23 de janeiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência VIII


 CARICATURAS DO CASAMENTO


Parte 2/6


O matrimônio cristão é a união, até a morte entre um homem e uma mulher. É contra esta forma de casamento que, em nossos dias, se emprega uma forte propaganda, favorecendo duas novas modalidades de casamento. Um é o casamento de experiência, e outro, o casamento de camaradagem.
A) O "Casamento de experiência"! Não refletistes na aterradora frivolidade que se oculta nesta última palavra?! Experimenta-se um automóvel, e se aparece um novo tipo de carro, troca-se o antigo pelo novo. Pode-se, contudo, trocar uma mulher, como se troca um automóvel, segundo a moda?
a - "Casamento de experiência"! Bastaria apenas refletir um pouco, para se compreender a sua impossibilidade e a sua loucura. Não se pode casar por um ano, por dois anos, com o fim "de experimentar durante este tempo".
Porque o que se experimenta durante este tempo não é um casamento.
O casamento, com efeito, compreende essencialmente a união total, e a fusão completa de dois seres exige, pois, necessariamente um sentimento de permanência, a consciência da indissolubilidade, a exclusão do temor, de que, um dia, possa mudar. A estabilidade pertence à  própria essência do matrimônio.
Mas como podem eles fazer experiência desta estabilidade, se não se decidem eles próprios à estabilidade, pois que, para eles, isto não é senão uma "experiência"?
É, pois, perfeitamente claro que aquilo que se chama casamento "por experiência" não é a experiência de um verdadeiro casamento, mas sim a experiência egoísta de prazeres superficiais sensuais, a fuga ante o dever, e uma ausência total de pensamentos e energias que decorrem do verdadeiro matrimônio.
b - Não será, porém, uma aventura ligar-se por juramento a uma coisa que a gente não sabe se poderá conservar? dizem os defensores de casamento de experiência: Como poderá alguém jurar a um outro guardar-lhe fidelidade, na vida e na morte, na felicidade, como na desgraça, se não experimentou antes como será aquela existência com outros esposos?
Este argumento parece plausível, mas é totalmente superficial e em nada cientifico. A mais recente psicoterapia, de fato, dá razão à forma cristã do casamento. Esta ciência provou que uma resolução firme e enérgica exerce uma ação benéfica, purificadora e fortificadora sobre a inteligência e a vontade, movimentando valores, que, sem isto, ficariam inativos; convocando para a luta, contra o domínio dos sentidos e as seduções que se possam apresentar, todas as suas qualidades, adormecidas em nós. O juramento solene de fidelidade acompanha-nos, como o anjo da guarda, durante toda a vida, encoraja-nos, fortifica-nos, ensina-nos a renúncia, o perdão, a vigilância! Feito este juramento, devo obedecer. Não posso agir de outra maneira.
c - Ao contrário, a ideia que existe em nosso intimo, "as coisas poderiam ser de outro modo, por que esforçar-nos?", tira-nos, em grande parte, o gosto da vigilância do domínio de nós, da renúncia, da indulgência. A convicção de que posso romper o meu casamento dá liberdade aos caprichos, às fantasias, aos instintos, e aos desejos ocultos em todo homem.
Uma profunda psicologia oculta-se nessa declaração do concílio de Trento, pela qual a graça sacramental do matrimônio "remata o amor, fortifica a unidade indissolúvel e santifica os esposos" (Sessão 24). A graça aumenta realmente as forças naturais, a tal ponto, que o homem fortificado pela graça sacramental do matrimônio é capaz de guardar a fidelidade perpétua, o que não se daria com a natureza humana entregue a si mesma.
d - Ninguém, pois, tem o direito de dizer de si mesmo o que infelizmente tanto dizem com facilidade para se escusarem; "Não tenho culpa, se eu não posso guardar a fidelidade conjugal; eu sou polígamo por natureza, é minha constituição".
Que fórmula inocente de desculpar o desencadeamento dos mais baixos instintos!
Sois polígamo por natureza e por constituição? Que direitos, e que atitudes tomaríeis, se um dia, diante de vós que sois chefe de escritório, diretor de usina, ou rico banqueiro, um caixa honesto assim se escusasse: "Desculpai-me, senhor, não vos escandalizeis com os meus desfalques, porque vós sabeis que sou desonrado por natureza, é minha constituição". E que faríeis, se um dia, vosso filho, levado pela mentira, assim se desculpasse: "Não te zangues, papai, é meu temperamento, é uma tendência hereditária de meus antepassados".
Que dizeis disto? Certamente ninguém tem o direito de apelar para a sua "constituição", quando mente ou quando rouba, assim como ninguém pode dar a mesma desculpa, quando viola a fidelidade conjugal. Deveria antes reconhecer que o que lhe falta é a coragem de lutar contra a natureza que o arrasta ao pecado, e que existe em todos os homens e não unicamente nele.

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