31 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 125

TAMBÉM ELE FAZIA PENITÊNCIAS

O professor Dr. Contardo Ferrini, as vezes, passava da conta no fazer suas penitências, usando cilícios e cadeias com pontas de ferro. Depois, ajoelhando-se humildemente aos pés de seu confessor, perguntava:
— Meu Padre, posso castigar, o meu corpo até ao sangue?
— Somos depositários e não donos de nosso corpo — respondia-lhe o ministro de Deus. — É preciso usar de prudência, professor, por causa das graves obrigações de seu ministério.
Desde jovem estudante já usava Ferrini um pequeno cilicio, que, por motivo de saúde, um confessor lhe proibiu.

30 de maio de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


Parte 7/11


C - É bom ainda mostrar um terceiro aspecto interessante dessa questão. Não só os pais educam seus filhos, mas os filhos também educam seus pais.
a - Ensinam a seus pais a virtude de que precisam para se tornarem bons educadores.
Ensinam-lhes em primeiro lugar o amos devotado até o sacrifício.
Seria interessante examinar a fundo a transformação proveitosa que se opera na mulher mais superficial, quando pela primeira vez põe em seus braços o filho recém-nascido. Seria interessante observar com que terno amor, com que delicadeza o pai leva o filho em seus braços robustos.
Em seguida, constatamos o sentimento de responsabilidade e o gosto que desperta nos pais o cuidado da alma e do corpo do filho. Pensam na responsabilidade que tem, em cada palavra que pronunciam diante do filho, em cada exemplo que lhes dão. Cada filho olha seu pai, sua mãe como dois seres melhores, mais sábios, mais inteligentes do mundo, são para eles o seu ideal.
E que aviso para os pais indicando-lhes o quanto pelo menos devem trabalhar para não ficarem longe deste ideal, que a alma de seus filhos evoca a esse respeito!
b - Não acreditais que os filhos possam ser os educadores dos pais? Pois bem! Escutai esta ingênua historieta.
Havia uma filha que, todas as manhãs e todas as noites, fazia piedosamente suas orações com a mãe. Uma noite que a mãe, tendo muito trabalho, não estava pronta para a oração, a filha lhe disse: "Mamãe, venha fazer a sua oração". A mãe respondeu um tanto impaciente: "Hoje farás tua oração com teu pai". Com papai? diz a criança. "Mas papai não sabe rezar". Ela nunca o via rezar, e pensava, com razão, que ele não sabia as orações. Há muito tempo que o pobre homem se afastara de Deus... Mas agora... aquele ingênuo aviso de uma criança inocente, abalara sua alma e o tinha retornado aos deveres religiosos.
Certamente, seria preciso uma grande dureza, para que o coração de uma mãe ou de um pai não se enternecesse, para que não se despertassem neles as santas resoluções de domínio de si, de transformação de vida, quando o olhar inocente de seu filho ou de sua filha pousasse em seus olhos com tanta confiança, amor, entusiasmo e respeito.
Sim, os filhos são também educadores dos pais.

29 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 124

ESTES RÉUS SOIS VÓS!

Em Paris, onde se deu o caso, estava sentado no banco dos réus um jovem de dezessete anos apenas, Ele agredira e matara traiçoeiramente uma pobre velha para roubar-lhe cinco francos, mísera economia que ela guardava.
— Emílio Gaudot — disse-lhe o presidente do Tribunal — se tivesses sabido que Rosa Mercié tinha somente cinco francos, tu a terias matado?
— E por que não? — responde o acusado com cínica indiferença. — A mim que me importa uma velha carcaça de mais ou de menos no mundo?
Ouvindo essa resposta tao revoltante, o Presidente exclama:
— E quem foi que te ensinou tamanha malvadeza?
— Sei eu lá quem foi? — responde ainda mais cinicamente o jovem.
Mas o que não soube dizer o acusado, disse-o magnificamente o seu advogado. Saint-Appert, o defensor, dirigindo-se aos circunstantes, diz:
— O meu oficio, senhores, é muito fácil: o acusado é réu plenamente confesso, não há nenhuma defesa a fazer. Mas, se não posso defender diretamente o meu cliente, sinto-me, todavia, no dever de acusar outros que são mais réus do que ele. Esses réus, senhores, sois vós, que aqui representais a sociedade que se vê obrigada a punir as culpas, que a sua incúria e a sua corrupção não soube prevenir. Vejo diante de mim e saúdo reverentemente a imagem do Crucifixo. Ele está aqui no vosso pretório, onde condenais os réus; mas por que essa imagem não está também nas escolas, onde se ensinam e educam os meninos? Por que punis sob os olhos de Deus, se vos esforçais por expungir dos livros escolares até o nome desse mesmo Deus? Se a Gaudot tivesse sido mostrado o Crucifixo, quando se assentava nos bancos da escola, Gaudot não se assentaria agora no banco dos réus e da infâmia. Quem disse jamais na escola a esse jovem que existe um Deus, que há uma justiça futura? Quem jamais lhe falou da alma, do respeito ao próximo, do temor de Deus? Quem lhe ensinou o mandamento do Decálogo: Não matarás? Em que livros oficializados se encontram estas verdades? Abandonado as suas paixões, este jovem viveu como uma fera no deserto, e agora esta sociedade quer matá-lo como a um tigre, quando o podia ter amansado como um cordeiro. Sim, sois vós, senhores, que eu acuso... vós que espalhais entre o povo a incredulidade e a pornografia, e ainda vos maravilhais de que o povo vos responda com crimes e com a decadência moral. Condenai o meu cliente, que para isso tendes direito; mas eu vos acuso, porque tal é o meu dever.”.
Este advogado disse grandes verdades. Todos os que tem estudado a fundo o espantoso fenômeno da delinquência da juventude hodierna estão de acordo em afirmar que as suas causas principais são a ignorância religiosa e o pestífero ambiente em que vive. Precisamos, pois, de livros escolares que ensinem a fé e a moral cristãs, e não as fábulas e historietas de mau gosto, em que a juventude nada tem que aprender.

28 de maio de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


Parte 6/11


B - Ao contrário onde não há senão um só filho, os pais incessantemente o incomodam ou sem cessar o lisonjeiam. Todo o amor e todo o instinto educativo que a natureza depositou em seu coração de pais, eles o empregam agora para seu filho único; ao infeliz não lhe fica sequer uma ocasião para afirmar sua personalidade, para exercer suas faculdades de iniciativa, e eis por que, crescendo, ele se torna um desajeitado, inepto, tímido, afeminado, sem expediente.
Mas se ordinariamente as famílias numerosas dão filhos mais bem educados que as famílias de filho único, há ainda uma outra causa. É principalmente que não são só os pais que educam os filhos, mas também os irmãos e as irmãs reciprocamente.
a - É um fato muito conhecido que a criança gosta de brincar, e para isto necessita de companheiros. Ora os melhores companheiros de brinquedos para a criança são seus próprios irmãos e irmãs. A criança que cresceu sem irmãos e sem irmãs nunca foi verdadeiramente uma criança, nunca pode viver plenamente a sua infância; sempre no meio dos grandes torna-se uma criança precoce, ao princípio um pouco arrogante, mais tarde pretensiosa, um insensível e desiludido, velho antes da idade.
O filho único, que cresce só, esta pois privado dos mais felizes momentos da vida, a idade dos brinquedos, e eis por que ele se torna uma criança que se aborrece, um ser retraído, triste, invejoso, sem alegria. Ao contrário, onde há vários irmãos e irmãs, há alegres brincadeiras e saltos, barulho, lutas, desordens, brigas, reconciliações, eles vivem seus momentos mais felizes, a sua infância.
b - Acrescentemos que os irmãos e irmãs são uns para com os outros não só companheiros de brinquedos, mas, também, são, entre si, os melhores educadores.  Enquanto juntos eles se divertem, são obrigados a tomar conta um dos outros, a portarem-se com inteligência, a  dominarem-se e a se privarem de alguma coisa. Assim cada um compreende que não é o centro do mundo, mas que o segundo, o terceiro, o quarto de seus irmãos e irmãs, tem tanto direito como eles.
Onde vivem juntos vários irmãos e irmãs, eles se equilibram mutuamente, se refreiam e se educam.
Há, sem dúvida, choques entre si, mas é assim que se aviva o caráter, como os seixos do riacho, que se tornam polidos e luzidios, batendo uns aos outros, incessantemente.
Onde, juntos vivem vários irmãos e irmãs, cada um deles é obrigado a aprender a dominar-se, a amar seu próximo, a perdoar, a abster-se, e a praticar o desinteresse.

27 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 118 a 123

O MENINO JESUS NA HÓSTIA

1. Certo pároco de Moneada (Espanha) andava atormentado por escrúpulos. Temia que a sua ordenação sacerdotal tivesse sido inválida e que, por isso, as suas palavras na consagração fossem ineficazes. Nosso Senhor quis restituir-lhe a paz da alma por meio de um milagre. Uma menina de cinco anos, ao assistir às Missas desse pároco, da consagração até a comunhão via na Hóstia um belíssimo menino. Ciente disso, o sacerdote colocou sobre o corporal três hóstias, mas consagrou somente duas; à hora da comunhão consumiu uma e deixou a outra ao lado da hóstia não consagrada. Chamou em seguida a menina que lhe apontou exatamente a hóstia consagrada, dizendo-lhe que naquela via o Menino e na outra não.

2. S. Lourenço Justiniano era devotíssimo da SS. Eucaristia e a sua fé profunda na presença real de Jesus na hóstia consagrada manifestava-se especialmente enquanto celebrava o santo sacrifício, na devoção angélica e nas copiosas lágrimas que derramava, edificando grandemente a todos que o viam ao altar. Não raro quis Deus recompensar-lhe a fé e devoção com fatos prodigiosos. Uma vez, por exemplo, na noite de Natal, quando celebrava a santa Missa, pode contemplar na Hóstia santa um belíssimo Menino.

3. Em 1924, estavam um dia os deputados da República da Colombia reunidos na Câmara, quando ouviram o som de uma campainha que anunciava a passagem duma procissão em que se levava o Sagrado Viático a um enfermo.
Fez-se no recinto da Câmara profundo silêncio e os deputados puseram-se em pé e permaneceram em respeitosa atitude até que a procissão acabou de passar.

4. Os protestantes, separando-se da Igreja Católica, perderam o sacerdócio e a Eucaristia instituída por Jesus Cristo.
Certo dia, um visitante, entrando na esplêndida catedral protestante de Basileia (Suíça), descobriu respeitosamente a cabeça. O guia, estranhando esse gesto, disse: “O sr. não precisa descobrir-se, porque aqui não está ninguém”.
Tinha razão; nos templos protestantes Jesus não está.

5. A beata Joana Maria Bonomi, contando somente cinco anos de idade, ao assistir à missa de um neo-presbítero, viu, no momento da consagração, como dois anjos erguiam a Hóstia resplandecente de luz.

6. Um missionário encontrou-se, certa manhã, bem cedinho, com uma menina que voltava da igreja. Depois de dizer-lhe: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo” e ela responder: “Para sempre seja louvado”, perguntou-lhe:
— Minha filha, você vai à missa todos os dias?
— Sim, sr. Padre, todos os dias, tanto no verão como no inverno.
— Mas, minha filha, você mora longe da igreja; não acha que é muito sacrifício fazer cada dia essa jornada tão fatigante?
Ao que ela respondeu com grande candura:
— Sr. Padre, é por amor de Jesus que a gente faz. Ele bem o merece.

26 de maio de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


II - UM PECADO CONTRA OS INTERESSES DO FILHO.


Parte 5/11



É igualmente um pecado contra os interesses do filho, da criança.
Não podemos racionalmente duvidar que o filho faz parte da família. Eis por que a maior parte dos esposos que receber um filho das mãos de Deus; mas um só; quando muito, dois. E não mais, por nada do mundo. E não pensam o quanto eles pecam contra o filho único que possuem, não querendo, sob diversos pretextos, outros filhos.
A - Os pais de filho único tem o costume de dizer muitas vezes que não é o número que importa, e sim a qualidade; eles não darão muitos filhos à Pátria, mas somente um, este, porém, será um ilustre personagem.
Infelizmente a vida mostra muitas vezes o contrário. Mostra que os verdadeiros homens ilustres não vem das famílias de filhos únicos, mas, sim, de famílias numerosas. Se buscarmos a causa disto, constataremos que os pais podem educar melhor, e com mais sucesso, vários filhos do que um só.
a - Isto parece contraditório e no entanto é assim na realidade. Onde há vários filhos, a autoridade e o amor dos pais são divididos mais racionalmente, e assim não dificultam à personalidade dos filhos, pelas ordens perpétuas, e nem quebram a força de seu caráter por lisonjas continuas. E a prova é que há mais homens ilustres nas famílias numerosas que nas famílias de filho único,
b - Demais, onde há vários filhos, estes são obrigados a aprender logo cedo a se absterem de muitas coisas. Onde há vários filhos, cada um deles é forçado a se contentar com pouco, e ouvir muitas vezes responder aos seus pedidos: "Não, meu filho! Não, minha filha! É preciso isto também para teus irmãos e tuas irmãs". E isto não é um mal. É mesmo um bom princípio de educação. Porque, assim, eles aprendem melhor a prática da renúncia, e suportarão melhor, na idade adulta, as privações e as dificuldades da existência.

25 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 117

GOUNOD E A SANTA MISSA

O célebre compositor Gounod, que fora educado num Seminário, nunca deixou de ser católico praticante. Quando, em seus últimos anos de vida, veraneava na chácara de seu amigo Charbrier, caminhava diariamente dois quilômetros a pé para ouvir Missa, na igreja mais próxima.
Um dia, enquanto esperava, sentado num banco, que começasse o Santo Sacrifício, notou que faltava coroinha. Levantou-se, pediu licença ao padre para substituir o coroinha e ajudou à Missa com muita edificação de todos os presentes.

24 de maio de 2016

Ordenações Sacerdotais e Diaconais do Instituto do Bom Pastor

Para mais informações, favor clicar na imagem acima.

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


Parte 4/11


C - Veio, porém, o mundo egoísta atual e transformou radicalmente esta nobre maneira de ver.
a - O mundo não quer ouvir falar senão de comodidades e prazeres, mas não deseja conhecer os sacrifícios que os acompanham. Para o mundo a criança não é mais um "dom de Deus", e sim, "uma catástrofe", um peso do qual se deve libertar por todos os meios, a fim de que não se perturbem os prazeres de duas pessoas grandes.
b - Eis, porém, a Igreja Católica, que não teme afirmar aberta e formalmente que é um pecado contra Deus impedir, de qualquer maneira, o nascimento do filho, aconteça isto por uma intervenção humana ou de qualquer outro modo. É uma profanação e um aviltamento da vida conjugal, uma grave ofensa às leis naturais e aos mandamentos divinos, que o mundo frívolo chama de precaução e "sabedoria", mas a que a Igreja não pode senão aplicar estas palavras de São Tiago: "Uma semelhante sabedoria não vem do alto, é terrestre, é carnal, diabólica" (Tgo 3, 15). Sim, uma sabedoria diabólica, pois Nosso Senhor chama o demônio "homicida desde o princípio" (Jo 8, 44). Se o profeta Isaías vivesse atualmente, ele diria que esses esposos fizeram um pacto com a morte, e uma aliança com o inferno (Is 28, 15). E se o salmista escrevesse hoje, faria ouvir a estes esposos estas terríveis palavras: "Amou a maldição e ela cairá sobre ele; não quis a benção, e ela dele se afastará. Cobriu-se de maldição como de uma veste, e ela entrou como água dentro dele, e como óleo em seus ossos. Seja ela para ele como a veste que o cobre, e como a cintura que o cinge sempre" (Sl 108, 18 - 19).
Quem não conhece famílias sem filhos, onde tudo isto se realizou de maneira terrível? Espíritos vingadores e mudos os terrificam, assim como as doenças do corpo e do espírito, falta de coragem, abatimento, e todos os flagelos de uma consciência inquieta, pois afastar o filho por meios pecaminosos é um pecado contra a ordem formal do próprio Deus Criador.



23 de maio de 2016

V Congresso São Pio V


Tesouro de Exemplos - Parte 116

UM DUELO E UMA CONVERSÃO

O professor Parrini, homem de grande talento, era infelizmente maçon, havia muitos anos. Comprometera-se por escrito a não receber o padre mesmo em caso de grave enfermidade; e no seu testamento ordenara que se lhe fizessem funerais civis exclusivamente.
Ora, sucedeu que Parrini, durante um duelo, recebeu vários ferimentos. Quando percebeu a gravidade de seu estado, imediatamente mandou chamar o pároco, pois queria reconciliar-se com Deus.
Em presença das testemunhas renunciou à maçonaria e retratou seus escritos contra a religião e a Igreja.
Recebeu, depois, os sacramentos com uma piedade que edificou a todos. Tendo osculado afetuosamente o Crucifixo, declarou que reconhecia a Jesus Cristo como seu único consolador e sua única esperança, e expirou.
A explicação desta inesperada conversão é a seguinte:
Parrini nunca passava um dia sem rezar, ao menos o “De profundis” pelas almas do Purgatório.

22 de maio de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


Parte 3/11

B - Chega, porém, o cristianismo, e cresce ainda mais a grandeza deste nobre sentimento.
a - Com uma gravidade sem exemplo, fala do papel dos pais na transmissão da vida, porque sabe que o homem recebeu da confiança divina aquela faculdade de dar a vida, e por isso os pais participam da obra criadora de Deus. A vida conjugal e o exercício do dever conjugal não são, pois, nem uma humilhação, nem um pecado aos olhos do cristianismo. Mostram, porém, neles, traços divinos, traços que enobrecem os colaboradores do Criador.
b - Dar a vida! Nunca, em parte alguma o homem o pode fazer, senão aqui neste instante. O homem pode tomar a vida de mil maneiras. O homem pode destruir a vida de mil formas. Mas dar a vida, ele não o pode, salvo neste instante. Sem dúvida, mesmo aqui, não faz senão dar o corpo, instrumento da alma, que Deus criou no momento da formação de um novo corpo humano. Ele mesmo a criou imediatamente e a depôs neste corpo humano, menor que um ponto.
Ah! Se os esposos vivessem sempre com a ideia de que o Criador se encontra entre eles; se sentissem, por assim dizer, o ruflar das asas do anjo que o Deus Criador envia neste instante ao pequenino corpo humano!

21 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 113 a 115

OS SACERDOTES DO ALTÍSSIMO

1. Achando-se de passagem em Quito (Equador), um humilde frade foi visitar o célebre Presidente Garcia Moreno, grande estadista e fervoroso católico. Estando ainda à entrada do palácio, logo que viu o Presidente descobriu-se e conservou o chapéu na mão.
— Cubra-se, Padre, disse García Moreno.
— Um pobre frade, respondeu o outro, não pode cobrir-se em presença do sr. Presidente.
— Padre, — replicou Garcia Moreno, pondo-lhe o chapéu na cabeça — que é um Presidente do Equador em comparação de um sacerdote do Altíssimo?

2. A mãe do célebre cardeal Vaughan era uma convertida do protestantismo. Durante 20 anos, sem interrupção, consagrava uma hora do dia a visitar o Santíssimo Sacramento. Que é que pedia ela a Jesus nessas visitas? Sabendo muito bem que a vocação ao sacerdócio é um dom especial de Deus, e querendo para seus filhos tamanha graça, oferecia a Jesus suas visitas e os desejos ardentes de seu coração maternal. Jesus na Eucaristia ouviu as suas preces.
Dos oito filhos homens, que recebera de Deus, seis se tornaram padres e um deles chegou a ser cardeal com grande aplauso e venerado de todos os católicos e ingleses.

3. S. Clemente Maria, apóstolo e patrono de Viena, de família humilde e órfão de pai, sentia imensos desejos de ser padre. Precisando ganhar o sustento para sua mãe e irmãos, aos dezesseis anos empregou-se numa panificação. Quando saía pelas ruas com a cesta de pão nos braços e o filhinho de seu patrão no ombro, ouvia dizer: “Olhem o São Cristovão!”
— Oxalá eu o fosse mesmo e tivesse a felicidade de tomar o Salvador em minhas mãos!
Trabalhava e estudava, porque havia de ser padre.
Indo a Roma com um amigo, bem cedinho entraram numa igreja. Ali perguntou Clemente a um menino:
— Que Padres são esses?
— São Redentoristas; e o sr. será um deles.
E assim foi. Em 1785 celebrava Clemente a sua primeira santa Missa, e foi sempre um padre segundo o coração de Deus. Faleceu em Viena em 1820 e foi canonizado pelo Papa São Pio X.

20 de maio de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


1 - UM PECADO CONTRA DEUS.


Parte 2/11


Primeiramente preciso mostrar, categoricamente, que o cristianismo sempre designou o filho como fim primeiro do matrimônio, e hoje ainda com bastante coragem, levanta sua voz contra certas ideias que se espalham pelo mundo, contra um modo de agir incrivelmente frívolo, que cada vez mais perigosamente contagia os esposos, mina a felicidade familiar e ao mesmo tempo a força da nação. Esta palavra de ordem terrível, essas ideias, este modo frívolo, é o receio de filhos.
A - Precisamos constatar dolorosamente que sobre esta questão se tinha mais bela e mais nobre já antes do cristianismo, quer entre os pagãos, quer entre os povos anteriores a Nosso Senhor Jesus Cristo.
a - É muito conhecido o caso da pagã Cornélia, a quem suas amigas, visitando-a ornadas de ricas jóias, perguntavam-lhe num tom afetado: "E vós mostrai-nos vossas jóias". E esta pagã apresentou-lhes seus filhos dizendo: "Eis minhas preciosas jóias".
b - Não mais preciso lembrar particularmente o magnifico amor aos filhos, manifestado pelo povo do Antigo Testamento,  onde a ausência do filho passava por uma vergonha. Mesmo hoje não se pode ler sem emoção nos Santos Livros as fervorosas orações que as mulheres sem filhos dirigiam a Deus, pedindo a maternidade.

19 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 112

O PECADOR PRECISA VOLTAR A DEUS

Um taverneiro, havia anos, andava com a consciência sobrecarregada de vários pecados. Tocado pela graça divina, pensou em sair desse triste estado, recorrendo ao P. Hofreuter, sacerdote experimentado na arte de reconduzir a Deus os pecadores. Não quis perder tempo. Selou o cavalo, montou e partiu. Estando já á porta da casa paroquial sentiu-se tomado de vergonha e faltava-lhe coragem para bater. Mas, eis que, por disposição de Deus, naquele momento apareceu o padre, que em tom afetuoso disse ao taverneiro: “O sr. vem para confessar-se, não é mesmo? Entre, que estou aqui para atendê-lo”..
Depois de ter feito uma boa confissão, o taverneiro monta a cavalo e, com o coração aliviado, dirige-se ao animal: “Agora, a galope, meu cavalinho, que levas cem quilos de menos”.
Seis anos depois, acabando de receber os últimos sacramentos em seu leito de dores, dirigiu-se ao novo vigário, dizendo: “Peço-lhe ainda um favor: Depois da minha morte mande dizer ao P. Hofréuter que, depois daquela confissão que fiz com ele, nunca mais cometi pecado mortal ou venial voluntário”.
Cem quilos de menos sobre a consciência!
Sim; após uma confissão bem feita, que alivio!

18 de maio de 2016

Constituição da Associação Civil São Pio V

Júbilo

Com grande júbilo, comunicamos que no dia 26/02/2016, na Capela da Polícia Militar em Curitiba, foi realizada e aprovada em Assembleia Geral a constituição da Associação Civil São Pio V.

A constituição da mesma era um desejo antigo do Grupo São Pio V, mas apenas agora foi possível realizar o mesmo.


Agradecimento

Antes de apresentar mais informações sobre a Associação Civil São Pio V, seria impossível deixar de fazer uma homenagem ao Coronel Roberto Monteiro de Oliveira (1925 - 2010), que tanto lutou pela restauração da Missa Tridentina em Curitiba. O Coronel Roberto era o responsável pelas missas na Capela do Hospital Militar, rezadas na época pelo Padre Jonas dos Santos Lisboa da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Como curiosidade a minuta composta pelo Coronel Roberto serviu de base para o nosso estatuto. Uma das marcas do Coronel, consistia em auxiliar as pessoas que assistiam a Missa Tridentina pela primeira vez, orientando como seguir o missal. Também sempre foi um exemplar catequista na preparação das crianças para receber a Santa Comunhão. Acreditamos que uma das passagens do evangelho que pode caracterizar o Coronel Roberto é  ”Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé”. Que Deus o tenha em sua infinita misericórdia.  


Aprovação

Na mesma data citada anteriormente foram aprovados o Estatuto da Associação e ocorreram a eleição e posse da Diretoria Executiva, do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal. O Estatuto foi aprovado de forma unânime pelos presentes. A Diretoria Executiva, Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal foram eleitas para o mandato entre 01/03/2016 e 28/02/2019. 

Na data de 15/03/2016 o nosso estatuto e ata da assembleia de constituição foram registrados no 2º Registro Civil de Pessoas Jurídicas.


Finalidades da Associação

I - A difusão da doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana;

II – Fomentar e dar suporte aos sacramentos católicos, exclusivamente segundo a liturgia tradicional da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, conforme previsto pela bula Quo primum tempore de São Pio V e o motu próprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI;

III – Fomentar os sacramentos católicos, exclusivamente segundo o ritual tridentino, e outros exercícios de piedade tradicionais, por meio de sacerdotes católicos que atendam a Associação;

IV – Fomentar o catecismo, conforme a doutrina católica fiel à Tradição da Igreja, bem como a preparação para os sacramentos;

V – Manter e divulgar sites, blogs e outras ferramentas de divulgação digital que sejam condizentes com os fins sociais desta Associação;

VI – Divulgar matérias, mensagens, publicações na imprensa escrita, falada e televisiva que sejam condizentes com os fins sociais desta Associação;

VII – Promover a assistência social a famílias carentes e outras práticas de misericórdia corporal, conforme programa estabelecido pela Diretoria e segundo suas possibilidades;

VIII – Instituir e administrar escola com os diversos níveis de ensino, fomentando o desenvolvimento de uma sociedade com base na doutrina católica;

IX – Acolher, em suas dependências, qualquer sacerdote católico para oferecer o Santo Sacrifício da Missa, os Sacramentos e o Ofício Divino, segundo o rito tridentino;

X – Promover orações e outras celebrações pela santificação do Papa, dos bispos, prelados e de toda a hierarquia católica, para que governem bem o rebanho que lhes foi confiado;

XI – Auxiliar na propagação da cultura católica, fomentando o amplo uso do Canto Gregoriano e da Polifonia Sacra, o estudo e a difusão de todas as demais formas de arte cristã, assim como a história da Igreja; e

XII - Instituir e administrar casas de apoio e creches.


Atuação da Associação

I - Difundir a doutrina católica através de catequese, cursos, congressos, seminários e outros eventos similares, os diversos meios de comunicação, sempre tendo como base os documentos oficiais da Igreja e os escritos dos Santos Doutores;

II - Difundir a cultura católica, divulgando o estudo e o uso da língua latina, do canto gregoriano, da polifonia sacra, e das demais formas de arte cristãs, através de meios de comunicação e palestras;

III - Difundir e fomentar o uso litúrgico da Santa Missa, auxiliando nas próprias celebrações e prestando assistência a outros grupos católicos com interesses afins;

IV - Buscar, junto ao Ordinário local, a instalação de uma paróquia pessoal para as celebrações segundo a forma extraordinária do Rito Romano;

V – Utilizar capelas ou igrejas cedidas pelos párocos, com o devido assentimento dos bispos titulares para a realização de todas as atividades religiosas segundo a liturgia tradicional da Santa Igreja Católica Apostólica Romana;

VI - Obter, por compra ou em comodato, uma capela específica para a realização de todas as atividades religiosas segundo a liturgia tradicional da Santa Igreja Católica Apostólica Romana;

VII - Celebrar contratos e convênios com pessoas jurídicas públicas e privadas, nacionais e internacionais;

VIII – Obter junto as autoridades competentes do Ministério das Comunicações a concessão de um canal de radiodifusão; e

IX – Manter regularmente cursos para formação e aperfeiçoamento de acólitos para emprego nas Santas Missas tridentinas.


Contribuições

Os leitores que desejarem contribuir com o apostolado da Associação Civil São Pio V, favor observar os dados da imagem a seguir.

Associados

Em breve estaremos divulgando os procedimentos para cadastramento de sócios.

Associação Civil São Pio V

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIII


CASAL SEM FILHOS


Parte 1/11


No lugar onde se encontrava a casa da bem-aventurada Virgem Maria, no quarto em que se deu a aparição do arcanjo Gabriel, onde lhe deu a extraordinária mensagem de Deus, e no qual o Filho de Deus, no instante mesmo da humilde aceitação da Virgem, se encarnou em seu puríssimo seio, em Nazaré, cidade bendita, levanta-se hoje uma Igreja cujo altar-mor tem em seu frortispicio esta inscrição: "Verbum caro hic factum est - Aqui o Verbo se fêz carne". O Filho de Deus, querendo vir entre nós, começou aqui sua existência humana, sob a forma humana.
Palavras sublimes! Cada vez que as pronunciamos, recitando o "Angelus", ajoelhamo-nos. Mas o sacerdote também, na missa, genuflete quando na recitação do "Credo" chega a estas palavras: "Et incarnatus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine, et homo factus est". Ele se fez homem. O Filho de Deus se fez homem,  para começar sua carreira terrestre, sob o aspecto de uma criancinha incapaz de falar, toda pequena vida humana que começa, resplandece, diante de nós com uma beleza maravilhosa: a criança é para nós uma coisa santa. E depois que a SS. Virgem trouxe em seus braços o Menino-Deus, uma espécie de auréola sobrenatural circunda a fronte de toda mãe de família.É também santa a dignidade de mãe.
Todos acharão, pois, natural que, nesta série de instruções sobre a família cristã e o casamento ideal, eu deva chegar a este ponto e queira consagrar-lhe vários sermões: O berço é um móvel indispensável na família. A criança faz parte integrante da família. Se o casamento não se expressasse em latim senão pela palavra "coniugium": "jugo comum", bastariam para realizá-lo plenamente e torná-lo feliz, as duas peças do mobiliário de que já falamos anteriormente, e que auxiliam a levar alegremente este jugo comum: a mesa de família e o crucifixo.
Mas o casamento se diz também em latim " matrimonium", e isto indica um círculo inteiramente novo de obrigações: a criança precisa de um outro móvel: o berço. Dizei-me, vistes já a pequena ave fazer o seu ninho para que permaneça vazio? Ou apenas para que aí chilreie um passarinho? Não. Não há pássaro, não há só um animal que assim faça, mas só o homem. Unicamente o homem descobriu essa coisa insensata: a família sem filhos.
Sim, é preciso falar disso, e bem alto, desta cátedra cristã, por delicado e difícil que seja o assunto. Consternados ouvimos jovens combinar antes de seu casamento e declararem: "Nós não teremos filhos, isto é natural, ou quando muito, um só". São por ventura muito severas as palavras de Santo Agostinho, quando chama tal existência, não um matrimônio, mas sim relações pecaminosas, sancionadas pelas formas legais?
Não trememos quando ouvimos as mães e mesmo as avós dizerem à sua filha, ou à sua neta ao se casarem, e repetirem com insistência: "Minha filha, cuidado, nada de filhos. Compreendeste? Nada de filhos".
Olhemos de frente esta maneira perniciosa de ver as coisas. É preciso mostrar que a família voluntariamente estéril é como a árvore seca condenada a ser cortada. É preciso demonstrar que o filho pertence à ideia de família, não um, nem dois, mas vários. Naturalmente é preciso examinar as objeções e os pretextos que se apresentam no mundo moderno contra o filho.
Estas objeções formarão o objeto da instrução próxima. Nesta mostrarei que a exclusão do filho em uma família é um pecado. Um pecado: I- Contra Deus;
                                                               II - Contra o filho;
                                                               III - Mesmo contra os interesses bem compreendidos dos 
                                                               próprios esposos.
               



17 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 111

A PAZ DE CONSCIÊNCIA

A beata Angela de Foligno, em sua mocidade, caíra em faltas graves, das quais não se confessara bem por vergonha. Fez até comunhões sacrílegas. Mas, como os remorsos não a deixavam em paz nem de dia nem de noite, recorreu a S. Francisco de Assis para que a fizesse encontrar um confessor ao qual pudesse abrir todo o seu coração.
A noite apareceu-lhe o Santo, sob a figura de um velho venerando, e disse-lhe:
— Minha irmã, há mais tempo de haveria concedido essa graça, mas não a pediste. Amanhã bem cedo encontrarás o confessor que procuras.
De fato o Santo fê-la encontrar um ótimo confessor, ao qual pode abrir francamente o seu coração, embora com grande pejo e muita humilhação.
A oração fervorosa obteve-lhe a graça de uma santa confissão, a doce paz da consciência, muitas consolações na vida e o gozo eterno no céu.

16 de maio de 2016

Sermão para a Festa de São José Artesão – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] A doutrina social da Igreja: socialismo ou liberalismo econômico?


Em nome do Pai…
Ave Maria…
A festa de São José Artesão foi instituída no ano de 1955 pelo Papa Pio XII. Foi uma tentativa do Sumo Pontífice de inculcar a doutrina social católica na inteligência dos fiéis, reconhecendo a grande importância da liturgia na transmissão das verdades cristãs.
A doutrina social da Igreja, caros católicos, é contrária ao socialismo/comunismo e contrária também ao liberalismo econômico. O socialismo/comunismo é contra a lei natural ao se opor à propriedade privada. Tal teoria, em virtude de seu materialismo visceral – que não considera nada além dos bens materiais e da matéria – se opõe, por princípio, a Deus, à religião em geral e à verdadeira religião, a católica, em particular. O socialismo/comunismo é também eivado de relativismo quanto à verdade e quanto à moral, afirmando o evolucionismo tanto de uma coisa quanto de outra. Tal teoria opõe os diferentes membros da sociedade, plantando entre eles a inimizade. Inimizade pela velha luta de classes, pela oposição, por exemplo, entre homem e mulher, pela oposição a qualquer hierarquia: nas famílias, entre marido e esposa, e entre pais e filhos; nas escolas, entre alunos e professores, para citar alguns casos. Tal teoria favorece o igualitarismo, que pode apenas prejudicar a sociedade, pois há certas desigualdades legítimas e mesmo necessárias, que são para o bem da sociedade, que é como um corpo que necessita de seus diferentes membros e órgãos para se desenvolver bem. Como afirmou claramente Pio XI, em sua Encíclica Divini Redemptoris, sobre o tema: “O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir em campo nenhum a colaboração com ele, da parte de quem quer que deseje salvar a civilização cristã. E, se alguns, induzidos em erro, cooperassem para a vitória do comunismo no seu país, seriam os primeiros a cair como vítimas do seu erro; e quanto mais se distinguem pela antiguidade e grandeza da sua civilização cristã as regiões onde o comunismo consegue penetrar, tanto mais devastador lá se manifesta o ódio dos sem-Deus.” Vendo a crescente expansão dessa perversa doutrina por meio de intensa propganda, muitas vezes sob roupagens que a disfarçam e com uso abusivo da noção de justiça social, o papa Pio XII quis instituir essa festa de São José Artesão como meio de propagar a doutrina social da Igreja, tal como sempre ensinada por ela.
Por outro lado, a doutrina social católica também se opõe ao liberalismo econômico. O mesmo Pio XI, para citar o mesmo Papa que tão veementemente se opôs ao comunismo – e poderíamos citar outros anteriores e posteriores -, mostra como o liberalismo econômico preparou o caminho para o comunismo/socialismo. O Papa diz na EncíclicaDivini Redemptoris que “para mais facilmente se compreender como é que os socialistas puderam conseguir que tantos operários tenham abraçado, sem o menor exame, os seus sofismas, será conveniente recordar que os mesmos operários, em virtude dos princípios do liberalismo econômico, tinham sido lamentavelmente reduzidos ao abandono da religião e da moral cristãs.” Diz ainda o Papa Pio XI na mesma Encíclica que “não haveria nem socialismo nem comunismo, se os que governam os povos não tivessem desprezado os ensinamentos e as maternais advertências da Igreja; eles, porém, quiseram, sobre as bases do liberalismo e do laicismo, levantar outros edifícios sociais que à primeira vista pareciam poderosas e magníficas construções, mas bem depressa se viu que careciam de sólidos fundamentos, e se vão miseravelmente desmoronando, um após outro, como tem que desmoronar tudo quanto não se apoia sobre a única pedra angular, que é Jesus Cristo.”
O liberalismo econômico, que separa a economia da lei moral, é pai do socialismo. Baseando-se na avidez do lucro, o liberalismo econômico é visceralmente materialista, em última instância. Esse materialismo conduz ao socialismo. A base de ambos é a mesma: o materialismo. O liberalismo é pai do socialismo em diferentes âmbitos, não só no econômico. Pio XI, em outra Encíclica, a Quadragesimo Anno, afirma que todos devem se lembrar que do socialismo na educação foi pai o liberalismo, e que o herdeiro legítimo será o bolchevismo. Combater o socialismo/comunismo com o liberalismo é preparar nova gestação do socialismo para daqui a alguns anos. Não se pode combater um erro com outro erro. É preciso evitar todo erro.
É evidente que a Igreja defende a propriedade privada, a livre iniciativa, e defende o princípio da subsidiariedade, de forma que o Estado não seja o dono de tudo nem intervenha em tudo, mas que aja na medida necessária para assegurar o bem comum e a moral. A propriedade privada, a livre iniciativa e o princípio da subsidiariedade devem levar em conta, assim, a lei natural e a moral cristã. E devem levar em conta, igualmente, o bem comum, do qual não se pode tampouco fazer abstração. Não se pode separar a economia da moral. Nem da lei de Cristo. Como todo ato humano, a economia se ordena e se subordina ao fim superior do homem, que é a sua salvação. Portanto, a economia está submetida à lei moral. Assim como afirmou o Papa João Paulo II na EncíclicaCentesimus Annus: “A Rerum novarum (Encíclica de Leão XIII sobre a questão social) critica os dois sistemas sociais e econômicos: o socialismo e o liberalismo.”
A Igreja tem direito e mesmo o dever de tratar dessas coisas. E os católicos têm a obrigação de professar a doutrina social da Igreja, ensinada constantemente. Alguns não aceitam a doutrina social da Igreja porque aderem ao falso messianismo das doutrinas socialistas. Outros, seguindo falsos profetas, não querem aderir à doutrina social da Igreja por professarem o liberalismo na economia. Não se pode ser católico e recusar a doutrina social da Igreja. Falamos da doutrina social da Igreja tal como Ela sempre a ensinou e tal como expomos hoje aqui, ainda que em pouco e breves traços. A essa doutrina é preciso aderir, se quisermos guardar o nome de católicos. Devemos lembrar, caros católicos, que julgar das questões sociais e econômicas é dever e direito da autoridade suprema na Igreja. Assim dizia Pio XI, na Quadragesimo Anno: “Não foi, é certo, confiada à Igreja, a missão de encaminhar os homens à conquista de uma felicidade apenas transitória e caduca, mas da eterna; antes « a Igreja crê não dever intrometer-se sem motivo nos negócios terrenos ». O que não pode, é renunciar ao ofício de que Deus a investiu, de interpor a sua autoridade não em assuntos técnicos, para os quais lhe faltam competência e meios, mas em tudo o que se refere à moral. Dentro deste campo, o depósito da verdade que Deus Nos confiou e o gravíssimo encargo de divulgar toda a lei moral, interpretá-la e urgir o seu cumprimento oportuna e importunamente, sujeitam e subordinam ao Nosso juízo a ordem social e as mesmas questões econômicas.”
Uma sociedade que não se apóia nos fundamentos da doutrina social da Igreja, ruirá. É preciso aderir à doutrina católica em todos os seus pontos, se queremos ser verdadeiramente católicos e se queremos reerguer a sociedade. É preciso que Cristo reine pelas suas leis nas almas e nas sociedades.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

15 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 108 a 110

AI DE QUEM É INFIEL A VOCAÇÃO!

A hagiografia religiosa oferece-nos exemplos salutares e impressionantes sobre este assunto.

1. Vivia na pequena Casa da Divina Providência nos tempos de S. José Cottolengo, uma religiosa, que, recobrada a saúde após uma enfermidade, resolveu voltar para sua família. Manifestou esse propósito ao P. Cottolengo, o qual ficou muito aflito e empregou toda a sua paternal bondade e eloquência para demover a infeliz de tal propósito. Mas nem as insinuações mais suaves, nem os conselhos mais persuasivos e argumentos mais convincentes, e nem mesmo as ameaças de castigos divinos conseguiram faze-la voltar atrás. A desgraçada fazia-se de surda a tudo e terminou por dizer que partiria de qualquer forma. Então o Santo, com semblante sério e ameaçador, disse-lhe com pesar e amargura: “Se queres absolutamente ir embora, eu não te posso segurar, mas lembra-te do que te digo: não passarão três meses e tu serás traspassada a fio de espada”.
Foi uma profecia. Três meses depois, o cadáver da infeliz foi encontrado todo retalhado e horrivelmente deformado bem perto da Pequena Casa. Fora vítima de sua leviandade, do ciúme de alguns militares e da falta de correspondência à graça da vocação religiosa.

2. Um jovem entrara no Instituto fundado por São Camilo de Lellis. Depois de alguns anos, cedendo à tentação do demônio, obstinara-se no propósito de abandonar o convento e voltar ao século. S. Camilo, tendo empregado tudo para segurá-lo na vocação e vendo baldados todos os seus esforços, predisse-lhe que teria um fim tristíssimo e morreria nas mãos da justiça. Nove anos mais tarde, aquele perjuro foi decapitado no meio da praça, em Nápoles.

3. Na vida de S. Afonso Rodriguez, jesuíta, lê-se que este grande servo de Deus se entregou às mais rudes penitencias e fervorosas orações para obter do céu que um noviço, seu comfrade, vencesse umas fortíssimas tentações que experimentava contra a vocação.
Nosso Senhor. revelara ao Santo que, se o noviço voltasse para o século, os demônios o lançariam no abismo da perdição eterna; e não somente a ele, mas também aos pais dele que empregavam toda sorte de estratagema para o fazer retornar à família.

14 de maio de 2016

Sermão para o 3º Domingo depois da Páscoa – Padre Daniel Pinheiro IBP

[Sermão] A virtude da piedade para com a pátria


Caros católicos, na Coleta de hoje – oração que precede a Epístola – nós pedimos a Deus para que possamos repudiar tudo o que se opõe ao nome cristão e pedimos que possamos seguir tudo o que é conforme ao nome cristão. Entre as coisas que são conformes ao nome cristão, está a virtude da piedade. Não tratamos aqui, porém, da piedade em seus sentidos mais comuns, como sinônimo de devoção, compaixão ou misericórdia, mas tratamos aqui da piedade em seu sentido mais estrito, que é a piedade para com os pais e a pátria.
A virtude da piedade propriamente dita é, então, aquela que nos inclina a dar aos pais, à pátria e a todos os que se relacionam com eles a honra e o serviço que lhes são devidos. A justiça nos diz que nos tornamos devedores daqueles que nos deram benefícios. Somos devedores, em primeiro lugar, de Deus, em razão de sua excelência e em razão de todos os bens inumeráveis que nos deu, a começar pelo nosso ser. Em segundo lugar, são os pais que nos dão o ser e nos governam. E, finalmente, a pátria, em que nascemos e que nos nutre. E por isso, depois de Deus, o homem é devedor sobretudo dos pais e da pátria, nos diz São Tomás. A primeira dívida, que é para com Deus, paga-se com a prática da virtude da religião, pela qual damos a Deus o culto que lhe é devido, em união com Cristo. A segunda e terceira dívidas, devida aos pais e à pátria, é paga com a prática da virtude da piedade. Vemos, então, que a virtude da piedade está em estreita relação com o quarto mandamento: honrar pai e mãe. Como sabemos, o quarto mandamento não se resume ao pai e à mãe, mas diz respeito a todos os superiores na ordem familiar, civil e eclesiástica. E esse mandamento indica os deveres dos inferiores para com os superiores e dos superiores para com os inferiores.
O que nos interessa hoje é a virtude da piedade que diz respeito à pátria. Se somos católicos, buscando, assim, imitar Cristo, e praticar aquilo que é conforme ao nome cristão, devemos ter e praticar a virtude da piedade para com nossa pátria porque ela também é princípio de nosso ser, de nossa educação e ela nos governa. A pátria faz isso enquanto proporciona aos pais – e por meio deles aos filhos – grande quantidade de coisas necessárias e convenientes para o nosso ser, que sem ela não poderíamos ter. Devemos praticar a virtude da piedade para com nossa pátria como o fez Nosso Senhor Jesus Cristo em seu tempo e em sua pátria, obedecendo a ela em tudo o que é bom e socorrendo-a em suas dificuldades, sobretudo, se assim podemos dizer, as espirituais. Devemos, caros católicos, praticar a virtude da piedade obedecendo às leis justas do país e resistindo àquelas que se opõem à lei de Deus, pois é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens. Devemos fazer tudo o que nos manda a autoridade civil, a não ser que mande algo contra a fé, contra a moral, contra a lei natural, contra o bem comum. Cumprir uma lei que é contra a lei de Deus é prejudicar a si mesmo, a sociedade, a pátria.
Devemos praticar a virtude da piedade buscando que nossa pátria reconheça a Verdade e se submeta a ela, para que nossa pátria possa, assim, ajudar seus filhos não só materialmente, mas também espiritualmente, favorecendo e facilitando o conhecimento daquele que é o caminho, a verdade e a vida: Jesus Cristo. Para tanto, devemos rezar por nossa pátria, nos mortificar pelo bem de nossa pátria. Está dito na Sagrada Escritura que o clamor de Israel foi ouvido por Deus. Para tanto, Israel rezava e fazia penitência. Se rezarmos e fizermos penitência, Deus pode ouvir nosso clamor. Para ajudar nossa pátria, devemos também agir dentro de nossas possibilidades, começando pela nossa conversão e pela nossa família.
É muito comum reclamarmos de nossa pátria e, ao mesmo tempo, não fazermos nada por ela. Devemos rezar e agir, de modo ordenado e sempre segundo os princípios católicos, pelo bem de nosso país. Devemos rezar pelos nossos governantes, para que sigam a lei de Deus, para que governem em vista do bem comum, que não pode simplesmente fazer abstração da verdadeira religião. E devemos ter em mente que temos os governantes que merecemos. Para mudar para melhor, temos que rezar muito e procurar a nossa conversão a Deus.
Com isso, ajudaremos nossa pátria sem cair no excesso de endeusá-la, com um nacionalismo descabido, e sem cair no defeito de rejeitar nossa pátria e dizer como os pagãos: minha pátria é onde me sinto bem. Não, caros católicos! Temos verdadeiro dever de justiça para com a nossa pátria, apesar de seus defeitos. Dever de justiça, de piedade. A pátria é princípio de nosso ser. Devemos procurar que ela o seja não somente materialmente, mas também em ordem mais elevada, nos ajudando a conhecer a verdade e a praticar o bem.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

13 de maio de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 107

RICOS COLARES E BRILHANTES COROAS

Conta Rufino que um dos antigos Padres do deserto viu, certa vez, estando em êxtase, uma multidão incontável de santos na glória do Paraíso. Todos eram de uma beleza incomparável; mas havia uma legião de bem-aventurados que brilhavam mais que os outros e tinham ao pescoço ricos colares e na cabeça brilhantes coroas. Indagou qual fosse a causa daquela diferença e foi-lhe respondido que aqueles bem-aventurados tao distintos dos outros eram os que, seguindo os conselhos evangélicos de perfeição, tinham renunciado ao mundo por amor de Jesus Cristo. Foi-lhe explicado, além disso, que a coroa de ouro, que os adornava, era a recompensa da perfeita obediência.

12 de maio de 2016

Instituto do Bom Pastor - Distrito América Latina

É com satisfação que a Associação Civil São Pio V comunica a publicação do site do Instituto do Bom Pastor - Distrito da América Latina. O site apresenta histórico do Instituto e sua especificidade, histórico na América Latina e os sacerdotes do distrito, informações dos apostolados em Bogotá, Brasília e São Paulo, as vocações masculinas e femininas ligadas ao IBP, notícias, entre outros. Disponibilizamos a seguir o link de acesso para o site:



O Instituto do Bom Pastor é uma Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício erigida conforme as normas do direito canônico (can. 731, §1). Seus membros querem exercer o sacerdócio na Tradição doutrinal e litúrgica da Santa Igreja Católica Romana, fiéis ao Magistério infalível da Igreja com o uso exclusivo da liturgia gregoriana na digna celebração dos Santos Mistérios.

Listamos a seguir outros link's ligados ao Instituto do Bom Pastor:

Instituto Bom Pastor

Instituto Bom Pastor (Página Facebook)

Seminário São Vicente de Paulo
Courtalain (França)

Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Bogotá (Colômbia)

Capela Nossa Senhora das Dores
Brasília/DF (Brasil)
Site não-oficial com informações sobre o apostolado

Instituto Bom Pastor em São Paulo
São Paulo/SP (Brasil)

Escravas Reparadoras da Sagrada Família
Bogotá (Colômbia)

Sermão para o Domingo do Bom Pastor – Pe Daniel P Pinheiro IBP

[Sermão] O Bom Pastor e o Instituto Bom Pastor


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Aviso
A doutrina moral católica sobre o matrimônio, sobre a família, continua a mesma, pois não pode mudar: indissolubilidade, fidelidade, filhos. A posição da Igreja relativa aos divorciados recasados continua a mesma, pois não pode mudar: divorciados recasados que vivem maritalmente estão em estado de pecado, não podem comungar e precisam remediar a sua situação. O juízo da Igreja sobre as práticas e uniões homossexuais continua o mesmo, pois não pode mudar. Existe nelas uma desordem seríssima, contra os primeiros princípios da lei natural. Nem o Papa poderia mudar a doutrina católica nesses pontos, ensinando infalivelmente algo contrário a elas. A pastoral da Igreja deve continuar fundada sempre na sua doutrina imutável. E a Igreja continua sempre agindo com caridade para com todos, ensinando-lhes a verdade e o bem, procurando que abandonem o pecado, ajudando-os para isso com zelo e verdadeira misericórdia, que não pode prescindir da lei natural nem dos ensinamentos de Cristo.
O segundo domingo depois da Páscoa é chamado de Domingo do Bom Pastor, em virtude do Evangelho, retomado também no Aleluia e na Antífona de Comunhão, e também em virtude do texto da Epístola, que, em seu final, nos diz que éramos como ovelhas desgarradas, mas que já nos voltamos ao pastor e guardião de nossas almas, que é Cristo. Mas é principalmente em virtude do Evangelho que chamamos esse domingo o Domingo do Bom Pastor. Nele, Nosso Senhor diz: Ego sum pastor bonus. Eu sou o bom pastor. Este Ego sum, eu sou, nos lembra aquilo que Deus falou a Moisés na sarça ardente, dizendo o seu nome: Ego sum qui sum. Eu sou aquele que sou ou eu sou aquele que é. É o nome de Deus, aquele que é que existe por essência, aquele que é toda a perfeição do ser. Ego sum pastor bonus. Eu sou o bom pastor. Nosso Senhor Jesus Cristo afirma aqui a sua divindade, deixando claro que é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. E Ele é o Bom Pastor. O Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas. O Bom Pastor, que não foge diante dos lobos, que não deixa as ovelhas se dispersarem. O Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas e que é conhecido por elas. O Bom Pastor, que busca trazer para o seu redil, para o seu rebanho aquelas ovelhas que estão fora dele. O Bom Pastor, que tem a voz reconhecida pelas ovelhas, pois é a voz da verdade, da bondade, a voz que pronuncia palavras de vida eterna. É assim que Nosso Senhor se apresenta como o Bom Pastor.
É assim que os membros do Instituto Bom Pastor têm a intenção de agir, seguindo o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bom Pastor. Hoje é, então, a festa do padroeiro do Instituto de que os Padres aqui presentes fazem parte e que assegura o apostolado nesse local. O IBP foi fundado em 8 de setembro de 2006. Há dez anos, portanto, sob a égide do, na época Papa, Bento XVI. O Instituto conta com Padres das mais diversas nacionalidades e espalhados em alguns países pelo mundo: França, Itália, Polônia, Canadá, Uganda, Colômbia e Brasil.
A finalidade do Instituto Bom Pastor pode ser apenas a mesma finalidade de Jesus Cristo, o Bom Pastor: a salvação das almas para a glória de Deus. Para atingir essa finalidade, que é a salvação das almas, os membros do Instituto vêm como meio necessário a devida adesão à Tradição Católica em todos os seus aspectos: doutrinal, litúrgico, espiritual, devocional. A missão própria e específica do IBP é a difusão no seio da Igreja do tesouro da Tradição católica, em todos os seus aspectos, como dissemos, e, principalmente, a Tradição doutrinal e litúrgica.
Essa missão própria e específica do Instituto se concretiza pelo uso exclusivo do Rito Romano Tradicional em todos os seus atos litúrgicos: Missa, sacramentos, breviário, bênçãos, etc. Não se trata, porém, de um apego sentimental ou nostálgico a uma liturgia antiga. Trata-se, na verdade, da adesão a uma liturgia que se desenvolveu ao longo dos séculos de história da Igreja, desde o tempo dos apóstolos e que exprime de modo claro, sem ambiguidades, a doutrina da Igreja. Trata-se, portanto, do desejo de confessar a fé sem respeito humano. Trata-se do desejo de ter uma liturgia que não busca agradar aos homens em primeiro lugar, mas que busca agradar a Deus acima de tudo. Isso se verifica em particular com a liturgia da Missa no Rito Romano Tradicional, em que a fé católica é professada perfeitamente. A presença real e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo em corpo, sangue, alma e divindade é claramente mostrada, pelas palavras e pelos gestos no Rito. Basta ver o número de genuflexões que o padre faz diante da hóstia e do cálice consagrados. Basta ver como o Padre guarda unidos os indicadores e os polegares depois de tocar no Corpo de Cristo, a fim de evitar que qualquer parcela da hóstia consagrada seja profanada. No Rito Romano Tradicional, se afirma também claramente que a Missa é a renovação do sacrifício de Cristo na Cruz e que esse sacrifício se renova em nossos altares, em particular, para nos alcançar a graça do arrependimento e perdão de nossos pecados. No Rito Romano Tradicional fica clara a hierarquia existente entre o sacerdote e os fiéis, mostrando a Igreja tal como instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, nos seus estatutos, o IBP afirma como seu rito exclusivo o Rito Romano Tradicional. Não por saudosismo, não por excentricidade, mas por reconhecer os benefícios imensos para a fé, pois esse Rito a professa limpidamente, e para a vida espiritual dos católicos, pois as graças no Rito Tradicional são abundantes, em virtude da perfeição de suas orações, de seus gestos, de sua integridade. Não é uma questão de gosto.
A missão própria e específica de difundir no seio da Igreja o tesouro da Tradição se concretiza também na formação espiritual, filosófica e teológica dos membros do Instituto, e na consequente transmissão disso para os fiéis. A espiritualidade baseada no fundamento sólido do dogma, sem o qual não pode haver espiritualidade sã. Espiritualidade baseada nos santos, nos clássicos católicos. A formação filosófica baseada na filosofia realista, na filosofia de São Tomás de Aquino, Doutor da Igreja. Também a teologia baseada em São Tomás de Aquino, que é o farol da teologia católica, que é o muro contra as heresias e os erros em matéria de doutrina. Formação intelectual baseada, então, em São Tomás, tão abundantemente recomendado pelos Papas durante séculos e séculos. Uma formação baseada solidamente naquilo que a Igreja sempre recomendou e igualmente baseada no Magistério infalível da Igreja, no Magistério constante da Igreja. Também essa formação espiritual, filosófica e teológica tradicionais não são um mero apego ao passado, não são um mero saudosismo. Os membros do IBP vêm tudo isso como necessário para uma vida católica minimamente saudável. E, por isso, são formados assim e se esforçam de transmitir esses tesouros infinitos para os fiéis. Os membros do IBP procuram se portar como o Bom Pastor, que não foge nem abandona as suas ovelhas. Procuram não ser o mercenário que abandona as suas ovelhas quando vem o lobo das doutrinas novas, das doutrinas erradas, das doutrinas que agradam ao homem, mas que o levam à condenação. Como o Bom Pastor, procuram dar testemunho da verdade, até a morte, se necessário for.
Essa adesão à Tradição doutrinal da Igreja implica a possibilidade – dada também explicitamente pela Santa Sé – de crítica construtiva e séria a certos atos controversos do Magistério recente, de acordo com os princípios teológicos que regem os diversos graus de Magistério e os diversos graus de assentimento que lhes são devidos. Não se trata de polêmica vã, mas de colocar à disposição da autoridade eclesiástica argumentos teológicos sérios para uma boa interpretação dos textos e mesmo para a correção de certos textos recentes problemáticos. Ao fazer isso, o Instituto não age contra a Igreja nem contra o espírito da Igreja. Ao contrário, age sempre dentro dos limites permitidos pela Igreja. Essa crítica é lícita dentro dos princípios católicos em circunstâncias precisas e quando feita de modo ordenado, para o bem das almas.
Para os membros do Instituto, a liturgia tradicional e a formação teológica fundada sobre a doutrina de São Tomás de Aquino – tantas vezes recomendado pelos Soberanos Pontífices – são meios indispensáveis para o bem do sacerdote e das almas de que cuida. O IBP tem por objetivo justamente difundir esses tesouros da Tradição da Igreja. Não se trata de guardar somente para alguns aquilo que é um tesouro inestimável.
O apostolado do Instituto, baseado sempre nesses princípios litúrgicos e doutrinais, pode se desenvolver em âmbitos diversos: Paróquias Pessoais, mas também capelanias, escolas, pregação de retiros, obras de caridade, etc. Tudo aquilo que serve para o bem das almas pode fazer parte do ministério de um padre do Instituto, dentro da missão específica do Instituto.
É dentro, então, desse quadro que o IBP procura cuidar das ovelhas, alimentando-as com o alimento da fé católica, da doutrina católica de sempre, com o alimento da liturgia tradicional, tão bela na sua profissão de fé, tão rica nas graças abundantes que nos alcança. No apostolado cotidiano, os membros do IBP, apesar de suas inúmeras deficiências e pecados, procuram dar a vida pelas ovelhas que, de alguma forma, lhes foram confiadas e procuram atrair aquelas ovelhas que estão fora do aprisco da Igreja Católica. Com a fidelidade aos ensinamentos da Igreja e àquilo que a Igreja nos transmitiu ao longo dos séculos, os padres do Instituto esperam que os fiéis possam, por meio deles, reconhecer a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo. E esperam que possam seguir o Salvador com grande generosidade e alegria.
Portanto, aquilo que rege o IBP e, consequentemente, o apostolado que fazemos aqui, não é uma questão de mero gosto, nem de mera preferência pessoal, nem de saudosismo, nem de um apego desordenado a algo. O que está em jogo é o bem das almas. O bem de nossa alma em primeiro lugar.
Hoje e durante todo esse ano, peço as orações de todos pelo IBP e pelos seu membros, padres e seminaristas. Sobretudo, para que possamos permanecer fiéis a Jesus Cristo, o Bom Pastor. Rezem, em particular, por aqueles que estão aqui mais próximos de vocês e que procuram ajudá-los. Rezem para que, ao fim de nossas vidas, possamos dizer como São Paulo: transmiti aquilo que recebi, combati o bom combate, guardei a fé, a fé católica.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.