30 de setembro de 2015

SOCIALISMO: Cavalo de Tróia a Serviço do Comunismo - Parte 3

3. Socialismo cristão

Os fautores da Revolução realizaram esta proeza de enfeitarem o socialismo com o rótulo de cristão. Com um semblante comovido tais socialistas cristãos condenam o capitalismo como intrinsecamente mau, pior do que o comunismo. E com comoção dizem que no comunismo há muita coisa boa. Seu ódio à América do Norte é violento.
Suas simpatias pela Rússia são difíceis de esconder. Consideram o capital uma abominação quando nas mãos daquele que o amealhou com seu suor, mas o acham admirável quando nas mãos do Estado. Têm uma confiança cega no Estado, e uma desconfiança irremediável da iniciativa particular. Têm antipatia à ordem desigual e hierárquica de uma sociedade de classes, e têm prazer de se proletarizar. Mas confessam‑se e comungam, e se dizem católicos progressistas.
É possível um socialismo cristão? Sua Santidade o Papa Pio XI já respondeu a esta questão na Encíclica Quadragesimo Anno: "Se este erro, como todos os mais, encerra algo de verdade, o que os Sumos Pontífices nunca negaram, funda‑se contudo numa concepção da sociedade humana diametralmente oposta à verdadeira doutrina católica. Socialismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista" (Edit. Vozes, p. 44, n.° 119).
E se o socialismo for muito moderado? Mesmo neste caso continua incompatível com o Catolicismo. Pio XI é explicito também neste ponto. Ouçamo‑lo: "E se o socialismo estiver tão moderado no tocante à luta de classes e à propriedade particular, que não mereça nisto a mínima censura? Terá por isto renunciado à sua natureza essencialmente anticristã? Eis uma dúvida que a muitos traz suspensos. Muitíssimos católicos, convencidos de que os princípios cristãos não podem abandonar‑se nem jamais obliterar-se, volvem os olhos para esta Santa Sé e suplicam instantemente que definamos se este socialismo repudiou de tal maneira as suas falsas doutrinas, que já se possa abraçar e quase batizar, sem prejuízo de nenhum princípio cristão. Para lhes respondermos, como pede a Nossa paterna solicitude, declaramos: o socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como "ação", se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliar‑se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de um modo completamente avesso à verdade cristã" (Encíclica Quadragesimo Anno, Edit. Vozes, p. 43, n.° 117).
Realmente, Deus estabeleceu uma ordem natural, que não é licito ao homem violar, e a esta ordem pertencem dois pontos que todo socialismo viola. São os seguintes:
a) O papel subsidiário do Estado. O Estado não existe para absorver ou substituir os indivíduos, as famílias e as associações, mas para realizar as tarefas que estes elementos não podem realizar por si mesmos. Assim João XXIII, na Encíclica Mater et Magistra: "Essa ação do Estado, que protege, estimula, coordena, supre e complementa, apóia‑se no "princípio de subsidiaridade" (A. A. S., XXIII, 1931, p. 203), assim formulado por Pio XI na Encíclica Quadragesimo Anno:"Permanece, contudo, firme e constante na filosofia social aquele importantíssimo princípio que é inamovível e imutável: assim como não é lícito subtrair aos indivíduos o que eles podem realizar com as próprias forças e indústria para confiá‑lo à coletividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada o que sociedades menores e inferiores poderiam conseguir, é uma injustiça ao mesmo tempo que um grave dano e perturbação da boa ordem. O fim natural da sociedade e de sua ação é coadjuvar os seus membros e não destruí-los nem absorvê‑los" (ibid., p. 203) (apud "Catolicismo", n.° 129, de setembro de 1961).
b) O indivíduo, as famílias, as associações têm direito de possuir bens de raiz, bens móveis e bens produtivos. O Estado não pode açambarcar estes bens para si. Os homens têm o direito e o dever de proverem às suas necessidades, e o Estado não pode se arvorar em Providência e suprimir este direito ou substituir‑se a este dever.
Por isto tudo, o socialismo é condenado pelo direito natural, e não pode haver socialismo cristão.

XV DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES - | Capela N. Sr.ª das Dores - Padre Daniel Pinheiro, IBP


[Sermão] Deus non irridetur. De Deus não se zomba.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Nolite errare: Deus non irridetur. Não vos enganeis: de Deus não se zomba.
Caros católicos, essa frase de São Paulo na Epístola da Missa de hoje deveria ser considerada com todo o cuidado pela nossa sociedade contemporânea e pelos homens, que pensam poder ocupar o lugar de Deus, para ditar o que é certo e o que é errado, sem se preocupar minimamente com Deus. Nossa sociedade zomba de Deus, de sua Revelação, de suas leis. Isso não será sem consequências porque de Deus não se zomba. E muitas dessas consequências dramáticas nós já vivemos. Como nos diz São Paulo hoje: “quem semeia na sua carne, colherá, da carne, a corrupção.”
Nossa sociedade já não reconhece verdadeiramente a existência de Deus. Ela não reconhece a Revelação divina, não adere a Deus tal como Ele se revelou. Ela não reconhece que Deus é um só em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Nossa sociedade não reconhece que a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, se encarnou para nos salvar e que Ele morreu na cruz para nos perdoar os pecados. Ela não reconhece a Igreja fundada por NSJC, a Igreja Católica. Ela nos faz esquecer os novíssimos: a morte, o juízo, o inferno, o céu. Ao contrário, nossa sociedade favorece o indiferentismo religioso, como se todas as religiões fossem boas, colocando em pé de igualdade a religião que nos foi dada por Deus e aquelas que são obra das mãos dos homens ou do demônio. Nossa sociedade favorece o ateísmo prático, fazendo que os homens vivam submersos no mais profundo naturalismo, sem que se preocupem com as verdades eternas, com a obra de redenção operada por Nosso Senhor, com a prática da virtude, dos mandamentos, sem que se preocupem com o pecado e assim por diante. Nossa sociedade nos leva a pensar e agir como se nossa vida se resumisse unicamente a essa terra, em particular fazendo-nos acreditar que a nossa finalidade nesse mundo é aproveitar a vida, nos divertir. Nossa sociedade realmente se coloca no lugar de Deus, querendo estabelecer o que é a verdade, e invertendo, no mais das vezes, o que é o bem e o que é o mal. Nossa sociedade destruiu a família, pela introdução do divórcio. Ela ataca os mais fundamentais e evidentes princípios da lei natural e do bom senso ao favorecer o homossexualismo. Ela favorece o assassinato dos mais inocentes pelo aborto. Verdadeiramente, nossa sociedade parece zombar de Deus.
Mas também nós, caros católicos, quantas vezes parecemos zombar de Deus, pelos nossos pecados, pela nossa falta de seriedade na busca da santidade, pela nossa falta de verdadeira conversão, pelos pecados repetidos e não combatidos seriamente. Vamos levando a vida como se pudéssemos enganar a Deus e nos converter no último instante. Vamos levando a vida muitas vezes esquecidos das verdades sobrenaturais, sem nos interessar por elas. Vamos dividindo o nosso coração, a nossa alma, entre Deus e as coisas mundanas, esquecendo-nos de que Ele nos pediu para amá-lO com todo o nosso coração, com toda a nossa alma e com toda a nossa força. Vamos também nós, os indivíduos, muitas vezes zombando de Deus.
Todavia, de Deus não se zomba. Quando se abusa e se zomba da misericórdia de Deus, será preciso sofrer pela sua justiça. E um dos piores castigos que Deus pode nos dar é nos abandonar aos nossos próprios caprichos e erros. É, basicamente, a situação de nossa sociedade. Já estamos praticamente cegos, sem conseguir enxergar os erros e males tão profundos que são os nossos. E o abismo vai chamando outro abismo. Vejamos o que diz São Paulo aos Romanos, no capítulo 1º, e observemos como é semelhante à situação atual. Diz o Apóstolo:
“Dizendo ser sábios, tornaram-se estultos e mudaram a glória de Deus incorruptível na figura de um simulacro de homem corruptível, de aves, de quadrúpedes e de répteis. Pelo que Deus os abandonou aos desejos do seu coração, à imundície, de modo que desonraram os seus próprios corpos, eles que trocaram a verdade de Deus pela mentira e que adoraram e serviram a criatura de preferência ao Criador, que é bendito por todos os séculos. Amém. Por isso Deus entregou-os a paixões de ignomínia. Efetivamente, as suas próprias mulheres mudaram o uso natural em uso contra a natureza, e, do mesmo modo, também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam nos seus desejos mutuamente, cometendo homens com homens a torpeza e recebendo em si mesmos a paga que era devida ao seu desregramento. E, como não procuraram conhecer a Deus, Deus abandonou-os a um sentimento depravado, que os levou a fazer o que não convém, cheios de toda a iniquidade, de malícia, de avareza, de maldade, cheios de inveja, de homicídios, de contendas, de engano, de malignidade, mexeriqueiros, detratores, odiados por Deus, injuriadores, soberbos, altivos, inventores de maldades, desobedientes aos pais, insensatos, sem lealdade, sem afeto, sem lei, sem misericórdia. Os quais, conhecedores da justiça de Deus, sabendo que os que fazem tais coisas são dignos de morte, não somente as fazem mas também aprovam aqueles que as fazem.”
A semelhança entre o que descreve São Paulo e a sociedade atual é impressionante, mas plenamente compreensível: quando se tem a mesma causa – negação de Deus – se tem o mesmo efeito – corrupção moral profunda do homem. Tendo recusado Deus, tudo se torna possível. Como é grande a decadência da sociedade que recusa Deus.
O que devemos, então, fazer, caros católicos? Desesperar-nos? Desanimar? Abandonar tudo? Não, absolutamente. Devemos nos arrepender de nossos pecados e procurar seriamente levar uma vida santa, fazendo o bem, que é cumprir a vontade de Deus em todas as coisas. É tambem São Paulo que nos diz tão bem o que devemos fazer, na Epístola de hoje: “quem semeia no espírito, colherá, do espírito, a vida eterna. Não nos cansemos, pois, de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não desfalecermos. Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, muito especialmente aos nossos irmãos na fé.” Se fizermos como nos diz São Paulo, podemos ter verdadeiramente esperança. E é essa esperança sobrenatural que deve nos mover, caros católicos.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

29 de setembro de 2015

SOCIALISMO: Cavalo de Tróia a Serviço do Comunismo - Parte 2

2. Socialismo e seus matizes

A vantagem tática do socialismo, para os que dirigem a seita comunista, é que o socialismo pode tomar coloridos mais suaves. O comunismo é vermelho-sangue. O socialismo pode ir do rubro ao cor‑de‑rosa. O comunismo tem dificuldade de se fazer passar por cristão. O socialismo arranja modos de se dizer cristão, e assim realizar a Revolução paulatinamente e por etapas.

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth


Conferência I

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA.


Parte 3/3

UM PADRE CATÓLICO PODE E DEVE FALAR SOBRE ESTE ASSUNTO

Se até o presente fui, talvez, feliz em mostrar claramente a importância desta questão, sê-lo-ei, ainda, quanto ao dissipar uma dúvida que certamente surgiu no espírito de vários ouvintes: A) Um padre católico pode tratar desta questão? B) Um padre católico deve  ele precisamente falar sobre este assunto?
A) Quando os meus ouvintes souberem que eu consagrarei todos os sermões do semestre universitário para esta única questão, o estudo do ideal cristão do casamento, perguntarão, certamente, a si mesmos: Será que um padre católico, não vivendo ele mesmo do matrimônio, pode falar destas coisas? Será que ele pode ser nosso guia, a nós que somos casados ou nos preparamos para o ser? Não será uma tarefa impossível o falar do matrimônio, para quem o não conhece pessoalmente?
À primeira vista, isto parece, com efeito, uma empresa impossível. No entanto, não o é.
a) Recordemo-nos, primeiramente, que se os padres católicos não se casam, eles, contudo, saíram de um matrimônio, e deixaram o lar doméstico para subir ao altar; eles também tiveram pais, recordando-se deles com uma gratidão e um amor eterno; eles também tem irmãos e irmãs que se casam, - eles conhecem, pois, a família e a vida familiar.
Não há porventura ilustres críticos de arte, quando eles mesmos não produziram sequer uma obra prima? Não conheceis médicos que curam admiravelmente doenças, nunca sofridas por eles? Os psiquiatras não curam doenças mentais, que nunca os atingiram? E os juízes não são equitativos nos julgamentos sobre crimes, que eles mesmos nunca cometeram?
b) Agora volto à objeção, e afirmo que aquele que não vive, ele próprio, no matrimônio, pode discutir muito mais imparcialmente a questão, que o homem casado. Mais imparcialmente, porque vê mais claramente os defeitos das suas partes, e pode examinar mais tranquilamente suas obrigações, do que aquele que esta pessoalmente interessado na questão; mais imparcialmente ainda, porque a experiência pessoal torna muitas vezes difícil um olhar mais aprofundado, e uma apreciação mais objetiva.
c) Ao contrário, se ao sacerdote falta o terreno da experiência pessoal, encontra ele ensinamentos muito mais abundantes na experiência milenar da igreja, e na diversidade inesgotável da vida dos fiéis.
A Igreja, em seu ministério pastoral de vinte séculos, adquiriu um juízo tão seguro, pontos de vista tão largos, que ninguém na terra os teve, mesmo aproximadamente, pela sua experiência. De outro lado o pastor de almas, querido pelo seu rebanho, que para ele se volta em suas alegrias e suas penas, conhece ele próprio todas as tristezas, todos os choques, e todos os problemas do casamento, em sua variedade infinita, melhor que qualquer pessoa casada.
Não esqueçamos precisamente a fonte mais rica, em que o padre sorve seus esclarecimentos sobre esta questão: a confiança de seus fiéis. É justamente por ter o padre católico, por amor de Cristo, pelo bem das almas de seus fiéis, renunciado ao casamento, que lhe é assegurada a absoluta confiança de seus fiéis.
Jovens e velhos, casados e solteiros contam-lhe suas penas, suas lutas e suas vitórias, seus cuidados e suas tristezas com tal confiança que a alma do padre conhece melhor, muito melhor, todos os escolhos e recifes, em uma palavra, todos os problemas, como se tivesse ele mesmo uma família. Ele não conheceria, certamente, senão a sua própria família, enquanto agora ele conhece centenas e milhares.
Após isto, creio que não mais se discutirá a possibilidade para um padre católico de encarar esta questão.
B) Mas tem ele o direito, e mesmo o dever de falar deste problema?
a) É indubitável que o estudo da questão não é realmente fácil, estando mesmo ligado a detalhes, que não se podem abordar, senão com muita prudência e psicologia. Justamente por isto ela deve ser tratada por sacerdote católico, de quem podemos esperar este tacto e esta delicadeza, mais do que por alguém que abordasse brutalmente o mais santo problema da vida.
Por que justamente um sacerdote deve tratar deste assunto? Porque é a Igreja a única que deve falar desta cousa essencialmente santa, e que, de perto, toca a religião.
b) Ora, o casamento é uma coisa essencialmente santa. Diz um francês espirituoso que "o adjetivo é o inverso do substantivo". Certamente ele queria dizer que há epítetos que, colocados diante de tal ou tal substantivo, fazem desaparecer e enfraquecer a essência da coisa. Ao contrário há, porém, epítetos que, na sua brevidade, esclarecem o pensamento como brilho de um raio no céu. Em 31- 12 - 930, o Papa Pio XI publicou uma longa Encíclica sobre o casamento, e colocou no frontispício um epíteto que resume com muita felicidade a essência de toda a questão: "Casti connubü";    assim começa a encíclica pontifical. Que epíteto exato: "O casto matrimônio". Com efeito, ou bem o casamento é casto, moral e santo, ou bem não há casamento. Mas se é santo e sacramento, então, compete à Igreja e seus padres tratarem do assunto.
E se Lacordaire disse, um dia, que a união entre o homem e a mulher, isto é, o matrimônio - era uma questão de civilização humana, hoje se pode acrescentar, é uma questão de felicidade na terra e na eternidade. É preciso, pois, tratar realmente desta questão, e dela se ocupar bastante. Pertence primeiramente à Igreja Católica discuti-la com toda a franqueza.

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Meus irmãos, diz-se que há pérolas preciosas que  perdem, quando nas mãos dos homens, todo o seu brilho, e não o recuperam senão quando são mergulhadas novamente no fundo do mar, nestas profundezas donde nasceram.
A pérola mais preciosa da humanidade, a de maior valor, é a família, porque é de sua força e de sua energia que dependem a força e a energia da sociedade. A vida familiar pode, também, perder o seu brilho e sua força nas mãos do homem, pode mesmo ficar completamente arruinada, e ela não recuperará sua força, enquanto não a recolocarmos em sua fonte primitiva onde se originou: sobre o pedestal de uma concepção séria e religiosa do mundo. Quantas coisas abalaram a família atual: a crise econômica, o trabalho das mulheres e das crianças, a crise da habitação, as privações; o golpe, contudo, mais terrível lhe foi vibrado por este fato doloroso: o de se ter ela afastado de Cristo, pois, uma vez d'Ele afastada, perdeu sua base mais sólida.
Sejamos claros. A família sofre uma crise, mas aí chegou, porque se afastou da fonte da vida, do terreno religioso. A família, realmente, necessita de uma reforma, isto porém não é possível se não lhe dermos mais moral. Há necessidade, para a reabilitação da família, de instituições sociais, de medidas legislativas, e do concurso do Estado, mas tudo isto seria inútil, se esquecêssemos o essencial: elevar novamente a vida de família à altura da moralidade.
Não fujamos à evidência do perigo. Se o ideal cristão do matrimônio e da família não recuperar a supremacia, se a opinião frívola e destrutiva, arraigada nesta questão durante as últimas dezenas de anos, continuar espalhando-se, não só ela prejudicará enormemente a religião, mas tornar-se-á um perigo para a tranquilidade social e para o desenvolvimento cultural da humanidade.
Eis por que recordarei insistentemente nos sermões que se seguem, o fato de que as leis positivas divinas, no matrimônio, como em todas as outras questões, harmonizam-se perfeitamente com os desejos e as obrigações da natureza humana, e quando o homem as observa, não só obterá a salvação eterna, mas assegurará as bases de uma vida terrestre harmoniosa. Se porém quiser burlá-las abrirá ele mesmo as portas do inferno, e do sofrimento na terra.
Nada mais nos resta, senão levantar uma humilde prece ao Pai celeste, Criador da raça humana, Santo Fundador do matrimônio e da família, que nos assista com suas graças de luz e de força, durante o curso dos meses, em que evocaremos seu plano sublime. Amém.




28 de setembro de 2015

Sermão Padre Daniel Pinheiro


[Sermão] O sacerdócio e o sacrifício

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Caros católicos, aproveitemos a ocasião dessa primeira Missa do Padre, para tratarmos um pouco do sacerdócio católico. Como festejamos hoje Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina, peçamos a ela que nos ajude nesse nosso propósito.
Pelo sacramento da ordem, o batizado católico homem torna-se sacerdote do Altíssimo. O sacramento da ordem recebe esse nome em virtude da ordem que ele estabelece na Igreja, distinguindo o clero dos leigos, sendo que ao clero, isto é, à hierarquia da Igreja, Nosso Senhor confia a missão de governar, ensinar e santificar os fiéis. O sacramento da ordem recebe esse nome também porque o Padre deve estar completamente ordenado, voltado para Deus.
Pela imposição das mãos do Bispo e pelas palavras do sacramento da ordem, é impressa na alma daquele batizado uma marca espiritual indelével, quer dizer, que não pode se apagar. Essa marca é o caráter sacerdotal, que permite ao sacerdote administrar as coisas santas. Pelo batismo, nossa alma recebe uma marca espiritual indelével que faz de nós filhos adotivos de Deus e aptos a receber as coisas sagradas, em primeiro lugar, os sacramentos: é o caráter batismal. Pela Crisma, nossa alma recebe uma marca espiritual indelével que faz de nós soldados de Cristo, aptos a defender as coisas sagradas: é o caráter do sacramento da crisma. Pela ordem, a alma de um homem é marcada como sacerdote do Altíssimo: ele pode, agora, como instrumento de Cristo Sacerdote, transformar o pão e o vinho no Corpo e no Sangue de Cristo, ele pode renovar o sacrifício de Cristo sobre os altares, ele pode perdoar os pecados. A alma do sacerdote está marcada para sempre com esse caráter sacerdotal. Existe, portanto, uma diferença na alma de um padre e na de um simples fiel, como existe uma diferença entre a alma de um batizado e a de um não batizado. O Padre continua sendo perfeitamente homem, mas é também sacerdote do Altíssimo.
Nosso Senhor instituiu o sacerdócio católico, o sacerdócio da nova e eterna aliança, na Última Ceia. Nela, Jesus Cristo celebrou a primeira Missa, antecipando o seu sacrifício na Cruz, que aconteceria no dia seguinte. Nela, após ter transformado o pão no seu Corpo e o vinho no seu Sangue, Nosso Senhor deu uma ordem clara aos apóstolos: fazei isso em memória de mim. Fazei isso, quer dizer, transformai o pão em meu Corpo e o vinho em meu Sangue, em memória do que fiz, em memória de meu sacrifício na Cruz.
Pela própria instituição do sacerdócio, vemos a união necessária que existe entre o sacerdócio e o sacrifício e entre o sacerdócio e a eucaristia. O Padre, caros católicos, é, antes de tudo, o homem do sacrifício, o homem da Missa, pela qual se renova o sacrifício de Cristo sobre os altares. O sacerdote é o homem da Missa, o sacrifício perfeito e único agradável a Deus.
Como dissemos, o Padre deve estar inteiramente voltado para Deus. O sacerdote faz isso, primeiramente, oferecendo a Deus o sacrifício. O sacrifício é o ato mais perfeito de culto a Deus, pelo qual se reconhece o seu soberano domínio sobre todas as coisas, pelo qual pedimos o arrependimento dos nossos pecados, pelo qual agradecemos a Deus pelos seus inúmeros benefícios, pelo qual pedimos a Deus as graças de que precisamos para a nossa salvação.
Centrado na Missa, centrado no sacrifício de Cristo na Cruz, o sacerdote exercerá bem todo o seu ministério sacerdotal. Ele saberá sacrificar seus próprios pensamentos para transmitir com fidelidade perfeita os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele saberá sacrificar seus gostos e sua comodidade para entregar-se à salvação das almas, para perdoar os pecados, para visitar os enfermos e suas ovelhas. Centrado na Missa, o sacerdote saberá se oferecer como vítima, em união com Cristo, para que Deus seja mais conhecido, amado e servido, para que as almas alcancem o céu. O sacerdote deve consumir a sua vida, em um martírio não sangrento, por Deus e pelas almas. São esses dois os seus únicos interesses. Não há outros, verdadeiramente.
Hoje, se constata uma grande e grave crise no sacerdócio. É uma crise de identidade. Muitos padres já não sabem o que é realmente um sacerdote ou não sabem como exercer o sacerdócio. Em grande parte, essa crise da identidade sacerdotal se deve ao fato de que se perdeu, mesmo entre o clero, a noção de sacrifício. Quando a Missa, que é o único e perfeito sacrifício do Novo Testamento, é considerada como uma simples refeição, uma festa, um simples memorial, a consequência para o sacerdócio é imensa. O padre não será mais o homem do sacrifício e que se sacrifica pelo bem das almas, mas será simplesmente o homem das reuniões, das pastorais sem fim, será um animador de comunidades, um funcionário… Para que o padre saiba quem ele é e como deve agir, a liturgia deve ser profundamente sacrificial. Assim, o padre poderá entender que sua finalidade é oferecer o sacrifício de Cristo a Deus e sacrificar-se pelas almas. Portanto, caro Padre, a Missa deve ser o centro de sua vida sacerdotal. A Missa na liturgia romana tradicional, que tão perfeitamente expressa seu caráter sacrificial e que você escolheu celebrar exclusivamente ao ingressar no Instituto Bom Pastor. Sem a Missa, o Padre nada pode fazer, praticamente. Com ela, pode fazer grandes coisas.
Quando o exercício do sacerdócio católico voltar a fundamentar-se realmente no sacrifício, ele poderá ser realmente renovado e, com a renovação do sacerdócio, todas as coisas poderão ser restauradas em Cristo. Tudo, na vida sacerdotal, deve ser uma preparação para a Missa ou frutos advindos da Santa Missa.
E quão grande é a dignidade do padre. Foi escolhido por Deus para renovar o sacrifício da Cruz, para perdoar os pecados, para transmitir os seus ensinamentos, para abençoar e santificar. Colocado como mediador entre Deus e os homens. Apresentando a Deus as súplicas dos homens e transmitindo aos homens as graças de Deus, principalmente pelos sacramentos. Verdadeiramente, é grande a dignidade do sacerdócio, que perpetua a obra da redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo. O sacerdote deve reconhecer a sua dignidade não para orgulhar-se, mas para exercer fielmente o seu ministério, para saber que grande também é a sua responsabilidade, devendo responder diante de Deus pelas almas que lhe foram confiadas. Deve reconhecer a sua dignidade para recorrer ao auxílio divino, a fim de corresponder a tão grande graça, sem presumir de suas próprias forças. Deve, para tanto, ter uma devoção realmente profunda a Nossa Senhora.
Grande é a dignidade daquele que pode oferecer o sacrifício de valor infinito a Deus e que pode perdoar os pecados. Grande é a sua responsabilidade. Peça a Nossa Senhora, caro Padre, e também nós, os outros padres, peçamos a ela a graça de permanecer fiel à vocação que recebemos de Deus. Recomendamo-nos, caros fiéis, às orações de vocês.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

SOCIALISMO: Cavalo de Tróia a Serviço do Comunismo - Parte 1

D. GERALDO DE PROENÇA SIGAUD, S. V. D.

1. Socialismo e comunismo

O socialismo ensina a mesma doutrina marxista que o comunismo. Tem o mesmo objetivo, a Revolução, e quer a mesma organização econômica da sociedade. É materialista, rejeita a Religião, a moral, o direito, Deus, a Igreja, os direitos da família, do indivíduo. Quer que todos os meios de produção estejam nas mãos do Estado, e igualmente toda a educação, todos os transportes, as finanças, e que o Estado seja o soberano senhor de todas as forças da nação. Deseja a supressão da diferença entre as classes sociais. Também para o socialismo, a pessoa existe para o Estado, não o Estado para a pessoa (cf. Leão XIII, EncíclicaRerum Novarum, Edit. Vozes, pp. 5 e 6).

A diferença que há entre os socialistas e os comunistas é uma diferença de método. Os comunistas desejam a implantação imediata da ditadura do proletariado para realizar a Revolução. Os socialistas recorrem a meios "legais" para obter o mesmo objetivo. Recorrem às eleições, às greves legais, às agitações sem derramamento de sangue, para conseguir leis de nacionalização, de ensino laico. Vão fazendo a nação deslizar para o comunismo em geral sem convulsões violentas. O socialismo é uma rampa pela qual as nações vão resvalando para o comunismo quase sem perceberem.

27 de setembro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência I 

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Parte 2/3

I) NECESSIDADE URGENTE

Quereria, hoje, responder, preliminarmente, este ponto: É preciso tratar minuciosamente do casamento e da família? Por que?
A) Há, com efeito, homens a levantar esta questão. São cada vez mais raros, infelizmente.
a) Admirados farão esta pergunta os que cresceram em antigas famílias ideais, famílias religiosas, conscienciosas, fonte de paz e de felicidade onde a questão do casamento e suas relações não constituiriam um problema. Os pais e avós não falaram muito disto às novas gerações vindouras, mas nessas venerandas famílias, as tradições permaneciam tão vivas, que a nova geração, constituindo uma família, por si mesma, instintiva e naturalmente, resolvia o problema.
Isso não era, todavia, a menor bênção da família antiga e venerável.
b) Hoje, porém, como estamos longe disto! Milhares e milhões de jovens crescem, ao redor de nós, desconhecendo as bênçãos da vida familiar e o calor do lar doméstico.
Lar! Palavra magnífica! Ninho abençoado! Dizei-me: existe ainda hoje um lar? Um lar, com seu doce e benéfico calor?
Lembro-me aqui, não só dos mais desgraçados dentre os desgraçados, dos filhos infelizes, cujos pais estão separados. Lembro-me da multidão imensa de filhos, cujos pais vivem em comum, mas em constantes rixas e discórdias perpétuas. Lembro-me destas crianças que nunca provaram a doçura de um lar, porque nem seu pai e nem sua mãe amam a vida de família. Ambos sentem mais alegria em fugir de seu lar. A criança fica entregue a si mesma ... ou a uma doméstica, a uma empregada, ou então vai aonde quer.
Lembro-me também desta multidão de jovens obrigados a ganhar o pão, arrancados às paredes protetoras do lar antes que se lhe chegue o tempo dos cuidados pela existência.
Lembro-me, ainda, dos inumeráveis ataques, que o homem moderno lê, ouve, a cada instante nos jornais, revistas, e na sociedade, ataques contra a família, cuja formação ideal nunca ele viu, nem apreciou, e nem tentou evocar. Disto tudo eu me lembro, eu penso, e agora estou convicto da necessidade urgente de falar, e falar minuciosamente, desta questão, perante o homem de hoje.
B) Demais, torna-se necessário ainda ocuparmo-nos deste problema, porque outros querem tenaz e incansavelmente resolvê-lo, embora de um modo tão brutal, tão afrontoso e audaz, confundindo os espíritos muito mais que antes.
a) Os antigos se baseavam em todas as coisas, pelo que observavam no lar; hoje, pelo contrario, os homens se desorientam pelo que vêem em casa. Outrora, a mãe era, para a filha adolescente, a amiga mais íntima, a quem esta recorria em todas suas dificuldades. E hoje? Ela se dirige a uma agência de casamento ou à seção de correspondência de um semanário ilustrado, e mesmo eventualmente a médico psicanalista.
b) Quantos escritores, quantos poetas e políticos, quantos filósofos e artistas, quantos autores dramáticos e cineastas se voltam, hoje, para o grande problema, a crise da família. É incalculável o número de obras provocadas por esta questão, e cujos produtos inundam, diariamente, as livrarias.
Devemo-nos, porém, felicitar ante esta abundância? Quanto mais nos ocupamos desta questão, mais nos perdemos num oceano de nuvens. À Igreja Católica pertence levantar a voz, ela a quem Nosso Senhor Jesus Cristo confiou a pregação da verdade.
C) Mas, dir-se-á talvez, que fará a Igreja nesta questão do matrimônio? Não é ele um contrato entre pessoas particulares? Não é um negócio puramente profano e social?
Não, mil vezes não! Tendo em vista sua origem, seu fim, e os deveres que dele decorrem, afirmamos bem alto, o casamento não é um simples contrato civil, e, sim, uma instituição moral e religiosa.
a) O casamento vem de Deus. Autor de todas as leis da natureza, Ele criou o homem de tal maneira, que sua reprodução ulterior não lhe é assegurada senão pela coexistência constante de dois seres, portanto pelo casamento. O casamento, porém, no momento da criação da raça humana, recebeu um caráter divino todo particular, pelo ato simbólico de Deus, tirando a primeira mulher do lado do primeiro homem, e dando-lhe por esposa, dizendo: Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra (Gên 1, 28).
b) O fim do casamento dá-lhe também um caráter religioso. Os esposos, com efeito, são os colaboradores do Deus Criador.
O fim principal do casamento é dar a terra novos seres 'criados a imagem de Deus', seres cuja tarefa, aqui na terra, e na vida eterna, será servir a Deus. Cada vez, porém, que os esposos cumprem a sua tarefa de dar a vida física, Deus age com eles, criando, ao mesmo tempo, uma viva alma, e depondo-a no novo rebento humano, que acaba de florescer, graças aos esposos.
Grande honra é, pois, para os esposos, o serem, propriamente falando, instrumentos nas mãos de Deus Criador, e o de estarem realmente unidos com Deus. Disse-o igualmente Nosso Senhor Jesus Cristo: "Que o homem não separe aquilo que Deus uniu" (Mt 19, 6).
Basta olharmos para a história da civilização, e em todos os povos e em todos os tempos, encontramos o casamento, como um ato religioso, feito entre cerimônias religiosas as mais diversas, provando isto haver realmente relações estreitas entre o matrimônio e a religião, e necessitarem os esposos do auxílio especial de Deus, quando querem cumprir os seus deveres conjugais.
c) Os deveres anexos a família tornam-na também uma instituição moral e religiosa. Cristãmente falando, a Providência quis constituir na família uma pequena cidadela particular, uma praça forte, um jardim bem fechado, tornando-se ela um lugar de paz onde a nova criatura viria ao mundo, nasceria, se fortificaria fisicamente, chegaria a utilizar suas faculdades intelectuais, formar-se-ia e se desenvolveria completamente. A família é o lugar sagrado, onde uma geração coloca nas mãos de outra o facho da vida, aceso pelo próprio Deus no momento da criação, e que não se extinguirá senão ao som da trombeta do juízo final.
O Criador uniu, pois, o primeiro casal humano pelos laços da família. Esta é, portanto, a associação mais antiga, a mais fundamental da humanidade, mais importante que qualquer outra associação ou instituição posterior. Mas se o centro de gravidade de toda humanidade repousa sobre a família, compreende-se, então, a solicitude, cheia de responsabilidade, com que o cristianismo sempre velou pela integridade da família.
d) Notamos, contudo, esta grande solicitude se considerarmos quanto a Igreja estima a família, não tanto pela sua missão terrestre, mais ainda, porém, pela sua tarefa supra-terrestre.
Tudo começa aqui em baixo, mas tudo acaba lá em cima. toda a vida humana floresce na terra, mas dá seus frutos no outro mundo. A família não é, pois, somente a fonte da vida terrestre, mas é também da vida eterna; ela é, pois, o ponto de partida daqueles que, um dia, ocuparão os lugares de vencedores no reino celeste.
Vistes, agora, por que a Igreja vigia com tal solicitude o matrimônio e por que não tolera que as paixões humanas, e a ânsia dos prazeres, profanem uma instituição a qual estão anexos os tão graves interesses do reino do céu?
É porque a família não é somente importante para a sociedade, para a Nação, para o estado, como também para a Igreja de Cristo. Não é o Papa que é a Igreja, ele é o chefe da Igreja. Os sacerdotes e os bispos não são a Igreja, - são os servidores da Igreja. Mas a Igreja são estes milhões de fiéis fornecidos pelas famílias. O Corpo místico de Cristo, que nós chamamos Igreja, estaria mutilado, e seria desprezível se se compusesse só de sacerdotes e bispos, se se constituísse só de pastores sem rebanhos.
Com a força ou fraqueza da família cristã, com seu valor ou desvalor, com suas virtudes ou seus defeitos, crescem ou degeneram, também, a força, a beleza e o florescimento da Igreja, Corpo mistico de Cristo. Se nas famílias cristãs a fé e a pureza diminuem, a Igreja também se torna doente e anêmica; se, pelo contrário, a fé e a virtude são fortes em nós, a Igreja também floresce em beleza. A igreja não pode, pois, ficar indiferente à vida familiar dos fiéis. A sorte do Corpo místico de Cristo esta ligada à sorte da vida familiar dos cristãos, e à maneira com que eles ouvem a palavra de Deus, observam os mandamentos, e se esforçam para caminhar, durante sua vida terrestre, sob a luz do Evangelho. É preciso, pois, falar, desta cátedra, acerca da família, é preciso falar muito porque imensos interesses morais e religiosos dela dependem. É preciso falar disto, porque estamos convencidos de que a luta empenhada contra a família é a arma mais poderosa da irreligião. Mas estamos, também, convencidos de que a grande luta sustentada em defesa do ideal cristão não se decidirá finalmente, nas ruas, nem na vida pública, nem no parlamento, mas sim no lar doméstico. Quaisquer que sejam as desgraças externas, as provas e as perseguições que atinjam o reino de Cristo, ele vencerá todos, enquanto houver famílias acolhedoras de Cristo, abrigando-o no Santuário do lar cristão.
É, pois, preciso falar, e longamente, do casamento e da família.
O padre católico pode tratar desta questão?








Catecismo Ilustrado - Parte 63

Os Pecados

Os Pecados Capitais – A Soberba

1. O pecado atual ou pessoal é aquele que cometemos com a nossa própria vontade, tendo chegado ao uso da razão.
2. Pode-se pecar de quatro modos, a saber: Por pensamentos, palavras, obras e omissões.
3. Pecados de pensamento são os que se comentem pela mente e com o coração, tais como a inveja, o ódio, os juízos temerários, os maus desejos, etc.
4. Pecados de palavras são os que se cometem falando, como as mentiras, as calúnias, as murmurações, as blasfêmias, etc.
5. Pecados de obras são os que se cometem por meio dos sentidos do corpo, como o roubar, o espancar, o ferir e matar etc. Os sentidos corporais são cinco: ver, ouvir, cheirar, gostar e apalpar.
6. Os pecados de omissão são aqueles que se cometem quando se deixa culpavelmente de cumprir aquilo que estamos obrigados a fazer.
7. O pecado atual divide-se em mortal e venial.
8. O pecado mortal é aquele que se comete transgredindo gravemente a lei de Deus, com perfeita advertência do entendimento e pleno consentimento da vontade.
9. Chama-se mortal porque tira à alma a Graça de Deus, que é a vida sobrenatural da alma, como a alma é a vida do corpo.
10. O pecado mortal: 1º torna-nos inimigos de Deus; 2º faz-nos escravos do demônio; 3º priva-nos do mérito das boas obras; 4º faz-nos réus do Inferno.
11. O pecado venial é a transgressão da lei de Deus em matéria leve, ou em matéria grave, quando nele haja perfeita advertência ou pleno consentimento.
12. O pecado venial não destrói a caridade, mas diminui-lhe o fervor, e por isso desagrada a Deus. Deve evitar-se o pecado venial, porque desagrada a Deus, dispõe para o pecado mortal, e porque Deus o pune nesta vida e na outra.
13. O remédio do pecado mortal é uma confissão bem feita, e enquanto esta não se faz, um ato de contrição perfeita e propósito firme de emenda.
14. O pecado venial tem muitos remédios, mas o melhor é um ato de arrependimento verdadeiro e a emenda da culpa.

Pecados Capitais

15. São sete: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Chamam-se capitais, porque são origem e cabeça de outros muitos pecados menores. Chamam-se vulgarmente mortais, mas nem sempre o são. São mortais ou veniais segundo a matéria, a advertência do espírito e o consentimento da vontade.

A Soberba

16. A soberba é uma estima desordenada de si mesmo e desprezo dos outros. Os efeitos e sinais da soberba são: 1º a grande estima e presunção de si; 2º a preferência aos outros; 3º o grande amor dos louvores e vanglória; 4º a ambição; 5º a teima na sua opinião; 6º a impaciência no padecer. Deus castiga este pecado na vida, permitindo que os soberbos façam coisas que sejam humilhados e confundidos. A virtude oposta à soberba é a humildade, virtude pela qual o homem se submete de coração aos seus superiores, e sendo necessário, até aos iguais e inferiores.

Explicação da gravura

17. A gravura representa o combate dos anjos bons com os maus que se rebelaram contra Deus por soberba.
18. No ângulo inferior esquerdo, vê-se a torre de Babel, que os descendentes de Noé queriam, por soberba, levantar até ao Céu.
19. No ângulo inferior direito, vê-se i fariseu orgulhoso e o publicano humilde a orar no templo

26 de setembro de 2015

Pétalas de Rosas - São João da Cruz - Parte 14

66. Onde não existe amor coloca amor e amor encontrarás.

67. Quanto mais uma alma ama, tanto mais perfeita é naquilo que ama.

68. Quando a alma chega a possuir perfeitamente a espírito de temor, possui perfeitamente o espírito de amor, porque aquele temor, o último dos sete dons, é filial, e o temor perfeito do Filho nasce do amor perfeito do Pai.

69. O demônio fica muito satisfeito quando percebe que uma alma deseja receber revelações ou sente inclinações por elas, visto que neste caso lhe oferecem muitas ocasiões e possibilidades de insinuar erros e destruir nela a fé.

70. Quanto mais a alma é pura e excelente na fé, tanto mais caridade infundida por Deus possui; e quando maior caridade reside nela, tanto mais Ele a ilumina e lhe comunica os dons do espírito santo, pois a caridade é o meio e a causa de tal comunicação.

25 de setembro de 2015

Missa Tridentina


Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência I


IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Parte 1/3


Meus irmãos, escolhi como objeto de minha série de instruções para o curso  do novo semestre que se inicia, um tema de urgência e atualidade toda particular, mas ao mesmo tempo bastante delicado e difícil. Um tema, cuja solução assegura para o homem vida pacífica sobre a terra, e muitas vezes também a felicidade eterna. Um tema, cuja solução harmoniosa é de efeito incomensurável sobre toda a vida cultural, social e nacional. Um tema, cuja solução exata ou inexata é fonte de bênçãos ou de maldições para toda a humanidade.

Um problema de imensa importância: o casamento e a família cristã.

Quem não vê a importância decisiva desta questão? Quem não vê que a humanidade se coloca hoje ante estas graves questões do casamento e da família, como diante de uma esfinge enigmática? O homem moderno que conseguiu descerrar cada vez mais o véu que ocultava a natureza, com suas esplêndidas descobertas, pensou ser o matrimônio resolúvel pelas leis da natureza, qual um problema da matemática.
Teve, porém, grande desilusão. Após amargas experiências, foi obrigado a reconhecer que o casamento não é um problema numérico, que se possa resolver única e totalmente pelo raciocínio. Não; o casamento, a família constitui uma "equação" a várias incógnitas, que a matemática não resolverá porque ele é, segundo a expressão de S. Paulo, "um grande mistério" (Ef 5, 32), que só o  homem arraigado em Deus pode dominar e resolver.
Não existe verificação que atualmente mais se ouça do que esta: "a família em nossos dias passa por série crise".
Seria impossível e mesmo injusto não lembrar que há causas muitas e complexas a influir na crise atual da família. Seria injustiça negar que uma dessas causas é a crise econômica com todas as suas consequências: desemprego, falta de habitação, privações e por consequência atritos e pontos de vista diversos entre os esposos, além do crescente nervosismo, impaciência, egoismo, etc. Tudo isto é verdade, e bem verdade.
Entretanto, meus irmãos, se de uma parte o reconhecemos com toda franqueza, de outra parte outra verificação adverte-nos que a atual crise da família não pode ser suficientemente explicada por causas exclusivamente econômicas.
Verificamos, com efeito, que a família esta abalada não só entre pessoas necessitadas, mas que, ao contrário, a crise é maior e mais contristadora entre famílias cuja situação material é boa, e onde não se fala em privações. E a prova de que a mediocridade e a pobreza não são os verdadeiros inimigos da família são os exemplos dos esposos para os quais a vida familiar e o amor recíproco se tornam mais fortes pela pobreza, e eles mesmos mais unidos porque a luta pela vida suscitou neles valores morais, cuja existência, antes, eles ignoravam em si mesmos.
Se para a família ressoa o apelo de socorro dos navios em perigo de naufrágio: S.O.S. "Save our souls": Salvai nossas almas, é preciso recordar que não poderemos salvar a família em perigo, senão pela salvação da alma e dos valores morais. A família precisa realmente de uma "reforma", mas essa reforma só se realizará respeitando-se novamente o ideal cristão do casamento. Eis o objeto das nossas instruções neste novo semestre universitário, que agora começamos. Creio, não poderia encontrar um tema tão importante, decisivo e vital como este.
Antes, porém, de  minuciosamente tratar dessa questão, devo prepará-la respondendo a um ponto preliminar; demonstraremos cuidadosamente ser, na realidade, essa questão, de uma importância tão vital, que mereça se lhe consagrarem as instruções de todo um semestre.

I) É necessário falar tanto da família? A resposta, procurarei dá-la na primeira parte do sermão. Responderei depois uma questão, que talvez alguns ouvintes  possam formular;
II) Será que um padre católico pode tratar deste assunto?

Catecismo Ilustrado - Parte 62

Os Pecados

O Pecado em Geral – O Pecado Original

1. O pecado é a livre transgressão da lei de Deus; é, pois, qualquer pensamento, palavra, ação ou omissão contra a lei de Deus.
2. Por lei de Deus entende-se não só a lei que Ele mesmo deu, isto é, o Decálogo, mas também qualquer lei humana, tanto eclesiástica como civil, porque Deus deu aos superiores a faculdade de fazerem leis.
3. O pecado é o maior de todos os males, porque ofende a Deus que é o supremo bem, e porque dele provêm todos os males que sofremos nesta vida e na outra.
4. Há duas espécies de pecado, o pecado original e o pecado atual ou pessoal.
5. O pecado original é aquele com que nascemos e que temos como herança do nosso primeiro pai, Adão.
6. Adão e Eva, os nossos primeiros pais, foram colocados no paraíso terrestre, jardim delicioso, cheio de toda a qualidade de árvores e de frutas, onde haviam de passar uma vida venturosa, trabalhando sem cansaço, louvando e engrandecendo a Deus, e serem depois transportados ao Céu sem morrerem, para gozar da eterna felicidade. Os seus descendentes haviam de participar dessa fortuna, mas Adão e Eva perderam este bem tão grande pelo seu pecado e desobediência, comendo do fruto duma árvore, de que Deus lhes tinha proibido comer.
7. Como se predispuseram eles a comer este pecado de soberba e desobediência? Deixou-se Eva enganar pelo demônio, que lhe disse que seriam como deuses, e Adão seguiu o exemplo da mulher, comendo daquele fruto como ela.
Para enganar Eva o demônio serviu-se duma serpente, e o espírito maligno atuou assim por inveja, querendo que os homens fossem infelizes como ele.
8. Por essa desobediência Adão e Eva fizeram-se desgraçados a si e à sua posteridade, ficando submetidos, por causa da sua culpa, a muitas infelicidades. Respectivamente ao corpo, foram reduzidos aos trabalhos penosos, às infelicidades e à morte. Relativamente à alma contraíram a ignorância, a concupiscência, e o império do demônio.
Relativamente a esta vida, foram excluídos do paraíso terrestre, e perderam o domínio que tinham sobre todos os animais. Como se haviam rebelado contra Deus, tudo se rebelou contra eles. Adão e seus descendentes foram condenados a comerem o pão com o suor do seu rosto. No que diz respeito a outra vida, foi-lhes vedada a entrada no Céu e tornaram-se dignos do Inferno.
9. Adão e Eva foram a causa da desgraça dos seus descendentes, comunicando-lhes o seu pecado e as consequências dele.
10. Esta transmissão da culpa original e das suas consequências a todos os homens é um mistério.
11. Encontramos, porém, na justiça humana exemplos de semelhante comunicação. Assim, quando um homem é condenado a perder os seus bens, perde-os para si e para os filhos e descendentes.
12. Por um privilégio especial e para honra de Nosso Senhor que foi o seu Filho, Maria Santíssima foi preservada do pecado original.
13. O sacramento do Batismo lava-nos do pecado original, mas não tira as consequências dele. Ficamos com a ignorância, a fraqueza da vontade para o bem, a concupiscência ou inclinação ao pecado, as misérias da vida e a necessidade de morrer.

Explicação da gravura

14. A gravura representa Adão e Eva desobedecendo a Deus e expulsos por um anjo do paraíso terrestre.
15. No ângulo superior esquerdo, vê-se a morte do Salvador que nos reuniu do pecado e do Inferno.
16. No ângulo superior direito, vê-se um padre batizando uma criança para nos lembrar que o Batismo tira a culpa original.

24 de setembro de 2015

Pétalas de Rosas - São João da Cruz - Parte 13

61. Se queres chegar à posse de Cristo, jamais o procure sem a cruz.

62. Em todas as nossas tribulações, aflições e dificuldades, não existe para nós outro apoio maior e mais seguro do que a oração e a esperança de que o SENHOR PROVERÁ a tudo.

63. O céu é meu e minha a terra; minhas são as gentes, os justos são meus e meus os pecadores, os anjos são meus e a Mãe de Deus, e todas as coisas são minhas; e o próprio Deus é meu para mim, porque Cristo é meu e tudo para mim.

64. Procure em todas as coisas a maior honra e a glória de Deus.

65. Deus é como um sol suspenso sobre as almas, pronto a comunicar-se.

23 de setembro de 2015

Casamento e Família - Monsenhor Tihamer Tóth

Monsenhor Tihamer Tóth


Casamento e Família

Sermões e Conferências


1959
Editora Vozes Limitada
Petróplis RJ



PREFÁCIO


A memorável Encíclica "Casti Connubii" do Santo Padre Pio XI, foi um brado vigoroso de alarme contra a progressiva paganização do matrimônio e a consequente degenerescência da família.
A campanha recristianizadora visava "primeiramente iluminar as inteligências dos homens com a genuína doutrina de Jesus Cristo sobre esta matéria, a fim de que depois os cônjuges cristãos, tendo robustecido a fraqueza de suas vontades com a graça interior de Deus, procedam em todos os seus pensamentos e obras em consonância com a puríssima lei de Cristo, da qual hão de brotar para eles e suas famílias a paz e a felicidade".
Monsenhor Tóth, o vigoroso pregador, prematuramente desaparecido, realizou uma série de luminosas conferências sobre esse assunto de tão vivo interesse, e que, em nossos dias, assume quase o aspecto trágico de apostasias individuais e de suicídios nacionais. Através de emocionantes capítulos, ele demonstra, com o brilhantismo que todos lhe conhecem, quanto as leis divinas se harmonizam perfeitamente com os anelos nobres da natureza humana, de tal sorte que observá-las é obter a salvação eterna e a felicidade terrena, ao passo que a elas desobedecer é abrir ante os próprios passos a eterna desgraça não só, mas ainda uma vida torturadas de sofrimentos.
Casamento e Família - é pois um livro abençoado e preciso que vai ensejar mais plena realização dos anelos de Pio XI, na súplica final da carta sobre o Matrimônio Cristão; "que floresça e prospere de novo nos matrimônios cristãos a fecundidade consagrada a Deus, a fidelidade sem mancha, a firmeza inabalável, santidade do sacramento e a plenitude de todas as graças do céu"!










































































Catecismo Anticomunista - Parte 17

XVII. O IDEAL DO COMUNISMO: A SOCIEDADE SEM CLASSES; O IGUALITARISMO

95. Qual o ideal remoto da sociedade comunista?
A sociedade comunista ideal, diz a seita, será, depois dos horrores da ditadura do proletariado, uma sociedade sem classes nem proprietários, onde todos serão iguais, todos trabalharão, cada qual segundo as suas forças, e cada um receberá da sociedade tudo o de que precisar. Será este o paraíso na terra.

96. Este ideal corresponde à vontade de Deus?
Este ideal é oposto à vontade e aos planos de Deus em pontos essenciais:
a) Deus não quer que este mundo seja um paraíso, e sim um lugar em que ao lado de puras alegrias nós encontremos grandes sofrimentos, e assim, carregando a nossa cruz, nos santifiquemos. Nosso paraíso nos espera na outra vida.
b) Deus quer que cada indivíduo procure o seu bem-estar por seu esforço pessoal, amparado pelo Estado, mas não substituído por ele.
c) Deus quer que entre os homens haja desigualdades, as famílias formem classes distintas, umas mais altas que as outras, sem hostilidade recíproca, com caridade, e sem exagerada diferença: não deve haver alguns miseráveis, e outros excessivamente ricos.

97. Deus quer então que haja pobres e ricos, nobres e plebeus?
     Está de acordo com os planos de Deus que existam pobres e ricos, gente humilde e gente importante, mas baseada toda esta hierarquia na justiça e na caridade.

98. Qual a última causa da desigualdade entre os homens?
A última causa da desigualdade entre os homens é a sua liberdade. Dada a natural desigualdade de talentos e virtudes entre os homens, estes só podem ser mantidos num mesmo nível econômico mediante uma ditadura de ferro, que suprima toda liberdade e toda iniciativa.

99. Como se chama a tendência que leva o homem a odiar as diferenças sociais, a querer uma sociedade sem classes?
A tendência que leva a querer que todos sejam iguais e a odiar as diferenças de classe chama-se: igualitarismo.

100. Quais são os vícios que alimentam o igualitarismo?
Os vícios que alimentam o igualitarismo são:
a) a inveja, que não tolera que o próximo seja melhor, ou mais sábio, ou mais rico;
b) o orgulho, que não tolera ninguém acima de nós;
c) a soberba, que não se conforma com os planos de Deus.

101. Que manda a justiça social?
A justiça social manda que o Estado providencie que cada família possa conseguir por seu trabalho o necessário para seu sustento, educação de seus filhos e formação de uma reserva para o futuro, de modo que haja o menor número possível de miseráveis, e os ricos não sejam demasiadamente ricos. Assim a sociedade será como uma pirâmide: com pessoas que vivem só de seu trabalho, pequenos proprietários, pessoas remediadas, ricos, e alguns muito ricos.

102. A justiça social manda que todos sejam iguais em fortuna e posição social?
Não. Que todos os indivíduos e famílias fossem iguais seria uma injustiça social, porque importaria na destruição da liberdade, da iniciativa privada e do direito dos filhos a herdar dos pais.
A boa sociedade católica e humana é desigual, hierarquizada.

Fonte: D. Geraldo de Proença Sigaud, S.V.D., Arcebispo de Diamantina, Catecismo Anticomunista, 3ª. Ed. Editora Vera Cruz. São Paulo, 1963.

22 de setembro de 2015

Catecismo Ilustrado - Parte 61

Os Últimos Fins do Homem

O Juízo – O Juízo Particular

1. O Juízo particular é o que se faz na hora da morte. Segundo a opinião comum, este Juízo faz-se no próprio lugar onde morremos.
2. Depois da morte, a nossa alma estará na presença de Jesus Cristo para ser julgada pelas suas obras, e ouvir pronunciar a sentença que há de fixar a sua sorte eterna.
3. O Evangelho ensina o quão necessário é pensar no Juízo particular.
4. Como se tivesse juntado à roda de Jesus muita gente, de forma que uns e outros se atropelavam, começou Ele a dizer aos seus discípulos: “Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há oculto que não venha a saber-se. Por isso as coisas que dissestes nas trevas serão ouvidas às claras, e o que falastes ao ouvido no quarto será apregoado sobre os telhados. A vós, pois, Meus amigos, digo-vos: Não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Eu vou mostrar-vos a Quem haveis de temer: Temei Aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, Eu vos digo, temei Este. Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? Contudo nem um só deles está em esquecimento diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temias pois; vós valeis mais que muitos passarinhos. Digo-vos: Todo aquele que Me confessar diante dos homens, também o Filho de Homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem Me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que falar contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado”. (Lucas XII, 1-10) “... Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas, fazei como os homens que esperam o seu senhor quando volta das núpcias, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. Bem-aventurados aqueles servos, a quem o senhor quando vier achar vigiando. Na verdade vos digo que se cingirá, os fará pôr à sua mesa e, passando por entre eles, os servirá. Se vier na segunda vigília, ou na terceira, e assim os encontrar, bem-aventurados são aqueles servos. Sabei que, se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria arrombar a sua casa. Vós, pois, estai preparados porque, na hora que menos pensais, virá o Filho do Homem. Pedro disse-lhe: “Senhor, dizes esta parábola só para nós ou para todos?” O Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá sobre as pessoas as sua casa, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? Bem-aventurado aquele servo a que o senhor, quando vier, achar procedendo assim. Na verdade vos digo que o constituirá administrador de tudo quanto possui. Porém, se aquele servo disser no seu coração: “O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, chegará o senhor desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora em que ele não sabe; castigá-lo-á severamente e pô-lo-á à parte com os infiéis”.” (Lucas XII, 35-47)

Explicação da gravura

5. A gravura representa o Juízo particular que terá lugar logo depois da morte.
6. À esquerda está o Juízo do justo, e à direita o Juízo do pecador. O tribunal de Cristo vê-se elevado na própria casa onde acabam de expirar.
7. A alma do justo é apresentada a Jesus pelo Anjo da Guarda, precedido da Virgem e de São José. Um anjo sustenta na mão esquerda a coroa para o premiar, e na direita a balança da justiça, onde se pesam os merecimentos do defunto.
8. A alma do pecador comparece também diante do Juiz supremo, mas esconde a sua face. Está acompanhada pelos demônios e ligada por uma cadeia de Lúcifer. Jesus Cristo repele-a e dá contra ela a sentença da eterna condenação.