aproxima-se de uma janela, e não consegue passar, porque em toda parte encontra pela frente o sinal da cruz. O Abade surra a valer; os monges riem-se a bandeiras despregadas; e o diabo escapa, afinal, por uma chaminé! É que o santo se esquecera de fazer ali o sinal sagrado...
Leufrido tomou, então, a palavra e explicou aos religiosos que Deus permitira aquela cena para que eles conhecessem o poder da Cruz e, nas tentações, não deixassem de benzer-se com o sinal sagrado, que o demônio tanto teme e detesta.
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