17 de novembro de 2020

O Inferno Existe - Parte 1

Prezados Leitores, Salve Maria!

Estamos publicando novamente o livro do servo de Deus Padre André Beltrami, o qual trata sobre a existência do inferno. Principalmente nos dias atuais, onde muitos não acreditam na sua existência, inclusive católicos. O inferno existe! O mesmo é terrível e eterno! Vamos meditar sobre os novíssimos, para que não sejamos surpreendidos no dia de nossa morte!

Boa leitura e que o Divino Espírito Santo ilumine os nossos leitores para tirar proveito de suas meditações.

Um grande abraço em Cristo!

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O INFERNO EXISTE

Provas e Exemplos

Pelo Servo de Deus Pe. André Beltrami, SDB

IMPRIMATUR: Por comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. Bispo de Niterói D. José Pereira Alves. Niterói, 1.º de janeiro de 1945. Pe. Francisco X. Lanna, SS.

PREFÁCIO DO AUTOR
Nos nossos dias, mais que em outros tempos, é necessário lembrar aos cristãos a existência do inferno, já que muitos vivem como se as verdades da Fé não existissem. O pensamento do inferno foi sempre fecundo de generosas resoluções. Quantos abandonaram o pecado e se entregaram de corpo e alma à pratica da virtude, meditando naquelas chamas devoradoras, naqueles tormentos horríveis que a língua humana não pode exprimir! O padre Mestre Avila converteu uma senhora toda entregue aos pecados e às vaidades do mundo pondo-lhe diante o terrível sempre e o terrível nunca, sempre sofrer, nunca um instante de alívio. Por isso, suplico ao bom leitor que, depois de ter lido este opúsculo, o faça ler aos seus parentes e amigos que vivem afastados de Deus, esquecidos da sorte infeliz reservada aos ímpios na outra vida. Quem sabe se o pensamento das chamas eternas não suscite em seus corações um temor salutar que os determine a mudar de vida! Pode bem ser que os exemplos narrados contribuam para avivar em seus corações a fé já extinta! E se unirem também às suas orações para tal fim, estou certo de que Nosso Senhor lhes tocará o coração e eles voltarão às práticas da religião que abandonaram.
 
Na compilação deste livrinho, vali-me especialmente dos trabalhos de Monsenhor Luiz Gastão, Ségur e do Padre Francisco Xavier Schouppe, que tão egregiamente trataram desse assunto.
 
Deus, o qual protesta não querer a morte do pecador, mas que se converta e viva, abençoe meu pobre trabalhinho e faça de maneira que sirva para a conversão de tantos transviados e os afaste do caminho da perdição. Jesus Cristo os estreitará cheio de alegria ao seu Sacratíssimo Coração, como já fez um dia com o filho pródigo, e os Anjos farão festa e celebrarão com cânticos de alegria o seu retorno à casa paterna.
 
Turim – Valsálice
 
Seminário das Missões – junho de 1897

CAPÍTULO I
 
A revelação divina demonstra a existência do inferno. Não há verdade tão inculcada na Sagrada Escritura como a da existência do inferno. Escritores inspirados falam dele continuamente, para que os homens, horrorizados com as penas que aí se sofrem abandonem o vício e se deem à prática da virtude.
Os protestantes, que de nossa santa religião negaram quase todas as verdades mais difíceis de crer e praticar não souberam desfazer-se do dogma do inferno, pelo fato de ser frequentemente recordado nas Sagradas Letras. Por este motivo, uma senhora católica, importunada por dois ministros protestantes a passar para a reforma, saiu-se com esta sensata resposta: – “Senhores, fizestes na verdade uma bela reforma, suprimistes o jejum, a confissão, o purgatório; infelizmente, porém, conservastes os inferno. Tirai também este e eu serei dos vossos.”
 
Para não multiplicarmos as citações, deixaremos o Antigo Testamento e viremos logo ao Evangelho, para ouvir a palavra de Jesus Cristo, que por bem quinze vezes proclama este lugar de tormentas. E para causar em nós um temor salutar e dar-nos uma ideia justa do inferno, Ele o chama fogo inextinguível, trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes, lugar de tormentos, fornalha de fogo, geena de fogo.
 
A geena era um vale perto de Jerusalém, onde alguns maldosos hebreus apóstatas de sua religião, sacrificavam a Moloc os tenros filhos, expondo-os antes ao fogo. O piedoso rei Josias, para abolir esse bárbaro costume, fez aterrar o vale, ordenando que se lançasse aí a imundície da cidade e os cadáveres aos quais fosse negada a sepultura; e como medida profilática, conservava-se sempre aceso o fogo. O nosso Divino Salvador, para tornar mais sensível a ideia do inferno, tomou a imagem desse vale, que os hebreus abominavam, dando-lhe precisamente o nome de geena.
 
Na parábola do rico epulão, tão fecunda de ensinamentos e que é tão importuna aos ricos gozadores do mundo, Jesus nos ensinou que o mau uso das riquezas conduz inevitavelmente ao inferno, enquanto as dificuldades e as privações suportadas por amor de Deus levam ao lugar de eterna felicidade. “Havia um homem rico, que se vestia de púrpura, e de linho e que todos os dias se banqueteava esplendidamente. Havia também um mendigo, chamado Lázaro, o qual coberto de chagas, estava deitado à sua porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e ninguém lhas dava; mas os cães vinham lamber-lhe as chagas. “Ora, sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado no inferno. E, quando estava nos tormentos, levantando os olhos, viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio; e, gritando disse: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo, para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nesta chama. E Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te que recebeste os bens em tua vida e Lázaro, ao contrário, males por isso ele é agora consolado e tu és atormentado. E, além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de aí passar para cá. E disse: Rogo-te pois, ó pai, que mandes à casa de meu pai. Pois tenho cinco irmãos para que os advirta disto e não suceda virem também eles para este lugar de tormentos. E Abraão disse-lhe: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Ele, porém disse-lhe: Não, Pai Abraão, mas se algum dos mortos for ter com eles, farão penitência. E ele disse-lhe: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão ainda que ressuscitaste algum dos mortos”. (S. Lucas, XVI, 19-31).
 
Eis aí descrito com vivas cores aquele reino de dor, onde um fogo abrasador e horrível atormentará sem um instante de trégua o mísero condenado: uma gota, só uma gota de água pedia o epulão para mitigar os ardores insuportáveis da sede, e essa gota foi-lhe negada sem dó! Ai! quem de vós, branda aos ímpios o Profeta Isaías, cheio de espanto, quem de vós poderá habitar nesse fogo devorador? nesses ardores sempiternos?
 
Ao final da parábola, acena-se à repugnante incredulidade de tantos infelizes que vivem engolfados nos vícios, não fazendo caso das verdades eternas, nas quais não creriam nem mesmo se aparecesse algum réprobo para lhes atestar a existência do inferno. Qual não será o seu desespero ao verem-se um dia sepultados naquele abismo de tormentos, sem a mínima esperança de saírem de lá?
 
Alhures, Jesus Cristo descreve o juízo universal que ele fará no fim do mundo, e a sentença de eterna condenação que pronunciará contra aqueles que não praticarem as obras de misericórdia para com os seus irmãos, e que serão precipitados no fogo inextinguível, preparado para o demônio e seus sequazes.
 
Quanto temor não causa à alma a consideração deste trecho do Evangelho! Ah! se os libertinos, que negam com tanto atrevimento a vida futura, refletissem um pouco, certamente mudariam de vida! Fruto desta meditação foi aquela poesia tão sublime do Dies irae, que é o gemido de uma alma toda compenetrada do terror do juízo divino e da sorte eterna que a espera depois.
 
“Quando vier o Filho do homem na sua majestade, e todos os anjos com Ele, então se sentará sobre o trono da sua majestade, e serão todas as gentes congregadas diante dele, e separará uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E porá as ovelhas à sua direita, e os cabritos à esquerda.
 
“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era peregrino e recolhestes-me; nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me. Então lhe responderão os justos, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto e te demos de comer; sequioso e te demos de beber? E quando te vimos peregrino, e te recolhemos; nu, e te vestimos? Ou quando te vimos enfermo, ou no cárcere e fomos visitar-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Na verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno que foi preparado para o demônio e para os seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; era peregrino, e não me recolhestes; nu, e não me vestistes; enfermo e no cárcere e não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto, ou sequioso, ou peregrino, ou nu, ou enfermo, ou no cárcere, e não te assistimos? Então lhes responderá, dizendo: Na verdade vos digo: todas as vezes que o não fizestes a um destes mais pequeninos, a mim não o fizestes. E estes irão para o suplício; e os justos para a vida eterna.” (S. Mateus, XXV, 31-46).
 
E para tornar entre o povo mais familiar, diria quase visível o pensamento do inferno, usa a comparação dos rebentos e da videira.
 
“Eu sou a videira e vós os rebentos. O que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora como o rebento, e secará, e enfeixá-lo-ão, e o lançarão no fogo, e arderá.” (S. João, XV, 5-6).
 
Falando depois, dos escândalos, o nosso bendito Salvador, de ordinário cheio de doçura e mansidão toma um tom terrível e os ameaça de condenação eterna.
 
“Ai do mundo por causa dos escândalos! Porque é necessário que sucedem escândalos; mas ai daquele homem pelo qual vem o escândalo! E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor te é entrar na vida manco, do que, tendo duas mãos, ir para o Inferno, para o fogo inextinguível, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
 
E se o teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna coxo, do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno, num fogo inextinguível, onde seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
 
“E se o teu olho te escandaliza, lança-o fora; melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho, do que tendo dois, ser lançado no fogo do inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. Porque todo o homem será salgado pelo fogo, e toda vítima será salgada com sal”. (S. Marcos, IX, 42-48).
 
Santo Tomas explica que esse verme que não morre é o remorso da consciência, que para sempre há de atormentar o condenado no inferno; remorso pelo grande bem que perdeu, ele que tinha tantos meios de se salvar.
 
A expressão será salgado pelo fogo significa que, assim, como o sal conserva as coisas, assim o fogo, no qual os condenados serão imersos, aos mesmo tempo que crucia atrozmente os conserva sempre em vida. Aí o fogo consome, diz S. Bernardo, para conservar sempre. Neste trecho faz-se alusão manifesta aos sacrifícios legais que os hebreus tinham sempre diante dos olhos, e onde estava prescrito que se aspergisse com sal a vítima que era oferecida a Deus: na verdade, os condenados são como vítimas da divina justiça.
 
Eis como Jesus Cristo, prevendo os assaltos que os incrédulos e libertinos dariam ao dogma do inferno, o proclama continuamente no Evangelho. Quanto a nós, permaneçamos inabaláveis em nossa crença, certos da existência do inferno, como da existência do sol, da lua e das outras coisas que nos rodeiam. Deus nô-lo revelou e ensina por meio da Igreja, e a palavra de Deus não falha.


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