CAPÍTULO XVIII
Como Santo Antônio preservou da morte um menino que caíra em caldeira de água a ferver
Chegou Santo Antônio a certa vila para pregar, ao tempo em que uma mulherzinha estava com o filho cerca da caldeira, ao pé do lume, a aquecer a água para o banho.
Tão nos ares ela ficou quando soube da chegada do Santo que, houvera de se dizer quase perdeu o tino.
Na pressa de ir ao sermão, pegou no filho, e, pensando deitá-lo no berço, meteu-o na caldeira, e desatou a correr a caminho da igreja.
No fim, ia para voltar a casa, perguntaram-lhe as vizinhas onde deixara o filho. E só então a pobre caiu em si e se acordou que deixara a criança ao pé do lume. E na aflição de que se poderia o filho ter queimado, começou de arrepelar-se e de carpir-se, chamando-se mofina e desgraçada. E numa corrida doida desarvorou para casa. Seguiram-na de perto, também receosas e aflitas, as pessoas que a ouviram.
Pois ao chegar a casa encontrou o menino dentro da caldeira a brincar com as bolhas da água que fervia em cachão.
E todos os que ali foram presentes, se maravilharam e com razão; e em grandes vozes louvaram a Deus e ao glorioso Santo Antônio.
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