8 de novembro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Corpo da Virgem Santíssima


Parte 4/6

Queres ter inteligência de anjo? Pede antes ao céu coração de anjo.
Nada aclara tanto a inteligência como o perfume das açucenas, disse um escritor moderno. A lei do prazer, se é possível, causa ainda maiores estragos na vontade. A vontade deve ser a rainha das faculdades humanas. Deve mandar na inteligência, na imaginação e nos sentidos.
E essa vontade, que se robustece com o exercício do seu domínio, enfraquece-se com a abdicação da sua autoridade.
Os sentidos gritam: queremos prazer. E a vontade cobarde condescende. Então a que devia ser rainha dos sentidos converte-se em sua escrava.
Efeito dessa escravidão, é esse rebanho de homens abúlicos, vítimas de todas as paixões, incapazes de se imporem um sacrifício, impotentes para tomarem uma decisão enérgica.
Homens aos quais não se pode confiar um assunto de responsabilidade, uma empresa que exija algum esforço. Homens sem caráter. Homens do perpétuo "quereria" que nunca se converte em "quero".
A essa raça de abúlicos pertencem a multidão de jovens indolentes que só respondem sim, quando o prazer chama às portas dos seus sentidos. Que têm sempre nos lábios o gesto do desgosto quando a mais leve contrariedade por eles roça ligeiramente; que não se importam de manchar a sua alma com um pecado imortal, se a preguiça ou a temperatura desagradável lhes exige um pequeno esforço para ouvirem a missa aos domingos.
Jovens que dão como razão suprema dos seus atos: apetece-me ou não me apetece.
A essas jovens escravas do prazer pedi-lhes caridade, pedi-lhes amor aos pobres! . . .
  Os pobres... que repugnância! Se entrassem num hospital cairiam desmaiadas à porta de algumas salas de doentes.
A essas jovens pedi-lhes apostolado difícil, sacrificado . . . Quando muito, dar- vos- ão uma moeda para que não as incomodeis e as deixeis em paz. Com isso contribuem para o apostolado. Mas sacrifício pessoal . . .
O ritmo voluptuoso dum baile, os estofos do cinema ou do teatro, é esse o posto dessas almas moles; não as procureis nas avançadas da virtude e do apostolado.
Dessas jovens, que hoje são legião, que são maioria absoluta, saem as modernas esposas, as mães modernas. Mães?! Estou em dizer que mães, não. Porque a palavra mãe significa dor, significa martírio; e a dor e o martírio horroriza-as.
Que ideal levam para o matrimônio? O ideal do prazer que regeu a sua vida. Prazer sem dor.
Por isso, renunciarão aos trabalhos da maternidade, frustarão os planos de Deus sobre o seu lar.
Quando muito, admitirão na sua casa um bonequito para se divertirem, um ser que será tão desgraçado como elas. 
Nem mães, nem sequer esposas. Porque uma esposa é uma dona de casa e essa jovem quando se casa continua a gozar, continua a divertir-se e deixa a casa na mão das criadas.
Lei do prazer, maldita lei do prazer, lei imposta pelas paixões, lei que arruína as almas, que arruína os lares, que arruína as nações. De um povo efeminado, criado no prazer, a pátria não pode esperar grandes glórias.
 O corpo pode ser instrumento do mal e instrumento do bem. O corpo amimado, ataviado, é instrumento de todos os vícios. O corpo mortificado pode ser instrumento de todas as virtudes.

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