Prezados Leitores, Salve Maria!
Estamos publicando novamente o livro do servo de Deus Padre André Beltrami, o qual trata sobre a existência do inferno. Principalmente nos dias atuais, onde muitos não acreditam na sua existência, inclusive católicos. O inferno existe! O mesmo é terrível e eterno! Vamos meditar sobre os novíssimos, para que não sejamos surpreendidos no dia de nossa morte!
Boa leitura e que o Divino Espírito Santo ilumine os nossos leitores para tirar proveito de suas meditações.
Um grande abraço em Cristo!
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O INFERNO EXISTE
Provas e Exemplos
Pelo Servo de Deus Pe. André Beltrami, SDB
IMPRIMATUR: Por comissão especial do Exmo. e Revmo. Sr. Bispo de Niterói
D. José Pereira Alves. Niterói, 1.º de janeiro de 1945. Pe. Francisco
X. Lanna, SS.
PREFÁCIO DO AUTOR
Nos nossos dias, mais que em outros tempos, é necessário lembrar aos
cristãos a existência do inferno, já que muitos vivem como se as
verdades da Fé não existissem. O pensamento do inferno foi sempre
fecundo de generosas resoluções. Quantos abandonaram o pecado e se
entregaram de corpo e alma à pratica da virtude, meditando naquelas
chamas devoradoras, naqueles tormentos horríveis que a língua humana não
pode exprimir! O padre Mestre Avila converteu uma senhora toda entregue
aos pecados e às vaidades do mundo pondo-lhe diante o terrível sempre e
o terrível nunca, sempre sofrer, nunca um instante de alívio. Por isso,
suplico ao bom leitor que, depois de ter lido este opúsculo, o faça ler
aos seus parentes e amigos que vivem afastados de Deus, esquecidos da
sorte infeliz reservada aos ímpios na outra vida. Quem sabe se o
pensamento das chamas eternas não suscite em seus corações um temor
salutar que os determine a mudar de vida! Pode bem ser que os exemplos
narrados contribuam para avivar em seus corações a fé já extinta! E se
unirem também às suas orações para tal fim, estou certo de que Nosso
Senhor lhes tocará o coração e eles voltarão às práticas da religião que
abandonaram.
Na compilação deste livrinho, vali-me especialmente dos trabalhos de
Monsenhor Luiz Gastão, Ségur e do Padre Francisco Xavier Schouppe, que
tão egregiamente trataram desse assunto.
Deus, o qual protesta não querer a morte do pecador, mas que se converta
e viva, abençoe meu pobre trabalhinho e faça de maneira que sirva para a
conversão de tantos transviados e os afaste do caminho da perdição.
Jesus Cristo os estreitará cheio de alegria ao seu Sacratíssimo Coração,
como já fez um dia com o filho pródigo, e os Anjos farão festa e
celebrarão com cânticos de alegria o seu retorno à casa paterna.
Turim – Valsálice
Seminário das Missões – junho de 1897
CAPÍTULO I
A revelação divina demonstra a existência do inferno. Não há verdade tão
inculcada na Sagrada Escritura como a da existência do inferno.
Escritores inspirados falam dele continuamente, para que os homens,
horrorizados com as penas que aí se sofrem abandonem o vício e se deem à
prática da virtude.
Os protestantes, que de nossa santa religião negaram quase todas as
verdades mais difíceis de crer e praticar não souberam desfazer-se do
dogma do inferno, pelo fato de ser frequentemente recordado nas Sagradas
Letras. Por este motivo, uma senhora católica, importunada por dois
ministros protestantes a passar para a reforma, saiu-se com esta sensata
resposta: – “Senhores, fizestes na verdade uma bela reforma,
suprimistes o jejum, a confissão, o purgatório; infelizmente, porém,
conservastes os inferno. Tirai também este e eu serei dos vossos.”
Para não multiplicarmos as citações, deixaremos o Antigo Testamento e
viremos logo ao Evangelho, para ouvir a palavra de Jesus Cristo, que por
bem quinze vezes proclama este lugar de tormentas. E para causar em nós
um temor salutar e dar-nos uma ideia justa do inferno, Ele o chama fogo
inextinguível, trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de
dentes, lugar de tormentos, fornalha de fogo, geena de fogo.
A geena era um vale perto de Jerusalém, onde alguns maldosos hebreus
apóstatas de sua religião, sacrificavam a Moloc os tenros filhos,
expondo-os antes ao fogo. O piedoso rei Josias, para abolir esse bárbaro
costume, fez aterrar o vale, ordenando que se lançasse aí a imundície
da cidade e os cadáveres aos quais fosse negada a sepultura; e como medida
profilática, conservava-se sempre aceso o fogo. O nosso Divino Salvador,
para tornar mais sensível a ideia do inferno, tomou a imagem desse
vale, que os hebreus abominavam, dando-lhe precisamente o nome de geena.
Na parábola do rico epulão, tão fecunda de ensinamentos e que é tão
importuna aos ricos gozadores do mundo, Jesus nos ensinou que o mau uso
das riquezas conduz inevitavelmente ao inferno, enquanto as dificuldades
e as privações suportadas por amor de Deus levam ao lugar de eterna
felicidade. “Havia um homem rico, que se vestia de púrpura, e de linho e
que todos os dias se banqueteava esplendidamente. Havia também um
mendigo, chamado Lázaro, o qual coberto de chagas, estava deitado à sua
porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e
ninguém lhas dava; mas os cães vinham lamber-lhe as chagas. “Ora,
sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão.
Morreu também o rico, e foi sepultado no inferno. E, quando estava nos
tormentos, levantando os olhos, viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu
seio; e, gritando disse: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda a
Lázaro que molhe em água a ponta do dedo, para refrescar a minha língua,
pois sou atormentado nesta chama. E Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te
que recebeste os bens em tua vida e Lázaro, ao contrário, males por isso
ele é agora consolado e tu és atormentado. E, além disso, há entre nós e
vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para
vós não podem, nem os de aí passar para cá. E disse: Rogo-te pois, ó
pai, que mandes à casa de meu pai. Pois tenho cinco irmãos para que os
advirta disto e não suceda virem também eles para este lugar de
tormentos. E Abraão disse-lhe: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Ele,
porém disse-lhe: Não, Pai Abraão, mas se algum dos mortos for ter com
eles, farão penitência. E ele disse-lhe: Se não ouvem a Moisés e aos
profetas, tão pouco acreditarão ainda que ressuscitaste algum dos
mortos”. (S. Lucas, XVI, 19-31).
Eis aí descrito com vivas cores aquele reino de dor, onde um fogo
abrasador e horrível atormentará sem um instante de trégua o mísero
condenado: uma gota, só uma gota de água pedia o epulão para mitigar os
ardores insuportáveis da sede, e essa gota foi-lhe negada sem dó! Ai!
quem de vós, branda aos ímpios o Profeta Isaías, cheio de espanto, quem
de vós poderá habitar nesse fogo devorador? nesses ardores sempiternos?
Ao final da parábola, acena-se à repugnante incredulidade de tantos
infelizes que vivem engolfados nos vícios, não fazendo caso das verdades
eternas, nas quais não creriam nem mesmo se aparecesse algum réprobo
para lhes atestar a existência do inferno. Qual não será o seu desespero
ao verem-se um dia sepultados naquele abismo de tormentos, sem a mínima
esperança de saírem de lá?
Alhures, Jesus Cristo descreve o juízo universal que ele fará no fim do
mundo, e a sentença de eterna condenação que pronunciará contra aqueles
que não praticarem as obras de misericórdia para com os seus irmãos, e
que serão precipitados no fogo inextinguível, preparado para o demônio e
seus sequazes.
Quanto temor não causa à alma a consideração deste
trecho do Evangelho! Ah! se os libertinos, que negam com tanto
atrevimento a vida futura, refletissem um pouco, certamente mudariam de
vida! Fruto desta meditação foi aquela poesia tão sublime do Dies irae,
que é o gemido de uma alma toda compenetrada do terror do juízo divino e
da sorte eterna que a espera depois.
“Quando vier o Filho do homem na sua majestade, e todos os anjos com
Ele, então se sentará sobre o trono da sua majestade, e serão todas as
gentes congregadas diante dele, e separará uns dos outros como o pastor
separa as ovelhas dos cabritos. E porá as ovelhas à sua direita, e os
cabritos à esquerda.
“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde benditos de meu
Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo;
porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber;
era peregrino e recolhestes-me; nu, e me vestistes; enfermo, e me
visitastes; estava no cárcere e fostes visitar-me. Então lhe responderão
os justos, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto e te
demos de comer; sequioso e te demos de beber? E quando te vimos
peregrino, e te recolhemos; nu, e te vestimos? Ou quando te vimos
enfermo, ou no cárcere e fomos visitar-te? E, respondendo o Rei, lhes
dirá: Na verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um
destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. Então dirá também
aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno que foi preparado para o demônio e para os seus anjos; porque
tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de
beber; era peregrino, e não me recolhestes; nu, e não me vestistes;
enfermo e no cárcere e não me visitastes. Então eles também lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto, ou
sequioso, ou peregrino, ou nu, ou enfermo, ou no cárcere, e não te
assistimos? Então lhes responderá, dizendo: Na verdade vos digo: todas
as vezes que o não fizestes a um destes mais pequeninos, a mim não o
fizestes. E estes irão para o suplício; e os justos para a vida eterna.”
(S. Mateus, XXV, 31-46).
E para tornar entre o povo mais familiar, diria quase visível o
pensamento do inferno, usa a comparação dos rebentos e da videira.
“Eu sou a videira e vós os rebentos. O que permanece em mim e eu nele,
esse dá muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não
permanecer em mim, será lançado fora como o rebento, e secará, e
enfeixá-lo-ão, e o lançarão no fogo, e arderá.” (S. João, XV, 5-6).
Falando depois, dos escândalos, o nosso bendito Salvador, de ordinário
cheio de doçura e mansidão toma um tom terrível e os ameaça de
condenação eterna.
“Ai do mundo por causa dos escândalos! Porque é necessário que sucedem
escândalos; mas ai daquele homem pelo qual vem o escândalo! E, se a tua
mão te escandalizar, corta-a; melhor te é entrar na vida manco, do que,
tendo duas mãos, ir para o Inferno, para o fogo inextinguível, onde o
seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
E se o teu pé te escandaliza, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna
coxo, do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno, num fogo
inextinguível, onde seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
“E se o teu olho te escandaliza, lança-o fora; melhor te é entrar no
reino de Deus sem um olho, do que tendo dois, ser lançado no fogo do
inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. Porque todo o
homem será salgado pelo fogo, e toda vítima será salgada com sal”. (S.
Marcos, IX, 42-48).
Santo Tomas explica que esse verme que não morre é o remorso da
consciência, que para sempre há de atormentar o condenado no inferno;
remorso pelo grande bem que perdeu, ele que tinha tantos meios de se
salvar.
A expressão será salgado pelo fogo significa que, assim, como o sal
conserva as coisas, assim o fogo, no qual os condenados serão imersos,
aos mesmo tempo que crucia atrozmente os conserva sempre em vida. Aí o
fogo consome, diz S. Bernardo, para conservar sempre. Neste trecho
faz-se alusão manifesta aos sacrifícios legais que os hebreus tinham
sempre diante dos olhos, e onde estava prescrito que se aspergisse com
sal a vítima que era oferecida a Deus: na verdade, os condenados são
como vítimas da divina justiça.
Eis como Jesus Cristo, prevendo os assaltos que os incrédulos e
libertinos dariam ao dogma do inferno, o proclama continuamente no
Evangelho. Quanto a nós, permaneçamos inabaláveis em nossa crença,
certos da existência do inferno, como da existência do sol, da lua e das
outras coisas que nos rodeiam. Deus nô-lo revelou e ensina por meio da
Igreja, e a palavra de Deus não falha.
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