30 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 11

ASSIM SÃO OS FILHOS

Na história Evangélica encontramos cinco pais que acodem ansiosos a Jesus, intercedendo por seus filhos: um pede a saúde, outro a honra, outro a vida...
Só uma vez encontramos um filho que pede por seu pai Sabeis o que pediu?
Licença para ir enterrá-lo!...

29 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 10

A GRANDEZA DO PAPADO

Encerrada a Revolução Francesa, assenta-se no trono de Franca um rei herdeiro dos funestos princípios da Revolução: Luís Filipe de Orleans. Thiers é o presidente do Conselho de Ministros e é, ao mesmo tempo, magnífico escritor, e político a Maquiavel. Um dia está em Roma e quer ver o Papa. O Santo Padre prontifica-se a recebê-lo; mas Thiers, como protestante que é, põe uma condição: não ajoelhar-se diante do Papa, nem beijar-lhe a mão. Ciente dessa condição, Gregório XVI sorri apenas. Entra, afinal, nos aposentos pontifícios o famoso Presidente. O Papa estende-lhe a mão para cumprimentá-lo, mas, em presença daquela imponente figura branca, Thiers sente apoderar-se de sua alma um sentimento indefinível. Vacila um instante, cai de joelhos e oscula o pé do Vigário de Cristo. O Papa pergunta-lhe cheio de bondade:
— Tropeçou em alguma coisa, sr. Presidente?
E Thiers comovido responde:
— Santíssimo Padre, tropecei na grandeza do Papado!

28 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 9

A GANA DE SER RICO

Já ouvistes a história de João Wilde? Dizem que na ilha de Bergen há uma multidão de anõezinhos habitando um palácio de cristal, no interior da montanha. De vez em quando saem do seu palácio encantado para bailar pelos campos. Mas, se numa dessas excursões, algum anãozinho perde um de seus sapatinhos de vidro tem que voltar e procurá-lo, até que o encontre, custe o que custar.
Um lavrador, chamado João Wilde, que sabia desse segredo, resolveu apanhar um desses sapatinhos e fazer fortuna. Saiu, pois, á meia-noite, deitou-se ao pé da montanha e fingiu que dormia. Apareceram os anõezinhos e, vendo-o dormir, bailaram tranquilos e alegres á luz do luar. João Wilde espreitava-os e vendo que um deles deixou cair o sapatinho, de um salto apoderou-se do precioso tesouro. No dia seguinte o anãozinho, disfarçado em viajante, dirigiu-se á casa do lavrador. Este negou-se a devolver-lhe o sapatinho, e o anãozinho, em seu desespero, ofereceu-lhe pelo sapatinho tudo o que quisesse.
— Quero, disse João, que daqui em diante, a cada golpe do meu enxadão apareça urna moeda de ouro.
Firmou-se o contrato. Wilde com mão trémula tomou o enxadão, mergulhou-o na terra e — Ó sorte! — reluzente e novinha apareceu uma moeda de ouro. Todo o dia, de sol a sol, esteve cavando, e todo o dia esteve recolhendo moedas. Voltou no dia seguinte, e também no outro e — como achava curto o dia — começou a passar a noite desenterrando moedas de ouro. Sem descanso, sem sossego, cavou, suou, mourejou. Nem um momento de repouso, tamanha era a ânsia de amontoar ouro, ouro e mais ouro... Um dia, porém, encontraram-no estendido no campo ao lado do seu enxadão: morrera de fadiga sobre um montão de moedas de ouro. O anão dera-lhe o ouro por castigo.
Já disseste talvez: Faço sempre a vontade de Deus e no entanto vivo na pobreza; outros vivem a ofendê-lo e gozam de abundancia... Não te queixes, meu irmão; a tua pobreza, suportada com resignação, é uma mina de méritos para o céu. A riqueza mal adquirida ou mal .empregada será a causa de grandes castigos na vida futura.

27 de novembro de 2015

Sermão para o Último Domingo depois de Pentecostes – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Sermão para o Último Domingo depois de Pentecostes
22.11.2015 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Em nome do Pai...
Ave Maria...
Caros católicos, o ano litúrgico nos faz reviver praticamente toda a história da salvação. O ano litúrgico tem início, então, com o Advento, que significa a espera pela vinda de Cristo no Antigo Testamento. E nada mais natural que se conclua pelo fim do mundo, pela segunda vinda de Cristo para julgar vivos e mortos, no que é chamado de juízo universal. A Igreja com a liturgia, com o ano litúrgico, nos faz reviver os principais momentos da história da Salvação, mas não se trata unicamente de uma recordação. A Igreja nos dá também a graça própria daquele acontecimento e da festa que celebra, para que nos santifiquemos. Por exemplo, no Natal, festejando o nascimento do Menino Jesus, a Igreja quer nos dar a graça da infância espiritual, para que nos portemos realmente como filhos de Deus e inteiramente dependentes dEle.
Hoje, no último domingo do ano litúrgico, a Igreja não celebra um fato já passado, mas nos prepara para algo que ainda vai ocorrer. Ela nos prepara para o juízo universal e, nos preparando para o juízo universal, quer que nos preparemos para a nossa morte, quando acontecerá o nosso juízo particular.
Como sabemos, o juízo particular ocorre no instante de nossa morte e nele somos julgados por Deus. Três coisas podem ocorrer com nossa alma nesse momento: o castigo com a condenação eterna no inferno, se morremos em pecado mortal, e basta um só pecado mortal para a condenação eterna; o purgatório (depois do qual a alma vai sempre para o céu), se morremos em estado de graça, mas com pecados veniais ou devendo ainda expiar por pecados já perdoados; e, finalmente, no juízo particular a alma pode ir diretamente para o céu se morreu em amizade com Deus, isto é sem pecado mortal, mas também sem pecados veniais e tendo expiado todos os pecados já perdoados. A sorte da nossa alma é decidida no instante da nossa morte. E, nesse instante, já não poderemos fazer mais nada, apenas nos submeter à justíssima sentença de Cristo. Esse é, então, o juízo particular, que ocorrerá no instante de nossa morte.
O juízo universal ou juízo final acontecerá no final do mundo, após a ressurreição dos corpos. Assim, o corpo poderá receber junto com a alma a sentença que lhe cabe, já dada no juízo particular à alma. O juízo universal não é uma revisão, mas uma confirmação pública do juízo particular, feito no instante de nossa morte. Embora não mude a sentença justíssima do juízo particular, o juízo universal tem grande utilidade. O Juízo universal será útil porque nele há de manifestar-se a glória de Deus, pois todos hão de reconhecer a justiça com que Deus governa o mundo, embora vejamos, às vezes, os bons sofrer e o maus em prosperidade nesse mundo. Quer dizer, no juízo universal, a sabedoria da Providência Divina nos será mostrada com precisão. No Juízo universal, há de manifestar-se também a glória de Jesus Cristo, porque, tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos. O juízo universal será útil, igualmente, porque nele há de manifestar-se a glória dos Santos, porque muitos deles, que morreram desprezados pelos maus, hão de ser glorificados em presença de todos os homens. No Juízo universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente para aqueles que oprimiram os justos, e para aqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todo o mundo, os pecados que cometeram, ainda os mais ocultos.
A Igreja, pela liturgia de hoje, quer que nos preparemos bem para o juízo universal. Todavia, só estaremos preparados para o juízo universal se nos prepararmos bem para o juízo particular. Muitos, considerando a enorme crise de fé e de moral que temos hoje na sociedade e mesmo em muitos membros da Igreja, pensam que estamos no fim do mundo e ficam, assim, paralisados, esperando grandes catástrofes, esperando a realização disso ou daquilo, esquecendo-se, muitas vezes, do principal, que é a própria santificação, a própria conversão, fazer o bem que podemos e devemos fazer aqui e agora. O que a Igreja quer é que, considerando o juízo particular e o juízo universal, possamos mudar de vida, ela quer que nos preparemos para ouvir a suave sentença: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. ” A Igreja quer que evitemos aquela outra sentença, tremenda: “Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.”
Devemos nos lembrar que em tempo de calamidades físicas e, sobretudo, de calamidades doutrinárias e morais, vão prosperando as falsas doutrinas e os falsos profetas em virtude do desespero ou da confusão e mesmo os bons podem ser atingidos por essas falsas doutrinas e pelos falsos profetas, como diz Nosso Senhor. É preciso, então, vigiar e rezar. Devemos nos lembrar de que não sabemos absolutamente nada quanto ao momento preciso do juízo universal. Apesar de todos os sinais que Nosso Senhor nos dá, Ele diz: “vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o Senhor… Por isso, estai vós preparados, porque não sabeis a que horas virá o Filho do homem.” Quantas pessoas ou supostas aparições querem determinar com precisão a data do fim do mundo ou do juízo universal, contrariando diretamente as palavras de Cristo. São falsas doutrinas e falsas profecias. Quantos falsos profetas pipocam atualmente, muitas vezes propugnando um certo conservadorismo, mas eivado de desvios graves em matéria de fé, por exemplo.
Não devemos nos preocupar excessivamente com o juízo universal. Devemos nos preocupar em nos preparar bem para ele, estando sempre preparados para a nossa morte, para o nosso juízo particular, que pode vir a qualquer momento. Estaremos preparados guardando a fé e praticando os mandamentos, deixando de lado todo pecado mortal e procurando combater mesmo os veniais. Rezemos a Nossa Senhora para que nos alcance a graça da perseverança final.
Em nome...    



Casamento e Família - Dom Tihamer.

Conferência VII

O CASAMENTO MONÓGAMO


Parte 1/5

Não vos admireis se começo, hoje, narrando velha lenda grega, tirada do paganismo, antes de Cristo. Decorre, porém, daí uma ideia tão nobre, tão instrutiva, e capaz mesmo de envergonhar a muitos cristãos. Esta lenda grega pressagia e simboliza uma ideia cristã, tão magnífica, que valeria a pena ser contada, não uma, mas várias e muitas vezes.
Trata-se de Penélope, a esposa do herói grego Ulisses, nobre exemplo da esposa fiel. Fazia 20 anos que Ulisses partira da ilha de Itaca. Primeiramente tomou parte da guerra de Tróia, depois se desviou em sua viagem de volta, vagando aventureiramente sobre o mar. Durante este tempo, em casa, os pretendentes molestam constantemente sua esposa, e não lhe dão sossego. Finalmente, na sua angústia, a pobre mulher promete desposar um dos pretendentes, no instante em que tiver acabado o trabalho de tapeçaria que  começara. Durante o dia ela trabalhava assiduamente sob os olhos dos pretendentes, e à noite desfazia tudo o que tecera durante o dia.
Chega, porém, um dia a noticia que Ulisses voltava. Após 20 anos de ausência, o esposo volta.
Apresenta-se à mulher. Ela, contudo, não ousa acreditar nem em seus próprios olhos: se fosse uma ilusão! Permanece longa e silenciosamente assentada diante do marido, que não vê há 20 anos, e que olha perscrutadoramente. Ela não crê, senão quando Ulisses lhe conta um segredo que nenhum outro, a não ser seu esposo, poderia conhecer. Penélope agora soluça, abraçada ao marido. "Não te zangues, Ulisses, diz ela. Os deuses não nos permitiram gozar, unidos, a nossa alegre juventude, e esperar o fim da velhice. Não te irrites contra mim, se não te saudei à tua chegada, porque meu pobre coração tremia sempre ante o pensamento de que pudesse vir alguém para enganar-me com suas palavras. Há tantos que fazem o mal pelas suas astúcias".
Mulher admirável! Verdadeiramente digna do elogio, que mais tarde, no Averno, lhe fazia Agamenon. "
"Filho feliz de Laerte, ilustre Ulisses! Tiveste, como quinhão, uma esposa altamente virtuosa. Como se conduziu ela magnificamente, a filha de Icários, a nobre Penélope! Como pensava ela sem cessar em Ulisses, o esposo de sua juventude! O renome de sua fidelidade nunca desa´parecerá!"
A glória de sua fidelidade não cessará nunca. É verdade, após séculos, a lembrança deste belo exemplo de fidelidade conjugal vive ainda. Esta narração não é histórica, é somente uma lenda. É a prova magnífica de que a humanidade, já antes de Cristo, sentia que a fidelidade até o túmulo, união sagrada entre um só homem e uma só mulher, pertencia essencialmente à dignidade do matrimônio.
O que a humanidade apenas suspeitava, antes de Cristo, adquiriu uma perfeita clareza após a sua vinda, como demonstraremos agora. Isto é:
1 - A própria ideia do casamento exige realmente a monogamia.
2 - A monogamia exige a fidelidade conjugal.

Sermão para o 24º Domingo depois de Pentecostes - Padre Renato Coelho. IBP

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
No Evangelho de hoje lemos sobre o joio plantado no meio do trigo. O dono do campo diz que não se deve retirar o joio antes da hora certa para não correr o risco de perder também algum trigo. O joio é comumente associado aos homens maus e o trigo aos justos.
Olhando para os homens de hoje, pode-se perguntar: Por acaso há ainda o risco de se perder o trigo? Não seria já tudo joio? O que impede Deus de lançar fogo em tudo como Ele fez antigamente em Sodoma e Gomorra? E a resposta aparece já na época de Abraão: se houver ao menos algum justo naquele local, Deus poupará o todo do desastre iminente.
Passando aos dias atuais, estamos numa situação muitíssimo pior do que Sodoma e Gomorra. O vício é louvado e a virtude zombada. Todavia, Deus ainda poupa os homens pois há algo ainda que Ele quer preservar.
Muitos santos dizem que a causa do mundo ainda não ser castigado como o era na época do Antigo Testamento é a Missa. A Missa de fato apazigua a cólera divina de modo que não conseguimos imaginar. Mas há um fato curioso, a cólera divina nem sempre se manifesta de modo cinematográfico através de um ato violento causando mortes físicas e destruição. Às vezes, a cólera divina se manifesta de um modo mais sutil, mas continuando também a ser um castigo. Esse modo é o silêncio de Deus. Deus abandona os homens às suas misérias sem colocar obstáculos.
Mas a Missa não devia evitar esse tipo de castigo também? Sim, quando ela ocorre conforme a vontade de Deus, levando nossas súplicas de modo agradável e suave aos Céus. Mas e quando a própria Missa é causa da ira divina? E quando a Missa é feita de modo não a apaziguar a ira divina, mas sim a atiçá-la? E quando a comunhão, ao invés de ser um modo de dar força aos homens para praticar o bem, é consumida apenas para confirmá-lo no mal, como querem agora alguns com a comunhão para os adúlteros?
Os homens, principalmente aqueles que deviam se consumir pelo zelo das coisas de Deus, acabaram tratando as coisas santas como se fossem coisas profanas. Pior, permitem que as coisas santas sejam tratadas de qualquer modo, sem respeito algum. E assim, pouco a pouco, Deus permite que as pessoas percam a fé, de modo sutil e silencioso, o que o papa João Paulo II chamou de apostasia silenciosa. Sem alarde, sem barulho, as pessoas continuam a ir na Missa, mas já não tem mais a fé. Não tem uma fé viva, apenas fazem atos mecânicos e, fora da Missa, vivem como se Deus não existisse. Vão na praia, como se não houvesse lei moral e de modéstia. Assistem conteúdo contrário à fé e à moral nos cinemas e na televisão, sem ficar minimamente indignados com isso, ao contrário, vão atrás, buscam tais coisas. Onde está o coração aí está o seu tesouro. Pelo modo como vivem, percebe-se que Deus e Sua Lei são algo secundário, o mundo, as coisas do mundo, isso sim seria o importante.
Hoje, ser católico não implica mais em ser alguém inimigo das coisas do mundo, ao contrário, nada mais mundano do que um católico. Até um protestante, um budista, tem alguma ressalva às coisas do mundo. O católico moderno, não. Jesus, porém, nos diz, não vos conformeis com o mundo. O mundo não deve ser a nossa medida e modelo, mas sim os Evangelhos.
Uma Missa que busca se adequar ao mundo, claramente não segue os ensinamentos de Cristo. A Missa é feita para agradar a Deus e não ao mundo ou ao seu príncipe, o demônio. E estaríamos nós a favorecer uma Missa mundana, que ao invés de apaziguar a cólera divina, apenas permite que ela ocorra de modo ainda mais agudo, permitindo que o interior das pessoas morra, mantendo ainda apenas a casca?
Alguém poderia pensar: “Que bom que não preciso ir neste fim-de-semana a esse tipo de Missa sacrílega”. Mas esse pensamento tem algo de curioso. Por um lado, a pessoa fica feliz de não participar de algo ruim. Por outro, usa o verbo precisar, como se em algum outro momento, alguém precisasse, ou devesse ir a uma Missa ruim. Como pode isso? Há claramente um defeito grave de formação. Não faz sentido nós sermos obrigados a fazer algo ruim, ao contrário, a reta moral nos ensina a fugir do que é ruim e buscar o que é bom. Se nossa consciência aponta que tais Missas são insuportáveis, e se são insuportáveis para nós que temos muitos defeitos de apreciação, quanto mais não o seriam para Deus que repudia toda imperfeição? Mesmo na Missa tridentina, onde o sacerdote suplica diversas vezes para que Deus seja misericordioso com os defeitos que possam ter ocorrido, poderia ser mais agradável a Deus se fosse feita em presença de um sacerdote e fiéis santos. Devemos todos buscar que a Missa seja cada vez mais agradável a Deus, de todos os modos. Seja na qualidade dos objetos usados, seja no modo como é rezada, seja, principalmente, nas disposições internas que devemos ter durante a Missa, o que implica em vestimenta adequada (não minissaia, chinelo, camisa regata etc.), celular no modo silencioso, e continuamente em espírito de oração o que a música gregoriana tanto propicia.
Ainda um outro poderia pensar: “Ah, mas eu vou numa Missa qualquer e não me deixo contaminar, repudio dentro de mim os maus exemplos”. E erra também. Primeiro, de que modo se está agradando a Deus favorecendo algo que distancia as pessoas de Deus tornando-as mais mundanas, se não mais infantis? Deus nos pode que sejamos como as crianças na pureza e simplicidade de coração e não em incapacidade intelectual. Em segundo lugar, como é que se diz que não se deixa contaminar, negando a própria natureza humana que é tão facilmente influenciada pela imitação? Conseguiu-se aprender a falar em português como? Lendo livros de gramática ou imitando os outros? Quando aparece uma tentação de palavrão na cabeça, nós criamos aquela palavra feia de modo frio e estudado, ou apenas aquilo aparece de tanto escutarmos na rua e em outros lugares? Se alguém honestamente responde que tudo isso que falei é fruto da nossa capacidade de sermos facilmente influenciados pelo que ocorre ao nosso redor, como, de modo mágico, não o seríamos participando, vendo, coisas que tratam as coisas santas sem o devido respeito? É óbvio que nos tornamos cada vez mais insensíveis e desrespeitosos com as coisas santas quando frequentamos tais lugares. A conclusão católica que se impõe é que devemos fugir das Missas que trazem maus frutos e buscar apenas aquelas que trazem bons frutos.
Devemos favorecer aquilo que aproxima as pessoas de Deus, consequentemente apaziguando a Sua cólera, e não aquilo que favorece a multiplicação do joio. Se o inimigo plantou o joio no meio de trigo, isso não exclui ele ter plantado joio nas coisas da igreja, haja visto os maus padres que existem aos montes por aí, além dos maus fiéis, bem como nos vários tipos de Missa disponíveis (cada padre teria a “sua” missa). Devemos olhar com atenção e saber distinguir um do outro e fugirmos do joio, em todas as suas modalidades, e nos unirmos ao trigo. Se não prestarmos atenção e apenas nos unirmos a aquilo que nos é mais próximo e fácil (por exemplo, vou na Missa só porque é perto de casa, sigo o padre fulano por ele ser famoso etc.), corremos o risco de nos unirmos ao joio e sermos cortados fora junto com ele no dia determinado por Deus.
Que Nossa Senhora nos preserve disso e nos faça ver, o quanto antes, a urgência que temos em buscar a Deus o máximo possível e o quanto antes, pois Deus deve ser o primeiro a ser servido em nossas vidas.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.



26 de novembro de 2015

Concerto de Música Sacra

Prezados Leitores, Salve Maria!

"O Instituto do Bom Pastor é uma sociedade de vida apostólica de direito pontifício criado por Bento XVI em 2006. Faz parte do seu carisma próprio o uso exclusivo do Usus Antiquior da liturgia romana, também chamado de Forma Extraordinária. Para guardar a fidelidade a esse carisma, o amor pela liturgia e por sua beleza é imprescindível. E para a beleza da liturgia romana o canto gregoriano é essencial. Por isso a divulgação e o aprendizado desse canto que animou a Fé dos fiéis durante séculos, é para nós uma prioridade." - Texto retirado da contra-capa do CD Jubilate Deo - Canto Gregoriano - Schola Cantorum do Instituto do Bom Pastor.

O Blog São Pio V tem o prazer de disponibilizar todos os vídeos gravados no IV Congresso São Pio V do Concerto de Música Sacra de integrantes da Schola Cantorum - Seminário São Vicente de Paulo - Instituto do Bom Pastor - IBP na França. Salientamos que o Padre Pedro Henrique Gubitoso, Padre Tomás Parra e o Diácono José Luis Zucchi foram ordenados em agosto do corrente ano em São Paulo.

Obs: Pedimos desculpas pela qualidade do som e imagem, pois as gravações não foram efetuadas em equipamentos profissionais. Os vídeos são do arquivo pessoal de um dos integrantes do Grupo São Pio V e diante da solicitação de muitos leitores, decidimos disponibilizar os vídeos.














25 de novembro de 2015

Sermão para o 25 Domingo depois de Pentecostes – Padre Daniel Pinheiro IBP

[Sermão] A verdadeira Igreja de Cristo


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
O Evangelho de hoje é tirado do Capítulo 13 de São Mateus, o Capítulo das parábolas do reino dos céus, reino dos céus que é a Igreja. Convém que tratemos um pouco da Igreja fundada por Cristo.
Nosso Senhor não veio para o mundo apenas para agir. Ele veio também nos ensinar a verdade, ensinar uma doutrina. E Ele quis fundar uma sociedade que pudesse continuar a sua obra redentora, que pudesse, então, aplicar, aos homens e até o final dos tempos, as graças que Ele mesmo nos alcançou na Cruz e que nos transmitisse infalivelmente aquilo que Ele ensinou. Essa sociedade que prolonga a obra da redenção operada por Cristo é a Igreja Católica Apostólica Romana.
São três os caminhos ou vias que nos mostram que a Igreja Católica é a Igreja fundada por Cristo. A primeira via é a via do primado. A segunda, é a via das notas. A terceira, é a via da excelência. Vejamos brevemente essas três vias, esses três caminhos que nos mostram qual é a verdadeira Igreja de Cristo. A primeira delas é a via do primado de Pedro, como dissemos. Lendo o Evangelho podemos ver que Cristo instituiu uma sociedade hierárquica, em que certos membros têm a prerrogativa de governar, ensinar e santificar os outros membros. Nosso Senhor diz a eles que tudo o que ligarem na terra será ligado no céu e que tudo o que desligarem na terra será desligado no céu (Mateus 18,18). Nosso Senhor lhes dá a ordem de ensinar a todos os povos da terra. Nosso Senhor lhes dá o poder de perdoar os pecados, de transformar o pão e vinho em seu Corpo e Sangue, enfim, lhes dá os meios para santificar as almas. Está claro que Nosso Senhor instituiu uma sociedade hierárquica. Todavia, essa sociedade hierárquica é monárquica. Existe um chefe à frente dela, que é São Pedro. Nosso Senhor diz que edificará a sua Igreja sobre São Pedro. É para São Pedro que Nosso Senhor dá as chaves do reino dos céus, é a São Pedro que Nosso Senhor dá a ordem de apascentar as suas ovelhas e os seus cordeiros. Ele dá, então, o primado de jurisdição a São Pedro. É São Pedro o chefe supremo e universal da Igreja de Cristo. E como ela deve durar até o final dos tempos, pois é a eterna aliança, como diz Nosso Senhor, é preciso que são Pedro seja sucedido no primado, é preciso que São Pedro seja sucedido como chefe da Igreja. É o Papa o sucessor de São Pedro. Portanto, a Igreja de Cristo é aquela que tem São Pedro e seus sucessores, os Papas, como chefe. Como dizia Santo Ambrósio: onde está Pedro, lá está a Igreja de Cristo. Onde está a Igreja de Cristo, lá está Pedro. Para saber qual é a Igreja de Cristo, basta encontrar o Papa. É a via do primado.
A segunda via para estabelecer qual é a verdadeira Igreja de Cristo é a via das notas. Nosso Senhor fundou a sua igreja com quatro propriedades facilmente reconhecíveis, facilmente perceptíveis, facilmente notáveis. Essas quatro notas da Igreja de Cristo são a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade. Essas quatro características devem estar presentes ao mesmo tempo na Igreja fundada por Cristo. E nós cantamos aos domingos essas quatro notas da Igreja: unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam… Poderíamos abundar as citações da Sagrada Escritura para provar que Cristo instituiu a sua Igreja com essas características. Façamos algo mais breve um pouco.
A Igreja fundada por Cristo é una. Nosso Senhor reza eficazmente, na Última Ceia para que haja unidade em sua Igreja, isto é, para que haja unidade de governo, unidade de fé, e unidade de culto nos sacramentos (sete sacramentos, nem mais nem menos). São Paulo afirma: uma só fé, um só batismo, um só Deus. Na Igreja Católica, existe a unidade de governo, todos reconhecendo a autoridade do Papa e dos respectivos bispos. Existe também a unidade de fé, pois os membros da Igreja devem professar a mesma fé. Existe a unidade de culto, expressa sobretudo no reconhecimento e na administração dos mesmos sete sacramentos. A Igreja fundada por Cristo é santa. Ele nos disse que devemos ser santos como o Pai do céu é santo. E São Paulo diz que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la… para prepará-la como uma esposa sem ruga e sem mancha, mas santa e imaculada (Efesios 5, 26). A Igreja Católica é santa na sua doutrina, nos seus sacramentos e em muitos de seus membros.
A Igreja fundada por Cristo é também apostólica: foi aos apóstolos e seus sucessores que Nosso Senhor deu o poder de ligar e desligar. Em particular, foi a São Pedro que foi dado o poder supremo de ligar e desligar. Nosso Senhor diz aos apóstolos: aquele que vos ouve, a mim ouve e aquele que vos despreza, a mim despreza. Na Igreja Católica, o Papa é sucessor de São Pedro e os Bispos os sucessores dos outros apóstolos. Realmente, tanto para o Papa quanto para os bispos, se pode traçar uma linha de sucessão que remonta até os apóstolos. Finalmente, a Igreja fundada por Cristo é católica, isto é, universal: Cristo manda os apóstolos ensinarem todos os povos e batizá-los. A Igreja católica está espalhada por toda a terra, e se dirige a todos os povos, buscando trazê-los para si. Portanto, caros católicos, a Igreja católica, e apenas ela, possui as quatro notas, as quatro características da Igreja fundada por Cristo.
A todos os outros cristãos faltará pelo menos uma dessas características. Aos protestantes falta a unidade, dado o número quase infinito de denominações. A uma única denominação, falta a catolicidade, isto é a universalidade, pois não está espalhada pelo mundo inteiro. Falta aos protestantes a santidade, pois a doutrina protestante não aceitando as boas obras, não favorece a santidade. Como sabemos, para os protestantes basta a fé, não sendo necessárias as boas obras. Falta para os protestantes a apostolicidade, pois o protestantismo veio quase 1500 anos depois da morte dos apóstolos, ou seja, não tem nenhum contato com os apóstolos. Também os cismáticos orientais não têm as quatro notas da Igreja fundada por Cristo. Eles não têm, por exemplo, a catolicidade, pois são igrejas nacionais, restritas a um país ou a uma nacionalidade. Assim é a igreja russa, a igreja grega, etc. Dessa forma, se queremos encontrar a Igreja de Cristo, devemos procurar aquela que é una, santa, católica e apostólica. Nós já a encontramos: é a Igreja Católica Apostólica Romana. É a via das notas.
A terceira via para estabelecer qual é a verdadeira Igreja de Cristo é a via que chamamos de excelência. Essa via está explicada no Concílio Vaticano I, que diz o seguinte: “A Igreja em si mesma, pela sua admirável propagação, exímia santidade e inesgotável fecundidade em todos os bens, pela sua unidade católica e invicta estabilidade, é um grave e perpétuo motivo de credibilidade, e um testemunho irrefragável da sua missão divina. Donde resulta que a mesma Igreja, como um estandarte que se ergue no meio das nações [Is 11,12], não só convida os incrédulos a entrarem no seu grêmio, mas também garante a seus filhos que a fé que professam se baseia em fundamento firmíssimo.” A via da excelência é aquela que considera a história da Igreja, a sua propagação extraordinária, a sua fidelidade perfeita à doutrina de Cristo, a sua estabilidade, permanecendo, ao longo dos séculos, tal como foi instituída por Cristo.
A Igreja propagou-se de modo sólido e firme, mas ao mesmo tempo sereno, apesar das brutais perseguições que sofreu. Em pouco tempo depois da morte de Cristo, a Igreja já estava espalhada por praticamente todo o mundo conhecido, e espalhou-se não pela força nem porque agradava às paixões dos homens, mas porque pregava a verdade e porque ajudada pela onipotência divina. Não foi pela força nem pelas armas que se propagou. Ao contrário, foi com os mártires que a Igreja foi se difundindo, com aqueles que morriam para guarder a fé e a moral ensinadas pelo Salvador. A Igreja difundiu-se de maneira oposta ao islamismo, que sempre se difundiu pelo uso da força, pela crueldade e porque satisfaz às mais baixas paixões do homem. O islamismo satisfaz à ira pela sua brutalidade intrínseca e satisfaz a impureza permitindo a poligamia e práticas absurdas contra a pureza. A propagação da Igreja Católica, a partir dos doze apóstolos, de alguns discípulos e de algumas santas mulheres, apesar de tanta perseguição de toda parte, é um milagre (moral), e só pode ter ocorrido, então, com a ajuda de Deus e não por meios puramente humanos. Se Deus ajudou a Igreja a se difundir é porque ela é a verdadeira religião.
Outro milagre na Igreja é o fato de ela manter-se fiel, em seus ensinamentos infalíveis, aos ensinamentos de Cristo nesses quase dois mil anos de história, sem adaptar-se aos pensamentos da moda de cada tempo, sem adaptar a sua moral, apesar das grandes pressões para isso em vários momentos de sua existência. Assim, embora membros da Igreja possam ensinar alguns erros, a Igreja no seu ensinamento infalível jamais nos ensinará erros. Ela jamais admitirá, por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a dissolubilidade do matrimônio ou a comunhão para os divorciados recasados. A fidelidade da Igreja e a sua propagação, apesar de ensinar uma doutrina dogmática fixa e imutável e uma moral que vai contra as más inclinações das pessoas, é também um milagre. Isso só pode ocorrer porque Deus assiste a Igreja, ajuda-a com a sua graça.
A Igreja é estável não só nos seus ensinamentos, mas também na sua constituição hierárquica e monárquica. Deus a instituiu assim com os Bispos e com o Papa, chefe supremo e universal da Igreja. Assim ela persevera até hoje e perseverará até o fim dos tempos. Uma instituição formada por homens tende a mudar com relativa rapidez ao longo do tempo. A Igreja permaneceu e permanecerá intacta durante todos esses séculos naquilo que foi instituído por Cristo. A colegialidade ou querer igualar os Bispos ao Papa jamais triunfará verdadeiramente na Igreja, pois Cristo não a instituiu assim. Somente uma ajuda extraordinária pode explicar também essa estabilidade da Igreja em sua constituição.
Está claro, então, que a história admirável da Igreja, a história de sua propagação, os inúmeros milagres que ocorrem em seu seio, a sua admirável fidelidade aos ensinamentos do Senhor, a sua estabilidade ao longo dos séculos mostram a excelência sobrenatural da Igreja. O fato de a Igreja ter começado como um grão de mostarda e ter se tornado a maior de todas as hortaliças mostra que nela está o dedo de Deus. Tudo isso nos mostra que ela só pode ser a Igreja fundada por Cristo. Basta considerar a Igreja Católica e sua história para chegar à conclusão de que ela é a verdadeira Igreja de Cristo. É a via da excelência.
Portanto, caros católicos, temos pelos menos três meios de conhecer facilmente a verdadeira Igreja de Cristo e de identificá-la claramente com a Igreja Católica Apostólica Romana. Procuremos ser filhos dignos da Igreja Católica Apostólica Romana, amando-a profundamente e seguindo aquilo que ela sempre ensinou. Rezemos e façamos a nossa parte para que o Brasil volte a reconhecer a Igreja Católica como a verdadeira e para que nosso país volte também a ser um filho fiel da Igreja. Rezemos não só para que nosso país possa servir a Cristo e a sua Igreja, mas rezemos para que o mundo inteiro o faça, para que possamos evitar o gravíssimo erro do liberalismo, por um lado, e a barbárie do islamismo do outro.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

24 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 8

SE CRISTO VOLTASSE...

Algumas vezes fico a pensar: Que impressão faria Cristo se voltasse hoje ao mundo? Vejamos. É um dia festivo. A grande praça da cidade está regurgitando de gente. Uns passeiam no jardim; outros estão sentados nos bares e cafés; estes discutem política, aqueles fazem fila á entrada do cinema.'..
De repente surge Cristo com a cruz ás costas, coroado de espinhos e amarrado com cordas como passou outrora pelas ruas de Jerusalém, a caminho do Calvário. Um bando de meninos insolentes segue-Lhe os passos a gritar e assobiar. A gente corre para vê-lo. Alguns operários erguem os punhos ameaçadores; muitos curiosos comentam com desdém o raro espetáculo; jovens dissolutos contemplam-no com olhos maliciosos; sábios incrédulos sorriem com desprezo; alguns sentem compaixão daquele homem carregado da cruz, mas, medrosos, escondem-se atrás d’alguma porta... quantos se decidiriam a acompanhá-lo e a confortá-Io naquela hora de amargura? Pouquíssimos! Alguns jovens decididos, algumas mulheres piedosas, como no caminho do Calvário.
E tu, que farias? Terias coragem de o seguir, ou serias do número dos que o desprezam, escarnecem ou se ocultam para que não os vejam chorar? Oxalá fosses dos valentes que o ajudam a carregar a cruz, dos destemidos que correm ás praças e apregoam a sua glória!

22 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência VI


Parte 6/6

Apesar de tantas vezes atacada, esta é a doutrina da Igreja quanto aos casamentos mistos. Não há nenhuma lei da Igreja que tenha sido tão atacada, criticada, injuriada e caluniada, como a questão dos casamentos mistos: "A Igreja não tem coração... " "é um abuso de poder... " "é a escravidão da consciência..." "é sede de domínio... " tais são, e há muitos outros, os juízos preconcebidos e injustificados que se levantam contra a Igreja.
Não pode entender a questão do juramento de educar católicamente os  filhos aquele que esta fora da Igreja, aquele que não compreende os cuidados de seu coração materno, aquele que não conhece a profunda santidade de suas idéias. A Igreja Católica, com efeito, sabe e professa que Nosso Senhor Jesus Cristo lhe confiou a plenitude total da redenção, e as almas resgatadas pela sua morte. Ao mesmo tempo responsabilizou-a, em consciência, pela vigilância de seus fiéis, a fim de que nenhum de seus filhos se separe do rebanho de Cristo, e vagueie longe da sua Igreja.
Eis o que permite compreender toda a questão do juramento exigido da parte não católica. Não é nem a sede de dominar, nem o abuso de poder, nem a crueldade, mas sim uma santa questão de consciência, uma santa responsabilidade, um santo dever. Se a Igreja esta convicta de que lhe confiaram o tesouro da fé cristã e das graças divinas, então ela conclui logicamente que não pode permitir que um só filho de um só de seus fiéis se separe da Igreja de Cristo.
E a ideia final de tudo isto não poderia ser resumida mais justa e brevemente do que pela declaração de um católico. Quereria que suas palavras cheias de sabedoria e experiência chegassem aos ouvidos de todos que se preparam para o casamento.
Este católico viveu dezenas de anos em paz e felicidade com sua esposa não católica. Era uma mulher de alma delicada, muito atenciosa, com a qual o marido era feliz e estava contente, E no entanto... um dia, já na sua velhice, ele declarava: "Se tivesse de me casar hoje, eu não pediria a Deus uma esposa melhor. Hoje ainda eu escolheria esta esposa excelente e devotada, mas exigiria que ela se fizesse católica".

21 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 7

SÓ MESMO O SOFRIMENTO

Uma senhora da alta classe social foi urna vez queixar-se a um diretor espiritual, homem experimentado:
— Padre, sou frívola, o mundo me encanta e a vida moderna me entusiasma. Já fiz o possível para corrigir-me (confissões, novenas, retiros) e não consigo. Será que posso salvar-me? Que é que pode valer-me?
O velho sacerdote respondeu-lhe:
— Que é que pode salvá-la? Somente uma coisa, minha senhora.
— E o que seria?
— Somente uma grande desgraça!

20 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência VI


IMPEDIMENTOS DE MISTA RELIGIÃO


Parte 5/6

Continuemos, agora, cuidadosamente o nosso exame. "Por que a Igreja adotou uma atitude rigorosa?" 
a - A Igreja opõe-se aos casamentos mistos, primeiramente, porque dificilmente eles realizarão aquela união perfeita das almas como exige a harmonia do casamento.
As raízes mais profundas da harmonia e da felicidade da vida conjugal alimentam-se na comunidade perfeita de almas. Se esta comunidade não penetra perfeitamente toda a vida espiritual de ambos os esposos, se estes "esponsais espirituais" não se realizam, os "esponsais físicos" não podem trazer felicidade.
Ora, é impossível não se perceber que nos casamentos mistos esses "esponsais espirituais" são bem difíceis, senão completamente impossíveis. Porque formalmente se exclui a união dos esposos, no terreno mais importante e sagrado, o terreno da alma: Não lhes basta estar unidos em toda as demais questões. Homem e mulher, juntos, fazem suas visitas, juntos passeiam, vão ao teatro, juntos estão em toda parte, só na casa de Deus não podem estar juntos, aí seus caminhos se separam. Muito se poderia dizer da amargura que prova a alma da parte católica. E esta separação durará a vida inteira, embora eles queiram fazer acreditar um ao outro que nada os poderá separar.
b - Demais, os esposos devem se educar mutuamente, e exercer recíproca influência.
Não vos admireis de me ouvir falar em educação do homem e da mulher, já em idade adulta, mas realmente é assim. Os esposos exercem, um sobre o outro, uma força educadora poderosa. Aqueles que vivem juntos dezenas de anos, num casamento feliz e único, assemelham-se na velhice não só nas qualidades morais, mas até muitas vezes nos traços do semblante. A primeira condição, porém, desta educação moral recíproca, é que eles estejam unidos nas questões religiosas. Os esposos deveriam se encorajar reciprocamente nas práticas religiosas. Mas como poderá um deles animar-se a confessar-se, a comungar, a guardar a abstinência, a ir à missa aos domingos, a receber os sacramentos dos enfermos, enquanto o outro não observa nada disto, ou mesmo olha-o como inútil?
c - Realizando aquilo que eles prometem, de ordinário, antes do casamento misto, não haverá conflito, porque estamos de acordo, para que não haja questão religiosa entre nós. Afirmo-lhes, porém, que se eles puserem em prática esta resolução, tristes consequências daí advirão!
A ideia religiosa não é um acessório supérfluo da alma humana, que se possa impunemente deixar de lado. "Eliminaremos completamente de nossa vida as questões religiosas". Bem! "Suprimo eu inteiramente o uso de meus joelhos..." e alguns meses depois estou paralitico. "Renuncio completamente ao uso das minhas mãos..." alguns anos depois elas estarão atrofiadas. O mesmo se dá se eu elimino toda a questão religiosa. Inevitavelmente chego à indiferença e à tibieza religiosas.
Com as questões religiosas, é-lhes preciso excluir todos os problemas da vida espiritual, pois em grande parte estão ligadas entre si. Mas se os esposos os eliminam também, que lhes resta senão apenas o laço da vida puramente sensual? Mas não será preciso dizer como será instável uma felicidade que se fundamenta em semelhante alicerce.
Ainda que duas pessoas pudessem, por um domínio imenso de si mesmos, chegar a não trocar entre si uma palavra sobre religião, os filhos não podem. São eles sempre muito intransigentes, ardentes, exaltados, e defendem suas convicções até o extremo. Que acontecerá quando os rapazes voltarem de uma aula de religião, diversa da das meninas, e explodir a guerra de religião entre irmãos e irmãs?
E que não se diga que tudo quanto afirmo seja alucinação, perigo imaginário. Escutai o que me escreveu ultimamente uma infeliz mulher. Creio que bastará ler algumas linhas desta carta dolorosa:
"É uma mulher bem infeliz que vos fala, Monsenhor. Estou casada há 14 anos, com um reformado incrédulo, e grande inimigo dos católicos... Quando vou à Igreja, ele se encoleriza tanto que quase adoece, não posso rezar em casa diante dele porque se zanga. Não me deixa ir a parte alguma, não tenho conhecimento algum porque ele foge da sociedade. Faço minhas orações às escondidas, no meu quarto, ou então trabalhando. Muitas vezes tomo um livro, mas, em lugar de lê-lo, recito ocultamente o meu terço. Poderia ler algum livro frívolo, com isto ele não se incomoda; não quer, porém, ouvir falar de coisas religiosas. Leio, escondida, a revista "O Sagrado Coração", e depois, a queimo ou dou para alguém. Monsenhor, dizei-me o que devo fazer. Devo eu abandonar a Igreja para o interesse da paz, renunciar a frequentá-la, justamente isto que é a minha única consolação, a minha única alegria, e o meu conforto na tristeza de minha vida? Que devo eu fazer?" Eis a carta: ela diz mais sobre a questão que muitos sermões.
d - Mas ainda não disse tudo. A nossa santa Igreja opõe-se ainda aos casamentos mistos, no interesse da boa educação dos filhos. Sem dúvida, se a parte não católica assinou o juramento de educar no catolicismo todos os seus filhos, a Igreja consente neste matrimônio misto. Não dá, porém, este consentimento com alegria, e sim por necessidade. Porque ela sabe, mesmo neste caso, faltará um fator precioso: o piedoso exemplo de ambos os esposos. Quem não vê como é difícil a tarefa dos atuais educadores, quando uma multidão de influências contrárias vêm destruir na alma dos filhos o efeito educativo. É, pois, muito necessário, que o piedoso exemplo dos dois esposos venha reforçar as convicções religiosas dos filhos. No casamento misto pode introduzir-se facilmente um outro perigo. Se a parte não católica, assinando o juramento, permanece fiel e nada faz contra a educação religiosa dos filhos, são os avós que muitas vezes agem. Estes se esforçam muitas vezes até abertamente para ganhar à sua religião os pequeninos. Não é raro o caso que morrendo a parte católica, conforme a lei, os filhos católicos fiquem confiados à educação do pai não católico.
É impossível, refletindo tranquilamente em tudo isto, que não se veja quanto é justo o desejo da Igreja: um católico não deve desposar senão uma católica, e uma católica, um católico.
Porque no matrimônio misto a religião da parte católica, apesar de toda boa vontade, esta exposta a sérios perigos, e é preciso uma força imensa de alma, disposições de um confessor da fé, convicções religiosas inabaláveis, para superar estes perigos. E infelizmente, em muitos casos, realizam-se os temores da Igreja, porque geralmente, no matrimônio misto, é a parte católica que perde. Muitas vezes perde não só a piedade, mas até a própria religião.



19 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 6

SE NÃO HOUVESSE INFERNO...

Nos terríveis dias da Revolução Francesa, um pároco de Lião foi barbaramente arrastado aos tribunais.
— Crês que há inferno? — perguntou-lhe cinicamente um dos juízes revolucionários.
— Claro que sim — respondeu o pároco; — e se não cresse, vendo agora os vossos crimes, não teria dúvida em crer; porque, se de fato não existisse inferno, seria mister inventá-lo para vos castigar.

18 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência VI


IMPEDIMENTOS DE MISTA RELIGIÃO


Parte 4/6


A) Sei que toco num ponto difícil e delicado, querendo expor as idéias da Igreja Católica sobre os casamentos mistos.
a - Sei quanto esta questão é delicada e agradar-me-ia muito mais não ser obrigado a estudá-la. Mas seria sábio e oportuno este silêncio?
Os casamentos mistos desgraçadamente existem. Digo desgraçadamente, porque são a consequência da deplorável divisão religiosa. Quantos atritos daí resultam, quantas energias dissipadas, coisas das quais não é necessário mais falar. Os casamentos mistos, pois, existem, quer deles se fale quer não. Ninguém nos levará a mal, se expomos claramente o ensinamento da Igreja Católica, nesta questão.
b - Antes, porém, de dizer por que a Igreja Católica se opõe aos casamentos mistos, quero fazer uma advertência preliminar. Desejaria afirmar, com todas as minhas forças, que naturalmente não quero melindrar a quem quer que seja, e nem tenho intenção de irritar aqueles que talvez neste momento me ouvem e que, com a autorização da Igreja, contraíram validamente um casamento misto.
A Igreja segue, com uma solicitude ansiosa, desde o berço, o desenvolvimento espiritual de todos os fiéis; e se, por princípio, ela condena os matrimônios mistos, é por causa dos perigos que aí se ocultam, e dos quais falo agora; em certos casos, ela os permite generosamente, ainda que contrariada, contanto que se realizem sem renegar seus princípios. Eis por que, se estes casamentos são contrários aos seus princípios, ela os permite, quando seus inconvenientes, o quanto possível, são afastados.
Quando, porém, a Igreja concedeu a alguém a dispensa para que contraia um casamento misto, nenhum sacerdote tem o direito de censurá-lo por viver em um tal estado. Creio ser indispensável apresentar estas reflexões preliminares. Espero que estes, que assim estão casados, não se sentirão feridos pelas idéias  que se seguirão, mas as tomarão em conta, a fim de evitar os perigos de semelhantes matrimônios.

B) Vejamos, pois, a doutrina da Igreja quanto aos casamentos mistos. É uma coisa bem conhecida que ela lhes é aberta e categoricamente contrária e que o seu desejo é que o jovem católico se case com moça católica e vice - versa.
a - Isto seria o ideal da Igreja. Mas se os jovens, dos quais um é católico e o outro não, tem apego um pelo outro, e possuem sérias razões para se casarem, a Igreja, ainda que com o coração desolado, concede-lhes a dispensa do impedimento do casamento misto, com a condição de que os filhos sejam católicos. Se ambas as partes não se comprometem por escrito a respeitar estas cláusulas, eles não podem obter a dispensa, não poderão casar-se em uma Igreja Católica, e não poderão contrair um matrimônio religiosamente válido.
b - Tal é o pensamento da Igreja e muito bem conhecido, neste ponto; e por causa dele ela se vê obrigada a suportar uma multidão de ataques e censuras.
"Como este desprezo pelas outras religiões é mesquinho, injustificado e humilhante para os outros".
O que dissemos,  porém, precedentemente, prova que não é assim. Ouviste que, segundo a doutrina da Igreja, quando dois cristãos não católicos se casam, esse matrimônio aos nossos olhos é também um laço sagrado, contanto que não haja impedimento dirimente. A Igreja não despreza, pois, os casamentos dos não católicos, não os olha como de menor valor que os de católicos.
Se impõe condições rigorosas, nesta questão de casamentos mistos, isto não constitui de modo algum desprezo pela outra parte, mas é unicamente para proteger e fortificar a vida religiosa de seus próprios fiéis.

17 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 5

O REMORSO DE CONSCIÊNCIA

Em 1859, uma aldeia da Morávía, chamada Leibnitz, foi devastada por um pavoroso incêndio. A principio ninguém suspeitou que o fogo tivesse sido obra de urna terrível vingança. O que chamou a atenção foi que, desde o dia do incêndio, um dos habitantes se afastava cautelosamente dos demais, e passava seus dias em casa, sempre sozinho, com as portas cerradas. Era o incendiário que, depois do seu crime, via continuamente os espectros das vítimas que pereceram no fogo. Bailavam diante de seus olhos e, apontando para urna árvore do quintal, pareciam dizer-lhe: “Ali serás enforcado!”
O infeliz cortou a árvore. Em vão. Os moradores do povoado viam-no rezar todos os dias ajoelhado e erguendo as mãos aos céus. Nem assim teve sossego. Por fim ele mesmo foi apresentar-se as autoridades, dizendo: “Eu sou o culpado, eu sou o autor do incêndio!”
Ah! é inútil. Pretendem alguns abafar a voz da consciência, entregando-se aos prazeres e folguedos; mas é inútil. Por algum tempo, talvez, a consciência ficará calada; mas chega um dia em que, dentro de nós, ela começa a gritar com a severidade de um juiz: “Tu és o incendiário! tu, o assassino! tu, o pecador!”

16 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência VI


CASAMENTO DE DIVORCIADOS


Parte 3/6


No tempo do profeta Malaquias, o povo judeu foi duramente provado. Gemia e suplicava ao Senhor, mas Ele não o escutava. O profeta repreendeu-o, dizendo-lhe a razão destas provações: "Vós cobris de lágrimas, diz o Eterno, o altar do Senhor, vós o cobris de gemidos e prantos, porque o Senhor não olha mais para as vossas oferendas, e nada mais recebe agradavelmente de vossas mãos. E perguntais por que? Porque o Senhor foi testemunha entre vós e a mulher de vossa juventude a quem fostes infiel, ela que era a vossa companheira, a vossa legitima mulher (Mal 11, 13 - 34).
O Senhor castigava, pois, o seu povo, porque entre os judeus encontrava-se quem, deixando suas legitimas esposas, se casava com as pagãs. Não deveria punir, também, a humanidade atual, onde não alguns, mas centenas e centenas abandonam suas esposas legitimas e querem contrair com outras novo casamento?

A - Quantos casos difíceis não se encontram no mundo atual, tão moralmente desordenado! 
a - Um casal apresenta-se ao pároco. Querem se casar. O pároco olha-os tristemente, e diz: "Não podeis casar, pois o primeiro marido desta senhora vive ainda". 
- Mas somos divorciados ante a lei civil.
- Isto nada resolve. O casamento é válido. Não podeis casar.
- Não podemos casar novamente? respondem ambos indignados. Mas eu vos peço, sou um alto funcionário, preciso ser casado. Temos religião, e queremos casar na Igreja. E se a religião católica não nos casa, então iremos a outra Igreja - assim se expressam eles, coléricos, e vão se casar em uma outra religião.
E ei-los bem tranquilos.
Tranquilos? Não se enganam a si mesmos? Renegaram a sua fé, mas exteriormente se mostram cristãos porque a sociedade assim o exige. Deram um passo que os exclui da Igreja, não podem mais se confessar, nem comungar, mas eles tem "religião", porque "eles se casaram na Igreja..." de uma outra religião.
b - Outro caso. Dois jovens se apresentam para casar. A futura esposa toma a palavra: "Senhor pároco, eu sou católica, meu noivo não o é, mas esta pronto a assinar o juramento de educar os filhos na religião católica, não há, pois, nenhum impedimento. Contudo... não sei, creio que há uma pequenina dificuldade. Meu noivo já foi casado. Mas sua mulher era da mesma religião que a dele, e sua religião concedeu-lhe o divórcio... Isto não faz mal, não é?" pergunta timidamente a jovem.
E agora ela ouve assombrada que há uma dificuldade, e que ela não pode casar-se.
"Não posso? Por que?" pergunta a moça em tom obstinado.
"Porque a religião católica tem como santo e indissolúvel mesmo o casamento de outras religiões. E vê, pois, ainda hoje, como válido este primeiro casamento". Dizei-me, não é esta uma conclusão que se impõe realmente? Se dois acatólicos, mas pertencentes a uma religião cristã, se casam, consideramos este casamento como válido. Mais ainda que a sua própria religião. E se a sua religião o dissolveu, nós não o consideramos dissolvido.
Mais ainda: Se um judeu e um não católico se casam, seu casamento é também válido. E se sua religião lhe concede o divórcio, eles não podem desposar um católico, porque consideramos válido seu primeiro casamento. Mais que eles mesmos.

B - Eis como é intangível para a Igreja o laço conjugal.
a - Mas não compreendo, poderá dizer alguém. Ouço sempre dizer: Casai-vos na Igreja Católica. porque só é válido o casamento realizado perante ela. E presentemente não se casa esta jovem, porque o noivo se casou à primeira vez em uma Igreja não católica.
A coisa no entanto é muito clara. A Igreja católica naturalmente só pode mandar em seus próprios fiéis. A estes aplica-se a lei: vosso casamento só é válido, se vos casardes em uma Igreja Católica. Mas, pelo contrário, ela julga e reconhece o casamento dos outros homens, junto a sua religião. Se portanto dois não católicos se casam segundo a sua própria religião, a Igreja considera este matrimônio como válido. Diante de nós, é santo, válido, e indissolúvel o matrimônio contraído por dois judeus, dois budistas ou dois japoneses. E se um deles quiser, estando ainda vivo o outro, contrair um novo casamento com um católico, a Igreja não o permitiria, porque seu primeiro casamento é considerado válido, ainda mesmo que fosse dissolvido pela própria religião.
b - Creio que alguns poderão se surpreender do que vou dizer. A Igreja Católica não só respeita o matrimônio realizado em outras religiões mas respeita mais ainda que elas mesmas, e olha-o ainda como válido, mesmo que talvez esta outra religião o tenha dissolvido. Mas é desta austera concepção, que a Igreja Católica tem o matrimônio, que naturalmente resulta sua grande estima pelo casamento em outras religiões.
Mas se esta atitude resoluta da Igreja, quanto aos divorciados é compreendida por almas de boa vontade, há ainda uma lei eclesiástica que perturba mesmo a estes, uma lei que eles não compreendem ou mesmo talvez critiquem levianamente. É a atitude da Igreja a respeito dos casamentos mistos.




15 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 4

A MULHER MODERNA

Viviam aquelas pombas irrequietas e felizes na doce paz do seu pombal. Todas as manhãs voavam ao campo, com o pescoço irisado pelo sol, e bicavam os grãos que haviam caído ao golpe da foice do ceifeiro. A noite o pombal dava-lhes abrigo e calor e, ali no ninho escondido na parede, ouviam alegremente o pio de seus filhotes. Não careciam de nada; tinham tudo; viviam ditosas e morriam tranquilas. Mas, eis que um dia apareceu no pombal uma pomba revolucionária. Vinha de outras terras, onde as pombas sacrificavam a felicidade á liberdade, e falou-lhes desta maneira:
— Companheiras, viveis dois séculos atrasadas com respeito ás pombas de outros países. Basta de clássicas submissões, de vida aborrecida e estéril. Por que havemos de ser inferiores as patas? Elas podem ir á esterqueira, e nós temos medo de nos mancharmos; elas podem banhar-se até na água suja e nós não temos coragem de meter-nos no rio. Para que defender tanto a nossa alvura, a nossa pureza? Isso são preconceitos da Idade Média! Cada uma faça o que bem entender, pois para isso é dona de seu corpo e de sua vida. Sus! vamos à esterqueira! ao charco!
Todas as pombas incautas aplaudiram a estrangeira agitando as asas. Dirigidas pela revolucionária, voaram para um pântano infecto que se via á distância. Enlambuzaram-se, revolveram-se no lodo com grande algazarra e... não vos direi como saíram dali as pombas!
Assim, caros leitores, viviam em nossa terra ditosas e tranquilas as mulheres. No ninho do seu lar viviam em paz a vida do trabalho e do amor. Mas a civilização revolucionária começou a cantar seu canto de sereia assim: — Como! Estareis toda a vida fechadas em casa? e escravas dos homens? Basta, basta já de submissões! Não vedes como se chegou, em outros países, a emancipação da mulher? Abandona; os vossos preconceitos medievais! A mulher é dona de seu corpo e de sua vida. Por que sacrificar a alvura da pureza todas as alegrias do prazer? Ao charco! ao pântano!
E as mulheres modernas lançaram-se e revolveram-se no charco da vida... e, não vos direi eu como saem dele as mulheres de hoje!

14 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência VI


IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS EM GERAL


Parte 2/6


A) A Igreja, baseando-se em suas observações de muitos séculos, descobriu numerosos perigos, que podem ameaçar a felicidade do casamento, e reuniu-os sob o titulo de "impedimentos matrimoniais" nos artigos de seu Código de Direito Canônico. Há os que tornam nulo o casamento, e chamam-se "impedimentos dirimentes". E há os que proíbem o matrimônio, mas não o tornam inválido, se o contraem, apesar disto. São os "impedimentos proibentes".
Assim, por exemplo, há um impedimento dirimente, quando os noivos são parentes entre si, e não obtiveram a dispensa, ou quando alguém não quer casar-se, e no entanto apresenta-se ao altar, levado por uma grave ameaça ou um constrangimento. 

B) Chamo particularmente a atenção de meus ouvintes, para este último ponto, e peço-lhes: Pais, deixai vossos filhos casar, mas não os queirais casar.
Quando um homem e uma mulher se unem um ao outro, para sempre, é o acontecimento mais importante de sua vida. É uma grande tarefa, uma responsabilidade imensa, encontrar o companheiro de existência, que Deus vos escolheu. É preciso que esta escolha seja inteiramente livre, completamente à vontade, de ambas as partes, sem que ninguém se imiscua nesta decisão. Os pais, sem dúvida, devem dirigi-los com seus afetuosos conselhos, mas a última palavra, nesta questão, pertence unicamente aos jovens interessados.
E é realmente com um santo orgulho que consideramos o mérito do cristianismo, insistindo muitíssimo na livre escolha dos esposos. Conhecemos as tristes aberrações de outrora. Pais vendendo realmente a jovem filha ao que mais oferecia, e casando entre si, por interesses materiais, jovens que se odiavam.
O cristianismo sempre protestou contra isso, e protesta ainda hoje. Protesta de tal modo, que só reconhece como válida a união resultante do livre consentimento de ambas as partes.
É a consequência lógica da própria doutrina da Igreja, segundo a qual não é o padre que administra o sacramento do matrimônio, ele é apenas a testemunha oficial. São os esposos que o conferem reciprocamente, no momento em que, ante o altar, pronunciam o "Sim: Sim, quero tomá-lo como esposo ou por esposa".
Se um desses "sim" não foi pronunciado livremente, e, de bom grado, por uma das partes, mas sob o efeito de um temor grave ou de um constrangimento, não houve casamento. E mesmo que vivam dezenas e dezenas de anos, não haverá casamento, a não ser que o interessado tenha consentido mais tarde.
Eis os impedimentos que se podem facilmente compreender, e dos quais não é preciso falar mais longamente.
Há outros impedimentos que os indiferentes não querem conhecer. Tal é o impedimento de os divorciados contraírem novo casamento.



13 de novembro de 2015

Sermão para a Festa de Todos os Santos – Padre Daniel Pereira Pinheiro

[Sermão] A alegria da Festa de Todos os Santos


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Festejamos hoje, caros católicos, todos os santos no céu. Os Anjos, os Arcanjos, os Tronos, as Dominações, as Potestades, as Virtudes, os Querubins, os Serafins, os Patriarcas, os Profetas, os Apóstolos, os Mártires, os Confessores, as Virgens e Viúvas. Comemoramos todos os santos, incluindo os anjos.
Fazemos memória daqueles que, guardando, a fidelidade a Deus, alcançaram a coroa da glória no céu e já gozam da bem-aventurança eterna, vendo Deus face-a-face, amando-o perfeitamente. Fazendo memória dos santos, devemos nos alegrar. Devemos nos alegrar, antes de tudo, porque cumprimos uma obrigação nossa: cultuar Jesus Cristo nos Santos. Honramos em alguém a sua dignidade: a dignidade dos santos é o fato de estarem unidos perfeitamente a Deus nos céus. É, portanto, nosso dever, venerar os santos.
Devemos nos alegrar porque nossa alma se dirige para o céu, que é a nossa pátria, onde realmente encontraremos repouso para nossa alma e nosso corpo, onde encontraremos a felicidade eterna. E dirigindo-nos ao céu, a festa de todos os santos nos alegra porque nos recorda que o céu é um lugar que realmente existe. Sim, caros católicos, o céu é um lugar e não somente um estado da alma. Claro, o céu é primeiramente um estado de nossa alma, unida perfeitamente a Deus, vendo-o face-a-face, mas ele é também um lugar. Um lugar onde já se encontram Nosso Senhor e Nossa Senhora em corpo e alma. E devemos nos lembrar que o céu é católico. Ali, só entra quem acreditou em Jesus Cristo que havia de vir – são os santos do Antigo Testamento – e quem acreditou em Jesus Cristo integralmente, sendo também filho da Igreja por ele fundada, a Igreja Católica Apostólica Romana. O inferno é ecumênico, mas o céu é católico.
Devemos nos alegrar porque essa festa nos enche de esperança. Vendo todos esses santos, devemos estar convencidos de que podemos chegar ao céu, ajudados com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como perguntava Santo Agostinho: “se essas e esses podem ser santos, por que eu não posso?” Vendo todos esses santos, todos os nossos pretextos e desculpas para não alcançar a santidade nos são tirados. Vemos santos em todos os estados de vida, em todas as idades, em todas as classes sociais, das mais variadas nações. Papas, bispos, sacerdotes, clérigos. Reis, nobres, gente do povo, escravos. Homens, mulheres, crianças e recém-nascidos que morreram purificados pelo santo batismo. Virgens, casados, penitentes. Os mais diversos estados de vida, os mais diversos temperamentos. Uma única coisa tinham, porém, necessariamente em comum: a fé e a caridade, isto é, prática dos preceitos divinos.
Devemos nos alegrar porque essa festa nos mostra concretamente as virtudes praticadas pelos santos. Muitas vezes, as virtudes nos parecem um pouco abstratas ou difíceis de serem praticadas. Os santos nos mostram as virtudes vividas no quotidiano, com a ajuda da graça. Por isso é importante conhecer a vida dos santos e, particularmente, é importante fazer que as crianças conheçam a vida de santos, para que desejem imitá-los. Os heróis das crianças não devem ser personagens de quadrinhos ou de desenhos, nem jogadores de futebol, nem personagens ou princesas da Disney ou coisas semelhantes. As crianças imitam seus heróis. Queremos realmente que elas imitem essas figuras? Ou queremos que elas imitem os santos e Nosso Senhor Jesus Cristo? Os heróis das crianças devem ser os verdadeiros heróis – que são os santos – aqueles que praticaram, na vida real, bem concreta, as virtudes heroicas, indo até mesmo ao ponto de entregar a própria vida pela Verdade, por Deus.
Ao ler e considerar a vida dos santos, devemos evitar dois erros. O primeiro deles, muito comum, é reparar apenas nos fatos extraordinários da vida dos santos. Os grandes milagres, bilocação, e assim por diante. Às vezes, chegamos a desejar essas coisas, esquecendo-nos de que a santidade não está propriamente nessas coisas, mas na fé profunda e no amor a Deus. E, assim, nos desviamos da verdadeira santidade, colocando-a em dons extraordinários. Não devemos querer imitar os santos nesses dons extraordinários que Deus dá ou não conforme a sua vontade, mas devemos desejar imitar os santos na santidade: na prática das virtudes, na união inteira a Deus. O segundo erro é achar que a santidade para os santos foi fácil, enquanto para nós ela é muito difícil. E, assim, nos desencorajamos, achando que não é possível a nossa santificação e desistimos nos primeiros passos. A santidade para os santos foi tão difícil quanto ela é difícil para nós. Os santos lutaram, combateram para se tornarem santos, vencendo suas más inclinações, esforçando-se para praticar a virtude. Mas perseveraram nesse combate árduo até alcançarem a virtude heroica. A santidade para os santos não foi fácil, mas, apoiados inteiramente em Deus, conseguiram. Mesmo aqueles que apresentaram uma grande virtude desde a mais tenra idade, devem isso, em geral, aos esforços de seus pais e outros educadores. Então, a santidade para os santos não foi fácil como não é fácil para nós. Todavia, a santidade é possível para nós como foi possível para eles. Lembremo-nos sempre de Santo Agostinho: “se eles podem ser santos, por que eu não posso?”
Devemos nos alegrar porque na festa de todos os Santos fazemos memória deles e os honramos, podendo, assim, esperar que intercedam por nós, que ainda estamos nesse vale de lágrimas, cercados por tentações de toda parte. Devemos nos alegrar porque temos advogados diante de Deus, começando pela mais poderosa, que é Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa.
Portanto, caros católicos, alegremo-nos nesse dia de Todos os Santos e que nossa alegria seja imitá-los, conhecendo, amando e servindo a Deus.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

12 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência VI


IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS


Parte 1/6


Sabe muito bem a Santa Igreja que os homens quando contraem, pelo sacramento do matrimônio, uma união para toda vida, dão um passo de um alcance decisivo, não somente para sua felicidade neste mundo, como também para seu destino eterno. Sendo felizes no seu casamento, poderão, no âmbito de uma vida terrestre harmoniosa, cuidar pacificamente dos interesses de sua vida eterna; ao contrário porém, as ruínas de sua vida familiar desgraçada sufocarão neles o desejo da vida eterna.
A Igreja, com um amor solicito, segue os passos de seus filhos, que se dispõem ao casamento, e eis por que colocou ela, em seu caminho, as advertências, os "impedimentos matrimoniais". Que são impedimentos matrimoniais? São avisos que assinalam os obstáculos contra os quais, segundo a experiência secular da Igreja, pode facilmente lançar-se a nau do casamento.
Poder-se-ia crer, facilmente, que os impedimentos matrimoniais são, propriamente falando, coisas supérfluas. Quanto mais, porém, se adquire a experiência da vida, quanto mais se observam os dramas conjugais, mais se reconhece a sabedoria, a necessidade das prescrições da Igreja. Não é em vão que, apoiando-se em sua experiência milenária, a Igreja estabeleceu impedimentos. Embora aparentemente sem importância, ocultam eles uma profunda sabedoria e um grande amor pelas almas. Cada impedimento preserva da desgraça uma parcela da felicidade doméstica. E eis por que, cedo ou tarde, sob uma forma ou outra, encontra sua punição aquele que passa levianamente por sobre eles, visto que são a cristalização da experiência milenar da Igreja.

I - Há impedimentos que todos olham como inteiramente naturais. Destes não falarei senão rapidamente, na primeira parte. Há outros, porém, que muita gente critica, em nossos dias, sem compreende-los, como por exemplo:
II - o impedimento de se casar com divorciados e
III - o impedimento de casamento misto.

11 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 3

AH! ESSAS MODAS...

Regressava das missões da África um missionário de barba longa e veneranda. Todos no navio o tratavam com respeito. Durante o dia, enquanto os passageiros se divertiam, ele permanecia no convés, rezando e contemplando o belo céu. Comparava a sua paz com aquele torvelinho e cada dia mais se alegrava de ter escolhido a melhor parte, o sacerdócio.
Uma tarde desceu para a refeição e modestamente ocupou o seu lugar a mesa. Em frente dele sentou-se uma senhora vestida muito a moda, isto é, quase como Eva no paraíso. O Missionário lançou-lhe um olhar sério e guardou silencio. Durante toda a refeição esteve constrangido. Compreendia a obrigação que tinha de advertir aquela senhora, mas queria fazê-lo caridosa e polidamente para que sua repreensão fosse mais eficaz. Ainda estava indeciso, quando chegou a sobremesa. A senhora tomou delicadamente uma maçã do fruteiro e ofereceu-a ao Padre.
— Desculpe, senhora, disse ele, preferira que a senhora mesma a comesse.
— Não, não, faça o favor.
— De modo nenhum, pois é á senhora que compete comer a maçã.
— Mas por que Padre?
— Para que se repita o caso da Sagrada Escritura: Eva tomou uma maçã — lembra-se? — levou-a a boca, deu-lhe uma dentada e, então, abriram-se-lhe os olhos e compreendeu que estava desnuda!...