29 de fevereiro de 2012

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 29 de Fevereiro

Depois do amor de Nosso Senhor, recomendo-te, filha, o amor pela Igreja, a sua Esposa, por esta querida e doce pomba que só poderá gerar os seus ovos e fazer nascer os pombinhos do Esposo.
Agradece a Deus continuamente o ser filha da Igreja, a exemplo de tantas e de santas almas que nos precederam nessa feliz passagem.
Tem grande compaixão por todos os pastores, pregadores e guias espirituais de almas, e vê como são dispersos por sobre toda a face da terra, pois não há província, no mundo, onde não haja um pastor, e são poucos para o mundo inteiro.
Pede a Deus por eles, pois, salvando-se a si mesmos, proporcionam a salvação e a saúde das almas.

Tesouro de Exemplos - Parte 29

QUERO IR AONDE ESTÁ JESUS

Um pastor protestante, inclinado já ao catolicismo, foi um dia com sua filhinha em visita à capital da Inglaterra. A menina contava apenas cinco anos.
O pai levou-a primeiro a uma igreja Católica e a atenção da pequena ficou muito tempo prêsa á lâmpada do Santíssimo.
- Papai, - disse - para que aquela lâmpadazinha?
- Filha, é para lembrar a presença de Jesus atrás daquela portinha dourada.
- Papai, eu quero ver Jesus!
- Filha, a porta está trancada e Êle está escondido debaixo de um véu, não o poderás ver...
- Ah! papai, quanto eu quisera ver Jesus!...
Saindo dali, entraram logo depois num templo protestante, onde não havia nem imagens, nem lâmpada nem sacrário.
- Papai, por que não há lâmpada aqui?
- Filhinha, é porque aqui não está Jesus.
Desde aquêle dia a menina só falava na Igreja Católica. Nunca mais quis entrar num templo protestante, que para ela não tinha já nenhum atrativo. Perguntaram-lhe:
- Aondes queres ir, então?
- Quero ir aonde está Jesus.
O pastor ficou confundido e comovido. Compreendeu, como sua filha, que só se pode estar bem onde está Jesus. Havia de fazer-se católico, havia de abjurar sua seita e renunciar a uma renda de cem mil libras, de que vivia a sua família, e ver-se pobre de um dia para outro.
Não obstante, pai e mãe se converteram ao catolicismo, dizendo com sua filha: "Queremos estar onde está Jesus".

Flores da Eucaristia - 29 de Fevereiro

Estamos publicando o dia 29 de fevereiro, o qual consta no livro Flores da Eucaristia, para que a obra disponibilizada fique completa.

“Tem confiança, ó minha alma! Que a vista de tua pobreza não te desanime, que as tuas misérias não te afastem de Jesus, que as tuas próprias faltas te sirvam de títulos à sua infinita bondade!
Jesus fez da Eucaristia um pão para os fracos e para os fortes, um remédio contra o pecado, uma poderosa arma contra o demônio, o prodígio contínuo de sua vida ressuscitada a se prolongar em seus membros enfermos e sofredores.
Aproxima-te, portanto, da Santa Eucaristia, de Jesus oculto, vitima perpétua de amor, teu pão vivo, e, aos seus pés, encontrarás a graça, a força do bem, a luz e o amor!
Jesus é a verdade e a caridade. O fogo purifica rapidamente o ferro corroído, transformando-o em arma poderosa; é também o fogo que faz secar a lenha verde e aquosa, incorporando-a a si; e a madeira seca se torna, em poucos instantes, num carvão ardente.
Lança, portanto as tuas misérias nesse fogo divino, como a palha é jogada no lume; mergulha a tua veste batismal, já maculada, no sangue puro e venerável do Cordeiro de Deus, e ela se tornará toda branca, toda bela!

29 de Fevereiro - Dia de Santo Osvaldo, Bispo.

(Inglaterra, ano 992)
Era monge beneditino e foi simultaneamente bispo de Worcester e de York. No exercício dessas funções, nunca deixou a austeridade da vida monacal. Faleceu deixando fama de santidade eminente. Nos anos não bissextos, sua festa se celebra no dia 28 de fevereiro.

28 de fevereiro de 2012

Flores da Eucaristia - 28 de Fevereiro

Quando uma pobre alma sem virtudes, sem merecimentos adquiridos, mas que reconhece o seu estado e o confessa ingenuamente, se aproxima de Nosso Senhor e Lhe fala com a simplicidade e o abandono de um filho para sua mamãe, outra coisa não impele senão a doçura da intimidade. Ousaria acaso falar assim de coração aberto na presença de testemunhas? Não; ela ouviu Jesus segredar-lhe: “Vinde a Mim, vós que estais acabrunhados e Eu vos aliviareis”. Acercou-se então, e, no segredo, deixou expandir-se o coração, num tocante abandono.
É esse convite, suave e intimo, que nos chama á Comunhão; sem ele, jamais teríamos coragem de nos aproximar da Santa Mesa, pois a graça de preparação à Comunhão é uma graça de confiança e não uma graça de exame, nem mesmo uma graça de oração. Essas disposições são boas, não há duvida, mas a verdadeira preparação é ter confiança nestas palavras: “Vinde, sou o Deus de vosso coração, não temais”.
E esta preparação honra muito mais a Deus do que se vos lançásseis por terra, sem ânimo.

Tesouro de Exemplos - Parte 28

A GRAVATA BRANCA
Jorge era um verdadeiro anjinho que a todos edificava por suas virtudes. Fêz a primeira comunhão num colégio de Rouen.
Entre outros fêz o seguinte propósito: "Levarei comigo a gravata branca da minha primeira comunhão até o dia em que, por suma desventura, venha a perder a graça de que ela é símbolo".
Jorge crescera... conservando sempre a gravata branca. Quando rebentou a guerra franco-prussiana, alistou-se como voluntário entre os zuavos do general De Charette. Em janeiro de 1871, por ocasião da vitória de Mans, foi ferido mortalmente. O capelão aproximou-se dêle imediatamente. "Obrigado, Sr. capelão... confessei-me há dois ou três dias; nada me pesa na consciência; estendei-me sôbre um pouco de palha e trazei-me o santo Viático, porque vou morrer".
O capelão voltou logo, trazendo o Santíssimo. "Antes de me dar a comunhão, fazei-me um favor: abri a minha mochila e encontrareis uma gravata branca, que me poreis ao pescoço".
Depois recebeu o santo Viático, agradeceu e disse: "Eis que morro; peço-vos o obséquio de levar à minha mãe esta gravata e dizer-lhe que, desde o dia da minha primeira comunhão, não perdi a graça santificante; sim, dizei-lhe que esta gravata não recebeu outra mancha a não ser a do meu sangue rubro derramado pela Pátria".
Depois recebeu o santo Viático, agradeceu e disse: "Eis

28 de Fevereiro - Dia de São Romão e São Lupicino, Confessores.

(Século V)
Naturais da França, eram irmãos. Depois de passarem algum tempo num mosteiro da região de Lyon, partiram para outras fundações, na França e até na Alemanha. De temperamentos diversos - São Romão era inclinado à indulgência, enquanto São Lupicino tendia mais para a severidade - os dois irmãos completavam-se admiravelmente.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 28 de Fevereiro

Reza pelos pérfidos, reza pelos fervorosos, reza pelo Sumo Pontífice, por todas as necessidades espirituais e temporais da Santa Igreja, a nossa terna mãe; e uma oração especial para todos aqueles que trabalham pela saúde espiritual das almas e pela glória do Pai Celeste.

27 de fevereiro de 2012

Primeiro Domingo da Quaresma

27 de Fevereiro - Dia de São Gabriel da Virgem Dolorosa, Confessor.

(Ancona, Itália, ano 1862)
Religioso da Congregação passionista, viveu discretamente, sem chamar a atenção sobre si, e faleceu com apenas 24 anos, vitimado pela tuberculose. Sua fama de santidade, confirmada por numerosos milagres, rapidamente se espalhou. Foi canonizado em 1920.

Flores da Eucaristia - 27 de Fevereiro

Vossa fraqueza e indigência espirituais devem constituir o fundamento de vossa humildade. Resignai-vos suavemente à vossa incapacidade, o que produzirá uma doce paz, pela qual vos unireis a Deus. Aliás, a perfeição seria agradecer-Lhe a vossa miséria, que glorifica as suas inefáveis grandeza, e, diante das menores graças, bendizer a Deus, considerando-as favores grandiosos que Ele concede apesar de vossa indignidade.
Nosso Senhor nos deixa na condição que nos é própria, e nos manifesta o nosso nada, que devemos contemplar serenamente e Lhe oferecer, por entre ações de graças. Deus não se recusará a lançar-lhe o seu olhar, enviar-lhe um belo raio que o faça produzir ao menos uma pequenina flor, ou algumas espigas, que os anjos recolherão nos celeiros do Céu.
O Profeta dizia e o Sacerdote repete cada manhã: “Porque estás triste, ó minha alma, e porque te perturbas? Espera em Deus!”
Eis a resposta, eis o remédio: mansidão, esperança e confiança na misericórdia d’Aquele que não abandona criatura alguma saída de suas mãos, pois a todos criou no seu amor e para os seus desígnios de amor.

Tesouro de Exemplos - Parte 27

a) O AMOR DOS PEQUENINOS
Perguntaram a uma piedosa jovenzinha:
- Que é a Primeira Comunhão?
- É um dia de céu na terra.
Perguntaram-lhe em seguida:
- E que é o céu?
- É uma Primeira Comunhão que nunca terá fim - respondeu ela graciosamente.
E respondeu muito bem, porque a felicidade dos Anjos e Santos no céu consiste em possuir a Deus eternamente. Ora, não é justamente a Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que possuímos na Santa Comunhão?

b) DENTES DE LEITE
Escrevia em 1915 um missionário: Uma orfãzinha do Orfanato de Trichinopoli, que poderia ter dois palmos de altura, veio um dia suplicar-me que a admitisse à Primeira Comunhão.
- Que idade tens? perguntei-lhe.
- Ah! isso não sei.
Recolhida de lugar desconhecido, não pode saber quantos anos tem; nem as Irmãs o puderam descobrir.
- Mostra-me os dentes - disse.
Com um sorriso gracioso descobre a inocentinha duas filas de alvíssimos dentinhos.
- Oh! exclamei; os teus dentes de leite dizem-me que não tens nem sete anos. Portanto, êste ano não farás a Primeira Comunhão.
Meu Deus! quem o acreditaria? tendo ouvido aquelas palavras, a menina, sem dizer a ninguém, corre ao quintal, toma uma pedra e, intrépidamente, faz saltar da bôca todos os dentinhos. Depois, com a bôca ensangüentada, mas com ar de triunfo, volta e diz-me:
- Padre, não tenho mais nem um dente de leite. Dai-me, oh! dai-me Jesus! Eu o quero muito bem!...
Chorando de comoção - diz o missionário - tomei-a em meus braços e segredei-lhe ao ouvido:
- Filha, amanhã te darei Jesus...
Sim, não podia deixar de atendê-la.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 27 de Fevereiro

No entanto, não te aflijas ao ponto de perder tua paz interior. Reza com perseverança, com fé e com a mente calma e serena.

26 de fevereiro de 2012

Flores da Eucaristia - 26 de Fevereiro

A confiança é necessária à oração. Ela nos é infundida pelo Espírito Santo, que nos comunica o espírito de filhos de adoção, a confiança filial que faz a alma dirigir-se a Deus como a um Pai.
Essa confiança é um dom permanente e um hábito que devemos por em exercício.
Acontece na ordem da graça o mesmo que na ordem da natureza. A criança pede instintivamente; constitui-lhe uma necessidade pedir à sua mamãe, e procurá-la para obter o que deseja. E faz assim por confiança: é uma das manifestações de seu amor. Por isto, certa mãe tinha razão de se queixar de que seu filho não a amava, porque jamais lhe pedia qualquer coisa.
Devemos, portanto recorrer à bondade de Deus, fazê-la distribuir graças ativamente, pedindo-as com confiança. Lembremo-nos de que, embora pecadores, somos sempre filhos, e que Ele é Pai.

26 de Fevereiro - Dia de São Porfírio de Gaza, Bispo e Confessor.

(Palestina, ano 420)
Natural da Macedônia, distribuiu aos pobres toda a sua fortuna e passou a viver na Terra Santa, como eremita, às margens do Rio Jordão. Foi mais tarde ordenado sacerdote e escolhido para bispo de Gaza, na Palestina. Depois de muito ter insistido, conseguiu obter do Imperador um decreto mandando fechar todos os templos pagãos de Gaza, e reduzir a cinzas todos os ídolos de sua diocese. Faleceu muito idoso, sempre no exercício zeloso de suas funções pastorais.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 26 de Fevereiro

Quanto ao que me dizes sentir quando meditas, sabe que se trata de um artifício diabólico. Portanto, fica atenta e está sempre vigilante. Jamais omitas a meditação por causa disso; em caso contrário, conscientiza-te de que permanecerás derrotada em todos os sentidos.

25 de fevereiro de 2012

Flores da Eucaristia - 25 de Fevereiro

As criaturas, em geral, fazem esperar os que lhe solicitam favores.
Jesus, porém, vem ao nosso encontro. Infunde-nos mesmo a esperança com a qual não ousávamos mais contar; anima-nos à confiança, faz-nos renascer à vida.
O momento mais suave entre todos, na vida do pecador, o momento mais tocante, e que lhe fará sempre derramar lágrimas de felicidade, é o momento da conversão, em que Jesus lhe faz sentir que está perdoado, dizendo: “Vai em paz!”
É uma agonia que termina; o pecador sai do túmulo, renasce à vida. Confessar-se lhe foi custoso, sim, mas agora somente experimenta alegria, semelhante à mãe depois de ter dado ao mundo o primogênito.
Jesus pede somente que o pecador se ponha de joelhos, e lhe diga por entre lágrimas: “Pequei, Senhor, não sou digno de ser perdoado!”
Não resiste então, e perdoa tudo!
Vede como Nosso Senhor, em vida, sabia perdoar. Não repreende a mulher adúltera; humilha os seus acusadores e os faz fugir. Absténs de fitá-la com receio de fazê-la corar, e a despede absolvida. E longe de censurar Madalena, por suas desordens, elogia-a e defende-a, coroando-a com estas belas palavras: “Ela muito amou”.

25 de Fevereiro - Dia de São Cesário, Confessor.

(Constantinopla, ano 369)
Era irmão de São Gregório Nazianzeno, e exercia funções de médico na Corte do Imperador Juliano, o Apóstata, que quis pervertê-lo ao paganismo. Escapando de ser morto devido a um terremoto, preferiu afastar-se daquela Corte Corrompida.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 25 de Fevereiro

Não posso, de fato, concordar nem perdoar-te, quanto às tuas omissões à comunhão e à meditação. Lembra-te, minha filha, de que não se recobra a saúde a não ser através da oração, não se vence a batalha a não ser pela oração; a ti, portanto, a escolha.

24 de fevereiro de 2012

24 de Fevereiro - Dia de São Sérgio, Mártir.

(Ano 304)
Antigo magistrado, fez-se monge e sofreu o martírio em Cesaréia, por ter denunciado de público a falsidade do culto a Júpiter.

Flores da Eucaristia - 24 de Fevereiro

O que sensibiliza sobremodo os pecadores é pensar que Deus esperou por elas. E exclamam: “Ah! ele dignou-se conservar-me esta vida, que eu empregava inteiramente em ofendê-LO!” E derramam lágrimas de gratidão.
Mas, que dizer da bondade de Deus em receber-nos e perdoar-nos?
Oh! É grandiosa, na verdade, a misericórdia divina!
Deus não nos censura, não nos lembra nossa ingratidão nem nossa maldade; estende um véu sobre a sua justiça, impõe-lhe silêncio, para nos mostrar tão somente o seu Coração. Toma-nos em seus braços, estreita-nos ao coração como o pai do filho pródigo, e nos abraça ternamente por entre lágrimas de alegria.
E diante de nossas acusações, não tem outra palavra que esta: - “Dai-lhe novamente a veste primitiva, colocai-lhe no dedo o anel de ouro, e alegra-nos, porque meu filho morrera e agora revive”.
Tudo esqueceu, e esquece mesmo as nossas misérias presentes, e que O ofendemos apesar de tanto amor. A nós, porém, compete não esquecer! Procuremos viver de reconhecimento e de amor para com essa misericórdia.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 24 de Fevereiro

Quem não medita é como quem não se olha no espelho antes de sair; assim como não se incomoda em apresentar-se com capricho e corre o risco de sair desarrumado, sem saber.
A pessoa que medida e volta os seus pensamentos para Deus, que é o espelho da nossa alma, procura conhecer os seus defeitos, tenta corrigi-los, modera os seus impulsos e mantém a sua consciência a postos.

23 de fevereiro de 2012

Flores da Eucaristia - 23 de Fevereiro

Considerando a grande paciência de Deus para com certos ímpios, somos levados a crer que é realidade o que se ouve dizer: - basta ser ímpio para viver longamente, O próprio Espírito Santo assim se exprime: “O justo morre deixando por acabarem as suas boas obras, enquanto o ímpio vive muito tempo em sua malicia”.
É que Deus os espera para convertê-los; deixa-os amontoar crimes sobre crimes para que estes se tornem troféus de sua misericórdia. Agradam-Lhe esses golpes grandiosos da graça, esses milagres de conversão, que constituem dias de festa e de misericórdia, dias de júbilo no Céu.
“Deus nos espera para se apiedar de nós”
Cada hora vale, assim, por um novo perdão, uma nova criação de misericórdia sobre nós; a justiça insiste, pede constantemente a nossa morte, não querendo mais adiá-la, pois cada minuto de nossa vida lhe pertence. A misericórdia arrebata-lhe a sentença, e, assim, nos cria perpetuamente uma vida nova. Oh! Quantas ações de graça devemos à divina misericórdia!

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 23 de Fevereiro

A razão pela qual não meditas, ou melhor, nem sempre consegues fazer bem as tuas meditações, tenho uma explicação para o fato e não me enganno: começas a meditar com uma espécie de alteração juntamente com uma grande ansiedade de encontrar alguma sensação que faça com que o teu espírito se sinta satisfeito e consolado. E basta isto para que não encontres jamais os que procuras e não concentres a tua mente na verdade em que meditas e não deixes o teu coração vazio de sentimentos.
Minha filha, sabe que, quando alguém procura uma coisa perdida, com pressa e avidez, será capaz de tocá-la com as próprias mãos, de vê-la com os próprios olhos, sem se dar conta do que toca e do que vê.
Dessa vã a inútil ansiedade não poderá derivar outra coisa que um grande cansaço espiritual, uma impotência mental de fixar-se no assunto presente. Decorrente de tudo isso, como causa, ocorre uma certa frieza e uma certa imbecilidade na alma, mais especificamente na parte afetiva da alma.
Não conheço outro remédio, no caso, além do seguinte: sair desse estado de ansiedade, pois esse estado é um dos maiores traidores que possam ter a verdadeira virtude e a sólida piedade; a ansiedade simula uma espécie de aquecimento para realizar um bom trabalho, mas, na realidade, nos está afrouxando e fazendo correr para tropeçar.

23 de Fevereiro - Dia de São Policarpo, Bispo e Mártir.

(Ano 155)
Discípulo de São João Evangelista, foi nomeado ainda no tempo dos Apóstolos, Bispo de Esmirna, na atual Turquia. Teve como discípulo e continuador o grande Santo Irineu, bispo de Lyon. São Policarpo foi martirizado aos 86 anos de idade, por ter increpado sacerdotes pagãos.

22 de fevereiro de 2012

Tesouro de Exemplos - Parte 26

A FORÇA PARA O SACRIFÍCIO

Em 1901 começou, na França, o fechamento de todos os conventos e a expulsão dos religiosos. Foi nesse ano que se deu, em Reims, o caso seguinte contado pelo Cardeal Langenieux, arcebispo daquela cidade. Havia em Peims, entre outros, um hospital que abrigava sómente os doentes atacados de doenças contagiosas, que não encontravam alhures nenhum enfermeiro que quisesse cuidar dêles.
Em tais hospitais sómente as Irmãs de caridade costumam tratar dos doentes e era essa a razão por que ainda não haviam expulsado as religiosas daquela casa.
Um dia, pórem, chegou ao hospital um grupo de conselheiros municipais (vereadores), dizendo à Superiora que precisavam visitar tôdas as salas e quartos do estabelecimento, porque tinham de enviar um relatório ao Govêrno. A Superiora conduziu atenciosamente aquêles senhores à primeira sala, em que se achavam doentes cujos rostos estavam devorados pelo cancro. Os conselheiros fizeram uma visita apressada, deixando perceber em suas fisionomias quanto lhes repugnava demorar-se ali.
Passaram logo à segunda sala; mas aí encontraram doentes atacados de doenças piores, vendo-se obrigados a puxar logo de seus lenços, pois não podiam suportar o mau cheiro.
A passos rápidos percorreram as outras salas e, ao deixarem o hospital, aquêles homens estavam pálidos e visivelmente comovidos.
Um dêles, ao despedir-se, perguntou à Irmã que os acompanhara:
- Quantos anos faz que a Sra. trabalha aqui?
- Senhor, já faz quarenta anos.
- Quarenta anos! exclamou outro cheio de pasmo. De onde hauris tanta coragem?
- Da santa comunhão que recebo diáriamente, respondeu a Superiora. E eu lhes digo, senhores, que, no dia em que o Santíssimo Sacramento cessar de estar aqui, ninguém mais terá fôrça de ficar nesta casa.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 22 de Fevereiro

Não posso, pois, acreditar no fato e dispensar-te de meditar, apenas porque achas que não consegue fazê-lo. O sagrado dom da oração, minha boa filha, encontra-se na mão direita do Salvador, e, à medida que te esvaziares de ti mesma, isto é, do amor pelo próprio corpo e da tua própria vontade, e à medida que estiveres bem enraizada na santa humildade, o Senhor estará comunicando a ti, ao teu coração, o referido dom.

22 de Fevereiro - Dia da Cátedra de São Pedro

Neste dia se comemora o Apóstolo São Pedro enquanto no exercício de sua funções docentes: a cátedra ou cadeira, do Vigário de Jesus de Cristo, Mestre da Igreja universal. São Pedro foi Bispo de Antioquia durante alguns anos e depois instalou sua cátedra definitivamente em Roma.

Flores da Eucaristia - 22 de Fevereiro

Jesus declarou que a fim de procurar uma só ovelha desgarrada deixaria as outras noventa e nove, e que haveria júbilo no Céu, pela conversão de um pecador que pela perseverança de noventa e nove justos.
Oh! Quanto Jesus deseja a volta do pecador! Apresenta-se a essa alma, suplica-lhe, atormenta-lhe o coração, até conseguir seu intento, á semelhança da mãe que chora o extravio de seu filho e o persegue com lágrimas e ternura para fazê-lo voltar ao bom caminho.
Poder-se-ia dizer que se Deus não fosse infinitos e infatigáveis em seu agir, a busca dos pecadores seria suficiente para Lhe absorver a felicidade e o poder.
Nosso Senhor, durante a vida, ocupava-se em conquistá-los, e sempre se entristecia quando pensava neles; chorava muitas vezes a infelicidade dessas almas, e toda a bondade dos justos, e mesmo a santidade de Maria não O consolava. Agora, roga por eles, dedica-lhes especial cuidado, e envia os seus anjos a procurá-los. Faz que o céu e a terra se movimentem para salvar um único pecador.

21 de fevereiro de 2012

21 de Fevereiro - Dia de São Pedro Damião, Confessor e Doutor da Igreja.

(Itália, 1072)
Teve origem muito modesta, chegando a ser na infância guardador de porcos. Fez com grande brilho seus estudos e ingressou na Ordem dos Camaldulenses, na qual logo ocupou cargos de responsabilidade. Foi forçado a aceitar a nomeação como cardeal e bispo de Óstia, mas alguns anos depois conseguiu demitir-se dessas funções e retornar à vida monástica. Grande penitente, severíssimo consigo mesmo, foi também severo no fustigar os males do seu tempo, escrevendo cartas a autoridades eclesiásticas e civis e increpando com apostólica franqueza os respectivos delitos. Sua produção intelectual é muito vasta. Como sofria de insônia e frequentes enxaquecas, é invocado pelos que padecem dessas enfermidades.

Flores da Eucaristia - 21 de Fevereiro

“Venham todos a mim!” Ah! Se pudéssemos ver a alegria de Nosso Senhor quando alguém O procura! Dir-se-ia que é o principal interessado, como se fosse lucrar alguma coisa com isto.
A bondade de Jesus desce até ao reconhecimento. Sim, é Lhe agradável tudo quanto Lhe damos, e de tudo se regozija, ao ponto de crermos que o nosso dom Lhe é necessário. Chega mesmo a nos pedir, nos suplicar: “filho, dá-me o teu coração!”
Confiai, portanto unicamente em Nosso Senhor Jesus Cristo; ide a Ele em procura da graça. Porque esperá-la da criatura, que não a possui para dar? A graça é prerrogativa de Nosso Senhor, e Ele a concede somente à alma que A procura cheia de confiança e disposta a recebê-la puramente.
Empregai muita delicadeza neste ponto, confiando o vosso coração ao divino Mestre. E porque não depositar n’Ele absoluta confiança? Vossa alma está entregue aos cuidados de Jesus, e ninguém como Ele possui o segredo do que mais lhe convém.

Tesouro de Exemplos - Parte 25

Na guerra da Criméia um coronel francês recebe a ordem de apoderar-se de um fortim. Sem hesitar um instante, avança à frente de seu regimento, que ficou também eletrizado à vista de tamanha coragem. Calmo e impassível no meio das metralhadoras e baionetas, como se se encontrasse numa parada militar, toma de assalto a bateria inimiga, terrivelmente defendida pelos russos.
Seu general, admirado de tão prodigiosa calma, exclama perante o Estado Maior:
- Coronel, que sangue frio! Onde aprendeste tamanha calma no meio de tão grande perigo?
- Meu general, responde com tôda a simplicidade o coronel, é porque eu comunguei esta manhã.
Honra ao coronel valoroso e cristão, e valoroso justamente porque cristão: e cristão não daqueles, que se envergonham de sua fé ou se contentam com a comunhão de Páscoa, mas dos fervorosos que sabem alimentar-se do Pão dos fortes com freqüência e particularmente nas circunstâncias difíceis da vida.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 21 de Fevereiro

Tem paciência na perseverança do santo exercício da meditação e procura contentar-se em começar com pequenos passos, a fim de que tenhas pernas para correr e, melhor ainda, asas para voar; conforma-te com a prática da obediência, que já não é pouco para uma alma que escolheu a Deus para si, e contenta-te em ser, a princípio, uma pequena abelha no ninho que, bem depressa, se transformará numa grande abelha, capaz de fabricar mel.
Humilha-te sempre e amorosamente diante de Deus e dos homens, porque Deus, verdadeiramente, fala a quem possui um coração humilde diante D'Ele, enriquecendo-o com os Seus dons, com as suas graças.

20 de fevereiro de 2012

Domingo da Quinquagésima

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 20 de Fevereiro

Para que a imitação se dê, é necessária a meditação quotidiana e a assídua reflexão sobra a vida de Jesus; da meditação e da reflexão nasce a admiração pelos Seus atos, e da admiração, o desejo e o conforto da imitação.

20 de Fevereiro - Dia de Santo Euquério, Bispo.

(Hasbain, 738)
Nascido em Orléans, destacou-se desde jovem pela sabedoria, pela santidade e pela devoção a Maria Santíssima. Fez-se monge e algum tempo depois obrigaram-no a aceitar o Bispado de Orléans. Durante 15 anos cumpriu eximiamente os deveres de bispo zeloso até que, devido a intrigas na Corte, foi exilado por Carlos Martel para Hasbain, próximo a Liège. Ali, num mosteiro, viveu ainda seis anos de vida recolhida, até que o Senhor o chamou para Si.

Flores da Eucaristia - 20 de Fevereiro

A alma que vive em santo abandono entrega inteiramente a Deus a própria vontade, para que Ele a governe e a mova como quiser.
Doravante, apenas há de considerar como bem, alegria, felicidade, virtude, zelo, perfeição, o que trouxer o selo divino da vontade de Deus.
Que deseja Deus? Qual a sua vontade? Que Lhe agrada mais? – Eis, em síntese, a lei, a escolha, toda a vida enfim da alma em santo abandono.
E ela se entrega ao serviço de Deus sem outro ponto de vista, sem outro amor que não seja o que Deus lhe determina a cada hora, e como Ele quer.
A alma, no santo abandono, serve a Deus segundo os meios de que dispõe no momento. Não se apega ao seu estado, nem aos meios, nem às graças, mas repousa unicamente na santa Vontade de Deus!
Nosso Senhor é e deve ser para vós o sol de cada dia; todas as manhãs ele se levanta em vossa vida, mas não da mesma maneira. E’ mister que ameis sempre este divino sol de justiça e de amor, seja que ele vos apareça radioso, seja que mostre velado em meio aos ardores do estio, ou sob os gelos do inverno; é sempre o mesmo sol.

19 de fevereiro de 2012

19 de Fevereiro - Dia de São Conrado de Placência, Confessor

(Itália, 1351)
Era casado e vivia na cidade de Placência, na Itália. Provocou, certo dia em que estava caçando, um incêndio acidental que causou grandes danos, e fugiu para fugir à justiça. Tendo sabido que um inocente fora condenado em seu lugar, apresentou-se, confessou sua responsabilidade e ofereceu todos os seus bens para indenizar os prejuízos. De comum acordo com a esposa, ela ingressou num convento e ele foi servir num hospital da Sicília. Algum tempo depois retirou-se para a solidão, onde viveu 40 anos na oração e na penitência.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 19 de Fevereiro

Uma alma cristã nunca deixará passar um só dia sem meditar na Paixão de Jesus Cristo.

Flores da Eucaristia - 19 de Fevereiro

A alma, no santo abandono, semelhante a uma criancinha nas mãos de Deus, entrega-Lhe o espírito para que Ele seja a sua luz, e como Lhe aprouver: clara ou velada, de fé ou de manifestação. Somente quer saber o que Deus quer que ela saiba; é a ceguinha de Deus, que lhe abre ou fecha os olhos como quer; e se ela pudesse fazer escolha, haveria de preferir ser pobre a humilde de espírito.
A alma, no santo abandono, dá o coração a Deus, com toda a simplicidade, para amá-lo em tudo e somente a Ele, em todas as coisas e em qualquer estado. Sentir-se-á feliz se Ele quiser abrasá-lo no seu amor, e receberá com reconhecimento uma graça de consolação, se Ele a quiser conceder-lhe. Mas se Nosso Senhor lhe fizer beber algumas gotas do seu cálice de fel ou partilhar de seus desamparos, de seus abandonos, de suas desolações, de sua tristeza, a alma, em santo abandono, sorverá com amor esse cálice, participará da agonia de Jesus, e ser-Lhe-á fiel na provação.

18 de fevereiro de 2012

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 18 de Fevereiro

Assim como as abelhas que, sem hesitar em atravessar as grandes distâncias do campo a fim de alcançar o canteiro preferido, e depois, cansadas, porém satisfeitas e abastecidas de pólen, retornam ao favo, para ali executar, num trabalho f ecundo, silencioso, a sábia transformação do néctar das flores em néctar de vida, meditai sobre ela com atenção, separai os elementos, procurai o seu profundo significado. Então a vida vos surgirá no seu luminoso esplendor, adquirirá o poder de anular as naturais inclinações em relação às coisas materiais, à própria matéria, transformando-se em puras e sublimes ascensões do espírito, aproximando, cada vez mais, o vosso coração ao Divino Coração de Nosso Senhor.

18 de Fevereiro - Dia de Santa Bernadete Soubirous, Virgem.

(Nevers, França, 1879)
Era extremamente pobre e ignorante a menina a quem Nossa Senhora de Lourdes apareceu, naquele ano de 1858. Mas possuía uma grande candura de alma, que parece ter encantado a Mãe de Deus. Esta lhe recomendou repetidas vezes que fizesse penitência pelos pecadores e prometeu fazê-la muito feliz, não neste mundo, mas no outro. Assim aconteceu. Perseguida e sempre doente, Santa Bernadete ingressou num convento em Nevers e após sofrimentos pungentes faleceu aos 35 anos de idade.

Flores da Eucaristia - 18 de Fevereiro

Os homens são maus, procuram arrebatar à alma que vive no santo abandono os seus bens, sua liberdade, sua reputação, e ela se deixa despojar de tudo sem cólera e sem desespero. Possui o seu Deus, que lhe tem amor. E’ portanto, bastante rica, e se sente assim mais livre para ir ao encontro do Pai Celeste!
Algumas vezes o próprio Deus se mostra severo, parece abandonar a alma querida, deixando-a entregue ao furor dos demônios, aos horrores das tentações; ela sofre então o martírio da consciência, mas esta é a vontade de Deus.
“Fere se podes, dirá ela ao demônio, tu que fizeste flagelar o meu Mestre, que O tentaste e O transportastes nos braços. Quanto a mim, discípulos de um tal Mestre, não tenho medo de ti; só me falarás o que Deus te permitir. Jesus está comigo.
Somente se conhece um bom soldado no campo de batalha, um gênio por sua obra, uma verdadeira piedade na provação.

17 de fevereiro de 2012

17 de Fevereiro: Dia dos Sete Santos Fundadores dos Servitas, confessores.

(Florença, século XIII)
Sete nobres florentinos, convocados pela própria Mãe de Deus, fundaram a Ordem dos Servos de Maria, destinada a promover a devoção a suas dores. A Ordem rapidamente se expandiu. Tão unidos eram os sete fundadores que foram sepultados num mesmo sepulcro, tendo se misturado até mesmo suas cinzas.

Flores da Eucaristia - 17 de Fevereiro

O santo abandono é o estado da alma que se entrega, sem condição nem reserva, ao bel prazer de Deus, quer na ordem da natureza, quer na ordem da graça.
A alma, no santo abandono, quer tudo o que Deus quer, como e porque Ele quer, quanto ao estado do corpo: a saúde ou a doença, este ou aquele país, as condições de trabalho, de domicílio, de sociedade – tudo é indiferente, tudo agradável, mercê desta única sentença:
“Deus assim quer, é o bel prazer de Deus”.
Sem se preocupar com o futuro, a alma no santo abandono, dorme tranquilamente no regaço materno, da Divina Providência, ou repousa em paz aos seus pés. O filho que tem uma boa mamãe não se inquieta com o futuro; ela pensa por ele.
Os elementos se entrechocam, é a tempestade; o mar ameaça tudo engolfar, todos tremem de medo, mas o filho, no santo abandono, dorme sem receio no colo maternal da Divina Providência. Não há tempestade para ele.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 17 de Fevereiro

O silêncio de Maria, mais do que a atividade de Marta, te sirva de modelo e de doce inspiração. Lê, medita e esforça-te por praticá-lo.

16 de fevereiro de 2012

16 de Fevereiro: Dia de São Onésimo, Bispo e Martir.

(Roma, século I)
Era escravo de Filemon, cristão de Colossos. Tendo praticado um roubo e receando ser castigado, fugiu para Roma, onde foi convertido pelo Apóstolo São Paulo. Dedicou-se à pregação do Evangelho e foi Bispo de Éfeso, sofrendo mais tarde o martírio em Roma, por apedrejamento.

Tesouro de Exemplos - Parte 24

A COMUNHÃO DÁ FORÇA
Estava a vózinha no terreiro, assentada à sombra de uma viçosa parreira.
- Vovózinha?
A avó levanta os olhos, um pouco surpreendida, pois até aquela hora a netinha não lhe mostrara muito amor; era atenta, mas não afetuosa.
- Que queres, filha?
- Vovó, eu queria saber por que tens uma perna de pau.
Andaste a combater?
- Não, Lina; mas isso não é pergunta para a tua idade.
Não foi uma bala de canhão, que me cortou a perna, nem mesmo um acidente.
- Então, o que foi?
- Simplesmente a enfermidade: um tumor no joelho. Um dia o médico declarou que era preciso cortar a perna.
- Ih! Vovó, eu quisera antes morrer.
- Eu também.
- Por que, então, te deixaste cortar?
- Lina, não era possível; não vivia só para mim. Morrer quando se quiser, é luxo....e algumas vezes é covardia. Tinha de olhar para quatro filhinhos, que necessitavam de mim.
- Mas, para cortar, fizeram-te dormir?
- Não, não quis; tinha muito medo de não acordar e abandonar meus filhos. E, afinal, se, se tem de sofrer, é porque Deus quer ou permite.
- Cortaran-te a perna, assim, viva?
A boa velhinha, só com o recordar o que se passara, ficou pálida.
- Filhinha, antes da dolorosa operação, pedi o pão dos fortes, recebi a santa comunhão e pedi a Jesus Sacramentado paciência e coragem.... Teu papai segurava a minha mão e até ele, pobrezinho, quase desfaleceu.
- Vovózinha, foi a comunhão que te deu forças. Oh! Como Jesus é bom!

Flores da Eucaristia - 16 de Fevereiro

Pode acaso quem conhece bem Jesus comparar com Ele alguma coisa, e viver sem Ele quem experimentou as delícias do seu amor? Nunca! Seria grande infortúnio!
Com efeito, que felicidade para a alma pertencer totalmente a esse bom Mestre e querer estar sempre com Ele. Tal escolha é superior a todas as coroas e as mais brilhantes posições sociais, pois é verdadeiramente rico aquele a quem Jesus é todo o seu Bem.
Jamais vos afasteis, portanto, de Jesus; seja qual for o tempo, pertencei-Lhe sempre, pois o tempo é sempre belo para a alma que vive sob os raios do amor divino. Desde que Nosso Senhor esteja contente com o que fazemos, deve-nos ser indiferente a maneira por que Lhe damos prazer: pela doença ou pela saúde, por um estado de sensibilidade ou de fervor, de submissão ou de práticas piedosas.
Observai bem esta lei: querer somente o que Deus quer, como Ele quer e quando Ele quer. O santo abandono é o mais puro, é o maior amor.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 16 de Fevereiro

Todas as orações são boas, quando acompanhadas de retidão de intenções e de boa vontade.

15 de fevereiro de 2012

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 15 de Fevereiro

O sagrado dom da oração está colocado na mão direita do Salvador, e, à medida que te esvaziares de ti próprio, isto é, do amor ao próprio corpo e da tua própria vontade, à medida que estiveres bem enraizado na santa humildade, o Senhor estará comunicando a ti o referido dom.

Flores da Eucaristia - 15 de Fevereiro

Há uma grande lei de santidade, sempre verdadeira, sempre boa e fecunda em obras: é a lei da conformidade com a santa e sempre amável vontade de Deus.
A Vontade de Deus antes de tudo, acima de tudo e em todos: eis a mais cabal perfeição, e à qual todos os outros meios de salvação devem estar subordinados.
Firmemos este grande princípio: ir a Deus, aos deveres, ao próximo, animados por um espírito de amor, de amor à santa Vontade atual de Deus, e porque Ele assim quer. Tudo será então um variado exercício desta mesma vontade divina e amável que nos dirige. E ficaremos tranqüilos quanto ao mais.
Ah! Como nos sentimos bem por toda a parte com esta regra divina da adorável Providência! Estamos como filhos nos braços de terna mãe. A sua graça às vezes nos impele, e então viajamos alegres; outras vezes Ele se limita a nos dar a mão, sendo-nos preciso caminhar, mas nada custa, em companhia de Jesus. E acontece o mesmo que Ele nos deixa sozinhos, no deserto, para nos ensinar que por nós mesmos nada podemos, e então clamamos por esse bom mestre.
Estais certos de que Deus vos ama de um amor todo gratuito, e seja esta a base de vossa confiança.

14 de fevereiro de 2012

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 14 de Fevereiro

As orações dos santos, no céu, e das almas dos justos, na terra, constituem um perfume que jamais se perderá.

Flores da Eucaristia - 14 de Fevereiro

Sede como o operário que faz tudo quanto lhe pedem sem se afligir com o que deve fazer no dia seguinte.
Conservai a vossa alma junto a Jesus no Ssmo. Sacramento, e entregai-vos depois a todos e a tudo, com paz e liberdade. Que o vosso espírito esteja sempre sobre os raios deste bom e belo sol; seja o coração livre como o ar, e tenha a vontade por única escolha a Vontade atual de Deus, amando tudo quanto Deus ama, indiferente a tudo o que não se dirige a Deus, desprezando tudo o que Lhe é contrário.
Conheceis então, a seu tempo, o que Deus quer, o que Ele não quer, e somente o seu beneplácito será a norma de vosso agir. Nessa vontade divina, atual e pessoal, está a graça particular de santificação, graça que se prende a cada hora e a todo e qualquer ato; terminada a hora e o tempo de agir, a graça terá passado.
Quão bela e fácil é esta regra de amor! Contentai-vos com a santa Vontade de Deus no momento. Entregai-vos a tudo e a nada; a tudo queira mais. Dai-vos a todos e a tudo o bel prazer divino. Vivei dia por dia, ou melhor, momento a momento.

13 de fevereiro de 2012

Domingo da Septuagésima

Domingo da Sexagésima

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 13 de Fevereiro

A oração deve ser insistente, pois a insistência denota fé.

Flores da Eucaristia - 13 de Fevereiro

Considerai todas as coisas através do prisma divino e tudo se revestirá de seu belo colorido!
Lembrai-vos que uma natureza triste debilita o corpo e o espírito, e que a tristeza espiritual paralisa o coração e a piedade.
Considerai, pois, sempre, as inefáveis bondades de Deus para convosco, sua mão paternal tão previdente, tão amorosa, até nos menores sacrifícios que vos pede! Considerai antes a sua bondade que a vossa malícia, suas graças que os vossos pecados, seus benefícios que os vossos sofrimentos, sua força que a vossa fraqueza, seu amor que a vossa tibieza, e, então, apegar-vos-eis, pelo coração e pela vida, a esta amável e incessante bondade.
Sim, permanecei na divina e paternal bondade de Deus, como a criancinha, que nada sabe, nada faz, tudo põe a perder, mas que vive nessa doce bondade.

12 de fevereiro de 2012

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 12 de Fevereiro

Salvai as almas, rezando sempre.

Flores da Eucaristia - 12 de Fevereiro

Habituai-vos a ver passar as coisas do mundo como as gotas de um riacho; deixai-as correr, murmurando, agitando-se, entrechocando-se. Quanto a vós descansai aos pé de Nosso Senhor, e se as criaturas vierem a faltar-vos ou provar-vos, ouví a voz de Deus que voz diz: - Eu te basto!
Não há estado mais feliz que o da alma só desejosa de agradar a Deus, que procura somente a estima e a proteção de Deus, e a do próximo como enquanto Deus quer. Então, nem os ventos, nem as tempestades humanas conseguem perturbá-la, porque Deus é o seu tudo.
Com efeito, quando Deus está contente, estejamos também. Se Deus nos ama, que nos importa o resto? Se temos Deus ao nosso favor, porque nos inquietarmos e nos entristecermos com o que está contra nós?
Ide portanto a Nosso Senhor sempre com uma grande simplicidade d’alma e um santo abandono, considerando apenas estas duas coisas: vossa miséria e sua bondade, e seu amor por vós. E se o mundo vos ignorar, esquecer-vos, bendizei a Deus. Haveis de amá-Lo então com maior pureza, como faziam os santos.

11 de fevereiro de 2012

O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório. CAPÍTULO XVI.

Do amor do Filho de Deus em ter querido morrer por nós.

1. Et ecce tempus tuum, tempus amantium... Et decora facta es vehementer nimis (Ezech. XVI, 8, 13). Quanto devemos ao Senhor nós, cristãos, que ele fez nascer depois da vinda de Jesus Cristo! O nosso tempo não é mais de temor, como era aquele dos hebreus, mas tempo de amor, tendo visto um Deus morto pela nossa salvação e para ser amado por nós. É de fé que Jesus nos amou, e, por nosso amor, deu-se à morte: Christus dilexit nos, et tradidit semetipsum pro nobis (Eph. V, 2). E quem teria podido fazer morrer um Deus onipotente, se ele mesmo voluntariamente não tivesse querido dar a vida por nós? Ego pono animam meam... Nemo tollit eam a me, sed ego pono eam a meipso (Io. X, 17, 18). Por isso nota S. João que Jesus, na sua morte, nos deu a última prova que podia dar-nos do seu amor: Cum dilexisset suos... in finem dilexit eos (Io. XIII, 1). Jesus, na sua morte, disse um devoto autor, deu-nos o maior sinal do seu amor, após o qual não lhe restou nada mais a fazer para demonstrar-nos o quanto nos amava: Summum dilectionis testimonium circa finem vitae in cruce monstravit (Contens. to. 2, l. 10, d. 4) [1].
Meu amado Redentor, vós, por amor, vos destes todo a mim: eu, por amor, dou-me todo a vós. Vós, pela minha salvação, destes a vida: eu, pela vossa glória, quero morrer quando e como vos agradar. Vós não tivestes mais a fazer para comprar-vos o meu amor: mas eu, ingrato, troquei-o por nada. Meu Jesus, arrependo-me disso de todo o coração, perdoai-me vós pela vossa Paixão; e, em sinal do perdão, dai-me o auxílio para amar-vos. Eu sinto em mim, por vossa graça, um grande desejo de amar-vos, e me resolvo a ser todo vosso; mas vejo a minha fraqueza e vejo as traições que vos fiz; vós só podeis socorrer-me e tornar-me fiel. Ajudai-me, meu amor, fazei que eu vos ame e nada mais vos peço.
2. Diz o B. Dionísio Cartuxo que a Paixão de Jesus Cristo foi chamada um excesso: Et dicebant excessum eius, quem completurus erat in Ierusalem (Luc. IX, 31), porque foi um excesso de piedade e de amor: Dicitur Passio Christi excessus, quia in ea ostensus est excessus dilectionis et pietatis [2]. Ó Deus! E que fiel poderia viver sem amar a Jesus Cristo, se frequentemente meditasse na sua Paixão? As chagas de Jesus, diz S. Boaventura, porque são chagas de amor, são dardos e chamas que ferem os corações mais duros e encendeiam as almas mais gélidas: O vulnera corda saxea vulnerantia et mentes congelatas inflammantia! [3] O B. Henrique Susão, um dia, para imprimir mais no seu coração o amor a Jesus apaixonado, tomou um ferro cortante e esculpiu-se, a caracteres de feridas, sobre o peito, o nome do seu amado Senhor; e, estando assim banhado de sangue, foi à Igreja, e, prostrado diante do Crucifixo, disse-lhe: “Ó Senhor, único amor da minha alma, olhai o meu desejo: eu teria querido inscrever-vos mais adentro no meu coração, mas não posso. Vós, que podeis tudo, supri o que falta às minhas forças, e, no mais profundo do meu coração, imprimi o vosso nome adorado, de tal modo que não se possa mais apagar dele nem o vosso nome nem o vosso amor” [4].
Dilectus meus candidus et rubicundus, electus ex millibus (Cant. V, 10). Ó meu Jesus, vós sois todo cândido pela vossa ilibada inocência; mas estais, sobre esta cruz, todo rubicundo de chagas sofridas por mim. Eu vos escolho como único objeto do meu amor. E quem quero amar, se não vos amo a vós? Que objeto, entre todos, eu posso encontrar mais amável que vós, meu Redentor, meu Deus, meu tudo? Amo-vos, ó Senhor amabilíssimo, amo-vos sobre todas as coisas. Fazei que eu vos ame com todo o meu afeto e sem reserva.
3. Oh si scires mysterium crucis, disse S. André ao tirano! [5] Ó tirano, ele quer dizer, se tu entendesses o amor que te teve Jesus Cristo em querer morrer sobre uma cruz para salvar-te, tu deixarias todos os teus bens e esperanças terrenas, para dar-te todo ao amor deste teu Salvador. O mesmo se deve dizer àqueles fiéis que creem na Paixão de Jesus, mas não pensam nela. Ah, se todos os homens pensassem no amor que Jesus Cristo nos demonstrou na sua morte, quem o poderia não amar? Ele, o amado Redentor, diz o Apóstolo, para este fim morreu por nós: a fim de que, com o amor que nos demonstrou na sua morte, se fizesse patrão dos nossos corações. In hoc Christus mortuus est et resurrexit, ut et mortuorum et vivorum dominetur. Sive ergo vivimus, sive morimur, Domini sumus (Rom. XIV, 9, 8). Quer, pois, morramos, quer vivamos, é justo que sejamos todos de Jesus, que a tanto custo nos salvou. Ó, que pudesse dizer como dizia o enamorado S. Inácio mártir, que teve a sorte de dar a vida por Jesus Cristo: Ignis, crux, bestiae, et tota tormenta in me veniant: tantum ut Christo fruar! [6] Venham sobre mim as chamas, as cruzes, as feras e todos os tormentos, desde que eu adquira e goze o meu Jesus Cristo.
Ó meu caro Senhor, vós morrestes para conquistar a minha alma; mas que fiz eu para conquistar-vos a vós, bem infinito? Ah meu Jesus, quantas vezes vos perdi por nada! Miserável de mim, que já sabia que perdia a vossa graça com o meu pecado, conhecia que vos dava um grande desgosto, e, mesmo assim, o fiz! Consola-me o tratar-se de uma bondade infinita, que se esquece das ofensas quando um pecador se arrepende e o ama. Sim, meu Deus, arrependo-me e vos amo. Perdoai-me vós e vós dominais, de hoje em diante, sobre este meu coração rebelde. Eu a vós o entrego; a vós me dou todo inteiro. Dizei-me o que quiserdes, que eu quero fazê-lo todo. Sim, meu Senhor, quero amar-vos, quero contentar-vos em tudo; dai-me força, e espero fazê-lo.
4. Jesus, com a sua morte, não terminou de amar-nos; ele nos ama e nos vai procurando com o mesmo amor com o qual veio do céu procurar-nos e morrer por nós. - É célebre a fineza de amor que demonstrou o Redentor a S. Francisco Xavier quando, viajando pelo mar, numa tempestade, foi-lhe tirado, por uma onda, o seu Crucifixo. Chegado que foi o santo à costa, estava triste e anelava por recuperar a imagem do seu amado Senhor; e eis que viu um caranguejo que vinha à sua volta com o Crucifixo içado nas suas pinças. Ele, então, foi-lhe ao encontro, e, com lágrimas de enternecimento e de amor, recebeu-o e apertou-o ao peito [7]. Ó, com que amor vai Jesus à alma que o procura! Bonus est Dominus... animae quaerenti illum (Thren. III, 25), mas à alma que o procura com verdadeiro amor. Mas podem pensar ter este verdadeiro amor aqueles que recusam as cruzes que lhe são enviadas pelo Senhor? Christus non sibi placuit (Rom. XV, 3). Christus, expõe Cornélio de Lápide, suae voluntati et commodis non servivit, sed ea omnia et vitam pro nostra salute exposuit [8]. Jesus, por nosso amor, não procurou prazeres terrenos, mas procurou as penas e a morte, apesar de ser inocente: e nós, que procuramos por amor de Jesus Cristo? Lamentava-se um dia S. Pedro mártir, estando no cárcere por uma injusta acusação que lhe fora feita, e dizia: “Mas, Senhor, que fiz eu, para que padeça esta perseguição?” Respondeu-lhe o Crucificado: “E eu, que mal eu fiz, que tive de estar sobre esta cruz?” [9].
Ó meu caro Salvador, dissestes que mal fizestes? Amastes-nos demais, enquanto, por nosso amor, quisestes padecer tanto. E nós, que, pelos nossos pecados, merecíamos o inferno, recusaremos padecer aquilo que vós quereis para o nosso bem? Vós, meu Jesus, sois todo amor com quem vos procura. Eu não procuro as vossas doçuras e consolações: procuro só a vós e a vossa vontade. Dai-me o vosso amor, e então tratai-me como vos agradar. Abraço todas as cruzes que me mandardes, pobreza, perseguições, enfermidades, dores; livrai-me só do mal do pecado, e depois carregai-me de todo outro mal. Tudo será pouco diante dos males que vós sofrestes por meu amor.
5. Ut servum redimeret, nec Pater Filho, nec sibi Filius ipse pepercit, disse S. Bernardo (Ser. in fer. IV hebd.) [10]. Então, para libertar o escravo, o Pai não perdoou o Filho e o Filho não perdoou a si mesmo. E, depois de um amor tão grande para com os homens, poderá haver homem que não ame este Deus tão amoroso? Escreveu o Apóstolo que Jesus morreu por todos nós, a fim de que nós vivêssemos só para ele e para o seu amor: Pro omnibus mortuus est Christus, ut et qui vivunt, iam non sibi vivant, sed ei qui pro ipsis mortuus est (II Cor. V, 15). Mas, ai, que a maior parte dos homens, depois de morrer por eles um Deus, vivem para os pecados, para o demônio, e não para Jesus Cristo! Dizia Platão que o amor é a calamidade do amor: Magnes amoris amor [11]. E Sêneca replicava: Ama, se queres ser amado: Si vis amari, ama [12]. E Jesus, que, morrendo pelos homens, parece que tenha enlouquecido por nosso amor - Stultum visum est, ut pro hominibus auctor vitae moreretur, diz S. Gregório (Hom. 6) [13] - como ocorre que, após tantos sinais de amor, não pode atrair para si os nossos corações? Como, amando-nos tanto, não chegou ainda a fazer-se amar por nós?
Ó, que vos amassem todos os homens, meu Jesus amabilíssimo! Vós sois um Deus digno de amor infinito. Mas, meu pobre Senhor, permiti-me que assim vos chame eu, vós sois tão amável, vós fizestes e sofrestes tanto para ser amado pelos homens, mas quantos, depois, são aqueles que vos amam? Vejo quase todos os homens aplicados a amar, quer os parentes, quer os amigos, quer as carniças, quer as riquezas, as honras, os prazeres, e até as bestas: mas quantos são os que vos amam a vós, amável infinito? Ó Deus, são por demais poucos, mas, entre estes poucos, quero estar eu, miserável pecador, que um tempo também vos ofendi, amando o fogo e apartando-me de vós; mas agora vos amo e vos estimo sobre todos os bens, e só a vós quero amar. Perdoai-me, meu Jesus, e socorrei-me.
6. Portanto, ó cristão, dizia S. Cipriano, Deus se contentou contigo até o ponto de morrer para comprar o teu amor, e tu não serás contente com Deus, de modo que amarás outros objetos fora do teu Senhor? Contentus est te Deus, et tu non eris contentus Deo tuo (S. Cipr. ap. Contens. 1. c.) [14]. - Ah, não, meu amado Jesus, eu não quero outro amor em mim, que não seja por vós; eu me contento convosco: renuncio a todos os outros afetos, basta-me só o vosso amor. Ouço-vos dizer-me: Pone me ut signaculum super cor tuum (Cant. VIII, 6). Sim, meu Jesus crucificado, eu vos coloco, e colocai-vos também vós, como selo sobre o meu coração, a fim de que fique fechado a todo afeto que não tende a vós. No passado, desgostei-vos com outros amores, mas, no presente, não há pena que mais me aflija do que lembrar-me de ter, com os meus pecados, perdido o vosso amor. No futuro, quis... me separabit a caritate Christi? [15] Quem me separará do vosso amor?
Não, meu amabilíssimo Senhor, depois que me fizestes conhecer o amor que me tivestes, eu não quero mais viver sem vos amar. Amo-vos, meu amor crucificado; amo-vos de todo o coração, e vos dou esta minha alma, tão procurada e amada por vós. Pelos méritos da vossa morte, que com tanta dor separou a vossa bendita alma do vosso corpo, separai-me de todo amor que possa me impedir de ser todo vosso e de amar-vos com todo o meu coração.
Maria, esperança minha, ajudai-me vós a amar só o vosso dulcíssimo Filho, de modo que eu possa dizer com verdade, em toda a minha vida: Amor meus crucifixus est, Amor meus crucifixus est [16]. Amém.

Oração de S. Boaventura [17]

Ó Jesus, que, por mim, não vos perdoastes nem a vós mesmo, imprimi em mim a vossa Paixão, a fim de que eu, para onde me volte, veja as vossas chagas, e não encontra outro repouso senão em vós e em meditar as vossas penas. Amém.
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Notas:

[1]: “Summum dilectionis testimonium circa finem vitae suae in ipsa ara crucis monstravit.” Vinc. CONTENSON, O. P., Theologia mentis et cordis, lib. 10, dissertatio 4, cap. 1, speculatio 1, Quartus excessus.

[2]: “Dicitur autem Passio seu mors Christi excessus, quia in eo ostensus est excessus summae dilectionis et pietatis eius ad nos, et propter excessivum eius dolorem pro nobis, atque ob excessivam crudelitatem Iudaeorum in eum. Denique in libro Machabaeorum (II Mach. X, 9) habetur quod Antiochi vitae excessus ita se habuit: quo patet quod per vitae excessum mors designetur.” B. DIONYSIUS CARTUSIANUS, Enarratio in Evangelium secundum Lucam, art. 24 (in cap. IX, 31).

[3]: “O vulnera corda saxea vulnerantia, et mentes congelatas infiammantia, et pectora adamantina liquefacientia prae amore!” Stimulus amoris, pars 1, cap. 1. Inter o era S. Bonaventurae, VII, 194. Lugduni (post editiones Vaticanam et Germanicam), 1668. - Vide Apêndice, 2, 5°.

[4]: “Eia, inquit, Domine, amor unice cordis et animae meae, adspice ingens animi mei desiderium. Equidem non possum te penitus mihi imprimere. Tu igitur obnixe rogatus, perfice, Domine, quod superest, teque mei cordis fundo profundius imprimas, sanctumque nomen tuum adeo in me consignes et insculpas, ut numquam possis aboleri et separari a corde meo.” B. HENRICUS SUSO, O. P., Opera, a Laurentio Surio Cartusiano latine reddita, Coloniae Agrippinae, 1588, pag. 456; Vita, cap. 5.

[5]: “O si velles scire mysterium crucis!” Presbyterorum et diaconorum Achaiae Epistola de martyrio S. Andreae Apostoli. MG 2-1122.

[6]: “Ignis et crux, ferarum catervae, lacerationes, distractiones, disiunctiones ossium, concisio membrorum, totius corporis contusiones, dira diaboli tormenta in me veniant: solummodo ut Iesum Christum consequar.” S. IGNATIUS Antiochenus, Epistola ad Romanos, n. 5. MG 5-691. - “Ignis, crux, bestiae, confractio ossium, membrorum divisio, et totius corporis contritio, et tota tormenta diaboli, in me veniant, tantum ut Christo fruar.” S. HIERONYMUS, De viris illustribus, cap. XVI, ML 23-635.

[7]: Giuseppe MASSEI, Vita di S. Francesco Saverio, lib. 2, cap. 9, n. 7.

[8]: “Christus suae voluntati, naturae, quieti et commodis non servivit, ut nos et nostra negligeret, sed ea omnia et vitam suam pro nostra salute exposuit.” CORNELIUS A LAPIDE, In Epistolam ad Romanos (in cap. XV, 3).

[9]: Due volte parlò a quel modo il Crocifisso a S. Pietro martire: THOMAS DE LENTINO, Vita, cap. 1, n. 6; cap. 3, n. 24; inter Acta Sanctorum Bollandiana, die 29 aprilis. - Vide Apêndice, 7.

[10]: S. BERNARDUS, In feria IV Hebdomadae Sanctae, sermo de Passione Domini, n. 4. ML 183-264.

[11]: “Veluti aer et echo a levibus solidisque repulsa corporibus, eodem, unde venerunt, iterum reflectuntur; ita pulchritudinis ille fluxus rursus in pulchrum per oculos refluens, qua penetrare in animam consuevit, adeo pennarum meatur irrigat, ut et possint iam et incipiant pullulare, atque ita amati animum mutuo implet amore.” PLATO, Phaedrus vel de Pulchro (post medium). Opera omnia, interprete Marsilio Ficino, Venetiis, 1556, pag. 309, col. 2.

[12]: “Hecaton ait: “Ego tibi monstrabo amatorium sine medicamento, sine herba, sine ullius veneficae carmine. Si vis amari, ama!” SENECA, Epistola, 9, de sapientis amicitia.

[13]: Stultum quippe hominibus visum est ut pro hominibus auctor vitae moreretur.” S. GREGORIUS MAGNUS, Quadraginta homiliarum in Evangelia lib. 1, hom. 6, n. 1. ML 76-1096.

[14]: “Contentus est te Deus tuus, ait Cyprianus, et tu non eris contentus Deo tuo?” Vinc. CONTENSON, Theologia mentis et cordis, lib. 10, dissert. 4, cap. 1, speculatio 2, Latitudo caritatis. - “(Voluntas autem Dei est nos) Christo nihil omnino praeponere, quia nec nobis quidquam ille praeposuit.” S. CYPRIANUS, Liber de oratione dominica, n. 15. ML 4-529. - “Subiungendum post haec quod, redempti ac vivificati Christi sanguine, nihil Christo praeponere debeamus, quia nec ille quidquam nobis praeposuerit.” S. CYPRIANUS, Epistola ad Fortunatum de exhortatione martyrii, Praefatio, n. 6. ML 4-655.

[15]: Quis ergo nos separabit a caritate Christi? Rom. VIII, 35.

[16]: S. IGNATIUS MARTYR, Epistola ad Romanos, n. 7. MG 5- 694.


[17]: “Domine Iesu Christe, cor meum tuis vulneribus saucia, et tuo sanguine inebria animam meam, ut quocumque me vertam semper te videam crucifixum... ut sic in te totus tendens, nihil praeter te valeam invenire, nihil nisi tua vulnera valeam intueri. Haec mihi consolatio, tecum, mi Domine, vulnerari, haec intima sit mihi afflictio sub te aliquid meditari. Non quiescat cor meum, bone Iesu, donec inveniat te centrum suum... Amen.” Stimulus amoris, pars 1, post caput 2. Inter Opera S. Bonaventurae, VII, p. 196. Lugduni (post editiones Vaticanam et Germanicam), 1668. - Vide Apêndice, 2, 5°.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 11 de Fevereiro

O melhor conforto é o que nos advém da oração.

Flores da Eucaristia - 11 de Fevereiro

Procurai ser de Jesus como os anjos do céu, no júbilo, na alegria de seu divino serviço, na simplicidade do dom irrevogável, pelo qual não vos permitis o olhar sobre vós mesmos.
A chama que se eleva do fogo, a ele não retorna porque, impelida por outra que se levanta, sobe sempre; não dispõe de tempo nem de movimento para voltar atrás.
Deus só, basta à nossa alma. Em possuí-Lo, estão todos os bens - em amá-Lo. Nada pode substituir a Nosso Senhor, que tudo substitui divinamente; podemos nos privar de tudo exceto Dele, a quem somente devemos agradar e nos entregar; as criaturas não passam de espinhos.
Jesus, nosso bom Mestre, conta com tão poucas almas de elite, que Lhe sejam régias servas! Deveis valer por mil, e vosso serviço por dez mil, mercê de uma ardente e generosa piedade eucarística. Não é justo que Ele tenha almas grandes aos olhos do mundo, almas a quem o século desejaria conquistar? Amai, portanto, e servi regiamente a esse bom Rei.

10 de fevereiro de 2012

O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório. CAPÍTULO XV.

Do amor do Eterno Pai em ter-nos dado o seu Filho

1. Sic Deus dilexit mundum, ut Filium suum unigenitum daret (Io. III, 16). A tal ponto, disse Jesus Cristo, Deus amou o mundo, que lhe deu o seu próprio e único Filho. Três coisas devemos considerar neste dom: quem é aquele que dá, o que dá e com que amor o dá. Já se sabe que, quanto mais nobre é o doador, tanto mais estimável é o dom. Se alguém recebe uma flor de um monarca, estimá-la-á mais do que a um tesouro. Ora, quanto devemos nós estimar este dom, que nos vem das mãos de um Deus? E o que nos deu? O seu próprio Filho. O amor deste Deus não se contentou em nos ter dado tantos bens nesta terra, senão quando chegou a dar-se todo na pessoa do Verbo encarnado: Non servum, non angelum, sed Filium suum donavit, diz S. Jo. Crisóstomo [1]. Por isso exclama a santa Igreja: O mira circa nos tuae pietatis dignatio! O inaestimabilis dilectio caritatis! Ut servum redimeres, Filium tradidisti (Exult. in sabb. s.) [2].
Ó Deus infinito, como pudestes dignar-vos a usar conosco uma piedade tão admirável? Quem poderá entender tamanho excesso, que vós, para resgatar o escravo, tenhais querido dar-nos o vosso único Filho? Ah, meu benigníssimo Senhor, já que me destes o melhor que tendes, é razoável que eu vos dê o mais que eu posso. Vós desejais de mim o meu amor: eu não desejo de vós outra coisa senão o vosso amor. Eis o meu mísero coração, todo o consagro a amar-vos. Saí vós, criaturas, do meu coração, dai lugar ao meu Deus, que merece e quer possuí-lo todo, e sem companhia. Amo-vos, ó Deus de amor, amo-vos sobre todas as coisas; e só a vós quero amar, meu Criador, meu tesouro, meu tudo.
2. Deus nos deu o Filho, e por quê? Só por amor. Pilatos, por temor humano, deu Jesus aos judeus: Tradidit voluntati eorum (Luc. XXIII, 25). Mas o Eterno Pai nos deu o seu Filho pelo amor que nos teve: Pro nobis omnibus tradidit illum (Rom. VIII, 32). Diz S. Tomás, que Amor habet rationem primi doni (p. III, q. 38, a. 2) [3]. Quando se nos faz um dom, o primeiro dom que recebemos é do amor que o doador nos oferece naquela coisa que doa; porque, reflete o Angélico, a única razão de todo dom gratuito é o amor [4]; de outro modo, quando se dá por outro fim que o de puro afeto, o dom perde a razão de verdadeiro dom. O dom que nos fez o Eterno Pai do seu Filho foi verdadeiro dom, todo gratuito e sem nenhum mérito nosso; por isso se diz que a Encarnação do Verbo foi feita por obra do Espírito Santo, isto é, só por amor, como fala o mesmo santo Doutor: Ex maximo Dei amore provenit, ut Filius Dei carnem sibi assumeret (III p. q. 32, a. 1) [5].
Mas não apenas por puro amor Deus nos deu este seu Filho, mas no-lo deu com amor imenso. Isso mesmo é o que quer dizer Jesus, falando: Sic Deus dilexit mundum. A palavra sic, diz S. Jo. Crisóstomo, significa a grandeza do amor com que Deus nos fez este grande dom: Verbum sic significat amoris vehementiam [6]. E que amor maior podia um Deus demonstrar-nos, do que condenando à morte o seu Filho inocente para salvar-nos a nós, miseráveis pecadores? Qui proprio Filio suo non pepercit, sed pro nobis omnibus tradidit illum (Rom. VIII, 32). Se o Eterno Pai fosse capaz de padecer, que pena teria provado, quando se viu induzido pela sua justiça a condenar aquele Filho, tão amado quanto si mesmo, a morrer de uma morte tão cruel, entre tantas ignomínias? Et Dominus voluit conterere eum in infirmitate (Is. LIII, 10): Ele quis fazê-lo morrer consumido por tormentos e dores, disse Isaías.
Imaginai, pois, o Eterno Pai com Jesus morto nos braços, dizendo-nos: Homens, este é o meu amado Filho, no qual encontro todas as minhas complacências: Hic est Filius meus dilectus, in quo mihi bene complacui (Matth. XVII, 5). Eis como o quis ver maltratado pelos vossos crimes: Propter scelus populi mei percussi eum (Is. LIII, 8). Eis como o condenei à morte sobre esta cruz, aflito, abandonado até por mim, que tanto o amo. Isto eu fiz a fim de que vós me ameis.
Ó bondade infinita! Ó misericórdia infinita! Ó amor infinito! Ó Deus da minha alma, já que quisestes que morresse por mim o objeto mais caro do vosso coração, eu vos ofereço por mim o grande sacrifício que vos fez de si mesmo este vosso Filho; e, pelos seus méritos, peço-vos que me deis o perdão dos pecados, o vosso amor, o vosso paraíso. Grandes são estas graças que vos peço, mais maior é a grande oferta que vos apresento. Pelo amor de Jesus Cristo, meu Pai, perdoai-me e salvai-me. Se vos ofendi no passado, arrependo-me disso sobre todos os males. Agora eu vos estimo e amo sobre todos os bens.
3. Ah, quem, senão um Deus de infinito amor, poderia amar-nos até este ponto? Escreve S. Paulo: Deus autem, qui dives est in misericordia, propter nimiam caritatem qua dilexit nos, cum essemus mortui peccatis, convivificavit nos in Christo (Eph. II, 4, 5). Muito é esse amor, diz o Apóstolo, que nos demonstrou Deus, dando aos homens, por meio da morte do Filho, a vida da graça, por esses perdida pelos seus pecados. Mas esse amor não foi excessivo para Deus, que é o próprio amor: Deus caritas est (I Io. IV, 16). Diz S. João que, assim, quis ele fazer-nos ver onde chegava a grandeza do amor de um Deus para conosco, mandando o seu Filho ao mundo para obter-nos com a sua morte o perdão e a vida eterna: In hoc apparuit caritas Dei in nobis, quoniam Filium suum unigenitum misit Deus in mundum, ut vivamus per eum (Ibid., 9).
Estávamos mortos, pela culpa, para a vida da graça, e Jesus, com a sua morte, nos deu de novo a vida. Éramos miseráveis, deformados e abomináveis; mas Deus, por meio de Jesus Cristo, tornou-nos graciosos e caros aos seus divinos olhos: Gratificavit nos, escreveu o Apóstolo, in dilecto Filio suo (Eph. I, 6). Gratificavit, isto é, gratiosos nos fecit, diz o texto grego. Por isso, S. Jo. Crisóstomo ajunta que, se houvesse um pobre leproso todo lacerado e deformado, e alguém lhe curasse o corpo da lepra, e, além disso, o tornasse belo e roço, que obrigação ele não conservaria a este seu benfeitor? [7] Ora, quanto mais somos nós obrigados a Deus, pois que, sendo as nossas almas deformes e odiosas pelas culpas cometidas, ele, por meio de Jesus Cristo, não só as livrou dos pecados, mas ainda as tornou belas e amáveis? Benedixit nos, in omni benedictione spirituali in caelestibus in Christo (Eph. I, 3). Comenta Cornélio de Lápide: Benefecit nobis omni dono spirituali [8]. Abençoar, para Deus, é fazer o bem; o Eterno Pai, portanto, dando-nos Jesus Cristo, nos cumulou de todos os dons, não já terrenos no corpo, mas espirituais na alma. In caelestibus, dando-nos, com o Filho, uma vida celestial neste mundo, e uma celestial glória no outro.
Abençoai-me, pois, e fazei-me bem, ó amantíssimo Deus, e o benefício seja atrair-me todo ao vosso amor: Trahe me vinculis amoris tui [9]. Fazei que o amor que me tivestes me enamore da vossa bondade. Vós mereceis um amor infinito; eu vos amo com o amor que posso, amo-vos sobre todas as coisas, amo-vos mais do que a mim mesmo. Dou-vos toda a minha vontade; e esta é a graça que vos peço: fazei-me, de hoje em diante, viver e operar tudo segundo a vossa divina vontade, com a qual vós não quereis outra coisa além do meu bem e da minha eterna salvação.
4. Introduxit me rex in cellam vinariam, ordinavit in me caritatem (Cant. II, 4). O meu Senhor, diz a sagrada Esposa, me introduziu na cela do vinho, isto é, pôs-me ante os olhos todos os benefícios que me fez para induzir-me a amá-lo: Ordinavit in me caritatem. Diz um autor que Deus, afim de conquistar para si o nosso amor, mandou contra nós, por assim dizer, um exército de graças e de amor: Instruxit contra me caritatem tamquam exercitum (Gasp. Sanchez) [10]. Mas dar-nos Jesus Cristo, diz o cardeal Hugon, foi a seta reservada predita por Isaías: Posuit me sicut sagittam electam, in pharetra sua abscondit me (Is. XLIX, 2). Assim como o caçador, diz Hugon, reserva a melhor seta para o último golpe para matar a fera, assim Deus, entre todos os seus benefícios, reservou Jesus, até que veio o tempo da graça, e então o mandou, como último golpe, a ferir de amor os corações dos homens: Sagitta electa reservatur; ita Christus reservatus est in sinu Patris, donec veniret plenitudo temporis, et tunc missus est ad vulneranda corda fidelium [11]. Ferido por esta seta, diz S. Jo. Crisóstomo (Hom. de Turt.), dizia S. Pedro ao seu Mestre: Senhor, vós bem sabeis que eu vos amo: Domine, tu scis quia amo te (Io. XXI, 15) [12].
Ah, meu Deus, eu me vejo cercado de todas as partes pelas finezas do vosso amor. Também eu vos amo, e, se vos amo, sei que também vós me amais. Mas quem me poderá privar do vosso amor? Só o pecado. Mas, deste monstro do inferno, vós, pela vossa misericórdia, me haveis de livrar. Eu me contento com todo mal, com a morte mais cruel, e até com ser destruído antes que ofender-vos com o pecado mortal. Mas vós já conheceis as minhas quedas passadas, conheceis a minha fraqueza; ajudai-me, meu Deus, por amor de Jesus Cristo. Opus manuum tuarum ne despicias (Ps. CXXXVII, 8) [13]: Sou obra das vossas mãos, vós me criastes, não me desprezeis. Se mereço ser abandonado pelas minhas culpas, mereço, porém, que tenhais misericórdia de mim por amor de Jesus Cristo, que vos sacrificou a vida pela minha salvação. Eu vos ofereço os seus méritos, que são todos meus; e, por eles, peço-vos e espero de vós a santa perseverança com uma boa morte, e, até lá, a graça de viver a vida que me resta toda para a vossa glória. Basta o quanto vos ofendi; agora me arrependo de todo o coração, e quero amar-vos o quanto posso. Não quero mais resistir ao vosso amor: todo a vós me rendo. Dai-me a vossa graça e o vosso amor, e fazei de mim o que quiserdes. Meu Deus, eu vos amo, e quero e peço que eu sempre vos ame. Atendei-me pelos méritos de Jesus Cristo.
Minha Mãe Maria, rogai a Deus por mim. Amém, assim seja.


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Notas:

[1]: “His enim verbis, Sic dilexit, et Deus mundum, ingens amor significatur.... Et quae postea sequuntur perinde vehementia sunt; ait enim: Ut Filium suum unigenitum daret; non servum, non angelum, non archangelum ait.” S. Io. CHRYSOSTOMUS, In Ioannem, hom. 27 (al. 26), n. 2. MG 59-159, 160.

[2]: In officio Sabbati Sancti, ad benedictionem Cerei.

[3]: “Amor habet rationem primi doni, per quod omnia dona gratuita donantur.” S. THOMAS, Summa Theol., I, qu. 38, art. 2, c.

[4]: “Donum proprie est dati irredibilis, secundum Philosophum (Topic. lib. 4, cap. 4, n. 12), id est quod non datur intentione retributionis: et sic importat gratuitam donationem. Ratio autem gratuitae donationis est amor; ideo enim damus gratis alicui aliquid, quia volumus ei bonum. Primum ergo quod damus ei, est amor quo volumus ei bonum. ” S. THOMAS, ibid.

[5]: “Conceptionem corporis Christi tota Trinitas est operata: attribuitur tamen hoc Spiritui Sancto, triplici ratione. Primo quidem quia hoc congruit causae Incarnationis quae consideratur ex parte Dei. Spiritus enim Sanctus est amor Patris et Filii... Hoc autem ex macimo Dei amore provenit, ut Filius Dei carnem sibi assumeret in utero virginali.” S. THOMAS, Sum. Theol., III, qu. 32, art. 1, c.

[6]: “Illud verbum, Sic dilexit, et illud, Deus mundum, immensam amoris significant vehementiam.” S. Io. CHRYSOSTOMUS, In Ioannem, hom. 26: Opera, III, Venetiis, 1574. - In Ioannem, hom. 27 (al. 26), n. 2. MG 59-159.

[7]: “Non dixit.... gratis donavit, sed.... gratos fecit: hoc est, non solum liberavit a peccatis, sed etiam fecit amabiles. Quemadmodum enim si quis scabiosum et peste ac morbo senioque et paupertate ac fame confectum et perditum, statim formosum fecerit iuvenem, omnes homines pulchritudine vincentem, e genis quidem splendorem valde emittentem, et micantium oculorumei aculationibus solis fulgores occultantem: deinde eum constituerit in ipso fiore aetatis, et postea eum purpura induerit et diadema imposuerit, et omni regio ornatu decorarit: ita nostram instruxit et ornavit animam, pulchramque fecit, desiderabilem et amabilem. Cupiunt enim angeli talem aspicere animam, archangeli quoque et omnes aliae Virtutes. Ita nos etiam fecit gratiosissimos, et sibi desiderabiles. Concupiscet enim, inquit, Rex speciem tuam (Ps. XLIV, 12).” S. Io. CHRYSOSTOMUS, In Epistolam ad Ephesios, hom. 1, n. 3. MG 62-14.

[8]: “Qui benedixit nos, id est, qui beneficit nobis.... omni benedictione, id est, omni bono, beneficio et dono, non terreno, ut sunt honores, opes, forma, robur, voluptates: has enim non venit ocnferre nobis Christus; sed spirituali.” CORNELIUS A LAPIDE, Commentaria in Epistolam ad Ephesios, in cap. I, 3.

[9]: Alusão a Os. XI, 4: In funiculis Adam traham eos, in vinculis caritatis.

[10]: “Et ordinavit in me caritatem. Adhuc perseverat sponsa reddere rationem cur non potuerit non amori succumbere. Nam talis sponsi officiis et blandimentis, aut eius voluntati, infiammatae pariter atque infiammanti, non obsequi, eius esset qui non officii modo curam, sed etiam humanitatem prorsus ac mentem exuisset. Id vero optime explicatur his verbis: ordinavit in me caritatem. Quod ut intelligatur magis, observandum est, omnium fere consensu hic metaphoram esse militarem: est eim, pro ordinavit, hebraice Diglo alai, id est: vexillum eius super me caritas, id est, instruxit contra me caritatem tamquam aciem. Sumitur autem hic vel pars pro toto, vel signum pro re significata, vexillum nempe pro exercitu.” Gaspar SANCHEZ, Centumputeolanus, S. I., Comment. in Canticum Canticorum (in cap. II, 4, n. 19), Lugduni, 1616, pag. 93.

[11]: “Et posuit me sicut sagittam electam: quasi sicut sagittarius optimas sagittas abscondit, donec tempus veniat extrahendi.... (Mystice de Christo: nota marginalis): Sagitta electa reservatur usquedum necesse sit; ita Christus quasi reservatus est in sinu Patris, donec venit plenitudo temporis, ut dicitur Gal. IV, 4. Et tunc missus est ad vulnerandum corda fidelium promissione bonorum et comminatione poenarum.” HUGO A SANCTO CHARO, O. P. Cardinalis primus, Postilla super Isaiam, in cap. XLIX, 2, gol. 110, col. 3. Opera, Venetiis, 1703.

[12]: “Ista sagitta vulneratus Petrus dicebat Christo: Domine, tu nosti quia diligo te.” Sermo (d' ignoto autore) de turture seu de Ecclesia. Inter Opera S. Io. Chrysostomi, MG 55-600.

[13]: Opera manuum tuarum ne despicias. Ps. CXXXVII, 8.

Flores da Eucaristia - 10 de Fevereiro

Tende confiança em Jesus mesmo quando o desânimo vos assaltar, quando o vosso corpo ou o vosso espírito se sentir sem forças, recusando-se a vos ajudar. Dizei então: - Não confio em mim mesmo e sim em vós ó meu Deus; de quiserdes auxiliar-me, tudo posso convosco. Nada possuo, quase nada me é possível fazer; começarei, entretanto, e vós terminareis.
Trabalhai então; fazei o pouco de que fordes capaz, e Nosso Senhor se encarregará do resto.
Abandonai-vos inteiramente à Divina Providência. Deixai-vos conduzir pelos acontecimentos, pelas obrigações de estado, e, principalmente, pelo sopro da graça. Que a vossa alma, semelhante à vela de uma barquinha, se desfralde ao movimento da brisa celestial, para seguir-lhe o impulso.
O sopro da Vontade de Deus é sempre propício á vela de nossa embarcação, mas é necessário conservá-la desfraldada e firme, e ter os olhos fitos em Jesus Cristo, que a comanda. Deixai-lhe o cuidado de dirigir a barquinha a essa ou aquela praia; tende apenas um cuidado - remar sob as ordens divinas.

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 10 de Fevereiro

As minhas orações, que me pedes insistentemente, não te faltarão jamais, porque não posso esquecer-me de ti, que me custou muitos sacrifícios e que entreguei a Deus no extremo da dor no meu coração. Confio na caridade de não esqueceres, em tuas orações, de quem carrega a Cruz por todos.

9 de fevereiro de 2012

Bom dia! Padre Pio de Pieltrelcina - 9 de Fevereiro

Quando te sentires próximo de Deus na oração, examina a tua verdade, fala-lhe, se puderes e se não puderes, cala-te, demonstra tua presença, e não te preocupes com mais nada.

Flores da Eucaristia - 09 de Fevereiro

A finalidade da Eucaristia não somente aproximar o homem de Deus, destruindo o temor instintivo e dominante, mas, principalmente, depositar em seu coração a confiança.
Ao contemplarmos as santas espécies, lembremo-nos logo de tudo quanto foi Jesus na sua vida mortal e de tudo quanto Ele é: amor, bondade, misericórdia, ternura.
É Ele quem nos procura, suprimindo todas as distâncias. Espera-nos com paciência e longanimidade admiráveis, para que nos aproximemos Dele e O recebamos.
Dá-se a todos sem a ninguém repelir; fica à espera do pescador, e estende os braços durante a quarentena, sessenta anos, aquele que, um dia, se renderá aos seus convites. Fica à disposição do pobre que vem recebê-Lo pela manhã antes do trabalho, qual suave benção para o dia que desponta.
O maná caía no campo dos Israelitas antes da aurora, afim de que o celeste alimento se fizesse esperar. Nosso Senhor permanece dobre o altar prevenindo a visita mais matinal.
Feliz de quem recebe a primeira benção do Salvador!

8 de fevereiro de 2012

O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório. CAPÍTULO XIV.

Da esperança que temos na morte de Jesus Cristo.

1. Jesus é a única esperança da nossa salvação: fora dele, non est in alio aliquo salus (Act. IV, 12). Eu sou a única porta, ele nos diz, e quem entrar por mim encontrará certamente a vida eterna: Ego sum ostium. Per me si quis introierit, salvabitur (Io. X, 9). E qual pecador teria jamais podido esperar o perdão, se Jesus não tivesse, por nós, satisfeito a justiça divina com o seu sangue e com a morte? Iniquitates eorum ipse portabit (Is. LIII, 11). Então nos encoraja o Apóstolo, dizendo: Si sanguis hircorum et taurorum... sanctificat ad emundationem carnis, quanto magis sanguis Christi, qui, per Spiritum Sanctum seipsum obtulit Deo, emundabit conscientiam nostram ab operibus mortuis ad serviendum Deo viventi (Hebr. IX, 13, 14)? Se o sangue dos bodes e dos touros sacrificados tiravam dos hebreus as manchas exteriores do corpo, a fim de que pudessem ser admitidos aos sagrados ministérios; tanto mais o sangue de Jesus Cristo, que, por amor, se ofereceu para pagar por nós, tirará das nossas almas os pecados, para podermos servir o nosso sumo Deus?
Não vindo ao mundo o nosso amoroso Redentor para outro fim senão o de salvar os pecadores, e vendo já escrita contra nós a sentença de condenação pelas nossas culpas, que fez? Ele, com a sua morte, pagou a pena a nós devida; e, cancelando com o seu sangue a escritura da condenação, a fim de que a divina justiça não procurasse mais de nós a devida satisfação, afixou-a à própria cruz onde morreu: Delens quod adversus nos erat chirographum decreti, quod erat contrarium nobis, et ipsum tulit de medio affigens illud cruci (Coloss. II, 14).
Christus... introivit semel in sancta, aeterna redemptione inventa (Hebr. IX, 12). Ah, meu Jesus, se não tivestes encontrado este modo de obter-nos o perdão, quem teria podido encontrá-lo? Teve razão Davi em exclamar: Annuntiate... studia eius (Ps. IX, 12): Publicai, ó nações, os zelos amorosos do nosso Deus, de que usou para nos salvar. Já que, pois, ó meu doce Salvador, tivestes tanto amor por mim, não deixeis de usar de piedade para comigo. Resgatastes-me das mãos de Lúcifer com a vossa morte: eu, nas vossas mãos, entrego a minha alma, para que vós a salveis. In manus tuas commendo spiritum meum, redemisti me, Domine Deus veritatis (Ps. XXX, 6).
2. Filioli... haec scribo vobis, ut non peccetis; sed et si quis peccaverit, advocatum habemus apud Patrem, Iesum Christum iustum, et ipse propitiatio est pro peccatis nostris (I Io. II, 1, 2). Jesus Cristo não terminou, com a sua morte, de interceder por nós junto ao Eterno Pai; ele também no presente é o nosso advogado, e parece que, no céu, como escreve S. Paulo, não sabe fazer outra coisa além do ofício de comover o Pai a usar de misericórdia para conosco: Semper vivens ad interpellandum pro nobis (Hebr. VII, 25).
E acrescenta o Apóstolo que o Salvador subiu ao céu para este fim: Ut appareat nunc vultui Dei pro nobis (Hebr. IX, 24). Assim como os rebeldes fogem da face do rei, nós, pecadores, nunca teríamos sido dignos de ser admitidos diante de Deus, nem mesmo para lhe pedir perdão; mas Jesus, como nosso Redentor, comparece ele à divina presença por nós, e, pelos seus méritos, obtém-nos a graça por nós perdida. Accessistis ad mediatorem Iesum, et sanguinis aspersionem, melius loquentem quam Abel (Hebr. XII, 22, 24). Ó, quanto melhor implora para nós a divina misericórdia o sangue do Redentor, do que implorava o castigo contra Caim o sangue de Abel! “A minha justiça, disse Deus a S. Maria Madalena de’ Pazzi, se mudou em clemência com a vingança tomada sobre as carnes inocentes de Jesus Cristo. O sangue deste me Filho não procura de mim vingança, como o sangue de Abel, mas só procura misericórdia e piedade: e, a esta voz, não pode a minha justiça não se aplacar. Este sangue lhe liga as mãos de modo que não se pode mover, por assim dizer, a tomar aquela vingança dos pecados que antes se tomava” [1].
Gratiam fideiussoris ne obliviscaris (Eccli. XXIX, 20). Ah, meu Jesus, eu já era incapaz, depois dos meus pecados, de satisfazer a divina justiça, mas vós, com a vossa morte, quisestes satisfazer por mim. Que ingratidão seria, então, a minha, se eu me esquecesse desta tão grande misericórdia? Não, meu Redentor, não quero esquecer-me jamais dela: quero sempre agradecer-vos, e ser sempre grato amando-vos a fazendo o quanto eu posso para dar-vos gosto. Socorrei-me com aquela graça que merecestes para mim com tantos sofrimentos. Amo-vos, meu Jesus, meu amor, minha esperança.
3. Veni: columba mea in foraminibus petrae (Cant. II, 13, 14) [2]. Ó, que refúgio seguro encontraremos sempre nestas sagradas fendas da rocha, isto é, nas chagas de Jesus Cristo! Foramina petrae, diz S. Pedro Damião, sunt vulnera Redemptoris, in his anima nostra spem constituit (Epist. 41) [3]. Aí seremos livres da desconfiança pela vista dos pecados cometidos; aí encontraremos as armas para nos defendermos quando formos tentados a pecar novamente. Confidite, filii, ego vici mundum (Io. XVI, 33). Se não tendes bastante força, exorta-nos o nosso Salvador, para resistir aos assaltos do mundo que vos oferece os seus prazeres, confiai em mim, porque eu o venci, e assim também vós vencereis. Orai, disse, ao Eterno Pai, que, pelos meus méritos, vos dê força, e eu vos prometo que tudo o que lhe pedirdes em meu nome, tudo ele vos concederá: Amen, amen dico vobis, si quid petieritis Patrem in nomine meo, dabit vobis (Io. XVI, 23). E, em outro lugar, confirmou-nos a promessa, dizendo que qualquer graça que peçamos a Deus por seu amor, ele mesmo, que é uma e a mesma coisa com o Pai, no-la dará: Quodcumque petieritis Patrem in nomine meo, hoc faciam; ut glorificetur Pater in Filio (Io. XIV, 13).
Ah, Pai Eterno, eu, confiado nos méritos e nestas promessas de Jesus Cristo, não vos peço bens da terra, mas somente a vossa graça. É verdade que eu, pelas injúrias que vos fiz, não mereceria nem o perdão nem a graça; mas, se eu não as mereço, merece-as para mim o vosso Filho, oferecendo o sangue e a vida por mim. Pelo amor, pois, deste Filho, perdoai-me. Dai-me uma grande dor dos meus pecados e um grande amor a vós. Iluminai-me para que eu conheça o quanto é amável a vossa bondade, e quanto é o amor que desde a eternidade me tivestes. Fazei-me entender a vossa vontade, e dai-me força de cumpri-la perfeitamente. Senhor, eu vos amo, e quero fazer tudo o que quiserdes.
4. Ó, que grande esperança de salvar-nos nos dá a morte de Jesus Cristo! Quis est qui condemnet? Christus Iesus qui mortuus est... qui etiam interpellat pro nobis (Rom. VIII, 34). Quem há a ser condenado?, diz o Apóstolo. É o próprio Redentor, que, para não nos condenar à morte eterna, condenou-se a si mesmo a morrer cruelmente sobre uma cruz. Por isso nos anima S. Tomás de Vilanova, dizendo: Que temes, ó pecador, se queres deixar o pecado? Como te condenará o Senhor, que morre para não te condenar? Como te expulsará quando tu retornas aos seus pés, aquele que veio do céu para procurar-te, quando tu fugias dele? Quid times, peccator? Quomodo damnabit poenitentem, qui moritur ne damneris? Quomodo abiiciet redeuntem, qui de caelo venit quaerens te? [4] Mas mais ânimo nos dá o próprio Salvador nosso, dizendo, por Isaías: Ecce in manibus meis descripsi te: muri tui coram oculis meis semper (Is. XLIX, 16) [5]. Minhas ovelhinhas, não desconfieis, vede o quanto me custais: eu te tenho escrita nas minhas mãos, nestas chagas que sofre por ti: estas me lembram sempre de ajudar-te e defender-te dos teus inimigos; ama-me, e confia.
Sim, meu Jesus, eu vos amo, e em vós confio. Resgatar-me custou-vos muito caro, salvar-me não vos custa nada. A vossa vontade é que todos se salvem e que nenhum se perca. Se os meus pecados me afligem, conforta-me a vossa bondade, porque ele deseja fazer-me bem mais ainda do que eu desejo recebê-lo. Ah, meu amado Redentor, dir-vos-ei com Jó: Etiam si occiderit me, in ipso sperabo... et ipse erit salvator meus (Iob XIII, 15, 16). Ainda que me tenhais expulso, meu amor, da vossa face, eu não deixarei de esperar em vós, que sois o meu Salvador. As vossas chagas e este sangue me dão muito ânimo para esperar todo bem da vossa misericórdia. Amo-vos, ó caro Jesus, amo-vos e espero em vós.
5. O glorioso S. Bernardo, estando uma vez fraco, viu-se diante do tribunal de Deus, onde o demônio o acusava dos seus pecados e dizia que ele não merecia o paraíso. O santo respondeu: “É verdade que eu não mereço o paraíso, mas Jesus tem dois méritos a este reino, um por ser Filho natural de Deus, outro por tê-lo conquistado com a sua morte: ele se contenta com o primeiro, e o segundo o cede a mim; e por isso eu peço e espero o paraíso” [6]. O mesmo podemos dizer de nós, escrevendo S. Paulo que Jesus Cristo quis morrer consumido pelas dores, para obter-nos o paraíso a todos os pecadores arrependidos e resolvidos a se emendar. Et consummatus factus est omnibus obtemperantibus sibi causa salutis aeternae (Hebr. V, 9). Por isso, acrescenta o Apóstolo: Curramus ad propositum nobis certamen aspicientes in auctorem fidei, et consummatorem Iesum, qui proposito sibi gaudio sustinuit crucem, confusione contempta (Hebr. XII, 1, 2): Corramos com coragem para combater com os nossos inimigos, olhando Jesus Cristo, que, com os méritos da sua Paixão, nos oferece a vitória e a coroa.
Ele disse que foi ao céu preparar-nos o lugar: Non turbetur cor vestrum... quia vado parare vobis locum (Io. XIV, 1, 2). Ele disse e está dizendo ao seu Pai que, enquanto nos uniu a ele, ele nos quer consigo no paraíso: Pater, quos dedisti mihi, volo ut ubi sum ego, et illi sint mecum (Io. XVII, 24). E que misericórdia maior poderíamos esperar do Senhor, diz S. Anselmo, que, a um pecador já condenado pelos seus crimes ao inferno e que não tem como libertar-se das penas, tenha dito o Eterno Pai: Toma o meu Filho, e oferece-o por ti? E o mesmo Filho diga: Toma-me, e livra-te do inferno? Quid misericordius intelligi valet, quam quod peccatori, unde se redimere non habenti, Deus Pater dicat: Accipe Unigenitum meum, et da pro te: et Filius dicat: Tolle me, et redime te? [7]
Ah, meu Pai amoroso, agradeço-vos por me terdes dado este Filho como meu Salvador; ofereço-vos a sua morte, e, pelos seus méritos, peço-vos piedade. E agradeço-vos sempre, ó meu Redentor, o terdes dado o sangue e a vida para livrar-me da morte eterna. Te ergo, quaesumus, tuis famulis subveni, quos pretioso sanguine redemisti [8]. Socorrei, pois, nós, servos rebeldes, já que a tanto custo nos redemistes. - Ó Jesus, minha única esperança, vós me amais, vós sois onipotente, fazei-me santo. Se estou fraco, dai-me vós força; se estou doente pelas culpas cometidas, aplicai vós à minha alma uma gota do vosso sangue, e curai-me. Dai-me o vosso amor e a perseverança final, fazendo-me morrer na vossa graça. Dai-me o paraíso: eu, pelos vossos méritos, vo-lo peço e o espero. Amo-vos, meu Deus amabilíssimo, com toda a minha alma, e espero sempre amar-vos. Ajudai um miserável pecador que vos quer amar.
6. Habentes ergo pontificem magnum qui penetravit caelos, Iesum Filium Dei, teneamus confessionem. Non enim habemus pontificem, qui non possit compati infirmitatibus nostris, tentatum autem per omnia pro similitudine absque peccato (Hebr. IV, 14, 15). Já que temos, diz o Apóstolo, este Salvador, que nos abriu o paraíso, um tempo fechado pelo pecado, confiemos sempre nos seus méritos; pois, tendo querido, por sua bondade, padecer também ele as nossas misérias, bem sabe compadecer-se de nós: Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae, ut misericordiam consequamur, et gratiam inveniamus in auxilio opportuno (Ibid., 16). Vamos, pois, com confiança ao trono da divina misericórdia, ao qual, por meio de Jesus Cristo, temos acesso, a fim de que aí encontremos todas as graças de que temos necessidade. E como podemos duvidar, acrescenta S. Paulo, que Deus, tendo-nos dado o seu Filho, não nos tenha dado, com o Filho, todos os seus bens? Pro nobis omnibus tradidit illum; quomodo non etiam cum illo omnia nobis donavit? (Rom. VIII, 32). Comenta o Cardeal Hugon: Dabit minus, idest vitam aeternam, qui dedit maius, idest Filium suum: Não nos negará o menos, que é a glória eterna, aquele Senhor que chegou a nos dar o mais, que é o seu próprio Filho [9].
Ó, meu sumo bem, que vos darei eu, miserável, por tamanho dom que me fizestes, do vosso Filho? Dir-vos-ei com Davi: Dominus retribuet pro me (Ps. CXXXVII, 8). Senhor, eu não tenho como recompensar-vos: só o vosso próprio Filho pode agradecer-vos dignamente; que ele vos agradeça por mim. Meu piedosíssimo Pai, pelas chagas de Jesus, peço-vos, salvai-me. Amo-vos, bondade infinita, e, porque vos amo, arrependo-me de vos ter ofendido. Meu Deus, meu Deus, eu quero ser todo vosso, aceitai-me por amor de Jesus Cristo. Ah, meu doce Criador, é possível que, tendo-me dado o vosso Filho, me negareis depois os vossos bens, a vossa graça, o vosso amor, o vosso paraíso?
7. S. Leão afirma que Jesus Cristo, com a sua morte, nos trouxe mais bem do que nos trouxe de dano o demônio, com o pecado de Adão: Ampliora adepti sumus per Christi gratiam, quam per diaboli amiseramus invidiam (Serm. I de Asc.) [10]. E disse claramente o Apóstolo, quando escreveu aos romanos: Non sicut delictum, ita et donum... Ubi... abundavit delictum, superabundavit gratia (Rom. V, 15, 20). Explica o Cardeal Hugon: Christi gratia maioris est efficaciae, quam delictum [11]. Não há comparação, diz o Apóstolo, entre o pecado do homem e o dom que nos fez Deus, dando-nos Jesus Cristo. Grande foi o crime de Adão, mas foi muito maior a graça que nos mereceu Jesus Cristo com a sua Paixão. Ego veni, ut vitam habeant, et abundantius habeant (Io. X, 10). Eu vim ao mundo, protestou o Salvador, a fim de que os homens, mortos pelo pecado, não só recebam por mim a vida da graça, mas uma vida mais abundante do que aquela que, pela culpa, tinham perdido. Por isso a Igreja chama feliz a culpa que nos mereceu um tal Redentor: O felix culpa, quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem [12].
Ecce Deus salvator meus, fiducialiter agam, et non timebo (Is. XII, 2). Portanto, ó meu Jesus, se vós, que sois Deus onipotente, sois também o meu Salvador, que temor terei de condenar-me? Se, no passado, vos ofendi, arrependo-me de todo o coração. No futuro, quero servir-vos, obedecer-vos e amar-vos; e espero firmemente que vós, meu Redentor, que fizestes e padecestes tanto pela minha salvação, não me negareis graça alguma que for necessária para salvar-me. Fiducialiter agam, immobiliter sperans nihil ad salutem necessarium ab eo negandum, qui tanta pro mea salute fecit et pertuli, comenta S. Boaventura [13].
8. Haurietis aquas... de fontibus Salvatoris, et dicetis in illa die: Confitemini Domino, et invocate nomen eius (Is. XII, 3, 4). As chagas de Jesus Cristo são já as felizes fontes das quais podemos receber todas as graças, se lhe pedirmos com fé. Et fons de domo Domini egredietur, et irrigabit torrentem spinarum (Ioel III, 18). A morte de Jesus é precisamente, diz Isaías, esta fonte prometida, que regou com águas de graça as nossas almas, e, de espinhos de pecados, mudou-as, pelos seus méritos, em flores e frutos de vida eterna. O amante Redentor, diz-nos S. Paulo, fez-se pobre neste mundo, a fim de que nós, pelo mérito da sua pobreza, nos tornássemos ricos: Propter vos egenus factus est... ut illius inopia vos divites essetis (II Cor. VIII, 9). Éramos, pelo pecado, ignorantes, injustos, iníquos e escravos do inferno; mas Jesus Cristo, diz o Apóstolo, morrendo e satisfazendo por nós, Factus est nobis sapientia a Deo, iustitia, sanctificatio et redemptio (I Cor. I, 30). Isto é, explica S. Bernardo, Sapientia in praedicatione, iustitia in absolutione, sanctificatio in conversatione, redemptio in Passione (Serm. XXII in Cant.) [14]. Fez-se nossa sabedoria instruindo-nos, nossa justiça, perdoando-nos, nossa santidade com o seu exemplo, e nosso resgate com a sua Paixão, livrando-nos das mãos de Lúcifer. Em suma, diz S. Paulo, os méritos de Jesus Cristo nos enriqueceram de todos os bens, de tal modo que não nos falta mais nada para podermos receber todas as graças: In omnibus divites facti estis... ita ut nihil vobis desit in ulla gratia (I Cor. I, 5, 7).
Ó meu Jesus, meu Jesus, e que belas esperanças me dá a vossa Paixão! Meu amado Senhor, quanto vos devo! Ó, se nunca vos tivesse eu ofendido! Perdoai-me todas as injúrias que eu vos fiz; inflamai-me todo do vosso amor, e salvai-me eternamente. E como posso temer não receber o perdão, a salvação e todas as graças de um Deus onipotente, que me deu todo o seu sangue? Ah, meu Jesus, minha esperança, vós, para não me perder, quisestes perder a vida; eu não quero jamais perder-vos, ó bem infinito. Se vos perdi no passado, arrependo-me disso; no futuro, não vos quero perder mais; vós me haveis de ajudar, a fim de que eu não vos perca mais. Senhor, eu vos amo, e quero sempre vos amar.
Maria, depois de Jesus, vós sois a minha esperança; dizei ao vosso Filho que vós me protegeis, e serei salvo. Amém, assim seja.


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Notas:
[1]: Grande poder operou este meu Verbo, abaixando-se até ser um cadáver, que foi chegar ao maior sinal de humildade ao qual podia, por vós, chegar o meu Verbo nas carnes mortais, e, fazendo-o, por assim dizer, adormecer para vós a minha divina justiça, a qual, aplacada e satisfeita pelos pecados do mundo com a vingança tomada sobre a sua carne inocentíssima, e sobre o seu puríssimo sangue, derramado para satisfazer as culpas do homem, agora a minha justiça parece que se tenha mudado em clemência. - E sabe, ó filhinha, que aquele sangue derramado não grita como o sangue de Abel, ou como aquelas almas santas, como refere o amante do meu Verbo, João, no seu Apocalipse, Vindica sanguinem nostrum, mas grita apenas por misericórdia e piedade, e a esta voz não pode a minha justiça não ficar aplacada e satisfeita. E quero dizer-te mais, que este sangue liga, por assim dizer, as mãos da minha justiça, de modo que ela não se pode mover, por assim dizer, a tomar aquela vingança dos pecados, que antes tomava no mundo, quando não ouvia a voz deste sangue ainda não derramado; porque, ora com dilúvios, ora com fogos e incêndios, ora com abrir-se a terra e engolir os pecadores, punia a minha justiça os criminosos; e sabes que ela o fez com as águas no dilúvio, com fogos nas cidades infames, e com outros castigos no deserto e alhures, de tal modo que ela me mostrava como o Deus das vinganças; mas agora, que ela parece não saber mover-se a castigar, como satisfeita no rigoroso castigo tomado por vós no meu Verbo, ou se ainda se move, é mais uma correção de mãe amorosa com os seus filhinhos descrentes, do que uma de severo Juiz com os malfeitores e culpáveis, e agora se cumpre aquilo que está escrito: Cum iratus fueris, misericordiae recordaberis. Mercê desta voz do sangue derramado pelo Verbo.” PUCCINI, Vita, Firenze, 1611, parte 6, cap. 3.

[2]: Surge, amica mea, speciosa mea, et veni: columba mea in foraminibus petrae. Cant. II, 13, 14.

[3]: “Petra, sicut dicit Apostolus, est Christus (I Cor. 4). Et foramina ergo petrae, sunt vulnera Redemptoris. In his itaque foraminibus quaeque fidelis anima commoratur, quia totam suae salutis summam in Salvatoris sui Passione constituit, et in ea spem suam collocans, de gloria sempiterna fida securitate confidit”. S. PETRUS DAMIANUS, Sermo 51, De sancto Matthaeo sermo 3. ML 144-792, 793.

[4]: “Quid times peccator?... Quomodo te damnabit poenitentem, qui propter hoc moritur ne damneris? Quomodo te abiiciet redeuntem, qui de caelo venit quaerere te?” S. THOMAS A VILLANOVA, Conciones, In Dominicam I Adventus, concio 5, n. 13.

[5]: Nas edições posteriores a 1751, encontramos “occideris” e “eris”. Quis o Autor mudar o texto de Jó usando uma linguagem direta, ou então, incautamente, os tipógrafos?

[6]: “Ego ipse inter ceteros adfui.... Cumque extremum iam trahere spiritum videretur (Bernardus), in excessu mentis suae ante tribunal Domini sibi visus est praesentari. Adfuit autem et Satan ex adverso improbis eum accusationibus pulsans. Ubi vero ille omnia fuerat prosecutus, et viro Dei esset pro sua parte dicendum, nil territus aut turbatus, ait: “Fateor, non sum dignus ego, nec propriis possum meritis regnum obtinere caelorum. Ceterum duplici iure illud obtinens Dominus meus, hereditate scilicet Patris et merito Passionis, altero ipse contentus, alterum mihi donat, ex cuius dono iure illud mihi vindicans, non confundor.” In hoc verbo confusus inimicus, conventus ille solutus, et homo Dei in se reversus est.” GUILLELMUS, ex Abbate S. Theoderici monachus Signiacensis, Sancti Bernardi Vita prima, liber primus, cap. 12, n. 57. ML 185-258.

[7]: “Quid misericordius intelligi valet, quam cum peccatori tormentis aeternis damnato, et unde se redimat non habenti, Deus Pater dicit: Accipe Unigenitum meum, et da pro te; ipse Filius: Tolle me, et redime te?” S. ANSELMUS, Cur Deus homo, lib. 2, cap. 21. ML 158-430.

[8]: Ex cantico Te Deum.

[9]: “Hic probat quod dabit minus, id est vitam aeternam, quia dedit maius, id est Filium suum.” HUGO DE SANCTO CHARO, O. P. Cardinalis primus, Postilla super Epistolam ad Romanos (in cap. VIII, 32). Opera, VII, fol. 50, col. 3. Venetiis, 1703.

[10]: “Hodie enim non solum paradisi possessores firmati sumus, sed etiam caelorum in Christo superna penetravimus: ampliora adepti per ineffabilem Christi gratiam quam per diaboli amiseramus invidiam.” S. LEO MAGNUS, Sermo 73, De Ascensione Domini sermo 1, cap. 4. ML 54-396.

[11]: “Donum Christi, id est gratia, maioris est efficaciae quam delictum.” HUGO DE SANCTO CHARO, O. P. Cardinalis primus, Postilla super Epistolam ad Romanos (in cap. V, 15). Opera, VII, fol. 34, col. 3. Venetiis 1703.

[12]: In officio Sabbati Sancti, ad benedictionem Cerei.

[13]: “Imploratio misericordiae, circa quamcumque gratiam invocetur, debet esse... cum fiducia spei, quam habemus a Christo, qui mortuus est pro nobis omnibus.” S. BONAVENTURA, De triplici via, cap. 2, § 2, n. 3. Opera, VIII, ad Claras Aquas, 1898, pag. 8, col. 2. - Cf. § 5, n. 12, pag. 11. col. 2.

[14]: “Sapientia in praedicatione, iustitia in absolutione peccatorum, sanctificatio in conversatione, quam habuit cum peccatoribus; redemptio in Passione, quam sustinuit pro peccatoribus.” S. BERNARDUS, In Cantica, sermo 22, n. 6. ML 183-880.

Flores da Eucaristia - 08 de Fevereiro

Deus pensa por nós. Procurai ser como a criança, que apenas sente, ama e agradece; ou como a pombinha alva e pura da arca, que somente nela encontra pousada, e que não tem outro canto nem outro suspiro que o canto e o suspiro do amor!
Não vos contemplais no espelho do amor próprio porque vos assustaria; nem no das criaturas: teríeis medo; nem tão pouco na balança do mérito, pois à pobreza levaria vantagem; nem nas falsas luzes das palavras humanas. Contemplai-vos no terno Coração de Jesus, através de sua bondade tão maternal, tão meiga, e não tereis receio algum. Evitai tomar nota do que dais ao divino Mestre, de calcular o que vos falta. Lançai-vos, qual palha ou pedaço de ferro cheio de ferrugem, nesse foco incandescente, e em pouco tempo vos haveis de purificar, refazer, abrasar, incendiar!
Coragem! O mais belo sacrifício oferecido a Jesus é o próprio eu; a mais bela homenagem, o coração; a mais bela coroa; a da flor matutina que se abre ao sol nascente e se fecha ao pôr do sol.