30 de dezembro de 2018

A Alma de Todo Apostolado, J. B. Chautard,

A Alma de Todo Apostolado.


J. B. Chautard


Parte 2/3

Ó fogo divino, excitai em todos aqueles que participam do vosso apostolado os ardores que transformaram os felizes que estavam em retiro no cenáculo e eles então já não serão apenas simples pregadores do dogma e da moral, senão "transfundidores" vivos do sangue divino nas almas.
Espírito de luz, gravai-lhes nas inteligências em traços indeléveis a verdade seguinte: que o seu apostolado somente será eficaz conforme a medida em que eles próprios viverem dessa vida sobrenatural íntima de que vós sois o Princípio supremo e Jesus Cristo, a Fonte.
Ó Caridade infinita, abrasai as suas vontades numa sede ardente da vida interior. Penetrai os seus corações com os vossos suaves e poderosos eflúvios e dai-lhes a sentir que, ainda neste mundo, a verdadeira felicidade apenas se encontra nessa vida, imitação e participação da vossa e da do Coração de Jesus no seio do Pai de todas as misericórdias e de todas as ternuras.

28 de dezembro de 2018

A Alma de Todo Apostolado, J. B. Chautard

A Alma de Todo Apostolado.


J. B. Chautard


Parte 1/3

PROÊMIO

"Ex quo ómnia, per quem ómnia, in quo ómnia."

Ó Deus magnífico e bondosíssimo, como são admiráveis e deslumbrantes as verdades que a fé nos manifesta acerca da vossa vida íntima.
Padre Santo, vós eternamente vos contemplais na vossa perfeita imagem, o Verbo, o vosso Verbo estremece enlevado em vossa beleza, e do vosso êxtase comum jorra um grande incêndio de amor, o Espírito Santo. 
Só vós, ó Trindade adorável, sois a vida interior perfeita, superabundante, infinita.
Bondade sem limites, desejais difundir fora de vós a vossa vida íntima. Dizeis uma palavra: e as vossas obras arrojam-se do nada para manifestar vossas perfeições e cantar vossa Glória.
Entre vós e a poesia animada pelo vosso sopro, existe um abismo; o vosso Espírito de amor quer preenchê-lo: assim terá meio de satisfazer sua imensa necessidade de amar e de se dar.
Provoca, pois, em vosso seio o decreto da nossa divinização. Este lodo afeiçoado por vossas mãos poderá, oh! prodígio, ser deificado e participar da vossa felicidade eterna.
O vosso verbo oferece-se para realizar essa obra.
E Ele se fez carne para que nós nos tornássemos deuses.
E sem embargo, Vós, ó Verbo, não haveis abandonado o seio do vosso Pai. Lá subsiste a vossa vida essencial, e dessa fonte é que hão de promanar as maravilhas do Vosso apostolado.
Ó Jesus, Emanuel, Vós confiais a vossos apóstolos o vosso Evangelho, a vossa cruz, a vossa Eucaristia e lhes confiais a missão de irem gerar para vosso Pai filhos de adoção.
Depois, voltais para vosso Pai.
É a vós, Espírito divino, que para o futuro incumbe a tarefa de santificar e de governar o corpo místico do Homem-Deus.
A fim de fazer descer a vida divina da cabeça para os membros, vos dignais escolher colaboradores para a vossa obra. Abrasados pelos fogos do Pentecostes, por toda a parte eles irão semear nas inteligências o verbo que ilumina e, nos corações, a graça que inflama, comunicando assim aos homens essa vida divina, da qual sois a plenitude.

26 de dezembro de 2018

Aniversário de 10 Anos do Blog São Pio V

26/12/2018
 
10 anos de existência!
 
Prezados Amigos, Salve Maria!
 
Hoje, com a graça de Deus, a proteção de Nossa Senhora e a bênção de nosso Padroeiro São Pio V, completamos 10 Anos de publicações!
 
Agradecemos todos os colaboradores e principalmente você caro leitor que nos acompanha diariamente.
 
Para comemorar, favor deixar um comentário na publicação de hoje informando quanto tempo e motivo de acompanhar nosso blog!
 
Um grande abraço em Cristo Nosso Senhor!
 
Administrador do Blog São Pio V

25 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 568

A MORTE DE UM REI SANTO

O rei de Castela São Fernando, falecido em 1252, quando viu que se aproximava o fim, fez-se transportar à catedral de Sevilha. A igreja encheu-se de bispos, sacerdotes, senhores do reino e de uma multidão de fiéis.. O piedoso rei despiu, então, as vestes reais, cobriu-se de saco cinza, em sinal de penitência e, assim, para edificação de todos, quis receber os últimos sacramentos da Igreja.
Um exemplo para certos católicos que parecem ter medo das coisas santas, justamente quando mais precisam delas.

24 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 567

CARIDADE PARA COM OS POBRES

S. Roberto, abade do mosteiro de Molesmes, recebeu com muita caridade dois pobres que foram pedir-lhe comida. Chamando o encarregado da despensa, pediu-lhe que desse pão aos pobres.
— Não há mais pão! — respondeu o frade.
— E de onde tirareis pão para o almoço dos confrades
— Não sei! — foi a resposta seca e descortês.
Roberto não teve remédio senão despedir os dois pobres, exprimindo-lhes sua mágoa por não ter nada que lhes dar; mas, chegada a hora da refeição, viu pães sobre a mesa.
— Irmão, de onde tendes estes pães
— Eu os tinha recebido para a comunidade.
Então Roberto, mostrando-se bastante aborrecido, meteu os pães numa cesta e lançou-os no rio. Deus, porém, em recompensa de seu espírito de caridade, supriu o pão por outras iguarias, não deixando faltar o alimento aos religiosos.

23 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 566

AMOR DESORDENADO

Hoje em dia muitos pensam ser um erro, uma crueldade, empregar a vara ou chicote, quando os filhos rebeldes merecem castigo. Estão enganados. Vejamos um exemplo histórico.
Henrique IV, de França, não tinha escrúpulo de castigar seu filho, o futuro Luís XIII. Um dia, quando lhe aplicava um corretivo, a rainha pôs-se a chorar. O rei disse-lhe:
— A senhora está a chorar porque castigo seu filho com um pouco de rigor... Saiba, porém, que um dia a senhora há de derramar lágrimas por causa do rigor com que ele a tratará.
Foi exatamente o que aconteceu após a morte do rei. Luis XIII, chegado à maioridade, primeiramente fez da mãe uma prisioneira, não consentindo que se afastasse de seus aposentos; depois, com verdadeira crueldade, expulsou-a da côrte. Depois de andar errando por vários países, viu-se afinal obrigada a estabelecer-se em Colônia, onde morreu de desgosto.
Os pais que não corrigem os filhos, temendo magoá-los, são semelhantes aos que os deixassem perecer afogados, só para não os agarrarem e arrastarem pelos cabelos.

22 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 565

UMA VINGANÇA CRUEL

Dionisio, tirano de Siracusa, tinha um ódio implacável a seu genro Dion. Para se vingar concebeu a ideia de chamar para a côrte o filho de Dion, o qual, acreditando ser aquele um ato de benevolência, deixou partir o filho. Dionisio deu ordem para que se fizessem todas as vontades e caprichos do menino e deixá-lo a vontade. Assim se fez e bem depressa o rapaz se tornou um libertino. Para cumulo, elogiava-lhe os crimes, precipitando-se ele nos maiores excessos. Quando Donísio viu o rapaz perdido, quanto desejava, mandou-o de volta ao pai, que logo percebeu a que estado fora reduzido o filho. Ficou desesperado. Confiou-o imediatamente a ótimos educadores, mas tudo foi inútil; não querendo corrigir-se nem submeter-se, o desgraçado jovem preferiu precipitar-se do alto da casa, morrendo instantaneamente.
Os grandes inimigos dos pais e dos filhos são os que se dizem educadores, porém jamais ensinam a seus alunos o temor de Deus e os sãos princípios da religião.

21 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 564

UM MODELO DA INFÂNCIA

S. Ambrósio de Sena (f 1287) deu sinais de sua futura santidade desde os mais tenros anos. Quando a mãe recitava o pequeno Oficio de Nossa Senhora, ele queria o livro e chorava até que lho desse. Em seguida folheava o livro com alegria, como se entendesse alguma coisa. O pai mandou confeccionar para ele dois livros de gravuras: um continha somente assuntos religiosos; o outro só profanos. O menino recusou este último, e mostrou grande satisfação em admirar as figuras religiosas do primeiro. Até os sete anos só se ocupava em fazer pequenas cruzes de madeira, armar oratórios e organizar procissões com as outras crianças. Dos sete anos em diante, recitava todos os dias o Oficio de Nossa Senhora, jejuava nas vigílias de vários santos e levantava-se de noite para ler biografias de santos. Aos dezessete anos entrou na ordem de S. Domingos e foi, como S. Tomás de Aquino, discípulo é êmulo de S. Alberto Magno na ciência e na santidade.

20 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 563

UM GESTO DE SANTA EUFRASIA

Santa Eufrasia, muito criança ainda, estava um dia a considerar Jesus pregado na cruz. Imaginando que Ele estava com os braços abertos como que convidando-a a abraçá-lo, lança-se sobre o crucifixo, estreita-o em seus bracinhos e promete a jesus de não amar outra coisa fora dele só. Era um gesto tocante e uma promessa solene. Ela soube manter a palavra e deu a vida por Ele.

19 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 562

ESTIMA PELO SACERDÓCIO

Santo Henrique, imperador da Alemanha, ao regressar de Roma, de onde expulsara o antipapa Gregório e restabelecera na sede de S. Pedro ao Papa Bento VIII, estacionou em Estrasburgo. Ai, assistindo aos ofícios divinos na catedral, ficou arrebatado à vista da modéstia e piedade dos cônegos e pediu ao bispo D. Werner que o admitisse entre eles. O bispo recusou-se a aceitá-lo por não querer privar o império de um homem que era sua honra e glória. Henrique, porém, não cessou de insistir, e Werner, fingindo aquiescer, disse-lhe que se apresentasse no dia seguinte. Henrique, fiel ao seu propósito, no dia e hora marcados compareceu. O bispo perguntou-lhe se prometia obedecer-lhe em tudo. O imperador, respondeu que sim. “Pois bem, replicou Werner, ordeno-vos que continueis governando o Império como até agora o fizestes”.
Ao ouvir aquelas palavras, o imperador ficou muito contristado e somente teve algum consolo, quando o bispo consentiu que ao menos fundasse uma prebenda para que um cônego exercesse em seu lugar o oficio divino.
Era assim que os santos estimavam o sacerdócio.

18 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 561

AINDA A EDUCAÇÃO SEM DEUS

João de Mairan, da Academia de Ciências, conta que conheceu, em Beziéres, um pai de família, livre-pensador, que dera uma educação ateia a seus três filhos, dois meninos e uma menina. Essa educação produziu logo os seus frutos: os três tornaram-se insubordinados, jogadores, libertinos. A pobre mãe; saciada de amargura, faleceu prematuramente. Em seguida, os filhos reclamaram a herança total, deixando o pai na miséria. Não passou muito tempo e um dos filhos morreu enforcado, por causa de seus crimes. A filha terminou seus dias num asilo de mendigos. O outro filho, abandonado por sua esposa infeliz, caiu na desonra e na miséria. O infeliz pai, em consequência de tudo isso, enlouqueceu e, no delírio, ferindo a fronte e o peito, gritava: “Onde estão meus filhos? Estão no abismo, abismo que eu mesmo lhes cavei”.
Eis os frutos desastrosos da educação materialista.

11 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 560

O BISPO CHOROU DE ALEGRIA

S. Porfirio, bispo de Gaza (Palestina), perseguido pelos idólatras, não teve remédio senão fugir e ocultar-se. Procurou abrigo numa casa humilde, onde encontrou uma velha senhora, que vivia do trabalho de sua netinha Irene, que tinha então catorze anos. Irene, ainda pagã, reconhecendo o santo bispo, ajoelhou-se-lhe aos pés e, depois, o conduziu ao terraço e ofereceu- lhe pão e azeitonas, o melhor que havia em casa.
Mais tarde, o bispo, tendo triunfado de seus perseguidores, mandou chamar Irene e instruiu-a na religião juntamente com a avó e uma tia da menina. Tendo-as instruído e batizado, disse o bispo:
— Agora, Irene, se quiseres te casar, eu te arranjarei um bom dote e um esposo cristão.
— Meu santo pai — respondeu Irene — vós já me destes um esposo; como agora quereis procurar-me outro?
— Mas que esposo eu te arranjei?
— Jesus, o Esposo das virgens. Ele me basta.
O santo prelado chorou de alegria. Confiou-a, em seguida, aos cuidados da diaconisa Massáris e, em companhia de outras jovens que lhe seguiram o exemplo, Irene levou uma vida toda consagrada ao Esposo divino.

10 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 559

O MELHOR DOS ESPOSOS

S. Margarida da Hungria, sobrinha de S. Isabel da Turíngia, recusou sucessivamente a mão de dois soberanos que eram o rei da Polônia e o da Boêmia. O pai insistia com ela para que aceitasse a mão deste último e dizia:
— Por que não te casas com Jorge, rei da Boêmia, que é belo, poderoso e rico?
— Meu pai, — respondeu, — prefiro o reino dos céus e, para meu esposo, escolhi Jesus Cristo, o mais belo, mais rico e mais poderoso dos reis. Escolhi-o justamente porque os seus tesouros são inesgotáveis e o seu reino durará eternamente.
Margarida voou para o esposo, dizendo: “Meu Deus, em vossas mãos entrego a minha alma”. Seu corpo continuou, depois da morte, corado e belo, exalando suave perfume. Contava apenas vinte e oito anos de idade. O seu túmulo foi glorificado por inúmeros milagres.

9 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 558

QUE PENSAVAM ELES DA SANTA MISSA?

Henrique III, rei da Inglaterra, ouvia todos os dias três missas. Deus o recompensou com um reinado de 56 anos.
S. Elzeário, conde de Sabran, exigia que seus domésticos ouvissem missa todos os dias.
S. Luís era muito ocupado, pois tinha de governar um reino importante, e contudo assistia à missa diariamente.
O mesmo fazia O’Connell, o libertador da Irlanda, que era também um homem ocupadíssimo.
Ozanam, embora sempre muito ocupado, dizia: “O melhor modo de economizar tempo é perder todas as manhãs meia hora ouvindo santa missa”.
Garcia Moreno, como presidente que era do Equador, apesar das suas múltiplas ocupações, punha toda a sua felicidade em ouvir a santa missa todas as manhãs.
Napoleão I visitou certa vez o pensionato de Ecouan dirigido pelo sr. Campan. Percorrendo o regulamento da casa, encontrou um artigo que dizia: “Os pensionistas ouvirão missa aos domingos e quintas-feiras”. Napoleão corrigiu o artigo, escrevendo de seu próprio punho: “Todos os dias”.
S. Margarida, rainha da Escócia, nada recomendava tanto a seus filhos como o recolhimento durante a missa. E foi bem sucedida, pois um senhor da capital (Edimburgo) dizia: “Quereis ver como rezam os anjos no céu, observai como, durante a missa, se porta nossa rainha com seus filhos”.

8 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 557

MANDOU REUNIR OS OCIOSOS

Narra a história que Pisístrato, rei da Grécia, mandou reunir numa praça pública da cidade de Atenas todos os desocupados, ociosos e vagabundos. Estando todos reunidos, ordenou que se lhes dessem animais de carga e sementes em quantidade suficiente para que fossem lavrar a terra e plantar. Com isso queria o sábio rei preservá-los do roubo, do banditismo e da dissolução.
Oh! quanta falta nos faz, em certas cidades, um inteligente e enérgico Pisístrato!...

7 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 556

LADRÕES! LADRÕES!

São Bernardo tinha então vinte anos de idade. Era fisicamente belo, porém mais formosa era a sua alma.
Um dia, durante uma excursão com seus irmãos e amigos, tiveram de passar a noite num albergue. Durante a noite, uma pessoa penetrou em seu aposento com o propósito de induzi-lo ao pecado. Bernardo acordou de sobressalto e, sem perder o sangue frio, pôs-se a gritar:
— Ladrões! Ladrões!
Enquanto os vizinhos se levantavam e corriam para socorrê-lo, a pessoa tratava de fugir.
Na manhã seguinte, durante o regresso, os companheiros riam-se dele, dizendo que sonhara com ladrões.
— Não, não! — disse ele; era um ladrão de verdade: uma pessoa que atentava contra a minha honra.

6 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 555

POBRE ALMA!

A 8 de janeiro de 1851, um jovem polonês de 18 anos morreu de maneira trágica num hotel de Lovaina, na Bélgica. Herdara dos pais uma fortuna de muitos milhões; mas os companheiros perversos, bem como as más leituras lhe tinham roubado não só a honra, mas também o temor de Deus. Cansado de prazeres e de libertinagem, retirou-se ao seu quarto.
Dai a pouco, os amigos, que continuavam jogando e bebendo, ouviram uma detonação. Correram ao quarto e encontraram o infeliz com o coração varado por uma bala. O rico herdeiro cansara de viver. De quem era a culpa? Dos pais que lhe deixaram muitos milhões, muitos maus exemplos e muitas comodidades no meio dos escândalos, porém nenhuma educação profundamente cristã!
Este infeliz tem tido muitos imitadores. Oxalá o exemplo abrisse os olhos dos pais!

5 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 554

HISTORIA DE TIAGO, O POBRE

Tiago estava diariamente à porta da igreja para receber esmolas. Era pobre, velho e doente. O padre Paulino socorria-o sempre. Um dia o mendigo não estava no lugar de costume. O Padre informou-se de seu domicilio e foi visitá-lo. Estava gravemente enfermo. Consolou-o e conseguiu administrar-lhe os últimos sacramentos. O mendigo, vendo que ia morrer, quis contar sua historia ao seu benfeitor. Disse-lhe que praticara alta traição denunciando seus amos aos revolucionários, que os fizeram morrer, na guilhotina; e que, de toda a família, só se salvara o pequeno paulino. Ao terminar essa triste historia, o mendigo, tomando uma cruzinha de ouro, que trazia consigo, passou-a às mãos do benfeitor, dizendo:
— Padre, esta é a joia que a senhora condessa trazia sempre sobre o peito.
O Padre quase caiu desfalecido, Tinha em suas mãos uma lembrança de sua querida e saudosa mãe e achava-se diante daquele que denunciara os pais aos revolucionários. Desabafou-se chorando e rezando de joelhos junto ao leito do moribundo. Por fim, tendo oferecido a Deus aquele seu grande sacrifício, levantou-se e disse:
— Tiago, Deus te perdoou; e eu também te perdoo, pois sou eu o pequeno Paulino, hoje, pela graça de Deus, ministro do Senhor.

3 de dezembro de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 553

UMA BOA BOFETADA

Santa Micaela do SS. Sacramento era não só religiosa exemplar, mas também uma educadora enérgica. As educandas conheciam a sua ternura maternal, mas, quando não procediam bem, tinham de experimentar, a sua energia. Uma aluna, que em casa não recebera educação conveniente, um dia respondeu-lhe com demasiada insolência. A santa religiosa corrigiu-a com uma boa bofetada. A menina, reconhecendo a falta que cometera, ajoelhou-se e agradeceu à Santa, dizendo:
— Se minha mãe tivesse feito o mesmo comigo, eu hoje não teria sido insolente.

1 de dezembro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Uma Cópia da Virgem Santíssima


Esta coleção de retratos da Virgem Santíssima encerra-se com o retrato duma sua filha, que copiou em si mesma com perfeição a imagem de sua Mãe:
Santa Maria Goretti, filha de Maria e mártir da pureza.
Sabeis quando recebeu Maria Goretti a medalha de Filha de Maria?
Quando agonizava no hospital, depois de ter sido apunhalada por defender a sua pureza.
Na casa onde morreu a Santa, existe uma lápide com esta inscrição: "Aqui passou Maria as suas últimas horas, aqui perdoou ao seu assassino, aqui recebeu o Viático e a medalha de Nossa Senhora, aqui morreu".
As últimas horas da virgem mártir foram um desfalecer de amor pela Rainha dos Céus.
Beijava com fervor impressionante a imagem da Santíssima Virgem.
Tinha os olhos cravados no quadro de Nossa Senhora que estava pendurado na parede. 
"Nossa Senhora espera-me", repetia com plena consciência e com doce convicção.
Ao ver este carinho que a virgem mártir manifestava pela Virgem das virgens, foi quando o confessor lhe propôs: Gostarias de ser inscrita nas Filhas de Maria? Um clarão de alegria brilhou no seu semblante e respondeu: muitíssimo. Pois então enviarei o teu nome para a Congregação de Roma e entretanto imponho-te a medalha.
Quando a fita de Filha de Maria pendia do seu pescoço, aquele anjo de pureza esquecia as suas dores, pegava na medalha e beijava-a com fervor. Que contente de ter por Mãe a Virgem Santíssima!
E Nossa Senhora, que contente e orgulhosa por receber nos seus braços maternais aquela filha tão parecida com ela, aquela virgem fiel que tinha na mão um ramo de açucenas salpicado com o sangue do martírio!
Amor à virgindade até morrer apunhalada para a defender; e na mesma medida o amor à modéstia, pois o assassino arrependido, confessou depois que durante a luta mortal, mais que evitar as punhaladas ela preocupava-se por cobrir o corpo com os farrapos do vestido, rasgado pelo ferro homicida.
Que rasgo tão emocionante, tão heroico de pudor cristão! 
Pureza e modéstia: as duas irmãs que andam sempre juntas.
O cadáver da santa, ainda que não incorrupto, está vestido segundo o costume romano: a cabeça coberta por uma mascarilha de cera. O resto do corpo vestido com uma túnica branca, como o vestido da primeira comunhão. Sobre o peito, a medalha de Filha de Maria, pendente duma fita azul. A cintura uma faixa também azul, como a de Nossa Senhora de Lourdes. Na mão direita segura o rosário que nunca abandonava em vida, aquele rosário que tinha sempre na mão durante os dias angustiosos em que viveu sob a ameaça do assassino. Numa mão continua segurando o rosário e na outra uma palma de prata, simbolo do triunfo martirial da sua virgindade.
Assim descansa o cadáver da Filha de Maria como os corpos dos santos, debaixo do altar servindo de ara ao esposo das almas virgens que se sacrifica todos os dias sobre o altar; assim passeou triunfante pelas campinas e cidades de Itália; assim passeou em triunfo pelas ruas da Cidade Eterna.
A fita azul e a medalha de Nossa Senhora sobre um corpo crivado de catorze punhaladas, catorze açucenas esmaltadas com a púrpura do seu próprio sangue.
Formosa cópia da Virgem Santíssima menina, da Virgem Santíssima jovem, da Virgem Santíssima mártir, da Santíssima Virgem virgem.
Filha de Maria que teve uma alma e um coração semelhantes aos de sua Mãe e por isso amou as virtudes queridas de sua Mãe: a pureza, a modéstia.
Copia a Virgem Santíssima, tua Mãe, como a copiou esta tua irmã.
Para te ajudar nisso, ponho nas tuas mãos, este livro, Retratos de Nossa Senhora, apesar de muito imperfeito e lembro-te as palavras de Jesus Cristo: "Aí tens a tua Mãe!"