8 de maio de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XII


Parte 7/8


B - Eis-nos em presença deste profundo pensamento que o crucifixo familiar, móvel necessário, quer nos indicar: o verdadeiro espírito religioso com suas consequências: disciplina e domínio de si. O crucifixo não deve estar só na parede, mas sim viver na alma dos esposos. É necessário para assegurar a felicidade do casamento.
Citarei apenas alguns exemplos.
a - Há momentos, às vezes meses, talvez anos, em que os esposos são obrigados a observar a continência, como se não fossem casados; assim, por exemplo, quando um deles esta doente, ou quando seus deveres afastam um do outro, por muito tempo, ou ainda se os esposos, por dificuldades materiais, não podem receber filhos das mãos de Deus. Se, nestas circunstâncias, falta a disciplina religiosa necessária, então chega o pecado, e com ele também o fim deplorável da felicidade familiar.
E agora, quais são os que podem observar esta continência forçada? Só os esposos em cuja alma vive o crucifixo. Aqueles, porém, aos quais falta uma ideia religiosa bastante profunda, encontrarão, ao contrário, muito estreito o âmbito do matrimônio conforme a moral.
b - Mas não é só no terreno moral, é também no ponto de vista material que é preciso, hoje, mostrar muita renúncia e sacrifício, por causa das dificuldades atuais de existência.
Haydn, na "A Criação", faz ouvir este aviso: "Feliz par! Sereis eternamente feliz, se não vos deixardes seduzir, desejando mais do que tendes, e querendo saber mais do que vos é necessário".
"Querendo saber mais do que vos é necessário", este não é o perigo que ameaça muito os homens atuais. Outro perigo ameaça muito mais a tranquilidade e a harmonia da família, é "querer mais do que tendes".
Renúncia, simplicidade, saber contentar-se com o pouco... qual a esposa que disto é capaz? Só aquela cuja alma for animada pelo amor de Cristo que se sacrificou. A que nada sabe da pobreza de Cristo será uma esbanjadora, terá pretensões exageradas, e cavará assim a ruína da felicidade familiar.
c - E para que estas mães de família sejam realmente destas mulheres fortes, ser-lhes-ia útil examinar um pouco sob este ponto de vista o culto de Maria.
O culto da Santa Virgem é uma das mais poéticas e ardorosas manifestações da vida religiosa católica. Mas, infelizmente, muitas moças e mulheres representam a Virgem sob um só aspecto: com um belo vestido azul e branco, auréola dourada, e olhos levantados para o céu.
Ora esta não é a imagem completa de Maria. A imagem completa de Maria é a que caminha através das planícies e montanhas, sem conhecer a fadiga, unicamente para vir ajudar Santa Isabel nos dias que seguiram ao nascimento de São João Batista. A esta imagem pertence Maria, semblante sorridente, sofrendo ao lado de seu filho e por seu filho o frio chão do estábulo de Belém e as privações de fuga para o Egito. A esta imagem pertence ainda Maria, alma heroica postada ao pé da cruz onde espera seu filho.
Eis o que ensina, para um matrimônio feliz, este objeto indispensável, o crucifixo.
d - Mas a ideia religiosa simbolizada pelo crucifixo é ainda necessária para garantir a felicidade eterna dos esposos. A tarefa mais bela, mais sublime é, com efeito, velar não só pela sua sorte terrestre, mas também pela sua felicidade eterna.
É a questão única na qual a mulher tem o direito de ser ciumenta de seu marido. Pelo menos é o que escreve Santo Agostinho, quando escreve: "As mulheres devem ter ciúmes de seus maridos, não por causa de seus corpos, mas sim por causa de sua salvação eterna. Eis por que a isto eu vos obrigo, vô-lo recomendo, vô-lo ordeno: é o bispo que manda, é Cristo quem manda por mim".
É também uma grande alegria, quando a mulher pode dizer a seu marido: "É a ti que devo o ter possuído em minha existência um companheiro corajoso, e filhos tão bons". Grande também é o júbilo quando o marido pode dizer à sua mulher: "Agradeço-te o teres sido para mim uma esposa tão atenta, e a doçura de meu lar". Maior, porém, deve ser a alegria quando ambos puderem dizer um dia: "É a ti que devo o ter chegado à vida eterna".

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