20 de dezembro de 2020

THESOURO DE PACIÊNCIA

DA ORAÇÃO DO HORTO


MEDITAÇÃO II


Posto o Senhor em oração, foi tanta sua amargura, tão forte a aflição do seu espirito, que, tendo naturalmente um coração bem largo, e estando em toda a sua vida acostumado aos trabalhos; sendo por outra parte santíssimo, e tendo uma paciência e virtude infinita, não obstante tudo isto, observou-se no Senhor o mais estranho e nunca visto efeito de uma cruelíssima aflição: muda a cor do rosto, o semblante faz-se vermelho, começa um novo suor violento e geral, aparece sangue na testa, sangue nas faces, suam sangue até as mãos, sangue todo o corpo; repassa o suor as vestiduras santas, chega á terra, e não se vê senão sangue sem feridas, sangue saindo á força da aflição por todos os poros do sacratíssimo Corpo. E em que estado estaria o seu coração nesta hora? Pois sabe, alma atribulada, que toda esta aflição que padecia o teu Jesus, é por teu respeito. Mede agora uma aflição com outra, e conhecerás quanto deves ao teu Deus e quão pouco te deve Ele a ti: se a tua agonia te faz chorar lagrimas, a de teu Jesus o fez suar sangue; se a tua pena te fere o coração, quanto mais aflito estaria por tua causa o do Senhor nesta ocasião! Ah! filho meu! crê firmemente que, se é amargo o cálix que o Eterno Pai te dá a provar, muitas mais vezes tinha, sem comparação, o que, por teu amor, deu a beber a seu Unigênito Filho. Prostra-te, pois, aos pés de Jesus Cristo no Horto, e dize: Senhor, aqui tendes o meu coração, aqui o tendes: apertai-o quanto quiserdes, até derramar sangue, se for vossa vontade, já que tão apertado esteve o vosso a meu respeito.

JACULATÓRIA-

Meu Deus, tende o meu coração seguro na vossa mão, e apertai-o quanto quiserdes.

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