11 de setembro de 2015

XIII DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES - Capela N. Sr.ª das Dores - Padre Daniel Pinheiro, IBP

Fonte: Missa Tridentina em Brasília

[Sermão] As virtudes teologais



Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Prezados católicos, consideremos a oração da Coleta da Missa de hoje: “aumentai em nós, Senhor eterno e onipotente, a fé, a esperança e a caridade, e, para merecermos alcançar os efeitos da vossa promessa, fazei-nos amar os preceitos da vossa lei.” Como vemos, na coleta de hoje a Santa Igreja nos faz pedir um aumento de fé, de esperança e de caridade. Ela nos faz também pedir que amemos os preceitos divinos, para que possamos alcançar o que Deus nos promete: a salvação eterna.
Fé, esperança e caridade são as três virtudes teologais. Chamam-se teologais porque se referem diretamente a Deus.
A fé é a virtude sobrenatural pela qual aderimos com nossa inteligência a tudo o que Deus nos revelou, em virtude da veracidade de Deus, que não pode se enganar nem nos enganar. A fé é uma virtude sobrenatural, quer dizer, que nos é dada por Deus. E ela é uma virtude que se encontra na inteligência, que é uma faculdade espiritual e não sentimental. Portanto, a fé não se confunde com um sentimento. A fé é um ato da nossa inteligência, é a adesão da nossa inteligência às verdades reveladas por Deus. As verdades reveladas por Deus estão contidas na Sagrada Escritura e na Tradição, as duas fontes da revelação, e nos são transmitidas pelo Magistério constante da Igreja, quando ela ensina de maneira infalível. Dissemos, há pouco, que as virtudes teologais se referem diretamente a Deus. A fé se refere a Deus enquanto Ele é a Verdade, com “V” maiúsculo, enquanto Ele é a verdade absoluta. Nosso Senhor diz: Ego sum veritas: eu sou a verdade. Quando a verdade absoluta nos fala, devemos aderir, pois a verdade absoluta conhece todas as coisas e não pode se enganar nem nos enganar. Nada mais conforme à razão humana do que aderir ao que Deus fala. E sabemos por inúmeras provas (milagres, profecias e a própria história da Igreja Católica) que Deus nos falou. E falou fundando a religião católica, única verdadeira.
Na coleta, pedimos o aumento da fé. Vejamos, em linhas gerais, como podemos perseverar e crescer nela. Devemos, antes de tudo, pedir a Deus que nos conserve na fé católica, pois a fé é, antes de tudo, uma graça dada por Deus. Devemos pedir como os apóstolos: “Senhor, aumentai a nossa fé.” Não se trata de aumentar uma sensação qualquer, mas de pedir maior prontidão para acreditar nas verdades reveladas e maior docilidade a Deus. Devemos rechaçar para longe tudo o que possa colocar em perigo nossa fé: as leituras perigosas ou filmes perigosos também para a fé (perigosos não só quando contêm algo diretamente contrário à fé, mas por favorecer uma mentalidade mundana ou simplesmente superficial, superficialidade que é um dos males dos nossos tempos de redes sociais). Outro perigo a ser evitado: soberba intelectual. Os ambientes mundanos também vão pouco a pouco minando a nossa fé e devem ser evitados. Para perseverar na fé, é preciso combater eventuais tentações contra a fé, fazendo um ato de fé, e distraindo o pensamento. Na hora da tentação contra a fé, não é o momento de discutir com ela ou dar razões para acreditarmos, pois nossa inteligência está, nessa hora, perturbada, e não conseguirá encontrar as respostas adequadas. Na hora da tentação contra a fé, devemos fazer um ato de fé. Devemos, para guardar a fé e crescer nela, estudar a nossa santa religião, lendo bons catecismos (Catecismo Católico Popular do Padre Spirago, Catecismo de São Pio X, por exemplo), lendo livros clássicos de doutrina católica. Cada um procure aumentar o próprio conhecimento da religião católica e aumentar a sua cultura religiosa, segundo as suas condições. Devemos também repetir os atos de fé, nas orações da manhã, nas orações da noite, e ao longo do dia. Devemos fazê-lo com verdadeira convicção. Devemos sempre ver as coisas com os olhos da fé e guiar nossa vida inteiramente por ela.
A esperança é a virtude sobrenatural pela qual, com nossa vontade, esperamos com plena certeza receber de Deus a vida eterna e os meios necessários para alcançá-la em virtude de sua onipotência. Claro, podemos ter a virtude de esperança se nos propusermos a viver segundo a fé católica, observando os mandamentos. A esperança é uma virtude sobrenatural, dada por Deus. Ela está na vontade, que é também uma faculdade espiritual e não sensível. Portanto, a esperança também não se confunde com um vago sentimento. A esperança se funda na fé, que nos mostra a onipotência divina, e nos faz confiar em Deus e no seu auxílio para a nossa salvação. A esperança se refere a Deus enquanto Ele é onipotente. Deus dispõe, efetivamente, de todos os meios para nos ajudar e pode, verdadeiramente, nos ajudar. Podemos esperar nEle, se fazemos a nossa parte. Deus nos dá os meios para deixarmos os nossos pecados, por mais que estejamos afogados neles. Ele nos dá os meios para avançarmos na virtude e para perseverarmos na graça até a nossa morte. Para perseverar na esperança, devemos, primeiramente, pedi-la a Deus. É preciso evitar a presunção, que é esperar a nossa salvação sem fazer esforço sério para sair do pecado, e o desespero, que consiste em achar que a salvação é impossível. Para favorecer a virtude da esperança, devemos ter os olhos de nossa alma voltados para o céu, a fim de desprezar as coisas desse mundo, para nos consolarmos nas dificuldades, para nos animarmos a ser bons católicos. Devemos considerar realmente que nossa pátria é o céu. Devemos também fazer o ato de esperança nas orações da manhã, da noite, e ao longo do dia, sobretudo, quando nos inclinamos ao desânimo diante das dificuldades de perseverar no bem.
A caridade é a virtude sobrenatural pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e o próximo por amor a Deus. A caridade é também uma virtude sobrenatural, que nos é dada por Deus. A caridade está na vontade, faculdade espiritual, e não se confunde com um sentimento, intenso ou menos intenso. A caridade se refere a Deus enquanto Ele é o Bem absoluto. A vontade é feita para amar o bem. Pela caridade, amamos o Bem Supremo, que é Deus. Amando a Deus, amamos tudo o que pertence a Ele. Amamos o próximo na medida em que o próximo participa ou pode participar da bem aventurança eterna. Assim, amamos os anjos e santos no céu, que já participam da bem aventurança eterna. Amamos as almas do purgatório, que participarão da bem aventurança eterna. Amamos aqueles que ainda estão nesse mundo, pois podem alcançar a bem aventurança eterna. Não podemos, porém, amar os já condenados, pois não podem mais se salvar.
A caridade é hoje muito mal compreendida, como se fosse um mero sentimento ou simples palavras. A caridade não é algo vago e Nosso Senhor deixou isso bem claro, quando disse: aquele que me ama, guarda os meus mandamentos. Aquele que ama a Deus, faz a vontade de Deus. Para guardar a caridade, é preciso pedi-la a Deus, antes de tudo. Devemos, também, procurar fazer as coisas cada vez com uma intenção mais pura, isto é, por amor a Deus, e fazer todas as coisas com uma caridade cada vez maior. Devemos fazer atos de caridade, nas orações da manhã, da noite e ao longo do dia.
Pedimos, então, nessa Coleta, aquilo que é essencial para a nossa salvação. É possível que haja a fé sem a esperança e sem a caridade, pois podemos deixar de esperar em Deus sem deixar de acreditar nEle, e podemos estar em pecado mortal e continuar a ter fé, mas se tratará de uma fé morta, que não nos levará ao céu. Podemos também ter a fé e a esperança sem a caridade. Todavia, jamais podemos ter a caridade sem fé e esperança. Não podemos amar Aquele em quem não acreditamos ou em quem não esperamos. Para que haja amor a Deus, é preciso que haja a fé. E a fé católica, que é a verdadeira.
Somente com a fé, a esperança e caridade poderemos alcançar as promessas divinas.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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