29 de agosto de 2009

29 de agosto - Martírio de São João Batista

Hino ao Martírio de São João Batista
São Beda, o Venerável (673-735)
Monge e Doutor da Igreja

Precursor na morte como na vida

Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade,
João Batista, tocha de Cristo,
torna-se evangelista da Luz eterna.
O testemunho profético que não cessou de dar
com a sua mensagem, com toda a sua vida e a sua atividade,
assinala-o hoje com o seu sangue e o seu martírio.
Sempre tinha precedido o Mestre:
ao nascer, anunciara a Sua vinda a este mundo.
Ao batizar os penitentes do Jordão,
tinha prefigurado Aquele que vinha instituir o Seu batismo.
E a morte de Cristo redentor, seu Salvador, que deu a vida ao mundo,
também João Batista a viveu antecipadamente,
derramando o seu sangue por Ele, por amor.

Bem pode um tirano cruel metê-lo na prisão e a ferros,
em Cristo, as correntes não conseguem prender
aquele que um coração livre abre para o Reino.
Como poderiam a escuridão e as torturas de um cárcere sombrio
dominar aquele que vê a glória de Cristo,
e que recebe Dele os dons do Espírito?
Voluntariamente oferece a cabeça ao gládio do carrasco;
como pode perder a cabeça
aquele que tem a Cristo por seu chefe?

Hoje sente-se feliz por completar o seu papel de precursor
com a sua partida deste mundo.
Aquele de Quem dera testemunho em vida,
Cristo que vem e que já aqui está,
hoje o proclama a sua morte.
Poderia a mansão dos mortos reter esta mensagem que lhe foge?
Alegram-se os justos, os profetas e os mártires,
que com ele vão ao encontro do Salvador.
Todos eles rodeiam João com amor e louvores.
E com ele suplicam a Cristo que venha finalmente ter com os Seus.

Oh grande precursor do Redentor, Ele não tarda,
Aquele que te libertará para sempre da morte.
Conduzido pelo teu Senhor,
entra na glória com os santos!

Matrimônio Cristão - Católico - 5ª Parte 1/2

1797-1816: 24ª sessão, 11 nov. 1563

a) Doutrina e cânones sobre o sacramento do matrimônio

O primeiro pai do gênero humano, por inspiração do Espírito Santo, proclamou o vínculo perpétuo e indissolúvel do matrimônio, quando disse: "Isto, sim, é osso dos meus ossos e carne de minha carne. Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e apegar-se-á a sua esposa, e serão dois em uma só carne" [Gn 2.23s; cf. Mt 19,5; Ef 5,31].
O Cristo Senhor ensinou o mais claramente possível que por este vínculo somente dois se podem associar e unir, quando citando as palavras acima como proferidas por Deus, disse: "Assim já não são dois, mas uma só carne" [Mt 19,6], e a seguir confirmou com estas palavras a firmeza de tal vínculo, antes proclamado somente por Adão: "Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe" [Mt 19,6; Mc 10,9].
Ora, a graça a que levou à perfeição aquele amor natural, confirmou a unidade indissolúvel e santificou os cônjuges, o próprio Cristo, que instituiu e levou à perfeição os veneráveis sacramentos a mereceu para nós por sua paixão. Ao que o Apóstolo Paulo acenou, dizendo: "Varões, amai vossas esposas, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" [Ef 5,25], acrescentando em seguida: "É grande este sacramento, eu o digo, porém, em Cristo e na Igreja" [Ef 5,32].
Como, portanto, o matrimônio na lei evangélica por meio de Cristo supera em graça os antigos casamentos, nossos Santos Padres, os Concílios e a tradição da Igreja universal sempre ensinaram que, com razão, deve ser contado entre os sacramentos da Nova Lei. Contra isso, homens ímpios deste século, delirando, não só opinaram depravadamente sobre este venerável sacramento, mas, conforme seu costume, introduzindo sob o pretexto do Evangelho a liberdade da carne, afirmaram, por escrito e por palavras, não sem grande dano dos fiéis cristãos, muitas coisas estranhas ao sentir da Igreja Católica e ao costume aprovado desde os tempos dos Apóstolos.
Desejando opor-se ao desatino deles, (e) para que seu contágio pernicioso não arraste muitos até eles, o santo e geral Sínodo julgou que deviam ser exterminadas as heresias e os erros mais importantes dos cismáticos antes citados, decretando contra eles e seus erros os seguintes anátemas.

Cânones sobre o sacramento do matrimônio

Cân. 1. Se alguém disser que o matrimônio não é, verdadeira e propriamente, um dos sete sacramentos da Lei evangélica (e) instituído pelo Cristo Senhor, mas inventado por homens na Igreja, e que não confere a graça: seja anátema.
Cân.2. Se alguém disser que é permitido aos cristãos ter ao mesmo tempo várias esposas e que isso não é proibido por nenhuma lei divina [cf. Mt 19,9]: seja anátema.
Cân. 3. Se alguém disser que somente aqueles graus de consangüinidade e parentesco por afinidade que são descritos no Levítico [18,6-18] podem impedir de contrair matrimônio ou dirimir o contratado; e que a Igreja não pode em alguns desses (graus) dar dispensa, ou estabelecer um número maior (de graus) impedientes ou dirimentes: seja anátema.
Cân. 4. Se alguém disser que a Igreja não podia estabelecer impedimentos dirimentes do matrimônio, ou que errou ao estabelecê-los: seja anátema.
Cân. 5. Se alguém disser que o vínculo do matrimônio pode ser dissolvido pelo cônjuge, por causa de heresia, coabitação incômoda ou ausência propositada: seja anátema.
Cân. 6. Se alguém disser que o matrimônio rato não consumado não pode ser dirimido pela solene profissão religiosa de um dos cônjuges: seja anátema.
Cân. 7. Se alguém disser que a Igreja erra, quando ensinou e ensina, segundo a doutrina evangélica e apostólica [cf. Mt 5,32; 19,9; Mc 10,11s; Lc 16,18; ICor 7,11], que o vínculo do matrimônio não pode ser dissolvido por causa de adultério de um dos cônjuges, e que nenhum deles, nem mesmo o inocente que não ofereceu pretexto para o adultério, pode contrair outro matrimônio enquanto viver o outro cônjuge, e que comete adultério aquele que, abandonando a adúltera, casar com outra, e aquela que, abandonando o adúltero, casar com outro: seja anátema.
Can. 8. Se alguém disser que a Igreja erra, quando determina que, por muitas causas, pode dar-se uma separação entre cônjuges, por tempo determinado ou indeterminado, no que diz respeito ao leito ou à coabitação: seja anátema.
Can. 9. Se alguém disser que os clérigos constituídos nas ordens sagradas ou os religiosos que fizeram profissão solene de castidade podem contrair matrimônio, e que o contrato é válido, não obstante a lei eclesiástica ou o voto, e que o contrário nada mais é que desprezar o matrimônio; e que podem contrair matrimônio todos os que não sentem ter o dom da castidade (embora tenham feito voto): seja anátema. Já que Deus não o recusa (o dom) a quem pedir como convêm, nem permite que sejamos tentados acima do que podemos [cf. ICor 10,13].
Can. 10. Se alguém disser que o estado conjugal deve ser preferido ao estado de virgindade ou celibato, e que não é melhor e mais valioso permanecer na virgindade ou celibato do que unir-se em matrimônio [cf. Mt 19,11s; ICor 7,25s. 38.40]: seja anátema.
Can. 11. Se alguém disser que a proibição de solenidade das núpcias em determinados tempos do ano é uma superstição tirânica, proveniente da superstição dos pagãos; ou (se) condenar as bençãos e outras cerimônias que a Igreja usa nas núpcias: seja anátema.
Can. 12. Se alguém disser que as questões matrimoniais não são da competência dos juízes eclesiásticos: seja anátema.

25 de agosto de 2009

"Avisos" - São João da Cruz

São João da Cruz - Subida do Monte Carmelo - Livro I - Capítulo XIII, §3-7; 9.

Primeiramente: tenha sempre a alma o desejo contínuo de imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se à sua vida que deve meditar para sabre imitá-la, e agir em todas as circunstâncias como ele próprio agiria.

Em segundo lugar, para bom poder fazer isto, se lhe for oferecida aos sentidos alguma coisa de agradável que não tenda exclusivamente para a honra e a glória de Dus, renuncie e prive-se dela pelo amor de Jesus Cristo, que, durante a sua vida, jamais teve outro gosto, nem outra coisa quis senão fazer a vondade do Pai, a que chamava sua comida e manjar. Por exemplo: se acha satisfação em ouvir coisas em que a glória de Deus não está interessada, rejeite esta satisfação e mortifique a vontade de ouvir. Se tem prazer em olhar objetos que não levam a Deus, afaste este prazer e desvie os olhos. Igualmente nas conversações e em qualquer outra circunstância, deve fazer o mesmo. Em uma palavra, proceda deste modo, na medida do possível, em todas as operações dos sentidos; no caso de não ser possível, basta que a vontade não queira gozar desses atos que lhe vão na alma. Desta maneira há de deixar logo mortificados e vazios de todo o gosto, e como às escuras. E com este cuidado, em breve aproveitará muito.

Para mortificar e pacificar as quatro paixões naturais que são gozo, esperança, temor e dor, de cuja concórdia e harmonia nascem inumeráveis bens, trazendo à alma grande merecimento e muitas virtudes, o remédio universal é o seguinte:

Procure sempre inclinar-se não ao mais fácil, senão ao mais difícil. Não ao mais saboroso, senão ao mais insípido. Não ao mais agradável, senão ao mais desagradável. Não ao descanso, senão ao trabalho. Não ao consolo, mas à desolação. Não ao mais, senão ao menos. Não ao mais alto e precioso, senão ao mais baixo e desprezível. Não a querer algo, e sim a nada querer. Não a andar buscando o melhor das coisas temporais, mas o pior; enfim, desejando entrar por amor de Cristo na total desnudez, vazio e pobreza de tudo quanto há no mundo.

Abrace de coração essas práticas, procurando acostumar a vontade a elas. Porque se de coração as exercitar, em pouco tempo achará nelas grande deleite e consolo, procedendo com ordem e discrição.

(...)

O espiritual deve: 1.º Agir em seu desprezo e desejar que os outros o desprezem. 2.º Falar contra si e desejar que os outros também o façam. 3.º Esforçar-se por conceber baixos senrimentos de sua própria pessoa e desejar que os outros pensem do mesmo modo.

Extraído de São João da Cruz: Doutor da Igreja: Obras Completas. 4.ª ed. Vozes. Petrópolis, em co-edição com o Carmelo Descalço do Brasil, 1996.

24 de agosto de 2009

Modo prático de fazer o Exame de Consciência

Adaptado de "Maná do Cristão - Devocionário composto pelos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria", baseado nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola

Exame pelos pensamentos, palavras e ações


Pensamentos. Consenti em pensamentos contrários à fé ou à Providência de Deus? Tive ódio a alguém? Desejei ou me deleitei em alguma coisa impura?
Palavras. Falei palavras más? Jurei falso? Tive conversações desonestas? Atribuí ao próximo algum crime, ou revelei, sem motivo, aquilo que devia estar oculto? Tenho mentido?
Ações. Trabalhei ou fiz trabalhar nos dias santificados? Deixei de ouvir Missa em dia de preceito? Respeitei meus pais e superiores? Desobedeci-lhes? Tenho cometido algum excesso nas comidas, bebidas, jogos e divertimentos? Olhei, com mau fim ou detidamente, objetos perigosos? Fiz alguma coisa indecente? Tirei alguma coisa alheia ou defraudei o próximo?


Exame pelos mandamentos e obrigações do próprio estado

Primeiro Mandamento:
Neguei ou pus em dúvida alguma coisa das que Deus revelou e a Igreja nos ensina? Tenho dito palavras contra a fé? Tenho guardado ou lido livros proibidos, romances obscenos, ou jornais contrários à Religião ou aos seus ministros? Desconfiei de Deus? Queixei-me da sua Providência? Ignoro a doutrina cristã? Falei mal da Religião ou de seus ministros? Consenti em usar alguma coisa supersticiosa como benzeduras, feitiços, orações extravagantes etc.? Acreditei em sonhos, dias felizes, cartas, linhas da mão etc.?

Segundo Mandamento:
Pronunciei com pouco respeito o nome de Deus, de Maria Santíssima, ou dos Santos? Jurei falso? Cumpri os votos e promessas?

Terceiro Mandamento:
Trabalhei ou fiz trabalhar nos dias santos, sem causa justa? Ouvi a Santa Missa? Cometi alguma irreverência na Igreja?

Quarto Mandamento:
Honrei a meus pais e superiores? Murmurei deles, tendo-lhes respondido mal, ou dito palavras injuriosas? Obedeci-lhes? Prestei-lhes auxílio quando se achavam em necessidade?

Quinto Mandamento:
Perdoei a quem me ofendeu? Tive ódio a alguém? Desejei algum mal? Disse palavras ofensivas? Briguei? Excedi-me nas comidas e bebidas prejudicando a minha saúde?

Sexto e nono Mandamentos:
Tenho consentido deliberadamente em algum mau pensamento? Desejei fazer alguma coisa impura? Estive entretendo alguma deleitação má? Tive conversações desonestas? Tenho lido ou guardado algum livro ou estampa indecente? Tive olhares perigosos? Pratiquei comigo ou com outrem alguma ação impura? Dei algum escândalo?

Sétimo e décimo Mandamentos:
Cobicei os bens do próximo? Roubei, defraudei ou retive o alheio? Tenho pagado no prazo marcado as minhas dívidas? Tenho causado algum dano ou prejuízo? Enganei ao próximo nas compras ou vendas?

Oitavo Mandamento:
Fiz juízo temerário? Descobri, sem causa, algum pecado grave e oculto do próximo? Levantei falso testemunho? Menti?

MANDAMENTOS DA IGREJA

Ouvi Missa inteira e com atenção todos os dias de preceito? Fui causa que outros a não ouvissem ou a ouvissem mal? Cumpri os preceitos da confissão e comunhão? Fiz o jejum e a abstinência?

Além disso, cumpre examinar-se acerca das obrigações do próprio estado.
Um casado examinará: se ama sua mulher. Se a tem injuriado com palavras. Se a tem ofendido com ações. Se lhe tem sido fiel.
Uma casada: se ama seu marido. Se o tem ofendido com palavras ou obras. Se lhe tem sido fiel e obediente.
Os pais: se têm educado religiosamente seus filhos. Se os vigiam, procurando saber o que fazer, onde vão e como se comportam. Se os têm corrigido. Se lhes dão bom exemplo. Se os tratam com dureza excessiva, amaldiçoam ou rogam pragas contra eles. Se procuram que assistam às Missas e rezas da Igreja e recebam os santos Sacramentos amiúde.
Os superiores, de qualquer classe que sejam, poderão fazer a si mesmos idênticas interrogações a respeito dos seus súditos: examinarão também se os fazem trabalhar além do que é justo e se lhes pagam os ordenados.
Um moço examinará: se fugiu ou se se afastou das companhias, diversões e convivências perigosas. Se se ocupa no estudo ou trabalho. Se obedece os conselhos e avisos de seus superiores.
Uma moça examinará: se faltou à modéstia ou escandalizou pelo modo de vestir, brincar ou outros movimentos do corpo. Se procura ou conserva amizades que a põem em perigo de ofender a Deus. Se tem cuidado das coisas da sua casa.
Um empregado: se murmurou de seus patrões ou os desrespeitou. Se cumpriu suas ordens. Se os defraudou nalguma coisa. Se cuidou bem de seus interesses.
Um negociante: se falsificou os gêneros. Se cometeu alguma fraude nas compras e vendas. Se fez algum contrato usurário, ilícito etc.
Um fabricante: se impediu que os operários fossem à Missa nos dias santos. Se os fez trabalhar nos dias santos. Se os fez trabalhar mais do que era justo ou além do contrato. Se permitiu na fábrica conversas indecentes. Se consentiu nalguma desordem.
Um médico: se visitou os doentes com a frequência necessária. Se, nos casos difíceis, descurou o estudo e as consultas. Se procurou que os doentes recebessem os
Sacramentos, quando os julgava em perigo de vida.


Exame pelos sete vícios capitais

Soberba. – É um apetite desordenado de ser preferido aos outros. São filhas deste vício a jactância, vanglória, as brigas, a discórdia, desobediência… Julguei eu ser mais do que realmente sou, pelos dons da natureza ou da graça? – Pretendi ser mais do que os outros? – Tratei com atenção e respeito aos mais velhos e superiores? – Tratei com doçura aos meus iguais? – Procurei a minha honra, gabando-me de alguma coisa? – Tive complacência ou vanglória da pessoa, sangue, qualidades, empregos ou riquezas? – Cobicei honras ou empregos elevados? – Deixei-me levar da vaidade? – Apeguei-me ao meu próprio juízo, preferi o meu parecer ao alheio, ou não cedi nas disputas? – Desprezei os outros? – Fiz zombaria de alguma pessoa? Obedeci a meus superiores?
Avareza. – É um apetite desordenado das riquezas. Cobicei o alheio? – Retive o alheio contra a vontade do dono? – Usei mal das riquezas, ou não dei esmola quando o exigia a caridade? – Procurei os bens da terra com demasiado afã, ou pus neles o meu coração? – Por causa do dinheiro, disse mentiras nos negócios, ou cometi fraudes, enganos, perjúrios, violências? – Fiz boas obras por interesse temporal? – Deixei alguma obra do divino serviço por cobiça ou para acrescentar riquezas?
Luxúria. – É um apetite desordenado dos prazeres sensuais. Consenti em algum pensamento contra a castidade? – Pensei com prazer nos peados passados, ou desejei cometê-los outra vez? – Disse alguma palavra ou tive alguma conversa contra a virtude angélica? – Como me comportei nos olhares? – Faltei à modéstia? – Estive em alguma ocasião, baile, teatro ou reunião, em que pudesse manchar a minha alma com algum pensamento, palavra ou ação má?
Ira. – É um apetite desordenado de vingança. – Tive ódio a meu próximo, propósito de vingar-me, desejo de que lhe acontecesse algum mal? – Entristeci-me com o bem alheio, e consenti em desejos de vingança? – Disse alguma injúria a meu próximo, ou murmurei dele? – Roguei pragas, proferi maldições? – Tive contendas ou disputas? – Perdoei as injúrias? – Em minhas doenças, tive impaciência ou desejei ver-me livre delas contra a vontade de Deus? – Desejei a mim ou a outros a morte? – Maltratei os animais?
Gula. – É um apetite desordenado de comer e beber. – Comi carne nos dias proibidos? – Guardei os jejuns da Igreja ou aqueles a que sou obrigado por voto? – Comi ou bebi demais? – Comi ou bebi só por gulodice?
Inveja. – É uma tristeza desordenada do bem de outrem. – Alegrei-me com o mal alheio, ou dei lugar à tristeza, quando vi a outrem na prosperidade? – Senti e mostrei desgosto de ouvir os louvores do próximo, ou diminuí os louvores que outros lhe teciam? – Odeio aos outros, porque me igualam ou avantajam em prosperidade e estimação? – Tive inveja dos bens do próximo, ou de suas honras, dignidades, amizades, formosura, ciência ou virtudes?
Preguiça. – É uma tristeza, tédio ou aborrecimento dos exercícios de piedade. – Fugi da virtude por temor dos trabalhos e dificuldades? – Deixei-me levar da negligência em praticar coisas árduas no serviço divino? – Deixei-me vencer da tibieza na observância dos mandamentos ou dos deveres do meu estado? – Fui inconstante nas boas obras, ou as não acabei, podendo? – Desconfiei nas tentações? – Tive rancor ou ódio contra as pessoas boas, porque a sua virtude era para mim uma exprobação? – Perdi o tempo? – Empreguei-o em distrações, conversações inúteis, jogos, etc.?


Exame pelos cinco sentidos

Vista. – Olhei para coisas formosas, vãs ou perigosas, só por vaidade, sensualidade e curiosidade? – Olhei com imodéstia, liberdade ou desedificação dos outros? – Fitei os olhos nalgum objeto mau ou perigoso? – Olhei com leviandade de uma para outra parte?
Ouvido. – Apliquei os meus ouvidos a escutar conversas vãs ou curiosas, procurei notícias inconvenientes, lisonjas, louvores próprios ou murmurações? – Deixei de ouvir conversações boas, sermões etc., ou os ouvi de má vontade? – Recebi bom os avisos ou correções?
Língua. – Falei de Deus com pouco respeito? – Falei da vida alheia? – Descobri os defeitos do próximo? – Falei alguma palavra grosseira ou não conforme ao meu estado e profissão? – Fui sincero e claro com o meu diretor e confessor?
Agora examinem-se os pecados cometidos com o gosto, o olfato o tato.


Exame pelas potências da alma

Entendimento. – Fui negligente em aprender a doutrina e as coisas necessárias para salvar-me? – Penso frequentemente em Deus e no bem da minha alma? – Afasto a minha imaginação de representações inconvenientes ou de idéias perigosas? – Procurei saber alguma coisa má, inútil ou superior às minhas forças? – Detive-me, propositalmente, em maus pensamentos? – Sou contumaz, teimoso em minhas opiniões, ou desprezador das alheias? – Julguei ou suspeitei temerariamente dos defeitos ou ditos dos outros? – Segui as máximas ou ditames do mundo e da carne? – Fui inconstante nos meus bons propósitos?
Memória. – Lembro-me com frequência dos benefícios de Deus, de seus preceitos, avisos e inspirações? – Tenho presentes os propósitos e os deveres para com Deus, para com o próximo e para comigo mesmo? – Esqueci os meios de me santificar?
Vontade. – Sujeitei a minha vontade cumprindo com prontidão e alegria os mandamentos de Deus, da Igreja e as ordens dos superiores? – Procurei fazer a vontade alheia, desde que nisso não houvesse pecado? – Tive má intenção nas boas obras, buscando-me a mim nelas, bem como fazer o meu gosto e vontade? – Acaso me apropriei os talentos, obras e coisas como se as não houvesse recebido de Deus?




Veja também:
Sobre os Sete Pecados Capitais:
http://www.saopiov.org/2009/01/os-sete-pecados-capitais-1.html
http://www.saopiov.org/2009/01/os-sete-pecados-capitais-2.html
http://www.saopiov.org/2009/01/os-sete-pecados-capitais-3.html
http://www.saopiov.org/2009/01/os-sete-pecados-capitais-4.html

Sobre o Exame de Consciência (S. Inácio de Loyola):
http://www.saopiov.org/2009/02/santo-inacio-de-loyola-exame-de.html

21 de agosto de 2009

Caminho de São João Eudes para penetrar no abismo de amor

Intervenção do Papa durante a audiência geral

CASTEL GANDOLFO, quarta-feira, 19 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos a intervenção de Bento XVI pronunciada diante dos peregrinos reunidos nesta quarta-feira no pátio da residência pontifícia de Castel Gandolfo sobre "São João Eudes e a formação do clero".
* * *
Queridos irmãos e irmãs:
Celebra-se hoje a memória litúrgica de São João Eudes, apóstolo incansável da devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, que viveu na França no século XVII, época marcada por fenômenos religiosos contrapostos e também por grandes problemas políticos. É o tempo da Guerra dos Trinta Anos, que devastou não somente grande parte da Europa Central, mas que também devastou as almas.
Enquanto se difundia o desprezo pela fé cristã por parte de algumas correntes de pensamento que então eram dominantes, o Espírito Santo suscitava uma renovação espiritual repleta de fervor, com personalidades de alto nível, como a de Bérulle, São Vicente de Paulo, São Luis Maria Grignion de Montfort e São João Eudes. Esta grande "escola francesa" de santidade também teve entre seus frutos São João Maria Vianney. Por um misterioso desígnio da Providência, meu venerado predecessor, Pio XI, proclamou santos ao mesmo tempo, no dia 31 de maio de 1925, João Eudes e o Cura de Ars, oferecendo à Igreja e ao mundo inteiro dois extraordinários exemplos de santidade sacerdotal.
No contexto do Ano Sacerdotal, quero deter-me a sublinhar o zelo apostólico de São João Eudes, em particular dirigido à formação do clero diocesano. Os santos são a verdadeira interpretação da Sagrada Escritura. Os santos verificaram, na experiência da vida, a verdade do Evangelho; deste modo, eles nos introduzem no conhecimento e na compreensão do Evangelho. O Concílio de Trento, em 1563, havia emanado normas para a ereção dos seminários diocesanos e para a formação dos sacerdotes, pois o Concílio era consciente de que toda a crise da reforma estava também condicionada por uma insuficiente formação dos sacerdotes, que não estavam preparados da maneira adequada para o sacerdócio, intelectual e espiritualmente, no coração e na alma. Isso acontecia em 1563, mas dado que a aplicação e a realização das normas demoravam algum tempo, tanto na Alemanha como na França, São João Eudes viu as consequências deste problema. Movido pela lúcida consciência da grande necessidade de ajuda espiritual que as almas experimentavam precisamente por causa da incapacidade da maioria do clero, o santo, que era pároco, instituiu uma congregação dedicada de maneira específica à formação dos sacerdotes.
Na cidade universitária de Caen, ele fundou o primeiro seminário, experiência sumamente valorizada, que rapidamente se ampliou a outras dioceses. O caminho de santidade, que ele percorreu e propôs aos seus discípulos, tinha como fundamento uma sólida confiança no amor que Deus revelou à humanidade no Coração sacerdotal de Cristo e no Coração maternal de Maria. Naquele tempo de crueldade, de perda de interioridade, dirigiu-se ao coração para deixar nele uma palavra dos salmos muito bem interpretada por Santo Agostinho. Eu gostaria de recordar às pessoas, aos homens e sobretudo aos futuros sacerdotes, o coração, mostrando o Coração sacerdotal de Cristo e o Coração maternal de Maria. O sacerdote deve ser testemunha e apóstolo deste amor do Coração de Cristo e de Maria.
Também hoje se experimenta a necessidade de que os sacerdotes testemunhem a infinita misericórdia de Deus com uma vida totalmente "conquistada" por Cristo, e aprendam isso desde os anos de sua formação nos seminários. O Papa João Paulo II, depois do sínodo de 1990, emanou a exortação apostólica Pastores dabo vobis, na qual retoma e atualiza as normas do Concílio de Trento e sublinha sobretudo a necessária continuidade entre o momento inicial e o permanente da formação; para ele, para nós, é um verdadeiro ponto de partida para uma autêntica reforma da vida e do apostolado dos sacerdotes, e é também o ponto central para que a "nova evangelização" não seja simplesmente um slogan atraente, mas que se converta em realidade. Os alicerces da formação do seminário constituem esse insubstituível humus spirituale no qual é possível "aprender Cristo", deixando-se configurar progressivamente por Ele, único Sumo Sacerdote e Bom Pastor. O tempo do seminário deve ser visto, portanto, como a atualização do momento em que o Senhor Jesus, depois de ter chamado os apóstolos e antes de enviá-los a pregar, pede-lhes que permaneçam com Ele (cf. Marcos 3, 14). Quando São Marcos narra a vocação dos 12 apóstolos, ele nos diz que Jesus tinha um duplo objetivo: o primeiro era que estivessem com Ele e o segundo, que fossem enviados a pregar. Mas ao ir sempre com Ele, realmente anunciam Cristo e levam a realidade do Evangelho ao mundo.
Neste Ano Sacerdotal, convido-vos a rezar, queridos irmãos e irmãs, pelos sacerdotes e por aqueles que se preparam para receber o dom extraordinário do sacerdócio ministerial. Concluo dirigindo a todos a exortação de São João Eudes, que diz assim aos sacerdotes: "Entregai-vos a Jesus para entrar na imensidade do seu grande Coração, que contém o coração de sua santa Mãe e de todos os santos, e para perder-vos nesse abismo de amor, de caridade, de misericórdia, de humildade, de pureza, de paciência, de submissão e de santidade" (Coeur admirable, III, 2).
Com este espírito, cantamos agora juntos o Pai Nosso em latim.
No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:
Amados peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os grupos de Mirandela e de São Paulo, agradeço a vossa presença com votos de que este encontro com o Sucessor de Pedro revigore, em todos vós, o fervor espiritual para assim testemunhardes, com as vossas vidas, a mensagem salvadora de Jesus Cristo. Sobre cada um de vós e vossas famílias desça a minha bênção.
 
[Tradução: Aline Banchieri.
© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana] 

A Luta de Classes - S.S. Pio XII

A Luta de Classes - Pio XII

Discurso aos Representantes dos Trabalhadores Italianos, 13 de junho de 1943.

As duras condições presentes não pesam só sobre a multidão dos operários, mais que os outros, oprimida e aflita; todas as classes compartilham este peso, umas mais penosa e molestamente que outras; e nem só o estado social dos trabalhadores e trabalhadoras está pedindo alterações e reformas: toda a complexa estrutura da sociedade tem necessidade de ser restaurada e melhorada, abalada profundamente como está na sua contextura. Quem não vê, porém, que a questão operária, pela dificuldade e variedade dos problemas que implica, e pelo vasto número de membros que afeta, é tal e de tão grande necessidade e importância, que merece mais atento, vigilante e previdente cuidado? Questão delicada como nenhuma outra; ponto movediço e insidioso, exposto diante dos olhos da inteligência e do impulso do coração, em face da doutrina de justiça, de equidade, de amor, de recíproca consideração e convívio, que a lei de Deus e a voz da Igreja recomendam.

Vós certamente não ignorais que a Igreja voz ama enternecidamente, com ardor e afeto maternal que não são de hoje, e que com vivo sentido da realidade das coisas examinou as questões que vos tocam mais de perto, os Nossos predecessores e Nós mesmo, com repetidas doutrinações, não perdendo ocasião alguma para fazer compreender a todos as vossas necessidades e exigências pessoais a familiares, proclamando como postulados fundamentais de concórdia social aquelas aspirações que vos estão tanto a peito: um salário que assegure a existência da família e seja tal que torne possível aos pais o cumprimento do dever natural de criar prole sanamente alimentada e vestida; habitação digna de pessoa humana; possibilidade de dar aos filhos suficiente instrução e educação conveniente, de prever e adotar providências para os tempos de escassez, doença e velhice. Há que levar ao fim destas condições de previdência social, se se quer que a sociedade não seja abalada de tempos a tempos por turvos fermentos e convulsões perigosas, mas se pacifique e progrida na harmonia, na paz e no mútuo amor.

Pois bem, por mais louváveis que sejam as diversas providências e concessões dos poderes públicos e o sentimento humano e generoso que anima não poucos patrões, quem poderá assegurar e defender que tais propósitos se realizaram por toda parte? Em todo caso os trabalhadores e trabalhadoras, conscientes da sua grande responsabilidade no bem comum, sentem e ponderam o dever de não agravar o peso das extraordinárias dificuldades que oprimem os povos, apresentando clamorosamente e com movimentos imprudentes as suas reivindicações nesta hora de universais e imperiosas necessidades; mas persistam no trabalho e perseverem nele com disciplina e calma, prestando apoio inestimável à tranquilidade e proveito de todos na vida social. Nós damos o Nosso elogio a essa pacífica concórdia de ânimos e vos convidamos e exortamos paternalmente a perseverar nela com firmeza e dignidade, o que contudo não deve induzir alguém a pensar, como já o notamos, que se hajam como resolvidas todas as questões.

A Igreja, guarda e mestra da verdade, ao asseverar e propugnar corajosamente os direitos do povo trabalhador, combatendo o erro em várias ocasiões, teve de prevenir-nos contra o perigo de nos deixarmos iludir pela miragem de especiosas e vãs teorias e visões de bem-estar futuro e pelas ardilosas seduções e incitamentos de falsos mestres de prosperidade social, que chamam ao mal bem e bem ao mal, e que, vangloriando-se de ser amigos do povo, não consentem, entre o capital e o trabalho, entre patrões e operários, os mútuos acordos, que mantém e promovem a concórdia social para o progresso e a utilidade comuns.

Estes amigos do povo, vós os ouvistes já nas praças, nos círculos, nos congressos; lestes suas promessas em folhas avulsas; ouviste-os nos seus cantos e nos seus hinos; mas quando é que às suas palavras corresponderam os fatos ou às suas esperanças as realidades? Enganos e desilusões é o que experimentaram e experimentam os indivíduos e povos que lhes deram fé e os seguiram por caminhos que, longe de melhorar, pioraram e agravaram as condições de vida e de progresso material e moral. Esses falsos pastores fazem crer que a salvação deve vir de uma revolução, que transforme a consistência social ou se revista de caráter nacional.

A revolução social orgulha-se de levar ao poder a classe operária: vã palavra e mera aparência de realidade impossível! De fato vedes que o povo trabalhador permanece ligado, subjugado e vinculado à força do capitalismo de Estado, que oprime e sujeita a todos, tanto as famílias como as consciências, e transforma os operários numa gigantesca máquina de trabalho. Não diferentemente de outros sistemas e organizações sociais, que pretende combater, ele tudo agrupa, ordena e constringe a formar um espantoso instrumento de guerra, que exige não só o sangue e a saúde, mas também os bens e a prosperidade do povo. E ainda que os dirigentes se vangloriem desta ou daquela vantagem ou melhoria conseguida no campo do trabalho, ponderando-a e difundindo-a com clamorosa jactância, esse proveito material nunca chega a compensar dignamente as renúncias impostas a todos e que lesam os direitos da pessoa, a liberdade na direção da família, no exercício da profissão, na condição de cidadão, e sobretudo na prática da religião e até na vida da consciência.

Não, não está na revolução a vossa salvação; e é contrário à genuína e sincera profissão cristã o tender - pensando só no proveito próprio, exclusivo e material, sempre incerto - para uma revolução que proceda da injustiça e da insubordinação civil, e o tornar-se tristemente culpável do sangue dos compatriotas e da destruição dos bens comuns. Ai de quem esquece que uma verdadeira sociedade nacional inclui a justiça social e exige uma equitativa e conveniente participação de todos os bens do país! Porque, de outro modo, já vedes que a nação acabaria por ser uma ficção sentimental, um pretexto fátuo, paliativo de grupos particulares para subtrair-se aos sacrifícios indispensáveis ao equilíbrio e à tranquilidade pública. E descobrireis então como, menosprezando no conceito da sociedade nacional a nobreza que Deus lhe outorgou, as rivalidades e lutas intestinas se converteriam numa temível ameaça para todos.

Não é na revolução, mas na evolução harmoniosa que está a salvação e a justiça. A violência nunca fez mais que destruir em vez de construir: reacender as paixões em vez de as apaziguar; acumular ódios e ruínas em vez de irmanar os contendores; e precipitou os homens e os partidos na dura necessidade de reconstruir lentamente, depois de provas dolorosas, sobre as ruínas da discórdia. Só uma evolução progressiva e prudente, corajosa e consentânea com a natureza iluminada e guiada pelas santas normas cristãs de justiça e de equidade, pode levar à satisfação dos desejos e das necessidades honestas do operário.

Nada, pois, de destruir, mas de edificar e consolidar; nada de abolir a propriedade particular, fundamento da estabilidade da família, mas promover a sua difusão como fruto do trabalho consciencioso de todo trabalhador ou trabalhadora, de modo que vá diminuindo gradualmente essa massa de povo irrequieto e audaz que, umas vezes por tétrico desespero, outras por cego instinto, se deixa arrastar por todo vento de falsas doutrinas ou por artes astuciosas de agitadores sem consciência. Não dispersar o capital particular, mas fomentar a sua organização, prudentemente vigiado, como meio e apoio para obter e ampliar o verdadeiro bem material de todo o povo. Não coarctar nem preferir exclusivamente a indústria, mas procurar a sua harmônica coordenação com o artesanato e a agricultura, que fazem frutificar a multiforme e necessária produção do solo nacional. Não ter em mira, no uso dos progressos técnicos, unicamente o maior lucro possível, mas dos frutos que deles se colhem melhorar também as condições pessoas do operário, para tornar menos árdua e dura a sua fadiga e fortalecer os vínculos da família, na terra em que habita, no trabalho de que vive. Não pretender que a vida do indivíduo dependa totalmente do arbítrio do Estado, mas antes procurar que o Estado, cujo dever é promover o bem comum por meio de instituições sociais, como são as sociedades de seguros e de previdência social, supra, secunde e complete o que ajuda a fortalecer na sua ação as associações operárias, e especialmente os pais e as mães de família, que com o trabalho asseguram a própria vida e a dos seus.

Direis talvez que esta é uma formosa visão da realidade; mas como se poderá levar à prática e dar-lhe vida no meio do povo? É mister antes de tudo grande probidade na vontade e perfeita lealdade de propósitos e de ação na marcha e no governo da vida pública, tanto por parte dos cidadãos como das autoridades. É mister antes de tudo que o espírito de concórdia e fraternidade anime a todos, superiores e inferiores, diretores e operários, grandes e pequenos, numa palavra, todas as categorias do povo.

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Discurso aos Trabalhadores da Fiat, 31 de outubro de 1948.

O homem é imagem de Deus uno e trino, e portanto também ele pessoa, irmão do Homem-Deus Jesus Cristo e com ele e por ele herdeiro de uma vida eterna: eis qual é a sua verdadeira dignidade.

Se algum homem no mundo deve convencer-se e impregnar-se sempre mais desta verdade, esse homem é o trabalhador. Afirmou-se já, desde muito tempo e se continua a afirmar que a religião torna o trabalhador fraco e relaxado na vida cotidiana, na defesa dos seus interesses provados e públicos, que ela, como o ópio, o adormenta, aquietando-o inteiramente com a esperança de uma vida eterna. Manifesto erro! Se a Igreja em sua doutrina social insiste sempre sobre o resguardo devido à íntima dignidade do homem, se ela requer para o operário no contrato de trabalho o justo salário, se exige para ele uma eficaz assistência em suas necessidades mentais e espirituais, qual é o motivo disto, senão que o trabalhador é uma pessoa humana, que sua capacidade de trabalho não deve ser considerada e tratada como uma "mercadoria", que sua obra representa sempre uma contribuição pessoal?

Precisamente aqueles renovadores do mundo, que reivindicam para si os cuidados dos interesses dos operários quase como um seu monopólio e declaram que seu sistema é o único verdadeiramente "social", não tutelam a dignidade pessoal do trabalhador, mas fazem da capacidade produtiva dele um simples objeto, do qual a "sociedade" dispõe a plena vontade e a inteiro arbítrio.

A Igreja diz que a liberdade humana tem os seus limites na lei divina e nos múltiplos deveres que a vida traz consigo; mas ao mesmo tempo ela se dispõe, e dispor-se-á ate ao último, a fim de que todos, na felicidade do lar e em uma tranquila e honesta condição, possam viver os seus dias em paz com Deus e com os homens. A Igreja não promete essa absoluta igualdade que outros proclamam, porque sabe que a convivência humana produz sempre e necessariamente toda uma escala de gradações e de diferenças nas qualidades físicas e intelectuais, nas disposições internas e tendências, nas ocupações e nas responsabilidades. Mas em igual tempo ela assegura a plena igualdade na dignidade humana, como também no Coração d'Aquele que chama a si todos os que estão fatigados e oprimidos, e os convida a tomar sobre si o seu jugo, para encontrar paz e repouso para suas almas, porque o seu jugo é suave e o seu peso é leve.

Deste modo, para tutelar a liberdade e a dignidade humana, e não para favorecer os interesses particulares deste ou daquele grupo, a Igreja repele todos os totalitarismos de Estado, bem como não debilita, com as promessas do além, a justa defesa dos direitos dos trabalhadores sobre a terra. Antes, são aqueles reformadores do mundo, aos quais já mencionamos, que, enquanto fazem brilhar aos olhos do povo a miragem de um futuro de quiméricas prosperidades e de inatingíveis riquezas com a superstição da técnica e da organização, sacrificam a dignidade da pessoa humana e a felicidade doméstica aos ídolos de um mal entendido progresso terreno.

A Igreja, experimentada educadora da humana família e fiel à missão que lhe foi confiada pelo seu divino Fundador, proclama a verdade da única perfeita beatitude que nos está preparada no céu. Mas exatamente por isto põe os fieis sólida e potentemente sobre o terreno da realidade presente. Pois que o Juiz supremo, que nos espera no termo desta vida terrestre sobre o limiar da eternidade, exorta a todos, no alto e embaixo, a usar conscienciosamente os dons recebidos de Deus, evitar todas as injustiças e tirar proveito de toda ocasião para obras de amor e de bem. Tal é a única medida de todo verdadeiro progresso para Deus e na semelhança com Ele. Todas as medidas puramente terrenas do progresso são uma ilusão, estaremos para dizer uma irrisão do homem no meio do mundo, que está sob a lei do pecado original e de suas consequências e que por isto, embora também com as luzes e a graça divina, é imperfeito, sem elas, sem esta luz e sem esta graça, cairia em um abismo de miséria, de injustiça e de egoísmo.

Somente esta ideia religiosa do homem pode conduzir a uma única concepção de suas condições de vida. Onde Deus não é o princípio e fim, onde a ordem de sua criação não é para todos guia e medida da liberdade e da ação, a unidade entre os homens é irrealizável. As condições materiais da vida e do trabalho, tomadas em si mesmas, não podem constituir o fundamento da unidade das classes trabalhadoras sobre base de uma afirmada uniformidade de interesses. Não significaria talvez isto um violentar a natureza e não criaria somente novas opressões e divisões na família humana, em um momento no qual todo trabalhador honesto aspira a uma ordem justa e pacífica, na economia privada e pública e em toda vida social?

Todo legítimo poder sobre os homens não pode ter origem e existência senão do poder d'Aquele, que por sua natureza possui tal onipotência no céu e na terra, sem limites de tempo e de espaço; Jesus Cristo, que domina sobre os grandes do mundo, o qual no ama e nos redimiu do pecado com o seu sangue; ao qual seja dada gloria e império pelos séculos.

Fonte: Movimento da Juventude Católica do Brasil

ENTRADA DA ALMA NO CÉU

ENTRADA DA ALMA NO CÉU
Santo Afonso de Ligório

(“Meditações para todos os dias e festas do ano” – Tomo III)

I. Oh Deus! Que dirá a alma ao entrar no reino bem-aventurado do Céu? Imaginemos ver morrer essa virgem, esse jovem, que, tendo-se consagrado ao amor de Jesus Cristo, e, chegada a hora da morte, vai deixar esta terra. Sua alma apresenta-se para ser julgada; o Juiz acolhe-a com bondade e lhe declara que está salva. O seu Anjo da guarda vem ao seu encontro e mostra-se todo contente; ela lhe agradece toda a assistência recebida, e o anjo responde-lhe: Alegra-te, alma formosa; já estás salva; vem contemplar a face do teu Senhor.

Eis que a alma se eleva acima das nuvens, acima do firmamento e de todas as estrelas: entra no Céu. Que dirá ao penetrar pela primeira vez nessa pátria bem-aventurada, ao lançar o primeiro olhar sobre essa cidade de delícias? Os Anjos e os Santos saem-lhe ao encontro e lhe dão, jubilosos, as boas vindas. Que consolação experimentará ao encontrar ali os parentes e amigos que a precederam, e os seus gloriosos protetores! A alma quererá prostrar-se diante deles; mas os Santos lhe dirão: Guarda-te de o fazer; porque somos servos como tu: “Vide ne feceris; conservus tuus sum”.

Ela irá depois beijar os pés de Maria, a Rainha do paraíso. Que ternura não experimentará ao ver pela primeira vez essa divina Mãe, que tanto a ajudou a salvar-se! Então a alma verá todas as graças que Maria lhe alcançou. A Rainha celestial abraça-a amorosamente e a conduz a Jesus que a acolhe como esposa e lhe diz: “Veni de Libano, sponsa mea; veni, coronaberis” (“Vem do Líbano, esposa minha; vem, serás coroada”). Regozija-te, esposa querida, passaram já as lágrimas, as penas, os temores: recebe a coroa eterna que te alcancei a preço de meu sangue. Ah, meu Jesus! Quando chegará o dia em que eu também ouvirei de tua boca estas doces palavras?

II. Jesus mesmo acompanhará a alma bem-aventurada afim de receber a bênção de seu Pai divino, que a abraçará carinhosamente e a abençoará, dizendo: “Intra in gaudium Domini tui” (“Entra no gozo do teu Senhor”), e então fa-la-á participar da sua própria gloriosa beatitude.

Meu Deus, aqui tendes a vossos pés um ingrato, que foi criado por Vós para o Céu, mas que muitas vezes, na vossa presença, o renunciou por indignos prazeres, consentindo em ser condenado ao inferno. Espero que já me haveis perdoado todas as injúrias que Vos fiz e de que de novo me arrependo e quero arrepender-me até à morte. Quero também que Vós sempre as torneis a perdoar-me. Mas, ó Jesus, embora já me tenhais perdoado, sempre ficará sendo verdade que tive a audácia de amargurar-Vos, meu Redentor, que, para me conduzir ao vosso reino, sacrificastes a própria vida. Para sempre seja louvada e abençoada a vossa misericórdia, ó meu Jesus, que me haveis aturado com tamanha paciência, e que, em vez de me punir, multiplicastes para comigo as graças, as luzes e os convites.

Vejo, meu amantíssimo Salvador, que quereis deveras a minha salvação; quereis ver-me em vosso reino para eu Vos amar eternamente; mas quereis que primeiramente Vos ame nesta terra. Sim, quero Vos amar. Ainda que não houvesse paraíso, quisera amar-Vos por toda a vida, com toda a minha alma, com todas as minhas forças. Basta-me saber que Vós, meu Deus, desejais ser amado por mim. Assisti-me, meu Jesus, com a vossa graça; não me abandoneis. Minha alma é eterna; estou, pois, na alternativa de Vos amar ou de Vos odiar eternamente! O que eu quero é amar-Vos eternamente; quero amar-Vos muito nesta vida para Vos amar muito na outra. Disponde de mim como Vos aprouver; castigai-me como quiserdes; não me priveis do vosso amor, e depois fazei de mim segundo a vossa vontade. Meu Jesus, os vossos méritos são a minha esperança. Ó Maria, ponho toda a minha confiança na vossa intercessão. Livrastes-me do inferno, quando estava em pecado; agora, que desejo só a Deus, deveis salvar-me e tornar-me santo.

15 de agosto de 2009

Pôs os dedos no seu ouvido e da própria saliva na língua, dizendo: Éfeta!

Salve Maria!

Um texto sobre o Evangelho deste domingo - Mc VII 31-37

Homilia 10 do Papa São Gregório Magno, tirada do livro 1 sobre Ezequiel, antes da metade

Porque é que o criador de tudo, Deus, quando quis curar o surdo e mudo, levou os Seus dedos aos seus ouvidos, e, cuspindo, tocou-lhe a língua? O que é representado pelos dedos do Redentor, senão os dons do Espírito Santo? Por isso, quando, noutra parte, expulsava um demônio, disse: Se é pelo dedo de Deus que Eu expulso demônios, certamente é chegado a vós o reino de Deus. Essa frase, segundo um outro Evangelista, é descrita como se fosse dita assim: Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então é chegado a vós o reino de Deus. Portanto, levando em conta essas duas passagens, conclui-se que o Espírito é chamado dedo. Portanto, levar os dedos às orelhas é, pelos dons do Espírito Santo, abrir a mente do surdo à obediência.

O que é, em verdade, que, cuspindo, tenha tocado a sua língua? A saliva da boca do Redentor nos é receber a sabedoria em falar das coisas divinas. A saliva, obviamente, da cabeça flui para a boca. Essa mesma sabedoria, que é Ele mesmo, quando toca a nossa língua, imediatamente toma a forma de palavra de pregação. Ele, olhando para o céu, suspirou - não que Ele precisasse suspirar Àquele que dava o que Ele pedia - mas nos ensinou a suspirar Àquele que preside o céu, para que também os nossos ouvidos, pelos dons do Espírito Santo, sejam abertos, e a língua pela saliva da Sua boca, isto é, pela ciência de falar das coisas divinas, seja solta para a palavra de pregação.

Logo, Ele disse Éfeta, esto é, "Abri-vos!", e, no mesmo instante, abriram-se os seus ouvidos, e soltou-se a prisão da sua língua. Nisso devemos notar que foi por causa do fechamento dos ouvidos que foi dito "Abri-vos!". Mas àquele cujos ouvidos do coração forem abertos à obediência também será solta a prisão da língua, para que, as boas coisas que ele fizer, também diga aos outros que façam. Bem se acrescenta: E falava corretamente. Fala corretamente, pois, aquele que, primeiro, obedecendo, faz aquilo que, falando, admoesta que seja feito.

15 de agosto: Assunção da Bem-Aventurada sempre Virgem Maria em corpo e alma ao Céu

São João Damasceno - Oratio 2 de Dormitione B.M.V. post initium

Hoje, a sagrada e animada [animata] arca de Deus vivente, que concebeu o Criador no seu útero, descansa no templo do Senhor, que não foi construído por mãos. E Davi exulta pela sua aparição, e o acompanham coros de Anjos, celebram os Arcanjos, as Virtudes glorificam, os Principados exultam, as Potestades se alegram junto, gozam as Dominações, os Tronos guardam um dia de festa, louvam os Querubins, apregoam a sua glória os Serafins. Hoje, o Éden do novo Adão recebe um paraíso animado [animatum], no qual a condenação foi ab-rogada, no qual foi plantada a árvore da vida, no qual foi coberna a nossa nudez.

Hoje, a Virgem imaculada, não rebaixada por nenhum afeto terreno, mas elevada aos pensamentos celestes, não voltou à terra, mas, por ser um céu animado [animatum], foi colocada nos tabernáculos celestes. Aquela, pois, da qual toda a verdadeira vida emanou, como provaria da morte? Mas ela se submeteu à lei estabelecida por Aquele que ela concebera, e, como filha do velho Adão, tomou sobre si a velha sentença (até o seu Filho, que é a própria vida, não a recusou), de modo que, como Mãe do Deus vivente, foi dignamente tomada para Ele.


Constituição Apostólica Munificentissimus Deus do Santo Padre, o Papa Pio XII, definindo o Dogma da Assunção de Nossa Senhora em Corpo e Alma ao Céu
<http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus_po.html>

5 de agosto de 2009

Orações para se dizer diante do Santíssimo Sacramento

"Prezados leitores, salve Maria Santíssima!
Eis algumas orações para se dizer diante do Santíssimo Sacramento exposto, retiradas do antigo Manual do Christão, edição de 1944."


"Orações para se dizer diante do Santíssimo Sacramento

Amorosíssimo Jesus e Senhor meu, eis-me aqui prostrado diante de vossa divina presença; com todas as minhas potências vos adoro e desejo unir minha adoração com todas aquelas com que haveis sido, sois e sereis adorado por toda a eternidade. Adoro-vos, e reverencio-vos, meu divino Salvador, nesse augustíssimo sacramento de nossos altares, e vos rogo que vos digneis visitar espiritualmente esta minha pobre alma, dando-vos ao mesmo tempo graças por esta vossa infinita bondade.
Oração ao Santíssimo Sacramento e ao Sagrado Coração de Jesus
Eis a que ponto chegou a vossa excessiva caridade, ó amantíssimo Jesus meu. Vós me preparastes um Banquete divino da vossa Carne e do vosso preciosíssimo Sangue, para vos entregardes todo a mim. Quem pôde impelir-me a tais transportes de amor? Foi unicamente o vosso amorosíssimo Coração. Ó Coração adorável de meu Jesus, fornalha ardentíssima do divino amor, recebei na vossa sacratíssima Chaga a minha alma para que eu aprenda a pagar com amor Àquele Deus que me deu tão admiráveis provas do seu amor. Amém.
Aspirações
Ó meu amorosíssimo Jesus, creio firmemente que estais nesse augusto sacramento, e por concomitância imediata vosso eterno Pai e o divino Espírito Santo. Ó imensa Divindade de meu Deus e Senhor! Eu vos adoro, saúdo, e reverencio com profundíssima submissão e respeito. Anjos do Céu, adorai, e honrai a meu Deus e Senhor que está neste trono do Altar, como em o sólio de sua glória, respirando amor e majestade. Potências de minha alma, humilhai-vos em sua adorável presença e ofertai-lhe venerações e homenagens. Ó amabilíssimo esposo de minha alma! Fazei que esta visita me fortaleça em vossa santa fé e amor, para corresponder quanto me é possível a vossos singulares benefícios; e para que nada mais deseje que amar-vos, dai-me um raio de vosso divino amor, para que abrase meu coração em vosso afeto e amor.
Oração
Amabilíssimo Jesus, digna vítima do eterno Pai, origem de todos os bens: eu vos adoro com todo meu coração nesse santíssimo sacramento, com vivo desejo de reparar todas as irreverências, profanações e sacrilégios que se hão cometido contra vós nesse venerável e altíssimo mistério. Adoro-vos em nome de todos os que nunca vos hão conhecido nem adorado; e quisera, Deus meu, dar-vos tanta honra e gloria, como vos dariam todos esses desgraçados, se vos conheceram, e vos tributaram seus respeitos. Quisera, meu divino Salvador, resumir em minha fé e amor toda a honra, amor e glória que eles houveram podido oferecer-vos em toda a extensão dos séculos. Desejo também dar-vos outras tantas bênçãos, como injúrias vomitam os condenados contra vossa suma bondade. E para que esta adoração vos seja mais agradável, quero uni-la às de vossa Esposa, a Universal Igreja. Minha intenção, Senhor, é dizer-vos tudo quanto inspirais à vossa Mãe santíssima, para dar-vos honra e glória; tudo o que vós mesmo dizeis a vosso eterno Pai, nesse glorioso e augusto Sacramento, em que o louvais, bendizeis, glorificais, e honrais, infinitamente. Amém.
Rezem-se cinco vezes o Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória-ao-Pai, em reverência das cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo a cada vez: <<Graças e louvores se dêem a cada momento ao santíssimo e diviníssimo Sacramento>>
Oração para a visita ao Santíssimo Sacramento
Senhor meu Jesus Cristo, que pelo amor que tendes aos homens, estais noite e dia neste Sacramento todo cheio de piedade e de amor, esperando, chamando, e acolhendo todos aqueles que vêm visitar-vos; eu vos creio presente no Santíssimo Sacramento do Altar, eu vos adoro do abismo de meu nada, e vos dou graças por todos os benefícios que me tendes feito; especialmente por vós mesmo vos terdes dado a mim neste Sacramento, e por me terdes dado como advogada vossa Mãe Maria Santíssima, e chamando-me a visitar-vos nesta igreja. Saúdo o vosso amantíssimo Coração, e minha intenção é fazê-lo por três motivos: primeiro, em ação de graças por esta grande dádiva; segundo, para compensar-vos de todas as injúrias que tendes recebido de todos os vossos inimigos neste Sacramento; terceiro, com a intenção de nesta visita adorar-vos em todos os lugares da terra, onde em vosso Sacramento sois menos reverenciado e estais em maior abandono. Jesus meu, amo-vos de todo o meu coração, arrependo-me de ter no passado, tantas vezes desgostado a vossa bondade infinita. Proponho com a vossa graça nunca mais ofender-vos para o futuro, e no presente, miserável qual sou, eu me consagro todo a vós, dou-vos toda a minha vontade, afetos, desejos e todo o meu ser. De hoje em diante fazei de mim e de tudo o que me pertence, aquilo que for de vosso agrado, só vos peço e quero o vosso santo amor, perseverança final, e o perfeito cumprimento de vossa vontade. Recomendo-vos as almas do Purgatório, especialmente as mais devotas do Santíssimo Sacramento e de Maria Santíssima. Recomendo-vos também os pobres pecadores. Desejo finalmente, unir, meu querido Salvador, todos os meus afetos com os do vosso amorosíssimo Coração, e assim unidos os ofereço a vosso eterno Pai, e peço-lhe em vosso nome, que por vosso amor os aceite e atenda. Amém.
Oração para a visita a Maria Santíssima
Santíssima Virgem Imaculada, Maria minha Mãe, a vós que sois a Mãe de meu Senhor, a Rainha do mundo, a advogada, a esperança, o refúgio dos pecadores, recorro eu, o mais miserável de todos. Saúdo-vos, ó grande Rainha, e dou-vos graças pelos benefícios que até o presente me tendes feito; especialmente por me terdes livrado do inferno que tantas vezes mereci.
Eu vos amo, Senhora amabilíssima, e pelo amor que vos tenho, prometo servir-vos sempre, e farei quanto possa para que também os outros vos amem. Em vós ponho todas as minhas esperanças, toda a minha salvação; aceita-me por vosso servo, e acolhei-me debaixo de vosso manto, vós que sois Mãe de misericórdia, e já que sois tão poderosa junto a Deus, livrai-me de todas as tentações e alcançai-me também a forma de vencê-las até à morte. A vós peço o verdadeiro amor de Jesus Cristo. De vós espero uma boa morte.
Minha Mãe, pelo amor que tendes a Deus, peço-vos que me ajudeis sempre, mas principalmente no último momento da minha vida. Não me desampareis enquanto não me virdes já salvo no Céu, a bendizer-vos e a cantar as vossas misericórdias por toda a eternidade. Amém.
Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, e não vos ireis para sempre contra nós.
Ato de desagravo
Prostrado diante de vós, divino Jesus, na presença de quanto há de mais augusto, no céu e na terra, à vista dos Anjos que vos adoram dos Santos que vos louvam, bendizem e servem; abismado no meu nada perante a vossa augusta Majestade, venho hoje desagravar-vos, do modo que me é possível, de todos os insultos, ultrajes e desacatos que sofreis todos os dias no augustíssimo Sacramento de vosso Corpo e Sangue, maiormente dos que ultimamente sofrestes (lembrar de um lugar em que se cometeu desacato a Jesus eucarístico, ou do desrespeito para com Jesus nas Missas, profanações, sacrilégios, etc.). Ferido de uma viva dor pelas ofensas e injúrias tantas que se cometem contra esse misericordioso mistério de amor, venho, Senhor, em meu nome, e em nome de todos os culpados, com o coração contrito e profundamente humilhado, fazer confissão pública de tantos crimes e iniquidades que a malícia e a ingratidão dos homens contra vós não cessa de cometer, propondo firmemente, Senhor, quanto em mim for, de reparar todas as injúrias de que fomos réus, os desgraçados filhos de Adão.
Oh! Quem me dera que a minha contrição e a dor que sinto fossem tão grandes como o amor! Oh! Por que não se convertem em rios de lágrimas meus olhos pecadores, para chorarem noite e dia as ofensas e desamor de vossos filhos, e de mim em particular, talvez de todos o mais culpado! Ah! Mesquinho de mim, que não tenho o zelo dos Apóstolos, o valor dos Mártires, a pureza das Virgens, e o inflamado amor dos Querubins para reparar todos os desacatos que tendes recebido!
Oh! Quem me dera puder regar com minhas lágrimas, e lavar com meu sangue todos os lugares santos em que vosso santíssimo Corpo foi desacatado!
Perdoai, amabilíssimo Jesus, o pouco respeito e irreverências, sacrilégios que contra vós se têm cometido no adorável Sacramento de nossos Altares, desde que, pelo grandíssimo excesso de vosso amor, vos dignastes de instituí-lo para memória de vossa paixão e santificação de nossas almas.
Perdoai, Senhor, nossa tibieza, nossa insensibilidade, e nossas dissipações, na presença de vossa augusta Majestade.
Perdoai, amabilíssimo Jesus, o pouco respeito e talvez a ostentação e hipocrisia com que venho a vosso divino banquete; a pouca disposição, nenhuma preparação com que comi o pão dos anjos, o maná dos escolhidos, e o alimento dos fortes. Sua força foi para mim fraqueza, e, em vez de receber o penhor da vida eterna, comi a condenação e a morte...Confundido no meu nada, horrorizado de meus tão feios crimes, quisera esconder-me de vós, como o primeiro culpado; porém, onde irei que não me vejais? Ouço, Senhor, a vossa voz que desse novo propiciatório me chama; voz mais suave que a que disse a Adão: “Onde estás?”; voz de pai compassivo, que abre os braços ao filho ingrato que julgava perdido, e que me diz: “Filho, dá-me teu coração”. Ah! Senhor e Pai meu, aqui o tendes, manchado pela culpa, desfigurado pela ingratidão, mas contrito e humilhado; abrandai-o, Senhor, como a fresca cera, acendei-o no fogo da caridade, e fazei que sempre arda como o de Agostinho. Sois a fonte da graça e da misericórdia, dai-me o dom da penitência e de misericórdia, dai-me o dom de paciência, a abundância das que destes a Davi para que eu possa fazer-vos uma reparação solene, sincera, cabal e digna de vossa Majestade agravada. Tornai eficaz pela vossa graça o desejo ardente que tenho, a firme resolução em que estou de vos amar constantemente e de vos adorar sem interrupção nesse eucarístico Sacramento de vosso amor.
Protesto, Senhor, que não faltarei jamais ao respeito que por tantos motivos vos é devido; prometo fazer todos os esforços, para procurar a vossa maior glória por todos os meios que estiverem ao meu alcance, e em todos os lugares em que isto me seja possível. Zelo ativo e incansável, conselhos saudáveis, exemplos persuasivos, tudo empregarei para fazer amar, acatar adorar o Deus de bondade e de misericórdia que repousa em nossos Altares.
Ó Deus, todo amor, todo caridade! Derretei o gelo de nossos corações; corações que, se vos amarem, não serão capazes de vos ofender; abrasai-os com o fogo sagrado de vosso amor; fazei deles um holocausto digno de vós. Sois o Pontífice da Caridade, reinai em nós. Não se afastem nunca de vós nossos corações, sejam todas nossas afeições reguladas pelas vossas; sejam nossos desejos, pensamentos e ações conforme aos vossos.
Fazei, meu bom Jesus, que não vivamos, nem respiremos, nem morramos senão em vós e por vós; sois nosso Deus, nosso Pastor, e nosso Pai; sede nossa alegria, nossa recompensa e nossa bem-aventurança no tempo e na eternidade. Amém.
Ato de desagravo e reparação ao Sagrado Coração de Jesus
Ó Coração dulcíssimo de Jesus! Coração Hóstia. Coração Vítima, para quem os homens ingratos só têm indiferença, esquecimento e desprezo, permiti a vossos filhos da Guarda de Honra virem neste dia de salvação e perdão pedir misericórdia a vossos pés, e dar-vos reparação pelas traições, atentados e sacrilégios de que sois a vítima adorável no vosso Sacramento de amor.
Ah! Pecadores, nós mesmos, apenas ousamos apresentar-nos!...Cada um teme, a cada um falta a coragem para elevar a voz em favor de seu irmão. Entretanto, ó Jesus, confiado na infinita bondade de vosso Coração e prostrando-nos humildemente perante vossa Majestade três vezes santa, tão indignamente ultrajada pelos crimes que inundam a terra, ousamos dizer-vos: Senhor não castigueis, não castigueis! Ou pelo menos, não castigueis ainda! Vosso amor tão indulgente perdoará nossa temeridade!
Ó Coração de Jesus!...Coração tão generoso, e tão terno. Coração tão amante e tão doce...perdão, primeiramente para nós...perdão para os pobres pecadores! Aceitai nosso desagravo, nossa reparação pelas blasfêmias com que tanto vos ultrajam! Perdão para os blasfemadores!
Reparação pelas profanações de vossos Sacramentos e do santo dia que vos é consagrado...Graça e misericórdia para os profanadores!
Reparação pelas irreverências e imodéstias cometidas no lugar santo...Graças e perdão para os sacrilegos!
Reparação pela indiferença que de vós aparta tantos cristãos....Graças e perdão para os ingratos!
Reparação por todos os crimes! Ainda uma vez, Senhor, graça e perdão para todos os homens!
Favorecei-nos, Senhor, em consideração do Coração adorável de vosso divino Filho, que vela em todos os santuários, Vítima permanente por nossos pecados! Seja ouvido em nosso favor seu Sangue preciosíssimo...Cessem as ofensas!...Estabeleça-se vosso divino amor, reine, triunfe nos corações de todos os homens, para que todos reinem convosco no Céu por toda a eternidade. Amém.
Oração reparadora
Na primeira sexta-feira
Divino Salvador Jesus! Dignai-vos olhar com amor e misericórdia para os vossos filhos que, unidos em um mesmo pensamento de Fé, de Esperança e de Amor, vêm chorar a vossos pés suas infidelidades e as de seus irmãos os pobres pecadores! Dai, Senhor, que as promessas unânimes e solenes que vamos fazer, toquem vosso divino Coração e dele alcancem misericórdia para nós, para o mundo infeliz e criminoso, e para todos aqueles que não têm a felicidade de vos amar! Daqui por diante, sim, todos vos prometemos:

Do esquecimento e da ingratidão dos homens: Nós vos consolaremos, Senhor.
Do abandono em que sois deixado no Santo Tabernáculo,
Dos crimes dos pecadores,
Do ódio dos ímpios,
Das blasfêmias proferidas contra vós,
Das injúrias feitas à vossa Divindade,
Dos sacrilégios com que se profana o vosso Sacramento do Amor,
Das imodéstias e irreverências cometidas em vossa presença adorável,
Das traições de que sois a vítima adorável,
Da tibieza do maior número de vossos filhos,
Do desprezo que se faz de vossos convites amorosos,
Da infidelidade daqueles que se dizem vossos amigos,
Do abuso de vossas graças,
Das nossas próprias infidelidades,
Da incompreensível dureza de nossos corações,
Da nossa longa demora em vos amar,
Da nossa frouxidão em vosso santo serviço,
Da amarga tristeza que vos causa a perda das almas,
De vosso longo esperar às portas de nossos corações,
Das amargas repulsas que sofreis,
Dos vossos suspiros de amor,
Das vossas lágrimas de amor,
Do vosso cativeiro de amor,
Do vosso martírio de amor,
Oração
Divino Salvador Jesus, que de vosso Coração deixastes sair esta queixa dolorosa: “Procurei consoladores e não os achei”, dignai-vos de aceitar o fraco tributo de nossas consolações e assistir-nos tão poderosamente com o socorro e vossa graça, que para o futuro, fugindo cada vez mais de tudo o que vos poderia desagradas, nos mostremos em tudo, por toda a parte e sempre, vossos filhos mais fiéis e dedicados. Nós vos pedimos por vós mesmo que sendo Deus, como o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais nos séculos dos séculos. Amém.
Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus
Ó Jesus, verdadeiro Filho de Deus vivo, que do alto de vosso glorioso trono vos dignastes pronunciar em favor de nós estas palavras inefáveis: “Meu filho, dá-me teu coração!”, permiti que correspondendo ao excesso de um tal amor, venhamos oferecer-vos, dedicar-vos, consagrar-vos, inteiramente e para sempre estes fracos e miseráveis corações, de que sois tão cioso! Por muito tempo, Senhor, os oferecemos às criaturas, aos falsos bens deste mundo. Por muito tempo resistimos às vossas graças, rejeitamos vosso convite e em vão procuramos a felicidade que em vós somente se pode encontrar! Instruídos pela própria experiência...confusos pela longa demora em vos amar, tocados pelo inexplicável amor que testemunhais a indignas criaturas, eis-nos aqui suplicando-vos que aceiteis a oferta total que vos fazemos de todos os nossos corações. Recebei-os no vosso amabilíssimo Coração, ó amado Salvador! E guardai-os para sempre! São corações ingratos, infiéis que poderiam ainda atrairçoar-vos e abandonar-vos. Para reparar nossas infidelidades passadas, pretendemos e desejamos, ó Jesus, que todas as pulsações de nossos corações vos sejam daqui por diante outros tantos protestos de amor mais puro, mais dedicado e mais terno.
Unimos estes fracos atos aos atos ardentíssimos que continuamente vos oferece o Coração de vossa Mãe Imaculada, todos os Anjos e todos os Santos!
Finalmente, quiséramos, ó amabilíssimo Salvador, poder consagrar e dedicar a vosso amor os corações de todos os homens que estão na terra e assim suprir a insuficiência de nosso amor para convosco. Aceitai estes humildes desejos, ó Jesus, e dignai-vos abençoá-los, e fazei com que tendo-vos fielmente amado, servido e consolado sobre a terra, como verdadeiros Guardas da Honra, tenhamos a felicidade de oferecer-vos no Céu um eterno hino de Louvor, de Amor e de Bênção."

4 de agosto de 2009

Padre Fábio de Melo: péssimo e lastimável exemplo para o Ano Sacerdotal

Ronaldo Mota
Introdução
Afirma Santo Tomás de Aquino que: "Pertence, com efeito, ao que aceita um dos termos contrários refutar o outro, como, por exemplo, acontece na medicina: esta trata da saúde e afasta a doença.".[1] Exatamente por isso nós que louvamos e veneramos os bons sacerdotes queremos censurar os maus. Ademais, estamos no Ano Sacerdotal, e queremos, enquanto Sua Santidade o Papa Bento XVI louva o Santo Cura d´Ars como modelo de sacerdote, combater aqueles que desonram o sacerdócio e são a vergonha da Igreja de Cristo.[2] Por que: "Diz S. João Crisóstomo que nunca Deus é tão ofendido como quando os que o ultrajam estão revestidos da dignidade sacerdotal.".[3]             

O dever do sacerdote
Assim nos ensina Santo Afonso de Ligório e a Santa Tradição Católica e Apostólica:
"O próprio Jesus Cristo diz que viera ao mundo para acender o fogo do amor divino. Eis a que o padre deve consagrar toda a sua vida e todas as suas forças. Não tem que trabalhar em adquirir tesouros, honras e bens terrenos, mas unicamente em ver a Deus amado de todos os homens.".[4]
Ora, "pode-se, por acaso, amar o que não se conhece? Pode-se amar ardentemente o que só se conhece imperfeitamente? Por que é tão pouco amada a Sabedoria eterna e encarnada, o adorável Jesus? Porque o conhecem pouco ou não conhecem!".[5] Portanto, é preciso ensinar: "Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinado-as a observar todas as coisas que vos mandei." (Mt XXVIII, 19-20).
Quando pensamos nesse mandamento de Cristo e olhamos para muitos bispos e padres de hoje, ficamos desolados. Quantos sacerdotes ao invés de ensinar a verdade disseminam o erro. Ao invés de conduzirem à Vida desviam para a morte. De modo que os escolhidos para tornar Nosso Senhor conhecido e amado escondem, com suas loucuras, a Face do Altíssimo e trabalham para que Ele seja menos amado pelos homens.
Um desses infelizes sacerdotes é o Pe. Fábio de Melo, que tem escandalizado a muitos, ensinando publica e abertamente pestilentas heresias.
As heresias
I. Pe. Fábio de Melo contra a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.
O que nos ensina Pe. Fábio de Melo sobre a presença real de Nosso Senhor na Eucaristia? Segundo ele:
"O que é a presença real? A matéria consagrada? O pão e o vinho somente? Não. Juntamente com as duas substâncias está o bonito e sugestivo significado da ausência.".[6]
Ora, no Sacramento da Eucaristia a matéria consagrada é o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo! Isso é o que nos ensina o catecismo:
"Qual é a matéria do Sacramento da Eucaristia? A matéria do Sacramento da Eucaristia é a que foi empregada por Jesus Cristo, a saber: o pão de trigo e o vinho de uva.
Que é consagração? A consagração é a renovação, por meio do sacerdote, do milagre operado por Jesus Cristo na última Ceia, quando mudou o pão e o vinho no seu Corpo e no seu Sangue adorável, por estas palavras: Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue.".[7]              
Portanto: "na Eucaristia, o que antes da Consagração era simples pão e vinho, é verdadeira substância do Corpo e Sangue de Nosso Senhor, desde que se efetuou a Consagração.".[8] 
Logo, é na matéria consagrada que se dá, de fato, a presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo. E negar essa verdade é defender a mentira. É ensinar heresia.
Vejamos. O que é a Eucaristia para o Pe. Fábio de Melo?
"eucaristia, acontecimento ritual que nós, católicos, chamamos de 'presença real de Cristo'. O que é a presença real? A matéria consagrada? O pão e o vinho somente? Não. Juntamente com as duas substâncias está o bonito e sugestivo significado da ausência.".[9] 
Desse modo, para Pe. Fábio de Melo, a Eucaristia seria: um acontecimento ritual, que nós católicos chamamos de presença real de Cristo, onde juntamente com as duas substâncias está o bonito e sugestivo significado da ausência.
Portanto, podemos concluir que para o Pe. Fábio de Melo:
1. Na Eucaristia há duas substâncias: a do pão e a do vinho.
2. Ou, forçando o sentido para ser mais benévolo, na Eucaristia haveria duas substâncias: a da matéria necessária para o Sacramento (pão e vinho) e a substância de Cristo.
No primeiro caso ele seria condenado pelo Concílio de Trento (ses. XIII, c.I):
"Se alguém negar que o Santíssimo Sacramento da Eucaristia contém verdadeira, real e substancialmente o corpo e o sangue, juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, portanto, Cristo inteiro; mas disser que somente está em sinal, figura ou virtude: Seja Anátema.".[10] 
E no segundo caso?
Também não escaparia:
"Seja anátema quem disser que no sacrossanto Sacramento da Eucaristia remanesce a substância do pão e do vinho, juntamente com o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo".[11]
Logo, Pe. Fábio de Melo nega a presença real e incorre em heresia não ensinando o que todo católico deveria saber, ou seja, que na Eucaristia há apenas uma substância: a de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Por fim, Pe. Fábio de Melo faz uma afirmação estranhíssima, que corrobora sua negação da presença real. Segundo ele, na Eucaristia há, também, um "bonito e sugestivo significado da ausência.". Absurdo! Na Eucaristia não há significado de ausência coisa nenhuma, mas, pelo contrário, existe a presença real e – para que o Pe. Fábio de Melo não esqueça – substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tudo isso é triste, lastimável e condenável.
Nós sabemos que o Pe. Fábio de Melo defende a evolução dos dogmas.[12] Mas a santa doutrina é imutável como o Deus que ela nos revela. Tanto é assim que essa heresia ensinada pelo Pe. Fábio de Melo foi condenada, não só pelo Concílio de Trento (séc. XVI), mas por toda a santa e milenar Tradição da Igreja Católica.
Vejamos.
No II século, São Justino, descrevendo a Missa, afirmou: "Este alimento chama-se entre nós Eucaristia... E não tomamos este como pão comum, nem como bebida comum; mas assim como pelo Verbo de Deus feito carne, Jesus Cristo nosso Salvador teve carne e sangue por causa de nossa salvação, assim também se tem nos ensinado que naquele alimento no qual se deram graças pela súplica que contém as palavras Dele... é a carne e o sangue daquele Jesus encarnado.".[13]
No século V, o Papa São Leão Magno afirmou: "Dizendo o Senhor: Se não comerdes a carne do Filho do homem e beberdes seu sangue, não tereis vida em vós (Io. VI, 53), deveis participar da sagrada mesa, de tal maneira que nada duvideis sobre a verdade do corpo e do sangue de Cristo.".[14] 
E no século IV nos fala São Cirilo de Jerusalém: "Havendo ele mesmo pronunciado e dito do pão: Isto é meu corpo. Quem se atreverá a duvidar? E havendo Ele mesmo assegurado e dito: Este é meu sangue. Quem o porá em dúvida, dizendo que não é seu sangue?".[15]
O Pe. Fábio de Melo negou. Pesam sobre ele as condenações da Igreja Católica.
II. Pe. Fábio de Melo contra a Ressurreição de Jesus Cristo.
O que Pe. Fábio de Melo nos ensina sobre a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo? Segundo ele:
"Gosto de compreender a ressurreição de Jesus da mesma forma. Diante da ausência sentida, a saudade fez o apóstolo intuir e proclamar: 'Ele está no meio de nós!'".[16]
A ausência sentida e a saudade fizeram o apóstolo intuir? Por que ausência? Pela Ressurreição Nosso Senhor não voltou a estar, inclusive com corpo (portanto, materialmente), entre os apóstolos?[17] Não são eles mesmos que nos afirmam: "Nós vimos o Senhor" (Jo XX, 25). Ou Santa Maria Madalena: "Vi o Senhor e ele me disse essas coisas." (Jo XX, 18). Por que saudade? Ora, só se tem saudade de quem não está presente, mas diz o Evagelho: "Chegada, pois, a tarde daquele dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se achavam juntos, com medo dos judeus, foi Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois os discípulos ao ver o Senhor." (Jo XX, 19-20).
Disso tudo, podemos concluir três coisas:
1. Nosso Senhor não estava ausente, mas presente – inclusive materialmente – entre os apóstolos.
2. É difícil imaginar como os apóstolos podiam ter saudades de Cristo, sendo que Cristo estava com eles.
3. Nosso Senhor deu-lhes uma prova material daRessurreição ao mostrar-lhes as mãos perfuradas pelos cravos e o lado perfurado pela lança.      
O que é, portanto, que Pe. Fábio de Melo quer dizer com tudo isso?
Falando sobre seu modo de pensar a Ressurreição, ele nos afirma:
"Não importa que haja um corpo encontrado ou um corpo desaparecido. O que a ressurreição nos sugere é muito mais que um corpo material. O mais importante, e o que verdadeiramente pode mover o cristianismo no tempo, não está na prova material da ressurreição, mesmo porque não a temos.".[18]
E num artigo de seu Blog, ao falar da Ressurreição, declara:
"O que me instiga em tudo isso é a falta de provas para o fato. O sepulcro estava aberto, vazio. (...) A imposição dessa verdade não passa pela materialidade do mundo, nem tampouco pode ser explicada através das claras regras que foram postuladas por nossa razão cartesiana. (...) Estamos falando de algo maior, superior. O que despertou o grito da ressurreição foi o encontro dos olhares de quem havia estado com Ele. Foi o momento em que João reconheceu em Pedro a presença do Mestre.".[19]
Agora fica mais claro. Pe. Fábio de Melo nega que existem provas da Ressurreição.
Mas o que nos diz o Evangelho a respeito?
Vejamos:
"Enquanto falavam nisto, apresentou-se Jesus no meio deles e disse-lhes: A paz seja convosco. Mas eles turbados e espantados, julgavam ver um espírito. Jesus disse-lhes: porque estais turbados e que pensamentos são esses que vos sobem aos corações? Olhai para minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo; apalpai, e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que eu tenho. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, não crendo eles ainda e estando fora de si com a alegria, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles apresentaram-lhe uma posta de peixe assado e um favo de mel. Tendo-os tomado comeu-os à vista deles. Depois disse-lhes: Isto são as coisas que eu vos dizia, quando ainda estava convosco, que era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos. Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderam as Escrituras; e disse-lhes: Assim está escrito, e assim é necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos ao terceiro dia, e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas dessas coisas." (Lv XXIV, 36-48).
Desse modo podemos concluir, contra o Pe. Fábio de Melo, que:
1. Havia provas de sobra para o fato. Aliás, bem materiais, diga-se de passagem.
2. O que fez os apóstolos crerem na Ressurreição não foi o encontro dos olhares coisa nenhuma, mas ver Nosso Senhor ressuscitado, falando e comendo com eles.
3. Deus Nosso Senhor quis provar com um milagre visível sua Ressurreição.
4. Negar que existem provas da Ressurreição é o mesmo que negar as Sagradas Escrituras e, por conseqüência, a própria Ressurreição.
Como não poderia deixar de ser, a Santa Madre Igreja, para proteger a fé dos erros modernistas, condenou no Decreto Lamentabili de São Pio X a seguinte afirmação: "A ressurreição do Salvador não é propriamente um fato de ordem histórica, mas de ordem meramente sobrenatural que não foi demonstrado, nem é demonstrável, e que a consciência cristã insensivelmente deduziu de outros fatos.".[20]   
Negar a existência de provas é negar que a Ressurreição seja demonstrável. E negar que haja provas é negar o caráter histórico do fato (Ressurreição) narrado pelas Sagradas Escrituras.
Portanto, Pe. Fábio de Melo, infelizmente, incorre em mais uma condenação da Igreja.  
III. Pe. Fábio de Melo contra a Imutabilidade dos Dogmas.
Como já havíamos informado em nota, chegou ao nosso conhecimento, pela internet, uma entrevista do Pe. Fábio de Melo em um péssimo programa de TV. Nessa entrevista, Pe. Fábio de Melo afirma – sem o menor constrangimento – que:
"Eu, no tempo que dei aula, eu sempre disse para os alunos que a primeira coisa que nós precisamos nos despir é dessa arrogância de que nós somos proprietários da verdade suprema. E que a teologia é sempre uma palavra sobre Deus. Nunca a palavra definitiva, e por isso que nós vivemos esse processo de evolução das idéias também dentro da teologia. O dogma, nós dizemos que é uma verdade que já está estabelecida. Mas o que nós podemos saber sobre esse dogma ainda está em processo de vir-a-ser.". [21]  
Com um linguajar tipicamente relativista, Pe. Fábio de Melo declara:
1. Não há palavra definitiva em teologia.
2. O que nós podemos saber dos dogmas está em processo de vir-a-ser, isto é, de mudança.
Ora, se não há palavra definitiva não há verdade imutável (um dogma, por exemplo). Logo, os dogmas evoluem. Do mesmo modo, se aquilo que podemos saber sobre os dogmas está em processo de vir-a-ser, está mudando. Portanto, para nós os dogmas mudam. Conseqüentemente, Pe. Fábio de Melo defende a evolução do dogma.
Mas o que nos ensina a Igreja Católica sobre essa doutrina?
"Assim pois, temos o caminho aberto à íntima evolução do dogma. — Eis aí um acervo de sofismas, que subvertem e destroem toda a religião!".[22]
Alguém de bom senso duvidará que essa doutrina, que prega o relativismo religioso, ao negar toda e qualquer verdade destrói todos os limites do homem e o faz escravo dos seus caprichos mais insanos? Por isso, damos graças a Deus que condenou, por meio de sua Igreja, essa mentira perversa:
"e mais solenemente ainda a proscreve o Concílio Vaticano I por estas palavras: A doutrina da fé por Deus revelada, não é proposta à inteligência humana para ser aperfeiçoada, como uma doutrina filosófica, mas é um depósito confiado à esposa de Cristo, para ser guardado com fidelidade e declarado com infalibilidade. Segue-se, pois, que também se deve conservar sempre aquele mesmo sentido dos sagrados dogmas, já uma vez declarado pela Santa Mãe Igreja, nem se deve jamais afastar daquele sentido sob pretexto e em nome de mais elevada compreensão (Const. "Dei Fillius", cap. IV). De maneira alguma poderá seguir-se daí que fique impedida a explicação dos nossos conhecimentos, mesmo relativamente à fé; ao contrário, isto a auxilia e promove. Neste sentido é que o Concílio prossegue dizendo: Cresça, pois, e com ardor progrida a compreensão, a ciência, a sapiência tanto de cada um como de todos, tanto de um só homem como de toda a Igreja com o passar das idades e dos séculos; mas no seu gênero somente, isto é, no mesmo dogma, no mesmo sentido, no mesmo parecer (Lugar citado).".[23]
Mais uma vez Pe. Fábio de Melo ensina doutrinas condenadas pela Igreja Católica.  
Mas não contente com tudo isso, Pe. Fábio de Melo concorda, com seu entrevistador, que Adão atualmente é apresentado pela Igreja como uma figura "simbólica" e "fabulesca". E isso depois de ter afirmado, lamentavelmente, que quando se fala em "condição adâmica" não há nenhum problema em abrir "uma reflexão" sobre a criação do evolucionismo.[24]
Pe. Fábio de Melo, portanto, defende uma posição modernista condenada Por São Pio X na Pascendi. Aliás, ele mesmo confessou seu modernismo. Quando lhe disseram que Adão não é uma figura "fabulesca" e que Igreja afirma a verdade histórica dos fatos narrados nas Sagradas Escrituras, ele declarou: "Não, não é isso que ensina a Igreja.".[25] 
É sem dúvida muito triste essa situação. É chocante ver um sacerdote – apesar do jeitão de ator – capitulando vergonhosamente diante das elucubrações falsas do evolucionismo e das loucuras ridículas do relativismo. Nós só podemos lamentar. 
Mas a Igreja não. Ela pode e tem o dever de condenar. Por isso:
"788. 1) Se alguém não confessar que o primeiro homem Adão, depois de transgredir o preceito de Deus no paraíso, perdeu imediatamente a santidade e a justiça em que havia sido constituído; e que pela sua prevaricação incorreu na ira e indignação de Deus e por isso na morte que Deus antes lhe havia ameaçado, e, com a morte, na escravidão e no poder daquele que depois teve o império da morte (Heb 2, 14), a saber, o demônio; e que Adão por aquela ofensa foi segundo o corpo e a alma mudado para pior – seja excomungado.".[26]
Podemos ver que, ao contrário do Pe. Fábio de Melo, o Concílio de Trento não considerava Adão uma figura "fabulesca" ou simbólica. Mas uma pessoa real, isto é, o primeiro homem criado por Deus. E não pela evolução. Aliás, é bom lembrar, para Pe. Fábio de Melo e aqueles que defendem a evolução, que o Papa Bento XVI, ao tratar do desenvolvimento do homem em sua última encíclica (Caritas in Veritate), opõe-se à evolução afirmando que:
"O homem não é um átomo perdido num universo casual, mas é uma criatura de Deus, à qual quis dar uma alma imortal e que desde sempre amou. Se o homem fosse fruto apenas do acaso ou da necessidade, se as suas aspirações tivessem de reduzir-se ao horizonte restrito das situações em que vive, se tudo fosse somente história e cultura e o homem não tivesse uma natureza destinada a transcender-se numa vida sobrenatural, então poder-se-ia falar de incremento ou de evolução, mas não de desenvolvimento.".[27]
Portanto, aquilo que a Igreja sempre ensinou, atualmente repete pela boca do Papa Bento XVI: o homem é uma criatura de Deus. Ele não é fruto do acaso e nem da evolução.
Mas, infelizmente, há padres que ensinam o contrário.
Triste, lastimável e condenável.                       
  
V. Comparação
Tratando da santidade que o sacerdote deve ter como ministro do altar, Santo Afonso de Ligório nos ensina:
""Um verdadeiro ministro do altar forma-se para Deus, e não para si ". Significam estas palavras de Sto. Ambrósio que um padre deve esquecer as suas comodidades, as suas vantagens e os seus gostos; deve persuadir-se que, desde o dia em que recebeu o sacerdócio, não é seu, mas de Deus. Tem muito a peito o Senhor que os padre sejam puros e santos, para que possam comparecer na sua presença, isentos de todo defeito...".[28]
Essa era, sem dúvida, a preocupação do Santo Cura d´Ars. Como nos lembra o Santo Padre: "O Cura d'Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo «habitar», mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: «Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. (…) Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá».".[29]
Mas o que sabemos do Pe. Fábio de Melo? Ele negou-se a si mesmo, isto é, aos seus gostos, às suas vaidades e comodidades para ser sacerdote?
Vejamos:
"Meu ofício é controverso. Eu não sepultei algumas de minhas vaidades para ser o que sou. Eu ainda continuo acreditando que a pior de todas as vaidades é a vaidade de não ter vaidades.".[30]
Ou ainda: "Querendo o direito de cuidar das minhas olheiras sem que isso pareça um crime.".[31]
Essa é a declaração que encontramos no Blog de Pe. Fábio de Melo.
Não há dúvida que basta olhá-lo para notarmos uma porção de vaidades. Mas não basta termos que notá-las com tristeza. Pe. Fábio de Melo ainda faz apologia das vaidades. Em suma, ele confessa, lastimavelmente, que não fez o que é necessário para se tornar sacerdote.
O modelo de sacerdote, Santo Cura d´Ars, nós o encontramos na Igreja, rezando e fazendo penitencia pela conversão dos pecadores. Nele não havia lugar nem tempo para vaidades. E além de não ter vaidades era humilíssimo. Tinha apenas uma batina e a usava até o fim. Seus calçados eram todos muitíssimo remendados. Apesar de ser responsável pelo reduzido número de 230 fiéis mal tinha tempo para comer.
E por quê? Porque não tinha outro ofício senão o de salvar as almas:
"À uma da manhã em ponto, faz a sua oração na Igreja. Confessa as mulheres até às seis. Às seis, celebra a sua missa. A seguir, faz a sua ação de graças. Depois fica à disposição dos fiéis para abençoar-lhes as imagens e dar-lhes conselhos. Por volta das oito, ele se permite, a instâncias das moças da Providência, ir lá tomar, do outro lado da praça, meio copo de leite sem pão. Como também elas precisam de conselhos, distribui-os generosamente. Às oito e meia, está de volta e atende os homens na sacristia. Às dez, interrompe-se e vai render a sua homenagem a Deus recitando as suas horas menores. E depois confessa mais um pouco. Às onze, volta à Providência para ensinar o catecismo às crianças, às suas órfãs especialmente, e também a muitos adultos. Ao meio dia, reza o Angelus e retorna à casa paroquial para almoçar. Atravessar a praça leva cerca de um quarto de hora, porque a multidão se comprime à sua volta; é preciso continuar a aconselhar e a abençoar. Almoça de pé, rapidamente, muitas vezes enquanto fala, pois os paroquianos mais próximos se aproveitam das refeições para confiar-lhe as suas misérias. Ainda assim, já ao meio dia e meia tem de visitar os seus enfermos, sempre escoltado pela multidão que não se cansa de interrogá-lo. Assim que volta à igreja, mergulha no seu breviário, a tempo de ler as vésperas e as completas. Mal fecha o livro, retorna ao confessionário. As mulheres o retém ali até às cinco. Passa aos homens, que o retém até às oito. Enfim, sobe ao púlpito para recitar a oração vespertina e o terço da Imaculada Conceição.
Depois desse longo e penoso trabalho, imaginamos que vá jantar e depois dormir?
Não. Nem sempre consegue jantar; é preciso que receba em sua casa quantas almas delicadas, difíceis de convencer ou de dirigir. Também tem de terminar o seu breviário: matinas e laudes, a parte mais longa. Com isso chegamos às dez horas da noite. Não é raro, também, que retorne à igreja a fim de confessar mais um pouco, e que de lá não volte senão depois da meia-noite. Depois deita-se. Mas a noite será curta: a nova jornada, como a anterior começa bem antes do nascer do sol. (...)
Este regime há de durar trinta anos.".[32]
Como é possível ter como exemplo Santo Cura d´Ars e nem sequer deixar umas miseráveis vaidades?!
Loucura. Não é possível.
Como é possível, Pe. Fábio de Melo, perder tempo com academia, qual mundanos sensuais que só tem olhos para os corpos, e deixar perder-se as almas de Nosso Senhor?!
Como é possível, Pe. Fábio de Melo, perder tempo cuidando das próprias olheiras e deixar as almas cegas sem o conhecimento da Verdade?!                   
Triste, lastimável e condenável.
Conclusão
Santo Afonso nos afirma que: "Devem também os padres ser santos, porque Deus os colocou na terra para serem modelos de virtude.".[33]
É possível, pois, consagrar-se ao sacerdócio e não renegar as próprias vaidades?
Não é.
"Dalí esta reflexão de Sto. Isidoro: Quem foi colocado à frente dos povos para os instruir e formar na virtude, deve ser santo em tudo, inteiramente irrepreensível.".[34]
Triste e terrível é o estado de quem pensa e vive, como Pe. Fábio de Melo, contrariamente a essas verdades. E para ele não há desculpas:
"Pregado na cruz, rogou o nosso Salvador pelos seus perseguidores: Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem. Mas esta oração não aproveitou para os maus padres; foi antes a sua sentença de condenação, porque os padres sabem o que fazem.".[35]
Alguém, ignorante das verdades da religião e não avaliando bem a seriedade do problema, poderia não entender como a suavidade da Igreja e dos santos pode conviver com tantas e duras condenações. Mas repreender ou condenar os que erram é uma das maiores obras de caridade: "Portanto, repreende-os asperamente, para que sejam sãos na fé" (Tt I, 13). Ora, a fé nos dá a salvação eterna, portanto, a Igreja faz grande obra de caridade condenando.
Sendo assim, terminamos com uma citação que lembra a grande dignidade do sacerdócio, mas também adverte duramente os maus padres:
"Compreende bem, ó padre: Deus, elevando-te ao sacerdócio, ergue-te até o Céu, e fez de ti, não mais um homem da terra, mas um homem celeste, pensa pois quanto te será funesta uma queda, segundo o aviso de S. Pedro Crisólogo. A tua queda, diz S. Bernardo, será semelhante à do raio que se precipita com impetuosidade. Quer dizer que a tua perda será irreparável. Assim, ó desgraçado, cairá sobre ti a ameaça que o Senhor lançou sobre Cafarnaum: E tu, ó Cafarnaum, erguida até o Céu, serás abatida até o inferno. (Luc. X, 15)".[36]                        
Santo Cura d´Ars, rogai por nós.
    
             
  


[1] Suma Contra os Gentios. Livro I. Cap. I 
[2] Daí o Papa Bento XVI lamentar-se: "Infelizmente existem também situações, nunca suficientemente deploradas, em que é a própria Igreja a sofrer pela infidelidade de alguns dos seus ministros. Daí advém então para o mundo motivo de escândalo e de repulsa." - CARTA DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI PARA A PROCLAMAÇÃO DE UM ANO SACERDOTAL POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DO DIES NATALIS DO SANTO CURA D'ARS (negrito nosso). Link: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2009/documents/hf_ben-xvi_let_20090616_anno-sacerdotale_po.html (31/07/09).
[3] (Sto.) Afonso Maria de Ligório. A Selva. Porto: Tipografia Fonseca (Ed. PDF de FI. Castro, 2002.), 1928. p. 17
[4]  Idem. p. 10  
[5] MONTFORT, Luis Maria Grignon de. El Amor de la Sabiduria Eterna. In: Obras. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos. 1984, p. 128.   
[6] MELO, Fábio de, CHALITA, Gabriel. Cartas entre amigos. São Paulo: Ediouro, 2009. p. 31 (o negrito é nosso). 
[7] Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã (Catecismo Maior de São Pio X). Parte IV. Cap. IV. § 1
[8] Catecismo Romano. Parte II. Cap. IV, 9 (negrito nosso).
[9] Fábio de Melo e Gabriel Chalita. op. cit. p. 31.
[10] ALASTRUEY. Gregório. Tratado de la Santisima Eucaristia. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos. 1952, p. 69.
[11] Catecismo Romano. Parte II. Cap. IV, 36
[12] Ficamos sabendo, pela internet, que o Pe. Fábio de Melo defendeu abertamente – num ambiente asqueroso – a evolução dos dogmas. Link:  
[13] Gregório Alastruey. op. cit. p. 84
[14] Idem. p. 86
[15] Idem. p. 85
[16] Fábio de Melo e Gabriel Chalita. op. cit. p. 30.
[17] "No terceiro dia depois da morte, que era um domingo, pela madrugada, Sua Alma se uniu ao Corpo. Deste modo, Aquele que por três dias estivera morto, tornou à vida que, com a morte, havia deixado, e ressuscitou." (Catecismo Romano. Parte I. Cap. VI, 7). 
[18] Fábio de Melo e Gabriel Chalita. op. cit. p. 30
[19] Encontrado no site: www.fabiodemelo.com.br (30/07/09 – negrito nosso)
[20] Papa S. Pio X - "Lamentabili Sine Exitu" MONTFORT Associação Cultural http://www.montfort.org.br/index.php?secao=documentos&subsecao=decretos&artigo=lamentabili&lang=bra
Online, 30/07/2009 às 14:51h
[21] Veja entrevista. Link: http://www.youtube.com/watch?v=HzN-ZzN_pGY (30/07/09) – (transcrição nossa).
[22] São Pio X - "Pascendi Dominici Gregis"
MONTFORT Associação Cultural
Online, 30/07/2009 às 20:04h
[23] Idem.
[24] Veja entrevista. Link: http://www.youtube.com/watch?v=HzN-ZzN_pGY (30/07/09)
[25] A carta na qual ele confessa sua heresia modernista está disponível no seguinte link: http://exsurge.wordpress.com/2009/07/20/resposta-a-carta-aberta-pe-fabio-de-melo/ (03/08/09).
[26] "Concílio Ecumênico de Trento"
MONTFORT Associação Cultural
Online, 31/07/2009 às 00:27h
[27] Papa Bento XVI. Caritas in Veritate. Cap. II. § 29 (negrito nosso).  
[28] Santo Afonso de Ligório. op. cit. p. 13. (negrito nosso)
[29] CARTA DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI PARA A PROCLAMAÇÃO DE UM ANO SACERDOTAL POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DO DIES NATALIS DO SANTO CURA D'ARS (negrito nosso).
[30] Padre Fábio de Melo – Meu Ofício. Encontrado no site: www.fabiodemelo.com.br (31/07/09)  
[31] Idem.
[32] GHÉON. Henri. O Cura D´Ars. São Paulo: Ed. Quadrante. 1986, pp. 96-99.
[33] Santo Afonso de Ligório. op. cit. p. 15.
[34] Idem. (negrito nosso).
[35] Idem. op. cit. p. 17
[36] Idem. op. cit. p. 19


Ronaldo Mota - "Padre Fábio de Melo: péssimo e lastimável exemplo para o Ano Sacerdotal"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=fabio-de-melo&lang=bra
Online, 04/08/2009 às 13:03h