A GANA DE SER RICO
Já ouvistes a história de João Wilde? Dizem que na ilha de Bergen há uma multidão de anõezinhos habitando um palácio de cristal, no interior da montanha. De vez em quando saem do seu palácio encantado para bailar pelos campos. Mas, se numa dessas excursões, algum anãozinho perde um de seus sapatinhos de vidro tem que voltar e procurá-lo, até que o encontre, custe o que custar.
Um lavrador, chamado João Wilde, que sabia desse segredo, resolveu apanhar um desses sapatinhos e fazer fortuna. Saiu, pois, á meia-noite, deitou-se ao pé da montanha e fingiu que dormia. Apareceram os anõezinhos e, vendo-o dormir, bailaram tranquilos e alegres á luz do luar. João Wilde espreitava-os e vendo que um deles deixou cair o sapatinho, de um salto apoderou-se do precioso tesouro. No dia seguinte o anãozinho, disfarçado em viajante, dirigiu-se á casa do lavrador. Este negou-se a devolver-lhe o sapatinho, e o anãozinho, em seu desespero, ofereceu-lhe pelo sapatinho tudo o que quisesse.
— Quero, disse João, que daqui em diante, a cada golpe do meu enxadão apareça urna moeda de ouro.
Firmou-se o contrato. Wilde com mão trémula tomou o enxadão, mergulhou-o na terra e — Ó sorte! — reluzente e novinha apareceu uma moeda de ouro. Todo o dia, de sol a sol, esteve cavando, e todo o dia esteve recolhendo moedas. Voltou no dia seguinte, e também no outro e — como achava curto o dia — começou a passar a noite desenterrando moedas de ouro. Sem descanso, sem sossego, cavou, suou, mourejou. Nem um momento de repouso, tamanha era a ânsia de amontoar ouro, ouro e mais ouro... Um dia, porém, encontraram-no estendido no campo ao lado do seu enxadão: morrera de fadiga sobre um montão de moedas de ouro. O anão dera-lhe o ouro por castigo.
Já disseste talvez: Faço sempre a vontade de Deus e no entanto vivo na pobreza; outros vivem a ofendê-lo e gozam de abundancia... Não te queixes, meu irmão; a tua pobreza, suportada com resignação, é uma mina de méritos para o céu. A riqueza mal adquirida ou mal .empregada será a causa de grandes castigos na vida futura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário