27 de novembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer.

Conferência VII

O CASAMENTO MONÓGAMO


Parte 1/5

Não vos admireis se começo, hoje, narrando velha lenda grega, tirada do paganismo, antes de Cristo. Decorre, porém, daí uma ideia tão nobre, tão instrutiva, e capaz mesmo de envergonhar a muitos cristãos. Esta lenda grega pressagia e simboliza uma ideia cristã, tão magnífica, que valeria a pena ser contada, não uma, mas várias e muitas vezes.
Trata-se de Penélope, a esposa do herói grego Ulisses, nobre exemplo da esposa fiel. Fazia 20 anos que Ulisses partira da ilha de Itaca. Primeiramente tomou parte da guerra de Tróia, depois se desviou em sua viagem de volta, vagando aventureiramente sobre o mar. Durante este tempo, em casa, os pretendentes molestam constantemente sua esposa, e não lhe dão sossego. Finalmente, na sua angústia, a pobre mulher promete desposar um dos pretendentes, no instante em que tiver acabado o trabalho de tapeçaria que  começara. Durante o dia ela trabalhava assiduamente sob os olhos dos pretendentes, e à noite desfazia tudo o que tecera durante o dia.
Chega, porém, um dia a noticia que Ulisses voltava. Após 20 anos de ausência, o esposo volta.
Apresenta-se à mulher. Ela, contudo, não ousa acreditar nem em seus próprios olhos: se fosse uma ilusão! Permanece longa e silenciosamente assentada diante do marido, que não vê há 20 anos, e que olha perscrutadoramente. Ela não crê, senão quando Ulisses lhe conta um segredo que nenhum outro, a não ser seu esposo, poderia conhecer. Penélope agora soluça, abraçada ao marido. "Não te zangues, Ulisses, diz ela. Os deuses não nos permitiram gozar, unidos, a nossa alegre juventude, e esperar o fim da velhice. Não te irrites contra mim, se não te saudei à tua chegada, porque meu pobre coração tremia sempre ante o pensamento de que pudesse vir alguém para enganar-me com suas palavras. Há tantos que fazem o mal pelas suas astúcias".
Mulher admirável! Verdadeiramente digna do elogio, que mais tarde, no Averno, lhe fazia Agamenon. "
"Filho feliz de Laerte, ilustre Ulisses! Tiveste, como quinhão, uma esposa altamente virtuosa. Como se conduziu ela magnificamente, a filha de Icários, a nobre Penélope! Como pensava ela sem cessar em Ulisses, o esposo de sua juventude! O renome de sua fidelidade nunca desa´parecerá!"
A glória de sua fidelidade não cessará nunca. É verdade, após séculos, a lembrança deste belo exemplo de fidelidade conjugal vive ainda. Esta narração não é histórica, é somente uma lenda. É a prova magnífica de que a humanidade, já antes de Cristo, sentia que a fidelidade até o túmulo, união sagrada entre um só homem e uma só mulher, pertencia essencialmente à dignidade do matrimônio.
O que a humanidade apenas suspeitava, antes de Cristo, adquiriu uma perfeita clareza após a sua vinda, como demonstraremos agora. Isto é:
1 - A própria ideia do casamento exige realmente a monogamia.
2 - A monogamia exige a fidelidade conjugal.

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