4 de fevereiro de 2012

O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório. CAPÍTULO XIII.

Das últimas palavras de Jesus na cruz e da sua morte.

1. Diz S. Lourenço Justiniano que a morte de Jesus foi a mais amarga e dolorosa entre todas as mortes dos homens; pois o Redentor morreu sobre a cruz sem nenhum mínimo alívio: Crucifixus fuit, carens omni doloris temperamento [1]. Nos outros pacientes, a pena é sempre mitigada por pelo menos algum pensamento de consolação; mas a dor e a tristeza de Jesus paciente foi pura dor, e pura tristeza sem alívio: Magnitudo doloris Christi consideratur ex doloris et maestitiae puritate, escreveu o Angélico (III, p. qu. 46, a. 6) [2]. Por isso S. Bernardo, contemplando Jesus moribundo na cruz, chora dizendo: Meu caro Jesus, eu, admirando-vos sobre este lenho da cabeça aos pés, não encontro outra coisa além de dor e tristeza. A planta pedis usque ad verticem capitis non invenio nisi dolorem et maerorem [3].
Ó meu doce Redentor, ó amor da minha alma, e por que quisestes derramar todo o sangue? Por que sacrificar a vossa vida divina por um verme ingrato como eu? Ó meu Jesus, quando será que eu me unirei a vós de tal modo que não possa mais me separar e deixar de amar-vos? Ah, Senhor, enquanto eu vivo sobre esta terra, estou em perigo de negar-vos o meu amor e perder a vossa amizade, como fiz no passado. Meu caríssimo Salvador, se, vivendo, devo eu no futuro padecer este grande mal, pela vossa Paixão vos peço, fazei-me morrer agora, que espero estar na vossa graça. Eu vos amo e quero sempre vos amar.
2. Lamentava Jesus, pela boca do profeta, que, estando moribundo sobre a cruz, procurava quem o consolasse, mas não o encontrava: Et sustinui... qui consolaretur et non inveni (Ps. LXVIII, 21). Os judeus e os romanos, até enquanto ele estava para morrer, o amaldiçoavam e blasfemavam. Estava sim Maria SS. sob a cruz, a fim de dar-lhe algum alívio se tivesse podido; mas esta aflita e amante Mãe, com a dor que ela sofria por compaixão das suas penas, mais afligia este Filho que tanto a amava. Diz S. Bernardo que as penas de Maria iam todas atormentar mais o Coração de Jesus: Repleta Matre ad Filium redundabat inundatio amaritudinis [4]. De tal modo que o Redentor, vendo Maria em tantas dores, sentia que a sua alma era transpassada mais pelas dores da Mãe que pelos seus, como a própria B. Virgem revelou a S. Brígida: Ipse videns me, plus dolebat de me quam de se (Ap. P. Sinisc. cons. XXVIII) [5]. Por isso diz S. Bernardo: O bone Iesu, tu magna pateris in corpore, sed multo magis in Corde ex compassione Matris [6].
Que afãs, pois, deveram provar aqueles Corações enamorados de Jesus e de Maria, até que chegou o ponto no qual o Filho, antes de espirar, teve de se separar da Mãe! Eis as últimas palavras com as quais Jesus se despediu, neste mundo, de Maria: Mulier, ecce filius tuus (Io. XIX, 26), apontando-lhe João, que, em seu lugar, lhe deixava como filho.
Ó rainha de dores, as lembranças de um filho amado que morre são muito caras, e não deixam nunca a memória de uma mãe. Lembrai-vos que o vosso Filho, que tanto vos amou, na pessoa de João deixou-vos a mim, pecador, como filho. Pelo amor que tendes a Jesus, tende piedade de mim. Eu não procuro bens da terra; vejo o vosso Filho que morre com tantas penas por mim; vejo-vos a vós, minha inocente mãe, que ainda por mim suportais tantas dores; e vejo que eu, mísero réu do inferno pelos meus pecados, não padeci nada por vosso amor: quero padecer alguma coisa por vós antes de morrer.
Esta graça vos peço, e digo-vos, com S. Boaventura, que, se vos ofendi, é justo que eu padeça como castigo, e, se vos servi, é razão que eu padeça como recompensa: O domina, si te offendi pro iustitia cor meum vulnera; si tibi servivi pro mercede peto vulnera [7]. Impetrai-me, ó Maria, uma grande devoção e uma memória contínua à Paixão do vosso Filho. E, por aquele afã que sofrestes vendo-o espirar na cruz, obtende-me uma boa morte. Assisti-me, minha rainha, naquele último instante; fazei-me morrer amando e proferindo os vossos SS. Nomes de Jesus e de Maria.
3. Vendo Jesus que não achava quem o consolasse nesta terra, levantou os olhos e o coração ao seu Pai, pedindo-lhe alívio. Mas o Eterno Pai, vendo o Filho coberto com a veste de pecador: “Não, Filho, disse, não te posso consolar agora que estás satisfazendo a minha justiça por todos os pecados dos homens; convém que também eu te abandone às penas e te deixe morrer sem conforto”. E então foi que o nosso Salvador, gritando em voz alta, disse: Meu Deus, meu Deus, por que vós também me abandonastes? Clamavit Iesus voce magna, dicens: Deus meus, Deus meus, ut quid dereliquisti me? (Matth. XXVII, 46). Explicando essa passagem, o B. Dionísio Cartuxo diz que Jesus proferiu gritando estas palavras para dar a entender a todos a grande dor e tristeza com que morria [8]. E quis o amante Redentor, ajunta S. Cipriano, morrer abandonado de toda consolação para demonstrar-nos o seu amor e para atrair a si todo o nosso amor: Derelictus est ut amorem suum erga nos ostenderet, et amorem nostrum ad se raperet (De Pass. Dom.) [9].
Ah, meu amado Jesus, vós vos lamentais errado ao dizer: Por que, meu Deus, me abandonastes? “Por quê”, dizeis vós; e por que, digo-vos eu, quisestes encarregar-vos de pagar por nós? Não sabíeis que nós merecíamos, pelos nossos pecados, ser abandonados por Deus? Com razão, pois, o vosso Pai vos abandonou e vos deixa morrer num mar de dores e de amarguras. Ah, meu Redentor, o vosso abandono me aflige e me consola: aflige-me vendo-vos morrer com tanta pena; mas me consola, dando-me ânimo para esperar que, pelos vossos méritos, eu não ficarei abandonado pela divina misericórdia, como mereceria, por ter-vos abandonado tantas vezes para seguir os meus caprichos. Fazei-me entender que, se a vós foi tão duro estar privado da sensível presença de divina por breve tempo, qual seria a minha pena, se tivesse de estar privado de Deus para sempre? Por este vosso abandono sofrido com tanta dor, não me deixeis, ó meu Jesus, principalmente no momento da minha morte! Quando todos me tiverem abandonado, não me abandoneis vós, meu Salvador. Ai, meu desolado Senhor, sede vós o meu conforto nas minhas desolações. Entendo já que, se eu vos amar sem consolação, contentarei mais o vosso Coração. Mas vós conheceis a minha fraqueza; ajudai-me com a vossa graça, infundi em mim, então, perseverança, paciência e resignação.
4. Aproximando-se Jesus da morte, disse: Tenho sede, Sitio (Io. XIX, 28). Senhor, fala Drogão Ostiense: dizei-me, de que tendes sede? Não falais das penas imensas que sofreis na cruz, e vos lamentais somente da sede? Domine, quid sitis? De cruce taces, et de siti clamas? (De Dom. Pass.) [10]. Sitis mea salus vestra, faz-lhe dizer S. Agostinho (In Ps. XXXIII) [11]. Almas, diz Jesus, esta minha sede outra coisa não é senão o desejo que tenho da vossa salvação. O amante Redentor desejava as nossas almas com muito ardor, e por isso anelava por dar-se todo a nós com a sua morte. Esta foi a sua sede, escreveu S. Lourenço Justiniano: Sitiebat nos, et dare se nobis cupiebat [12]. Diz ainda S. Basílio de Selêucia que Jesus Cristo disse estar com sede para dar-nos a entender que ele, pelo amor que nos tinha, morria com desejo de padecer por nós mais ainda do que tinha padecido: desiderium passione maius! [13]
Ó Deus amabilíssimo, vós, porque nos amais, desejais que nós vos desejemos: Sitit sitiri Deus, escreveu S. Gregório [14]. Ah meu Senhor, vós tendes sede de mim, vilíssimo verme, e eu não terei sede de vós, meu Deus infinito? Pelos méritos desta sede sofrida na cruz, dai-me uma grande sede de amar-vos e de agradar-vos em tudo! Prometestes atender-nos em tudo o que vos pedirmos: Petite et accipietis (Io. XVI, 24). Eu vos peço apenas este dom, o dom do vosso amor. Sou indigno dele, mas esta há de ser a glória do vosso sangue, o tornar vosso amante um coração que um tempo vos desprezou tanto; tornar todo fogo de caridade um pecador todo cheio de lodo e de pecados. Muito mais do que isto fizestes morrendo por mim. - Ó Senhor infinitamente bom, eu queria amar-vos o quanto mereceis. Comprazo-me no amor que vos têm as vossas almas enamoradas, e mais ainda no amor que tendes a vós mesmo; com ele uno o meu mísero amor. Amo-vos, ó Deus eterno, amo-vos, ó amável infinito. Fazei que eu sempre cresça mais no vosso amor, repetindo-vos freqüentes atos de amor, e empenhando-me em dar-vos gosto em todas as coisas, sem intervalo e sem reserva. Fazei que eu, mísero e pequeno como sou, seja ao menos todo vosso.
5. O nosso Jesus, já próximo de espirar, com voz moribunda disse: Consummatum est (Io. XIX, 30). Enquanto dizia estas palavras, percorreu com a mente toda a série da sua vida; contemplou todas as fadigas padecidas por si, a pobreza, as dores, as ignomínias sofridas; e ofereceu-as todas de novo ao seu Eterno Pai para a salvação do mundo. Então, voltando-se a nós, parece que repetia: Consummatum est, como se dissesse: Homens, tudo está consumado, tudo está cumprido: foi feita a vossa Redenção, a divina justiça está satisfeita, o paraíso está aberto. - Et ecce tempus tuum, tempus amantium (Ez. XVI, 8). É tempo, finalmente, ó homens, de vós vos renderdes e me amardes. Amai-me, pois, amai-me, porque nada mais posso fazer para ser amado por vós. Vede o que fiz para comprar o vosso amor: eu, por vós, vivi uma vida tão atribulada, e no fim, antes de morrer, contentei-me em me fazer sangrar, escarrar nas faces, lacerar as carnes, coroar de espinhos, até agonizar sobre este lenho, como me vedes. Que resta? Resta apenas que eu morra por vós. Sim, quero morrer: vem, ó morte, dou-te licença, tirai-me a vida pela salvação das minhas ovelhinhas. E vós, minhas ovelhinhas, amai-me, amai-me, porque não tenho mais nada a fazer para me fazer amar por vós. Consummatum est, fala o B. Taulero, quidquid iustitia exigebat, quidquid caritas poscebat, quidquid esse poterat ad demonstrandum amorem [15].
Meu amado Jesus, ó, se eu pudesse também morrer dizendo: Senhor, cumpri, fiz tudo o que me impusestes, carreguei com paciência a minha cruz, agradei-vos em tudo.
Ah, meu Deus, se eu devesse morrer agora, morreria descontente, porque nada disso poderia dizer-vos com verdade. Mas haverei eu de viver sempre assim ingrato ao vosso amor? Concedei-me a graça de contentar-vos nos anos de vida que me restam, a fim de que, quando me vier a morte, possa dizer-vos que, ao menos desde agora, eu cumpri a vossa vontade. No passado, se vos ofendi, a vossa morte é a minha esperança. No futuro, não quero mais vos trair, mas por vós espero a minha perseverança: pelos vossos méritos, ó meu Jesus Cristo, vo-la peço e a espero.
6. Eis que Jesus finalmente morre. Admira-o, minha alma, como já está agonizante, nos últimos suspiros de sua vida. Admira aqueles olhos moribundos, a face empalidecida, o Coração, que, com lânguido movimento, palpita, o corpo, que já se abandona à morte, e aquela bela alma que já está perto de deixar o corpo lacerado. O céu já se obscurece, treme a terra, abrem-se os sepulcros. Ai, que horrendos sinais são estes! São sinais de que morre o Criador do mundo.
Eis, por último, como o nosso Redentor, depois de ter encomendado a sua alma bendita ao seu Eterno Pai, dando, primeiro, do aflito Coração um grande suspiro, e depois inclinando a cabeça em sinal de obediência, e oferecendo a sua morte pela salvação dos homens, finalmente, pela violência da dor, espira e entrega o espírito na mão do seu amado Pai: Et clamans voce magna, ait: Pater, in manus tuas commendo spiritum meum: et haec dicens, exspiravit (Luc. XXIII, 46).
Chega-te, minha alma, ao pé daquele santo altar, onde já morreu sacrificado o Cordeiro de Deus para salvar-te. Chega-te, e pensa que ele morreu pelo amor que te tinha. Pede o que quiseres ao teu Senhor morto, e tudo espera. Ó Salvador do mundo, ó meu Jesus, eis, no fim, a que vos reduziu o amor para com os homens. Agradeço-vos o terdes querido, nosso Deus, perder a vida, a fim de que não se perdessem as nossas almas. Agradeço-vos por todos, mas especialmente por mim. E quem mais do que eu gozou do fruto da vossa morte? Eu, pelos vossos méritos, mesmo sem o saber, primeiro fui feito filho da Igreja pelo batismo; pelo vosso amor fui, depois, tantas vezes perdoado e recebi tantas graças especiais; por vós tenho a esperança de morrer na graça de Deus e de vir a amá-lo no paraíso.
Meu amado Redentor, quanto vos sou obrigado! Nas vossas mãos trespassadas entrego a minha pobre alma. Fazei-me entender bem quão grande amor foi um Deus morrer por mim. Quero, Senhor, morrer também eu por vós; mas que compensação pode dar a morte de um escravo iníquo à morte do seu Senhor e Deus? Quero, ao menos, amar-vos o quanto posso; mas, sem a vossa ajuda, ó meu Jesus, não posso nada. Ajudai-me vós, e, pelos méritos da vossa morte, fazei-me morrer a todos os amores terrenos, a fim de que eu vos ame só a vós, que mereceis todo o meu amor. Amo-vos, bondade infinita, amo-vos, meu sumo bem, e vos peço, com S. Francisco: Moriar amore amoris tui, qui amore amoris mei dignatus es mori [16]. Morra eu a tudo, ao menos por gratidão ao vosso grande amor, que vos dignastes morrer por meu amor e para ser amado por mim.
Maria, minha mãe, intercedei por mim. Amém.


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Notas:
[1]: “Erat quippe Mediator confixus in cruce omni carens doloris temperamento.” S. LAURENTIUS IUSTINIANUS, De triumphali Christi agone, cap. 18. Opera, Venetiis, 1721, p. 267, col. 1.

[2]: “Tertio, magnitudo doloris Christi patientis potest considerari ex doloris puritate. Nam in aliis patientibus mitigatur tristitia interior, et etiam dolor exterior, ex aliqua consideratione rationis, per quamdam derivationem seu redundantiam a superioribus viribus ad inferiores. Quod in Christo patiente non fuit: unicuique enim virium permisit agere quod est sibi proprium, sicut Damascenus dicit (De fide orthodoxa, lib. 3, cap. 19. MG 94-1079). ” S. THOMAS, Sum. theol., III, q. 46, art. 6, c.

[3]: “Bernardus: “ Respice a planta pedis usque ad verticem capitis, ubique maeror, ubique dolor.” S. Bonaventurae Opera, III, Lugduni, 1668, sermo 5 (non genuino) in Parasceve.

[4]: Siniscalchi (Il martirio del Cuore di Maria Addolorata, consideração 39) assim cita S. Bernardo, de lament. Virginis: “Tantus erat impetus passionis, ut Christo impleto in Matrem conflueret patientem; qua similiter impleta, in Filium similiter redundaret. O ineffabilis reciprocatio! O dolor inexplicabilis!”

[5]: S. Afonso diz em nota: “Apud P. Siniscalchi (Il martirio del Cuore di Maria Addolorata), considerazione 28.” Aí se lê: ‘Por isso S. Bernardo assim fez dizer à Virgem Mãe: Stabam ego videns eum, et ipse videns me, et plus dolebat de me quam de se.” Mais seguramente, S. Afonso, no texto, se refere a S. BRÍGIDA, em cujas Revelações esta sentença é expressa muitas vezes, ainda que às vezes com termos diversos. Lib. 4, cap. 70: “ (Maria loquitur:) Quam (vocem : Deus meus, Deus meus, ut quid dereliquisti me? ) plus ex compassione mea, quam sua permotus, protulit.” - Lib. 6, cap. 19: “(Loquitur Christus: “Dolor matris meae) plus afflixit cor meum quam dolor proprius.” - Lib. 7, cap. 15: “Cor eius (Christi morientis) ex compassione matris penetrabatur acutissima sagitta doloris immensi.” E alhures.

[6]: Ludolphus de Saxonia, Vita Iesu Christi, pars 2, cap. 63, De sexta, in Passione Domini, n. 25: “Unde Bernardus: “ O bone Iesu, magna pateris exterius in corpore; sed multo maiora interius in corde, ex compassione Matris omnia tecum participantis!”

[7]: Stimulus amoris, pars 1, cap. 3. Inter Opera S. Bonaventurae, VII, p. 196, col. 2: Lugduni (post Vaticanam et Germanicam editiones), 1668. - Vide Apêndice, 2, 5°.

[8]: “Hoc Christus non ex impatientia, sed ad insinuandum vehementissumum esse suum dolorem clamavit.” B. DIONYSIUS CARTUSIANUS, Enarratio in Evangelium secundum Matthaeum, art. 44.


[9]: S. Afonso, em nota: De Pass. Dom. Entre as obras de S. Ciprião ou atribuídas a ele, não há nenhum opúsculo que tenha este título, nas várias edições que pudemos encontrar. Corria, porém, pelas mãos, um tratadinho semelhante: um outro trecho dele foi referido por Siniscalchi, op. cit., Considerazione 29.

[10]: “Domine, quid sitis? Ergone plus cruciat sitis quam crux? de cruce siles, et de siti clamas? Sitio: quid? Vestram fidem, vestram salutem, vestrum gaudium; plus animarum vestrarum quam corporis mei cruciatus me tenet.” DROGO Cardinalis, Ostiensis (e não Astiense, como, por erro tipográfico, escreveu Migne no título) Episcopus, Sermo de sacramento Dominicae Passionis. ML 166-1518. - Questo medesimo Sermone, sob o título de Meditatio in Passionem et Resurrectionem Domini, e privado das últimas páginas, se encontra entre as obras erroneamente atribuídas a S. Bernardo: ML tom. 184, col. 741-768.

[11]: “Sitis ipsius erat, quando dixit mulieri: Sitio, da mihi bibere (Io. IV, 7); fidem quippe ipsius sitiebat. Et de cruce cum diceret: Sitio (Io. XIX, 28), fidem illorum quaerebat pro quibus dixerat: Pater, ignosce illis, quia nesciunt quid faciunt (Luc. XXIII, 34). ” S. AUGUSTINUS, Enarratio in Psalmum 68, sermo 1, n. 14. ML 36-851.

[12]: “Fons vitae erat, et tamen sitiebat. Aquam promittebat, et bibere cupiebat. Sitiebat nos, et dare se nobis desiderabat. Sitit, inquam, nos, in suum nos vult mysticum traiicere corpus. Sitis haec de ardore dilectionis, de amoris fonte, de latitudine nascitur caritatis. ” S. LAURENTIUS IUSTINIANUS, De triumphali Christi agone, cap. 19. Opera, Venetiis, 1721, pag. 273, col. 2.

[13]: “O desiderium passione maius! O desiderium in solam futuri cogitationem intentum!” BASILIUS SELEUCIENSIS, Oratio 24. MG 85-283. - Ciò dice Basilio di Seleucia, non di Cristo, ma della madre dei figli di Zebedeo, “ (quae) antevertit latronis voces... Ille in cruce orationes offerebat: Memento mei in regno tuo. Haec ante crucem pro regno supplicat: Dic ut sedeant hi duo filii mei, unus ad dexteram tuam, et unus ad sinistram tuam.”

[14]: S. GREGORIUS NAZIANZENUS, Carminum lib. 1, sectio 2, XXXIII (Tetrastichae Sententiae), Sententia 37, v. 145-148, MG 37-938, 939:

Deo et supernis rebus haud umquam satur

Esto: dat illis plura qui iam sumpserint,

Sitiens sitiri, largus et conctis fluens;

Vinci at moleste ne feras in ceteris.

[15]: “Ó quantos maravilhosos mistérios, e vitórias, compreende esta breve e sutil palavra: Está, diz, consumado. Tudo aquilo que a eterna sabedoria tinha ordenado; tudo aquilo que a rígida e severa justiça requeria pelos pecados de cada um; tudo aquilo que a caridade de Deus pedia: tudo aquilo que aos antigos Padres fora prometido: tudo aquilo que os mistérios, as figuras, as cerimônias e a Escritura havia demonstrado sob sombras e significado: tudo aquilo que, pela nossa redenção, era conveniente e necessário; tudo aquilo que era útil para cancelar as nossas dívidas; todas aquelas coisas que podiam ajudar a suprir as nossas negligências: tudo aquilo que poderia parecer amigável e glorioso para demonstrar um extremo e sublime amor: e todas as coisas que nós teríamos podido desejar para a nossa instrução e formação espiritual: tudo aquilo, finalmente, que era honrável e conveniente para celebrar o digno triunfo e para obter a gloriosa vitória da nossa redenção: todas aquelas coisas, digo, nesta só palavra estão contidas. Está consumado.” Gio. TAULERO, O. P., Meditazioni (non genuine) sopra la Vita e Passione di Gesù Cristo, cap. 49.

[16]: “Absorbeat, quaeso, Domine, mentem meam ab omnibus uqae sub caelo sunt, ignita et melliflua vis amoris tui; ut amore amoris tui moriar, qui amore amoris mei dignatus es mori: per temetipsum Dei Filium qui cum Patre, etc. Amen.” Oratio ad impetrandum divinum amorem. S. FRANCISCI Opera, tom. 1. Pedeponti, 1739, pag. 19, 20.

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