27 de novembro de 2015

Sermão para o Último Domingo depois de Pentecostes – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Sermão para o Último Domingo depois de Pentecostes
22.11.2015 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Em nome do Pai...
Ave Maria...
Caros católicos, o ano litúrgico nos faz reviver praticamente toda a história da salvação. O ano litúrgico tem início, então, com o Advento, que significa a espera pela vinda de Cristo no Antigo Testamento. E nada mais natural que se conclua pelo fim do mundo, pela segunda vinda de Cristo para julgar vivos e mortos, no que é chamado de juízo universal. A Igreja com a liturgia, com o ano litúrgico, nos faz reviver os principais momentos da história da Salvação, mas não se trata unicamente de uma recordação. A Igreja nos dá também a graça própria daquele acontecimento e da festa que celebra, para que nos santifiquemos. Por exemplo, no Natal, festejando o nascimento do Menino Jesus, a Igreja quer nos dar a graça da infância espiritual, para que nos portemos realmente como filhos de Deus e inteiramente dependentes dEle.
Hoje, no último domingo do ano litúrgico, a Igreja não celebra um fato já passado, mas nos prepara para algo que ainda vai ocorrer. Ela nos prepara para o juízo universal e, nos preparando para o juízo universal, quer que nos preparemos para a nossa morte, quando acontecerá o nosso juízo particular.
Como sabemos, o juízo particular ocorre no instante de nossa morte e nele somos julgados por Deus. Três coisas podem ocorrer com nossa alma nesse momento: o castigo com a condenação eterna no inferno, se morremos em pecado mortal, e basta um só pecado mortal para a condenação eterna; o purgatório (depois do qual a alma vai sempre para o céu), se morremos em estado de graça, mas com pecados veniais ou devendo ainda expiar por pecados já perdoados; e, finalmente, no juízo particular a alma pode ir diretamente para o céu se morreu em amizade com Deus, isto é sem pecado mortal, mas também sem pecados veniais e tendo expiado todos os pecados já perdoados. A sorte da nossa alma é decidida no instante da nossa morte. E, nesse instante, já não poderemos fazer mais nada, apenas nos submeter à justíssima sentença de Cristo. Esse é, então, o juízo particular, que ocorrerá no instante de nossa morte.
O juízo universal ou juízo final acontecerá no final do mundo, após a ressurreição dos corpos. Assim, o corpo poderá receber junto com a alma a sentença que lhe cabe, já dada no juízo particular à alma. O juízo universal não é uma revisão, mas uma confirmação pública do juízo particular, feito no instante de nossa morte. Embora não mude a sentença justíssima do juízo particular, o juízo universal tem grande utilidade. O Juízo universal será útil porque nele há de manifestar-se a glória de Deus, pois todos hão de reconhecer a justiça com que Deus governa o mundo, embora vejamos, às vezes, os bons sofrer e o maus em prosperidade nesse mundo. Quer dizer, no juízo universal, a sabedoria da Providência Divina nos será mostrada com precisão. No Juízo universal, há de manifestar-se também a glória de Jesus Cristo, porque, tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos. O juízo universal será útil, igualmente, porque nele há de manifestar-se a glória dos Santos, porque muitos deles, que morreram desprezados pelos maus, hão de ser glorificados em presença de todos os homens. No Juízo universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente para aqueles que oprimiram os justos, e para aqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todo o mundo, os pecados que cometeram, ainda os mais ocultos.
A Igreja, pela liturgia de hoje, quer que nos preparemos bem para o juízo universal. Todavia, só estaremos preparados para o juízo universal se nos prepararmos bem para o juízo particular. Muitos, considerando a enorme crise de fé e de moral que temos hoje na sociedade e mesmo em muitos membros da Igreja, pensam que estamos no fim do mundo e ficam, assim, paralisados, esperando grandes catástrofes, esperando a realização disso ou daquilo, esquecendo-se, muitas vezes, do principal, que é a própria santificação, a própria conversão, fazer o bem que podemos e devemos fazer aqui e agora. O que a Igreja quer é que, considerando o juízo particular e o juízo universal, possamos mudar de vida, ela quer que nos preparemos para ouvir a suave sentença: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. ” A Igreja quer que evitemos aquela outra sentença, tremenda: “Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.”
Devemos nos lembrar que em tempo de calamidades físicas e, sobretudo, de calamidades doutrinárias e morais, vão prosperando as falsas doutrinas e os falsos profetas em virtude do desespero ou da confusão e mesmo os bons podem ser atingidos por essas falsas doutrinas e pelos falsos profetas, como diz Nosso Senhor. É preciso, então, vigiar e rezar. Devemos nos lembrar de que não sabemos absolutamente nada quanto ao momento preciso do juízo universal. Apesar de todos os sinais que Nosso Senhor nos dá, Ele diz: “vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o Senhor… Por isso, estai vós preparados, porque não sabeis a que horas virá o Filho do homem.” Quantas pessoas ou supostas aparições querem determinar com precisão a data do fim do mundo ou do juízo universal, contrariando diretamente as palavras de Cristo. São falsas doutrinas e falsas profecias. Quantos falsos profetas pipocam atualmente, muitas vezes propugnando um certo conservadorismo, mas eivado de desvios graves em matéria de fé, por exemplo.
Não devemos nos preocupar excessivamente com o juízo universal. Devemos nos preocupar em nos preparar bem para ele, estando sempre preparados para a nossa morte, para o nosso juízo particular, que pode vir a qualquer momento. Estaremos preparados guardando a fé e praticando os mandamentos, deixando de lado todo pecado mortal e procurando combater mesmo os veniais. Rezemos a Nossa Senhora para que nos alcance a graça da perseverança final.
Em nome...    



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