29 de outubro de 2019

Jesus é um Diretor Paciente - Santa Teresinha

Durante o meu postulantado ficava contente de ter coisas boas para meu uso, de encontrar ao alcance da mão tudo o que fosse necessário. "Meu Diretor" suportava com paciência, pois não gosta de mostrar às almas tudo ao mesmo tempo. De ordinário concede a sua luz pouco a pouco.

28 de outubro de 2019

O Diretor dos Diretores - Santa Teresinha

Disse que Jesus foi "o meu Diretor". Ao entrar para o Carmelo, travei conhecimento com alguém que me serviria como tal, mas ele partiu para o desterro, logo depois de me admitir no número de suas filhas... Assim foi só conhecê-lo para logo me  privar dele... Limitada a receber uma carta sua por ano sobre as doze que lhe escrevia, meu coração de pronto se volveu para o Diretor dos diretores, e foi quem me instruiu na ciência oculta aos sábios e entendidos, dignando-se revelá-la aos pequeninos...

27 de outubro de 2019

"O meu Diretor" - Santa Teresinha

Oh! não tive dúvida em admiti-lo. Sentia quanto era fraca e imperfeita, mas a gratidão inundava minha alma. Tanto receava ter manchado a veste do meu Batismo, que a declaração, saída da boca de um diretor, como os que Nossa Santa Madre Teresa desejava, isto é, os que unissem a ciência à virtude, me parecia proferida pela boca do próprio Jesus... Disse-me ainda o bom Padre as seguintes palavras, que ficaram carinhosamente gravadas no meu coração: "Minha filha, Nosso Senhor seja sempre vosso Superior e vosso Mestre de noviços". E de fato, ele o foi, e foi também "meu diretor".

26 de outubro de 2019

A ALMA DE TODO APOSTOLADO

J. B. Chautard

Parte 2/4

D. Sebastião Wyart, que conhecera tão bem os trabalhos do asceta como as fadigas da vida militar, o labor do estudo e os cuidados inerentes ao cargo de superior, comprazia-se em dizer amiúde que havia três espécies de trabalhos:
1º - O trabalho quase exclusivamente físico daqueles que exercem uma profissão manual, do lavrador, do artista, do soldado. Este trabalho, afirmava ele, pense-se o que se quiser, é o menos rude dos três;
2° - O trabalho intelectual do sábio, do pensador, procurando, por vezes, tão arduamente a verdade, o do escritor, do professor, que envidam todos os esforços para a fazer penetrar em outras inteligências, o do diplomata, do negociante, do engenheiro, etc..., os esforços de cabeça do general, durante o combate, para prever, dirigir e decidir. Em si, diz ele, este trabalho é muito mais penoso que o primeiro, e o adágio - a função gasta o órgão - exprime esta prioridade.
3° - Enfim o trabalho da vida interior. Dos três ( e ele não hesitava em programá-lo ), é o mais penoso quando se toma a sério. Mas é também o que nos oferece maior número de consolações neste mundo. É também o mais importante. Constitui não já a profissão do homem, mas o próprio homem. Quantos se ufanam de ser corajosos nos dois primeiros gêneros de trabalhos e alcançam fortuna e êxito, não passam de inertes, de preguiçosos, de cobardes, quando se trata do trabalho para a virtude!
O ideal do homem decidido a adquirir a vida interior é esforçar-se por se dominar incessantemente a si mesmo e a tudo aquilo que o rodeia, a fim de que todas as suas ações redundem em glória de Deus. Para o realizar, esforça-se por se conservar unido a Jesus Cristo em todas as circunstâncias, com os olhos fitos no escopo a atingir, e pesa tudo a luz do Evangelho. Quo vadam et ad quid (Para onde e a que irei)? repete com Santo Inácio.Tudo, portanto, nele, tanto a inteligência e a vontade como a memória, a sensibilidade, a imaginação e os sentidos, tudo depende de um princípio. Mas quão enorme soma de trabalho lhe custa o chegar a este resultado! Quer se mortifique ou se entregue a um ou outro recreio lícito, quer reflita ou execute, quer trabalhe ou descanse, quer ame o bem ou sinta aversão pelo mal, quer deseje ou tema, quer aceite a alegria ou a tristeza, cheio de esperança ou de temor, indignado ou tranquilo, sempre e em tudo se esforça com energia por manter a cana do leme na direção da plena vontade divina. Na oração, sobretudo junto da Eucaristia, anda mais completamente se isola dos objetos visíveis, a fim de chegar a falar com Deus invisível como se o visse com os próprios olhos. No decurso dos trabalhos apostólicos, procura realizar esse ideal que São Paulo admira em Moisés.
adversidades da vida, tormentas suscitadas pelas paixões, nada logra fazê-lo desviar um só ápice da linha de conduta que se impôs. Se, porventura, fraqueja um momento, depressa recobra ânimo e continua com mais vigor a marcha para a frente.
Que trabalho! Como facilmente se compreende que Deus recompense já neste mundo com alegrias especiais aquele que não recua perante o esfôrço exigido por esse trabalho!
Ociosos, concluía D. Sebastião, ociosos os verdadeiros religiosos, os padres interiores e cheios de zelo! Deixem-se de histórias! Eles, os mundanos mais azafamados, que venham analisar se o seu trabalho se pode comparar com o nosso.




25 de outubro de 2019

"O Meu Diretor" - Santa Teresinha

O Padre Pichon tendo vindo para a profissão de Irmã do Sagrado Coração, ficou surpreso ao verificar o que o Bom Deus operava em minha alma. Disse-me que na véspera me observou a rezar no coro, e achava meu fervor muito próprio de criança, e meu caminho muito suave. A conversa com o bom Padre foi para mim um consolo muito grande, embora anuviado de lágrimas por causa da dificuldade que senti em abrir minha alma.
Fiz, contudo, uma confissão geral como nunca fizera anteriormente. No fim disse-me o Padre estas palavras, as mais consoladoras que me vibraram aos ouvidos da alma: "Na presença do Bom Deus, da Santíssima Virgem e de todos os Santos, declaro que jamais cometestes um só pecado mortal". Acrescentou em seguida: "Agradecei ao Bom Deus o que fez por vós, pois se vos tivesse abandonado, em lugar de ser um anjinho, tornar-vos-íeis um demoninho".

24 de outubro de 2019

Deus não Precisa, mas... - Santa Teresinha

Bem sei que o Bom Deus não precisa de ninguém para fazer sua obra. Mas, assim como ele permite a um jardineiro competente cultivar plantas raras e mimosas, e para tanto lhe ministra a ciência necessária, e a si mesmo reserva a incumbência de fecundar, da mesma maneira quer Jesus ser ajudado no divino cultivo das almas.
Que aconteceria se um jardineiro incompetente não enxertasse bem seus arbustos? Se não soubesse distinguir a constituição de cada qual e quisesse produzir rosas em pessegueiros?... Faria morrer a árvore que, aliás, era boa e capaz de produzir frutos.
Assim, se torna necessário saber discernir já na infância, o que o Bom Deus exige das almas, e secundar a ação de sua graça, sem que a ultrapasse ou retarde.

23 de outubro de 2019

Quantas Almas Chegariam à Santidade se Fossem bem Dirigidas - Santa Teresinha

Certo é que o Batismo deposita nas almas um gérmem muito profundo das virtudes teologais, uma vez que já se manifestam desde a infância, e que a esperança dos bens futuros é quanto basta para a aceitação dos sacrifícios...
Vendo de perto essas almas inocentes, compreendi a desgraça de não as  formar devidamente desde o despertar da razão, enquanto ainda se assemelham à cera mole, na qual é  possível moldar o selo tanto da virtude como da maldade... compreendi o que disse Jesus no Evangelho: "Melhor seria ser lançado ao mar, do que escandalizar um só destes pequeninos". Oh" quantas almas chegariam à santidade se fossem bem dirigidas!

22 de outubro de 2019

O Hóspede do Nosso Coração - Santa Teresinha

O nosso Deus, o Hóspede do nosso coração bem sabe que "não  podemos cantar os cânticos do Senhor numa terra estrangeira, por isso ele vem a nós com a intenção de encontrar uma morada, uma tenda VAZIA, no meio do campo de batalha da terra.
"Nós nada sabemos pedir, como deve ser, mas é o Espírito que pede em nós com gemidos inenarráveis". Não temos mais nada a fazer senão entregar a nossa alma, abandoná-la ao nosso grande Deus.
Como deve ser grande a alma para conter um Deus! E contudo a alma da criança de um dia é para ele um paraíso de delícias, o que serão então as nossas que lutaram, sofreram para encantar o Coração do seu Amado?

21 de outubro de 2019

Guarda a Palavra - Santa Teresinha

Guardar a palavra de Jesus, aqui está a única condição da nossa felicidade, a prova do nosso amor por ele. Mas o que é então essa palavra?... Parece-me que a palavra de Jesus é ele mesmo, ele, Jesus, o Verbo, a Palavra de Deus!... Ele no-lo diz mais adiante no mesmo Evangelho de São João. Orando a seu Pai pelos seus discípulos, exprime-se assim: "Santificai-os pela vossa palavra, a vossa palavra é a Verdade...". Em outra passagem Jesus ensina-nos que ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Nós possuímo-la, a Verdade, nós conservamos Jesus nos nossos corações!...

20 de outubro de 2019

Deus não tem Pressa - Santa Teresinha

Celina, o sol e a chuva podem cair sem a desbotar sobre esta florinha desconhecida "Celina". Ninguém pensa em colhê-la, mas não é ela também virgem?... Sim, visto que só Jesus a viu, visto que foi ele que a criou só para si! Oh! então ela é mais feliz do que a rosa brilhante que não é só para Jesus!
Celina, felicito-te pela tua festa de uma maneira pouco comum, pode se dizer, mas tu vais compreender as palavras incoerentes de tua Teresa... Celina, parece-me que o Bom Deus não tem precisão de anos para fazer a sua obra de amor numa alma, um raio de luz do seu coração pode num instante fazer desabrochar a sua flor para a eternidade...

19 de outubro de 2019

Bem-Aventurados os que Sofrem - Santa Teresinha

Celina, os corações puros estão muitas vezes cercados de espinhos, muitas vezes estão em trevas, então lírios crêem ter perdido a sua brancura, pensam que os espinhos que os cercam conseguiram rasgar sua corola! Compreendes, Celina? Os lírios no meio dos espinhos são os prediletos de Jesus, é no meio deles que ele encontra suas delícias! "Bem-aventurado aquele que foi achado digno de sofrer a tentação!"

18 de outubro de 2019

O meu Pranto - Santa Teresinha

Bem o sei, Jesus, meus suspiros e meu pranto são a teus olhos radiantes de encantos; os Serafins no céu formam tua corte de luz, no entanto, tu procuras meu amor, Jesus... Tu queres meu coração... eu to dou, não o nego!
Todos os meus desejos, enfim, te entrego; e aqueles a quem amo, ó meu Esposo, meu Rei, só por ti os quero amar, bem sei.

17 de outubro de 2019

Deus é Justo - Santa Teresinha

Parece-me que se todas as criaturas recebessem as mesmas graças que eu, o Bom Deus não seria  temido por ninguém, mas amado até a loucura; e por amor, não a tremer, nenhuma alma jamais consentiria em lhe causar desgosto... Compreendo, todavia, que nem todas as almas podem ser semelhantes. É preciso que haja várias categorias, a fim de honrarem de modo especial cada uma das perfeições do Bom Deus. A mim me deu sua infinita misericórdia através da qual contemplo e adoro as demais perfeições divinas!... Então todas se me apresentam radiosas de amor... A própria justiça (talvez mais do que qualquer outra) se me afigura revestida de amor... Que doce alegria pensar que o Bom Deus é  justo, quer dizer, leva em consideração nossas fraquezas, conhece perfeitamente a fragilidade de nossa natureza. De que então teria eu medo?

16 de outubro de 2019

Deus é Carinhoso - Santa Teresinha

Jamais ouvira dizer que as faltas podiam não desagradar ao Bom Deus; essa certeza encheu-me de alegria e levou-me a suportar com paciência o exílio da vida. Senti, bem no fundo do coração, que era verdade, pois o Bom Deus é mais carinhoso do que uma mãe. Ora, não estais vós, minha querida Mãe, sempre pronta a relevar-me as pequenas indelicadezas, que involuntariamente faço?... Quantas vezes já não tive a doce experiência!... Nenhuma censura me sensibilizaria tanto, quanto uma única de vossas carícias. Sou de tal feitio, que o temor me faz retroceder. Com amor, não caminho apenas, mas vôo...

14 de outubro de 2019

A Vida é um Návio - Santa Teresinha

Ah! era bem, única e exclusivamente pela Santíssima Virgem que eu ia à Abadia... Por vezes sentia-me sozinha, muito sozinha. Como nos dias de minha vida de semi-interna, quando triste e doente passeava no grande pátio, repetia as palavras que sempre me fizeram renascer paz e alento no coração: "A vida é teu navio e não tua morada!" Quando ainda pequenina, estas palavras davam-me coragem. Ainda agora, a despeito dos anos que apagam as impressões da piedade infantil, a imagem do navio enleva minha alma ajudando-lhe a suportar o exílio... Não nos diz também a Sabedoria "a vida é como uma nau que sulca as ondas agitadas, e de cuja rápida passagem não fica nenhum vestígio?"

13 de outubro de 2019

Ato de Oferecimento - Santa Teresinha

Meu Deus, ofereço-vos todas as ações que fizer neste dia, nas intenções e pela glória do Sagrado Coração de Jesus: quero santificar as palpitações do coração, os pensamentos e as ações mais simples, unindo-os aos seus méritos infinitos, e reparar as minhas culpas lançando-as na fornalha do seu coração misericordioso.
Ó Senhor, peço-vos para mim e para todos os que me são caros, a graça de cumprir perfeitamente a vossa santa vontade, de aceitar por vosso amor as alegrias e as penas desta vida passageira, a fim de estar um dia reunidos no céu por toda a eternidade. Assim seja!

12 de outubro de 2019

Sob as Suas Asas Transbordo de Alegria - Santa Teresinha

Chorei pensando que o Senhor fez aquela comparação para que compreendêssemos a sua ternura. Em toda a minha vida fez assim comigo, escondeu-me completamente sob as suas asas. Não me contive, o coração transbordava de gratidão e de amor.

11 de outubro de 2019

Escondeu-me na Fenda do Rochedo - Santa Teresinha

O Bom Deus que queria chamar a si a menor e a mais fraca de todas, apressou-se a desenvolver-lhe as asas. Ele que se compraz em mostrar sua bondade e seu poder, servindo-se de instrumentos menos dignos, houve por bem chamar-me a mim antes de Celina, que, sem dúvida, merecia muito mais esse favor... Jesus sabia quanto eu era fraca e por isso escondeu-me, como primeira, na fenda do rochedo.

10 de outubro de 2019

A ALMA DE TODO APOSTOLADO

J. B. Chautard

Resposta a uma primeira objeção: É ociosa a vida interior?

Parte 1/4
Este livro apenas se dirige a homens de obras, animados por ardente desejo de trabalhar pela salvação das almas, mas expostas a negligenciar as medidas necessárias para que sua dedicação produza frutos fecundos nas almas, sem que para eles próprios se torne um dissolvente de vida interior.
Estimular os pretensos apóstolos que prestam culto ao repouso; galvanizar as almas iludidas pelo egoísmo que lhes mostra na ociosidade um meio de favorecer a piedade; sacudir a indiferença desses indolentes, desses inertes que, com a esperança de alguns proveitos ou honras, estão dispostos a aceitar certas obras, contanto que elas em nada perturbem seu sossego e seu ideal de tranquilidade: tal não é nosso fito. Essa tarefa reclamaria uma obra especial.
Deixando, pois, a outros o cuidado de fazer compreender a essa categoria de apáticos as responsabilidades de uma existência que Deus quisera ativa e que o demônio, de concerto com a natureza, torna infecunda por falta de atividade e de zelo, voltemos aos queridos e veneráveis colegas para quem especialmente escrevemos.
Nenhuma comparação pode exprimir bem a intensidade infinita de atividade que existe no seio de Deus. A vida interior do Pai é tal que gera uma pessoa divina. Da vida interior do Pai e do Filho procede o Espirito Santo.
A vida interior comunicada aos apóstolos no cenáculo imediatamente lhes inflamou o zelo.
Para todas as pessoas instruídas que se não esforçam por desvirtuá-la, essa vida interior é um princípio de dedicação.
Ainda que se não revelasse por manifestações exteriores, a vida de oração é sempre em si e intimamente fonte de atividade, a nenhuma outra comparável. Nada mais falso do que ver nela qual oásis, servindo  de refúgio aos que sossegadamente querem passar sua vida. Basta que seja o caminho que mais diretamente conduz ao reino dos céus para que o texto: Regnum coelorum vim pratitur, et violenti rápiunt illud  lhe deve ser especialmente aplicado.


8 de outubro de 2019

A ALMA DE TODO APOSTOLADO
J. B. Chautard

Parte 2/2
Com frequência ordena-se ao neurastênico que se abstenha, e as vezes por largo período de tempo, de todos os trabalhos. Remédio para ele insuportável, porque a sua doença o lança precisamente em excitação febril, que, tornada como segunda natureza, o impele a procurar incessantemente novo dispêndio de forças e comoções que lhe agravam o mal.
Assim sucede quase sempre ao homem de obras, com relação à vida interior. Tanto mais a desdenha, que digo? tanto maior repugnância sente por ela, quanto somente na sua prática se encontra o remédio para o seu estado mórbido. Procurando de preferência atordoar-se cada vez mais sob a avalanche de trabalhos crescentes e mal dirigidos, vai dessa sorte afastando toda a possibilidade de cura.
O navio desliza a todo vapor. E enquanto aquele que o dirige admira a velocidade da marcha, Deus julga que esse navio, por falta de piloto prudente, corre à ventura e com perigo de soçobrar. Adoradores em espirito e em verdade, eis o que Nosso Senhor exige antes de mais nada. Ilude-se o "americanismo", pensando que contribui para a maior glória de Deus, visando principalmente aos resultados exteriores.
Este estado de espirito explica bem o fato contemporâneo de se apreciarem ainda as escolas, os dispensários, as missões, os hospitais e de se compreender, ao contrário, cada vez menos a dedicação na sua forma íntima, pela penitência e pela oração. Não tendo já forças para acreditar na virtude da imolação oculta, muitos não se contentam apenas com tratar de cobardes e de iluminados os que a ela se consagram na solidão do claustro, sem ficarem inferiores no zelo ardente pela salvação das almas aos mais infatigáveis missionários; metem ainda a ridicularizar as pessoas de obras que julgam indispensável roubar alguns instantes às ocupações mais úteis, para irem purificar e inflamar seu zelo junto do sacrário, e obter do Hóspede divino maiores e melhores resultados para seus trabalhos.

6 de outubro de 2019

A ALMA DE TODO APOSTOLADO
J. B. Chautard

Quão desconhecida é esta vida interior

Parte 1/2

São Gregório Magno, tão hábil administrador e zeloso apóstolo como grande contemplativo, com uma só palavra: secum vivebat (Vivia consigo mesmo), caracteriza o estado de alma de São Bento, que, em Subíaco, lançava os fundamentos da sua regra, tornada uma das mais poderosas alavancas de apostolado de que Deus se tem servido na terra.
É precisamente o contrário que se deve afirmar da grande maioria dos nossos contemporâneos; Viver consigo mesmo, em si mesmo, querer-se governar e não se deixar governar pelas coisas exteriores, reduzir a imaginação, a sensibilidade e até a inteligência e a memória ao papel de servas da vontade e conformar constantemente esta vontade com a vontade de Deus, é programa que dia a dia se vai aceitando cada vez menos, neste século de agitação que viu nascer um ideal novo: o amor da ação pela ação.
Para frustar esta disciplina das faculdades, bons se julgam todos os pretextos: negócios, cuidados de família, higiene, boa fama, amor da pátria, prestígio da corporação, pretensa glória de Deus, procuram à porfia impedir-nos de viver em nós mesmos. Esta espécie de delírio da vida fora de si chega até a exercer sobre nós uma fascinação irresistível.
Devemos admirar-nos então de que a vida interior seja desconhecida?
Desconhecida, é ainda dizer pouco; essa vida é amiúde desprezada e ridicularizada, até por aqueles mesmos que mais deveriam apreciar as suas vantagens e a sua necessidade. Houve-se mister da memorável carta dirigida por Leão XIII ao Cardeal Gibbons, arcebispo de Baltimore, para protestar contra as consequências perigosas de uma admiração exclusiva pelas obras.
A fim de evitar o trabalho da vida interior, o homem da igreja chega a desconhecer a excelência da vida com Jesus, em Jesus, por Jesus; chega a esquecer que, no plano da Redenção, tudo, ainda que construído sobre a rocha de Pedro, nem por isso deixa de ter fundamento na vida eucarística. Relegar para o segundo plano o essencial, eis no que inconscientemente trabalham os partidários dessa espiritualidade moderna, designada pela palavra: americanismo. Para eles, a igreja não é ainda um templo protestante. O sacrário não esta ainda vazio. Mas a vida eucarística, em sua opinião, quase não pode adaptar-se, nem sobretudo bastar às exigências da civilização moderna; e a vida interior que necessariamente promana da vida eucarística, já passou da moda.
Para as pessoas, e são legião, imbuídas dessas teorias, a comunhão perdeu o verdadeiro sentido que nela encontravam os primeiros cristãos. acreditam na Eucaristia, mas não a consideram já como um elemento de vida tão necessário para elas como para as suas obras. Visto que os colóquios íntimos com Jesus-Hóstia quase não existem já para essas pessoas, nenhuma admiração nos deve causar o fato de se considerar a vida apenas como uma lembrança da Idade Média.
Realmente, ao ouvir a maneira como esses homens de obras falam das suas empresas, seríamos levados a pensar que o Onipotente, o qual criou os mundos sem esforço algum e perante quem o universo mais não é do que poeira e nada, não pode prescindir do seu concurso! Sutilmente, grande número de fiéis, e até de sacerdotes e religiosos, ao prestarem tanto culto à ação, chegam a fazer dela uma espécie de dogma, que inspira sua atitude, os seus atos e os leva a entregarem-se desenfreadamente a uma vida fora de si mesmos. A Igreja, a diocese, a paróquia, a congregação, a obra carecem dos meus serviços, como eles se julgariam felizes em poder dizer isto. . . 
Eu sou mais útil a Deus. E se não ousam manifestar tal enfatuação, existe, entretanto, latente no fundo de sua alma, assim a presunção que lhe serve de base, como a atenuação de fé que lhe deu origem.

5 de outubro de 2019

Aquele que me Encantou - Santa Teresinha

Crescia no amor do Bom Deus, sentia no meu coração impulsos até então desconhecidos, tinha, às vezes, verdadeiros transportes de amor. Numa noite, não sabendo como declarar a Jesus que o amava, e quanto desejava que ele fosse amado e glorificado em toda parte, veio-me com grande dor o pensamento que do inferno ele não poderia jamais receber um único ato de amor. Disse então ao Bom Deus que, para lhe dar prazer, de bom grado consentiria em ver-me ali imersa, a fim de que ele fosse eternamente amado naquele lugar de blasfêmia... Sabia que isso não poderia glorificá-lo, mas quando se ama, sente-se a necessidade de dizer mil desatinos. Se falava assim, não era porque o Céu não aguçasse minha ambição. Mas, então, o Céu para mim não era outra coisa senão o Amor.

4 de outubro de 2019

Deus, Alma de Nossa Alma - Santa Teresinha

Deus é admirável, mas antes de tudo é amável...
Amemo-lo, pois, amemo-lo a ponto de sofrer por ele tudo o que lhe aprouver, até as penas da alma, a aridez, as angústias, as friezas aparentes...
Deus será a alma da nossa alma.

3 de outubro de 2019

Só Sabia Falar com Ele - Santa Teresinha

Acaso não era Jesus o meu único amigo? Não sabia falar senão com ele. As conversas com as criaturas, mesmo as conversas piedosas, cansavam-me a alma... Sentia que era melhor falar a Deus do que falar de Deus, pois mistura-se tanto amor-próprio nas conversas espirituais!

2 de outubro de 2019

No Sulco Luminoso de Deus - Santa Teresinha

Jamais esquecerei a impressão que o mar me causou. Não podia impedir-me de olhá-lo sem cessar. A sua majestade, o bramido das ondas tudo falava à minha alma da Grandeza e do Poder de Deus...
Ao entardecer, à hora que o sol parece banhar-se na imensidão das ondas, deixando atrás de si um sulco luminoso, ia sentar-me sozinha com Paulina no rochedo... Então, lembrava-me da tocante história do "Sulco de ouro"! Contemplei longamente esse sulco luminoso, imagem da graça a clarear a rota do barquinho de graciosa vela branca... Junto a Paulina, tomei a resolução de nunca afastar minha alma do olhar de Jesus, a fim de que navegue em paz, para a Pátria do Céu!...

1 de outubro de 2019

Tu que Criaste o Coração das Mães... - Santa Teresinha

Em ti, que soubeste criar o coração das mães, eu encontro toda ternura paterna. Verbo eterno, Jesus, meu único amor, o teu coração é mais que materno para mim. Sempre me segues e me guardas, e quando te invoco logo acorres, e se alguma vez pareces esconder-te, sem demora me ajudas a procurar-te.