3 de fevereiro de 2012

O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório. CAPÍTULO XII.

Da Crucifixão de Jesus.

1. Eis-nos na crucifixão, no último tormento, que deu morte a Jesus Cristo; eis-nos no Calvário feito teatro do amor divino, onde um Deus deixa a vida num mar de dores. Et postquam venerunt in locum, qui vocatur Calvariae, ibi crucifixerunt eum (Luc. XXIII, 33). Chegado que foi o Senhor apenas vivo sobre o monte, rasgam-lhe pela terceira vez com violência as vestes, coladas nas chagas das suas carnes flageladas, e o jogam sobre a cruz. O Cordeiro divino se estende sobre aquele leito de tormento; apresenta as mãos e os pés aos carnífices para ser nela pregado; e, levantando os olhos ao céu, apresenta ao seu Eterno Pai o grande sacrifício da sua vida pela salvação dos homens. Pregada uma mão, repuxaram-se os nervos; por isso foi necessário que, à força, com cordas, como foi revelado a S. Brígida, estirassem a outra mão e os pés até o lugar dos pregos; e então os nervos e as veias vieram a distender-se e romper-se com grande espasmo. Manus et pedes cum fune trahebant ad loca clavorum, ita ut nervi et venae extenderentur et rumperentur [1]. Assim a revelação. - De tal modo que se lhe podiam contar todos os ossos, como já predissera Davi: Foderunt manus meas et pedes meos, dinumeraverunt omnia ossa mea (Ps. XXI, 17, 18).
Ah, meu Jesus, por quem foram pregadas as vossas mãos e pés neste lenho, senão pelo amor aos homens? Vós, com a dor das mãos trespassadas, quisestes pagar todos os pecados que os homens cometeram com o tato, e, com a dor dos pés, quisestes pagar todos os passos que nós demos para ofender-vos. Meu amor crucificado, com estas mãos trespassadas, abençoai-me! Pregai aos vossos pés este meu coração ingrato, a fim de que eu não vos deixe mais, e permaneça sempre presa em vos amar esta minha vontade que tantas vezes se rebelou contra vós. Fazei que nenhuma outra coisa me mova senão o vosso amor e o desejo de dar-vos gosto. Apesar de ver-vos pendente deste patíbulo, creio-vos por Senhor do mundo, por verdadeiro Filho de Deus e Salvador dos homens. Por piedade, meu Jesus, não me abandoneis nunca em toda a minha vida, e especialmente no momento da minha morte; naquelas últimas agonias e combates com o inferno, que vós me ajudeis e conforteis, para que eu morra no vosso amor. Amo-vos, meu amor crucificado, amo-vos com todo o coração.
2. S. Agostinho diz que não há morte mais acerba que a morte de cruz: Peius nihil fuit in genere mortium (Tract. XXXVI in Io.) [2]. Pois, como reflete S. Tomás (P. III, qu. 46, a. 6), os crucificados são trespassados nas mãos e nos pés, lugares que, por ser todos compostos de nervos, músculos e veias, são sensibilíssimos à dor; e o próprio peso do corpo que pende faz com que a dor seja contínua e aumente cada vez mais até a morte [3]. Mas as dores de Jesus superaram todas as outras dores, enquanto diz o Angélico que o corpo de Jesus Cristo, sendo perfeitamente composto, era mais vivaz e sensível às dores [4]: corpo que lhe foi dado pelo Espírito Santo especialmente para padecer segundo ele predisse, como atesta o Apóstolo: Corpus autem aptasti mihi (Hebr. X, 5) [5]. Ademais, diz S. Tomás que Jesus Cristo sentiu uma dor tão grande que foi proporcionada a satisfazer a pena que mereciam temporalmente os pecados de todos os homens [6]. O Tiepolo diz que, na crucifixão, foram-lhe dadas vinte e oito marteladas nas mãos e trinta e seis nos pés [7].
Minha alma, olha o teu Senhor, olha a tua vida que pende daquele lenho: Et erit vita tua quasi pendens ante te (Deut. XXVIII, 66). Vê como, sobre aquele doloroso patíbulo, pendurado naqueles cruéis ganchos, não encontra alívio nem repouso. Ora se apóia sobre as mãos, ora sobre os pés, mas, onde se apóia, aumenta o espasmo. Vai virando a cabeça dolorida ora para uma parte, ora para outra; se a abandona sobre o peito, as mãos, com o peso, rasgam-se mais; se a abaixa para as costas, as costas são perfuradas pelos espinhos; se a apóia na cruz, os espinhos entram mais para dentro da sua cabeça. Ah meu Jesus, e que morte amarga é essa que morreis!
Meu Redentor crucificado, eu vos adoro sobre este trono de ignomínias e penas. Leio escrito sobre esta cruz que sois rei: Iesus Nazarenus rex Iudaeorum (Io. XIX, 19). Mas, além deste título de zombaria, que sinal mostrais de rei? Ah, que estas mão pregadas, esta cabeça espinhosa, este trono de dor, estas carnes dilaceradas, dão-vos bem a conhecer como rei, mas rei de amor. Achego-me, pois, humilhado e consternado, para beijar os vossos sagrados pés trespassados por meu amor, abraço esta cruz, na qual, feito vítima de amor, quisestes sacrificar-vos por mim à divina justiça: Factus obediens usque ad mortem, mortem autem crucis (Philip. II, 8). - Ó feliz obediência que nos obtém o perdão dos pecados! E que seria de mim, ó meu Salvador, se vós não tivestes pago por mim? Agradeço-vos, meu amor, e, pelos méritos desta sublime obediência, peço-vos me concedais a graça de obedecer em tudo a divina vontade. Desejo o paraíso só para amar-vos sempre e com todas as minhas forças.
3. Eis o rei do céu, que, pendente daquele patíbulo, está morrendo. Perguntemos-lhe com o profeta: Quid sunt plagae istae in meio manuum tuarum? (Zach. XIII, 6). Dizei-me, meu Jesus, que são estas chagas no meio das vossas mãos? Responde por Jesus Ruperto abade: Sunt monumenta caritatis, pretia redemptionis [8]. São sinais, diz o Redentor, do grande amor que vos tenho; são o preço com o qual vos livro das mãos dos inimigos e da morte eterna. - Ama, pois, ó alma fiel, ama o teu Deus que tanto te amou, e, se duvidas do seu amor, olha, diz S. Tomás de Vilanova, olha aquela cruz, aquelas dores e aquela morte acerba que ele por ti padeceu, que tais testemunhos bem te farão saber o quanto te ama o teu Redentor: crux, testes dolores, testis amara mors quam pro te sustinuit (Conc. III) [9]. Acrescenta S. Bernardo que grita a cruz, grita cada chaga de Jesus que ele nos ama com verdadeiro amor: Clamat crux, clamat vulnus, quod ipse vere dilexit [10].
Ó meu Jesus, como vos vejo doloroso e triste! Ah, tendes muito razão em pensar que sofrestes tanto até morrer de espasmo neste lenho, e que depois tão poucas almas haverão de amar-vos! Ó Deus, no presente, quantos corações, até consagrados a vós, ou não vos amam, ou vos amam pouco demais! -
Ah, belas chamas de amor, vós que consumastes a vida de um Deus sobre a cruz, consumai também a mim, consumai todos os afetos desordenados que vivem no meu coração, e fazei que eu viva ardendo e suspirando só por aquele meu amante Senhor que quis, consumado por tormentos, acabar a vida por meu amor sobre um patíbulo infame! Meu amado Jesus, eu quero sempre vos amar, e só a vós, só, só a vós quero amar, meu amor, meu Deus, meu tudo [11].
4. Erunt oculi tui videntes praeceptorem tuum (Is. XXX, 20). Foi prometido aos homens ver com os próprios olhos o seu divino Mestre. Toda a vida de Jesus foi um contínuo exemplo e escola de perfeição, mas em nenhum lugar ensinou ele melhor que sobre a cátedra da cruz, as suas mais belas virtudes. Aí, ó, como bem nos instruiu na paciência, especialmente em tempo de enfermidade; pois que, sobre a cruz, Jesus enfermo sofreu com suma paciência as dores da sua amaríssima morte. Aí, com o seu exemplo, nos ensinou uma exata obediência aos divinos preceitos, uma perfeita resignação à vontade de Deus, e, sobretudo, nos ensinou como se deve amar. - O Pe. Paulo Segneri Jr. escreveu a uma sua penitente para que essa escrevesse ao pé do crucifixo as seguintes palavras: Eis como se ama [12].
Eis como se ama, parece que nos diz a todos o próprio Redentor lá da cruz, quando nós, para não sofrer alguma moléstia, abandonamos as obras do seu gosto, e às vezes chegamos a renunciar até a sua graça e o seu amor. Ele nos amou até a morte, e não desceu da cruz senão depois de lá ter deixado a vida. Ah, meu Jesus, vós me amastes até a morte: até a morte quero amar-vos também eu! No passado eu vos ofendi e traí muitas vezes. Meu Senhor, vingai-vos de mim, mas com vingança de piedade e de amor; dai-me uma tal dor dos meus pecados que me faça viver sempre doído e aflito pela pena de vos ter ofendido. Protesto que quero padecer todo mal, de agora em diante, antes que vos dar desgosto. E que mal maior poderia acontecer-me que vos dar desgosto, meu Deus, meu Redentor, minha esperança, meu tesouro, meu tudo?
5. Et ego si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum. Hoc autem dicebat, significans qua morte esset moriturus (Io. XII, 32, 33). Disse Jesus Cristo que, quando fosse elevado na cruz, ele, com os seus méritos, com o seu exemplo e com a força do seu amor, atrairia a si os afetos de todas as almas. Omnes mundi gentes ad amorem sui traxit sanguinis sui merito, suo exemplo et amoré, comenta Cornélio de Lápide (In Io. 1. c.) [13]. O mesmo escreveu S. Pedro Damião: Dominus mox ut in cruce pependit, omnes ad se per amoris desiderium traxit (De inv. cruc.) [14]. E quem, acrescenta Cornélio, não amará Jesus, que morre por nosso amor? Quis enim Christum ex amore pro nobis morientem non redamet? (Loc. c.) [15]. Olhai, ó almas redimidas, exorta-nos a santa Igreja, olhai o vosso Redentor sobre aquela cruz, onde toda a sua figura espira amor e convida a amá-lo: a cabeça curvada para nos dar o beijo da paz, os braços abertos para abraçar-nos, o Coração aberto para amar-nos: Omnis figura eius amorem spirat, et ad redamandum provocat: caput inclinatum ad osculandum, diz S. Agostinho, manus expansae ad amplexandum, pectus apertum ad diligendum (Resp. I noct. off. dol. B.V.) [16].
Ah, meu amado Jesus, como a minha alma podia ser assim tão cara aos vossos olhos, vendo as injúrias que receberíeis de mim? Vós, para cativar o meu afeto, quisestes dar-me as demonstrações mais extremas de amor. - Vinde vós, flagelos, vós, espinhos, pregos e cruz, que atormentastes as sagradas carnes do meu senhor, vinde ferir o meu coração. Lembrai-me sempre que todo o bem que eu recebi e que espero, tudo me veio dos méritos da sua Paixão. Ó mestre de amor, os outros ensinam com a voz, mas vós, sobre este leito de morte, ensinais com o padecer; os outros ensinam por interesse, vós, por afeto, não pedindo outra recompensa além da minha salvação. Salvai-me, meu amor, e que o salvar-me seja o dar-me a graça de que eu sempre vos ame e vos dê contento. Amar-vos é a minha salvação.
6. Enquanto Jesus morria sobre a cruz, os homens não cessavam de atormentá-lo com reprovações e zombarias. Outros lhe diziam: Alios salvos fecit, seipsum non potest salvum facere. Altri: Si rex Israel est, descendat nunc de cruce (Matth. XXVII, 42). E Jesus, enquanto aqueles o injuriam, que faz na cruz? Roga, talvez, ao Eterno Pai que os puna? Não, ele lhe roga que os perdoe: Pater, dimitte illis, non enim sciunt quid faciunt (Luc. XXIII, 34). Sim, diz S. Tomás, para demonstrar o imenso amor que tinha para com os homens, o Redentor pediu a Deus perdão para os seus próprios crucificadores: Ad ostendendam abundantiam suae caritatis, veniam persecutoribus postulavit (III p. qu. 47, a. 4, ad 1) [17]. Pediu-o e obteve-o; de modo que eles, depois de o ter visto morto, arrependeram-se do seu pecado: Revertebantur percutientes pectora sua (Luc. XXIII, 48).
Ah, meu caro Salvador, eis-me aos vossos pés; eu fui um dos vossos mais ingratos perseguidores: rogai também por mim ao vosso Pai, para que me perdoe. É verdade que os judeus e os carnífices não sabiam, crucificando-vos, o que faziam; mas eu bem sabia que, pecando, ofendia um Deus crucificado e morto por mim. Mas o vosso sangue e a vossa morte mereceram a divina misericórdia também para mim. Eu não posso desesperar de ser perdoado, vendo-vos morrer para obter para mim o perdão. Ah, meu doce Redentor, olhai-me com um daqueles olhares amorosos com que me olhastes morrendo por mim na cruz; olhai-me e perdoai-me todas as ingratidões de que usei para com o vosso amor. - Arrependo-me, ó meu Jesus, de vos ter desprezado. Amo-vos com todo o coração; e, à vista do vosso exemplo, porque vos amo, amo também todos aqueles que me ofenderam. Desejo a eles todo o bem, e proponho servi-los e socorrê-los o quanto posso por amor de vós, meu Senhor, que quisestes morrer por mim, que tanto vos ofendi.
7. Memento mei (Luc. XXIII, 42), disse-vos, ó meu Jesus, o bom ladrão, e foi consolado quando ouviu dizerdes: Hodie mecum eris in paradiso (Luc. XXIII, 43). Memento mei vos digo também eu: lembrai-vos, Senhor, que eu sou uma daquelas ovelhinhas, pelas quais destes a vida. Consolai também a mim, fazendo-me sentir que me perdoais, dando-me uma grande dor dos meus pecados. - Ó grande sacerdote que vos sacrificais a vós mesmo por amor das vossas criaturas, tende piedade de mim. Eu vos sacrifico, de hoje em diante, a minha vontade, os meus sentidos, as minhas satisfações e todos os meus desejos. Eu creio que vós, meu Deus, morrestes crucificado por mim. Escorra, peço-vos, também sobre mim o vosso sangue divino: ele me lave dos meus pecados. Ele me incendeie de santo amor e me faça todo vosso. Eu vos amo, ó meu Jesus, e desejo morrer crucificado por vós, que morrestes crucificado por mim.
Eterno Pai, ofendi-vos; mais eis o vosso Filho, que, suspenso neste lenho, satisfaz por mim com o sacrifício que vos oferece da sua vida divina. Eu vos ofereço os seus méritos, que são todos meus, enquanto ele a mim os deu; e, por amor deste Filho, rogo-vos que tenhais piedade de mim. A maior piedade que vos peço é que me deis a vossa graça, que eu, infeliz, tantas vezes voluntariamente desprezei. Arrependo-me de ter-vos ultrajado, e amo-vos, amo-vos, meu Deus, meu tudo; e, para dar-vos gosto, estou pronto para padecer qualquer opróbrio, qualquer dor, qualquer miséria, qualquer morte.


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Notas:
[1]: “Rapuerunt eum saevi tortores, et extenderunt in cruce, primo dexteram manum eius affligentes stipiti, qui pro clavis perforatus erat. Et manum ipsam ex ea parte perforabant, qua os solidius erat. Inde trahentes cum fune aliam manum eius, ad stipitem eam simili modo afflixerunt. Deinde dextrum pedem crucifixerunt, et, super hunc, sinistrum, duobus clavis, ita ut omnes nervi extenderentur et rumperentur.” Revelationes S. BIRGITTAE... a Card. Turrecremata recognitae, lib. 1, cap. 10. - “Manum postulatus primo dexteram extendit. Et inde alia manus ad reliquum cornu non attingens distenditur. Et pedes similiter ad foramina sua distenduntur.” Idem opus, lib. 4, cap. 70. - Vedi pure lib. 7, cap. 15.

[2]: “Illa morte peius nihil fuit inter omnia genera mortium.” S. AUGUSTINUS, In Ioannem, tract. 36, n. 4. ML 35-1665.

[3]: “Mors confixorum in cruce est acerbissima, quia configuntur in locis nervosis et maxime sensibilibus, scilicet in manibus et pedibus; et ipsum pondus corporis pendentis continue auget dolorem.” S. THOMAS, Sum. Theol., III, qu. 46, art. 6, c.

[4]: “Dolor in Christo fuit maximus inter dolores praesentis vitae... Secundo potest magnitudo considerari ex perceptibilitate patientis. Nam et secundum corpus erat optime complexionatus, cum corpus eius fuerit formatum miraculose operatione Spiritus Sancti: sicut et alia quae per miracula facta sunt, sunt aliis potiora, ut Chrysostomus (in Ioannem hom. 22, al. 21, n. 2 - in fine - et 3: MG 59-136) dicit de vino in quod Christus aquam convertit in nuptiis. Et ideo in eo maxime viguit sensus tactus, ex cuius perceptione sequitur dolor.” S. THOMAS, ibid.

[5]: Do Salmo XXXIX, 7. Assim leem os Setenta, e, com eles São Paulo, I, c.; enquanto no texto hebraico, e conforme uma outra edição dos Setenta, na nossa Vulgata, lê-se: Aures autem perfecisti mihi. Cf. Cornelius a Lapide, Commentaria in Epist. ad Hebr., l. c.

[6]: “Quarto potest considerari magnitudo doloris Christi patientis ex hoc quod passio illa et dolor fuerunt assumpta voluntarie propter finem liberationis hominum a peccato. Et ideo tantam quantitatem doloris assumpsit quae esset proportionata magnitudini fructus qui inde sequebatur.” S. THOMAS, Sum. Theol., III, qu. 46, art. 6, c.

[7]: Giovanni TIEPOLO, Le considerazioni della Passione di N. S. Gesù Cristo, Venezia, 1618, ed. II, tratt. 6, cap. 34, pag. 396: “Alguns devotos tiveram, em revelação, que os golpes das marteladas que foram dadas sobre os pregos com os quais foram trespassadas as mãos de Cristo na cruz fossem no número de 28, e aqueles que foram dados para pregar-lhe os pés fossem no número de 36”. Em outro lugar da mesma obra, p. 461, afirma que as marteladas foram 26 e alude ao Lanspérgio, com o qual concorda. - Também A. dell' Olivadi, Anno doloroso, Napoli, 1735, pag. 326, é da primeira opinião.

[8]: “Dicetur ei.... ab hominibus quos morte sua redemit....: Quid sunt plagae istae in medio manuum tuarum? ... .Testimonia sunt obedientiae, signa voluntatis et iussionis paternae... Monumenta sunt paternae caritatis, signa sunt obedientiae meae, quia ille mihi proprio Filio suo non pepercit (Rom. VIII, 32), et ego factus sum obediens illi pro omnibus usque ad mortem , mortem autem crucis (Philipp. II, 8).” RUPERTUS Abbas, Commentaria in XII Prophetas minores, in Zachariam liber 5, ML 168-802, 803. - “Et cum haec dixisset, ostendit eis manus et latus (Io. XX, 20).... Et haec livoris signa sempiterna, margaritae victoris et splendida nostrae, quam attulit, pacis ornamenta vel testimonia sunt. Nam poterat quidem, virtute qua resurrexit... clavorum et lanceae penitus exstirpare vel explanare vestigia; sed servanda erant et oculis paternis decentia Filium Dei caritatis et obedientiae signa, veneranda causae nostrae patrocinia nostrique amoris aeterna incitamenta et horroris impiorum perpetua incendia”. IDEM, In Ioannem, lib. 14. ML 169-809.

[9]: “Quod si... qua te Deus tuus dilectione prosequatur ignoras, testimonia eius credibilia facta sunt nimis. Testis crux, testes clavi, testes dolores, testes sanguinis inundantes fluvii, testis amara mors et acerbissima quam pro te sustinuit.” S. THOMAS A VILLANOVA, In dominicam 17 post Pentecosten concio 3, n. 7. Conciones, I.

[10]: “Clamat clavus, clamat vulnus, quod vere Deus sit in Christo mundum reconcilians sibi.... Patet arcanum cordis per foramina corporis; patet magnum illud pietatis sacramentum, patent viscera misericordiae Dei nostri.... In quo enim clarius quam in vulneribus tuis eluxisset, quod tu, Domine, suavis et mitis, et multae misericordiae?” S. BERNARDUS, In Cantica, sermo 61, n. 4. ML 183-1072.

[11]: A última invocação “meu amor, meu Deus, meu tudo” foi acrescentada nas ed. posteriores a 1754.

[12]: “Escrevendo o Padre (Paulo Segneri) à senhora Bianca Buonvisi, sugeriu-lhe tal meio: ‘Neste tempo da Quaresma, imagine ver escrito ao pé do Crucifixo: Eis como se ama’.” GALLUZZI, Vita del P. Paolo Segneri iuniore, lib. 4, cap. 2.

[13]: “Omnes totius mundi gentes ad fidem et amorem sui traxit.... Traxit, inquam, primo, sanguinis sui merito et pretio; secundo, suo exemplo; tertio, suo amore.” CORNELIUS A LAPIDE, Commentaria in Ioannem, in cap. XII, 32.

[14]: “Dominus... mox ut in cruce pro nostra salute pependit, omnes electos ad semetipsum per amoris desiderium traxit.” S. PETRUS DAMIANUS, Sermo 18, De inventione sanctae Crucis. ML 144-606.

[15]: “Quis enim Christum ex amore pro nobis ultro morientem non redamet?” CORNELIUS A LAPIDE, Comment. in Ioannem, in cap. XII, 32.

[16]: “Omnis enim figura eius amorem spirat et ad redamandum provocat: caput inclinatum, manus expansae, pectus apertum.” Officium Septem Dolorum B. M. V., ad Matutinum, Resp. 1. - “Aspicite vulnera Salvatoris nostri in ligno pendentis... Quid aliud videre poterimus, nisi caput inclinatum ad vocandum et parcendum, cor apertum ad diligendum, brachia extensa ad amplexandum, totum corpus expositum ad redimendum?” Sermones ad fratres in eremo (non genuini), sermo 32. Inter Opera S. Augustini, ML 40-1293.

[17]: “Christus, ad ostendendam abundantiam caritatis suae, ex qua patiebatur, in cruce positus veniam persecutoribus postulavit.” S. THOMAS, Sum. theol., III, qu. 47, art. 4, ad 1.

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