27 de novembro de 2020

O Inferno Existe - Parte 11

CAPÍTULO XI

Outras provas da existência do demônio e do inferno
 
O espiritismo, em suas várias manifestações, é também uma prova evidente da existência do cárcere eterno. Se existe o espírito maligno e se ele se manifesta por meio de mesas que falam ou giram e por meio de outros médiuns, deve também existir o lugar de sua morada, isto é, o inferno com suas penas atrozes.
 
Estranha contradição! Os ímpios não prestam fé a Deus e à sua Igreja e creem nas imposturas do demônio, pai da mentira, que os engana nas sessões espíritas; zombam do inferno e dos novíssimos e têm medo do número treze, ou do sal derramado na mesa, como de um mau agouro; desprezam a Sagrada Escritura e veneram os livrecos eu tratam de magia ou de sortilégio, não querem saber dos santos ensinamentos da Igreja e dos seus ministros e vão consultar uma cartomante ou um cigano para lhes revelar o futuro ou para curá-los. Assim é: quando o homem fecha voluntariamente os olhos à verdade, abre-os ao erro e à mentira; enquanto espezinha a religião e ao seu Criador, nega o culto devido, torna-se supersticioso e presta homenagem ao diabo e às coisas insensatas.
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Outra prova evidente da existência da prisão eterna e dos demônios, são as obsessões.
 
Satanás, em nossos dias, se incarna nos livros ímpios que ridicularizam a nossa santa religião e difamam as religiões, os padres e os bispos; nos romances que ensinam descaradamente o vício e espezinham a virtude; nas estátuas, nos monumentos e nos quadros obscenos trabalhados sob o ridículo pretexto da arte, como se arte não devesse respeitar a honestidade dos costumes e não fosse feita para civilizar e nobilitar o homem.
 
As tipografias e as livrarias que publicam maus livros, a oficina dum artista que reproduz nudez na tela, no mármore, ou no papel, as reuniões tenebrosas da maçonaria, são querenças de Lúcifer.
 
Certos escritores e certos propagadores de doutrinas anárquicas ou socialistas ou ateus, parecem possuídos do espírito da mentira, tanta é a constância, a imprudência, a ousadia com que espalham a baba dos seus erros. A sua pena é molhada em veneno violento e torna-se na sua mão o punhal do assassino que mata a alma e o corpo dos leitores.
 
Mas, além dessas incarnações de Satanás nos homens ímpios que servem a sua causa e agem sob sua influência, houve, mesmo ultimamente, verdadeiras obsessões.
 
Cito um fato, do qual foi testemunha uma cidade inteira, fato extraído dum opúsculo do advogado Feliz Sonelli; (*Teresa Strigini ou “A famosa endemoniada de Briga Novarense, publicada em Milão, em 1877”.) quem não crê pode ir interrogar as testemunhas oculares.
 
Teresa Strigni nasceu em Briga, vilório de Novara, Itália, aos 20 de maio de 1832, e a certa idade começou apresentar sinais de obsessão diabólica. Fechada em casa, desaparecia e depois de muito tempo voltava e entrava sem abrir a porta. Passava dias sem tomar alimento ou bebia e via o que acontecia em lugares distantes; seu rosto tomava formas horríveis a ponto de amedrontar os mais corajosos. Rumores misteriosos se ouviam em seu quarto; e muita vez toda a casa era sacudida como por um terremoto, derrubando as mobílias como se fossem palhas.
 
A coitadinha ora parecia agonizante e prestes a exalar o último respiro; ora, tinha tanta força que ninguém a dominava e até punha em fuga homens robustos que acorriam para refrear-lhe a veneta, ou socorrê-la nas frequentes convulsões de que era toada. Apesar de analfabeta, e sem nenhuma instrução, compreendia línguas desconhecidas e demonstrava saber extraordinário.
 
Os exorcismos produziam nela grande efeito e via-se claramente que o demônio sentia o poder que Deus concedeu à sua Igreja. Quando os parentes e os vizinhos não sabiam o que inventar para acalmá-la, chamavam o pároco para que ordenasse a Satanás com as fórmulas do Ritual que deixasse em paz a infeliz moça.
 
Sentia também a influência e, às vezes terror das coisas benzidas, terços, imagens, medalhas, água benta, como se fosse tocada por um ferro em brasa.
 
Um dia o sacerdote a interrogou:
– Quem és tu? és um demônio?
 
– Não, respondeu a voz terrível.
 
– Em nome de Deus, quem és?
 
– Um demônio.
 
– És um daqueles soberbos precipitados do céu?
 
– Sim.
 
– Não é verdade, que apesar de tua arrogância sofres também aqui as penas do inferno?
 
– Sim.
 
Outras vezes respondia que era uma legião. E na verdade, os fenômenos extraordinários que sucediam em sua pessoa, no quarto, na casa, mostravam que devia haver mesmo uma multidão de demônios.
 
Alguns libertinos que zombavam do inferno e dos demônios foram examinar o fato e o sarcasmo morreu-lhes nos lábios. Alguns até foram horrivelmente maltratados e outros ficaram gelados de medo quando viram pintado naquele rosto o desespero dos reprobos.
 
Repito: Quem não quiser acreditar, consulte as testemunhas oculares. Mas, vede a estultícia: os ímpios não querem averiguar os fatos e continuam a escarnecer dos dogmas da fé, até que, vindo a morte, as chamas devoradoras do inferno os convençam da existência de um Deus que castiga o pecado e a iniquidade.
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Na vida de S. João Maria Vianney, mais conhecido pela expressiva alcunha de Santo Cura d'Ars, lê-se a luta terrível que deveu sustentar contra satanás, furioso por causa das inúmeras almas que o santo sacerdote arrancava da eterna perdição. A povoação de Ars foi testemunha do ocorrido e vivem ainda muitas pessoas que poderiam confirmar o que relatamos.
 
O demônio lhe aparecia sob formas horríveis para perturbar-lhe o breve repouso que tomava num pobre catre. Às vezes a casa parecia invadida por uma turba de leões, tigres e serpentes e pelos quartos e corredores ressoavam rugidos, assobios e urros; outras vezes aparecia no meio das chamas; corriam os paroquianos para salvar do incêndio o seu querido pastor, mas o fogo de súbito se apagava. Os mais robustos e os mais corajosos experimentaram dormir na casa paroquial, mas de noite fugiam de medo, enquanto o santo sacerdote, bem sabendo que o demônio não pode fazer nenhum mal sem a permissão do céu, descansava tranquilo sob as asas da proteção divina.
 
Quando operava uma conversão prodigiosa, a raiva da antiga serpente não tinha limites e redobrava os esforços para vingar-se da presa perdida. Uma noite o demônio ateou fogo no seu pobre leito, outra vez o atirou no chão com violência, sem porém o machucar, e muitas vezes o chamava com voz rouca, reprovando a guerra que lhe movia.
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Na vida de S. José Cotolengo se encontra também a aparição do nosso eterno inimigo e vivem ainda muitas testemunhas. Geralmente todos os santos tiveram lutas corporais e visíveis contra o príncipe das trevas, pelo zelo que mostraram na salvação do próximo e pelas vitórias que alcançaram do próximo e pelas vitórias que alcançaram contra o mundo, a carne e o inferno. Portanto, veio alguém do outro mundo a provar-nos a existência das verdades eternas: veio até o chefe dos anjos rebeldes.
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Na história de S. João Batista de La Salle, benemérito fundador desses anjos da juventude que se chamam Irmãos das Escolas Cristãs, narra-se que um cavalheiro de nobre família levava vida mundana, pouco se lhe dando da salvação da alma.
 
Alistou-se no exército, onde subiu facilmente de posto e obteve condecorações pelo seu valor. Duma feita, foi ferido num combate; curaram-no remédios secretos, com auxílio diabólico. Entrando uma vez numa igreja no momento preciso em que se exorcizava um possesso, por curiosidade e para zombar da credulidade das pessoas presentes, inesperadamente o demônio lhe dirigiu a palavra e disse:
– Tu não crês no inferno e no demônio! Infeliz! sentirás um dia o seu poder.
 
Assustado por essas ameaças e por ver que o espírito infernal tinha penetrado seus íntimos pensamentos, que ele não revelara, caiu em si, voltou crente e decidido a abandonar o mundo para ingressar no Instituto de São João de La Salle e fazer penitência.
 
Naquele santo retiro o esperava Satã. Abriram-se-lhe de novo as feridas, foi tomado de dores atrozes e misteriosas, de frenesi e convulsões horríveis, de jeito que nenhuma força humana podia contê-lo. A comunidade vivia em sobressaltos. O Santo notou no infeliz os sinais da obsessão; e exorcizando-o, intimou ao espírito das trevas que saísse daquele corpo. O demônio ouviu a voz potente do ministro de Deus e escabujando e urrando, abandonou o infeliz cavalheiro.
 
Na vida do mesmo Santo se encontra o seguinte fato. Vivia em Ruão uma senhora de nome Maillefer, toda entregue às vaidades e aos prazeres do mundo, sem mesmo pensar nos seus deveres de cristã.
 
Gastava suas grandes riquezas em vestidos, banquetes e teatros, caminhando a passos ligeiros pela estrada da perdição.
 
Aprouve, porém, à bondade divina detê-la à beira do abismo e fazê-la instrumento das suas misericórdias.
 
Um dia, bateu à porte do palácio um pobre, doente e faminto.
 
Os criados, embora conhecessem o coração duro da ama, deixaram-no entrar; julgando que o seu mísero estado movesse à compaixão. Assim não foi, porém! A cruel senhora o expulsou de sua casa, com asco, atirando-lhe em rosto estas palavras: – Poltrão, vai trabalhar.
 
O mendigo abaixou a cabeça e saiu cambaleando de fome e de fraqueza. À porta, deu com o cocheiro, que sentiu doer-lhe o coração à vista de seus padecimentos e levando-o à estrebaria, o socorreu como pôde.
 
Mas o novo Lázaro morreu durante a noite, e na manhã seguinte os criados encontraram o frio cadáver, em cujo semblante se percebiam as angústias e as dores que padecera nos últimos momentos. A ama tendo notícia do acontecido exasperou-se, despediu logo o compreensivo cocheiro e atirou aos criados o primeiro lençol encontrado para que amortalhassem o defunto e sem mais o sepultassem.
 
Passou o resto do dia debaixo duma triste impressão, humilhada pela sua crueldade e pelo que correria a seu respeito na cidade.
 
Qual não foi a sua admiração quando, pondo-se à mesa, encontrou dobrado em sua cadeira o lençol que tinha dado pela manhã. Julgou, de princípio, que não fora obedecida e ameaçou despedir os criados; mas estes asseguraram que tinham executado a ordem recebida e que êles mesmos depuseram na sepultura o cadáver amortalhado com aquele lençol.
 
Que mão misteriosa teria colocado aí o véu fúnebre? É claro: o defunto recusou depois da morte uma esmola daquela que lhe negou barbaramente em vida um auxílio, e Deus tal permitiu para comover a infeliz pecadora. Realmente, ela compreendeu a lição, mudou de vida, penitenciou-se e expirou placidamente no ósculo do Senhor, cheia de confiança na misericórdia divina que acolhe um coração contrito e humilhado.
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S. Felipe Néri ressuscitou momentaneamente um menino para dar-lhe azo de se confessar.
 
Ele amava ternamente Paulo Máximo, filho do príncipe romano Fabrício Máximo. O menino tinha 14 anos quando adoeceu gravemente; o santo tendo revelação de sua morte próxima, pediu à família que o chamasse à cabeceira do menino quando estivesse no extremo da vida, porque desejava confortá-lo e prepará-lo para a luta suprema.
 
A doença se agravou e o pai mandou chamar a S. Felipe para que corresse a abençoar o seu filho espiritual. Como, porém, estivesse celebrando a Santa Missa, a criada deu o recado a um dos Padres do Oratório.
 
Nesse ínterim o menino morreu e o santo, quando chegou ao palácio, encontrou-o cadáver. Ajoelhou-se ao pé da cama e rogou com devoção por um quarto de hora, depois aspergiu o rosto do menino com água benta, deitando-lhe umas gotas na boca. Soprou-lhe o rosto, colocou-lhe a mão na fronte, chamado duas vezes em voz alta e sonora: – Paulo! Paulo!
 
O morto acorda como de um profundo sono, abre os olhos e exclama: – Padre, Padre, tenho um pecado e quero confessá-lo.
 
S. Felipe pede aos presentes que se retirem, dá ao menino um crucifixo e ouve a sua confissão; terminada a qual, chama os parentes e põe-se a falar sobre o paraíso e a felicidade dos eleitos; o menino se entretem em santa conversação, como quando gozava perfeita saúde; após meia hora, o santo obtido resposta afirmativa, disse: – Vai, sê feliz e roga a Deus por mim.
 
E Paulo com rosto plácido, sem nenhum movimento, torna a morrer docemente nos braços do santo. Estavam presentes àquela cena, entre outras pessoas, o pai, duas irmãs e a criada.
 
O quarto foi convertido em capela e é visitado ainda hoje com veneração e os romanos chamam o palácio Máximo “a casa do milagre”.
 
Todo ano, depois de três séculos, a família Máximo comemora o prodigioso acontecimento.

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