[Sermão] São José, Pai Virginal de Cristo e Esposo de Maria Virgem
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Dois títulos de São José demonstram a sua enorme grandeza. Títulos que correspondem, claro, ao que ele foi verdadeiramente. Esposo de Maria Santíssima e Pai Virginal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se consideramos essas duas coisas em São José, podemos entrever a sua grandeza. Sua grandeza que está na sua santidade. Todo o resto em São José decorre de sua paternidade e de seu matrimônio, como a fruta madura decorre da árvore boa. Por ser esposo de Maria Santíssima e Pai Virginal, adotivo, nutrício de Cristo, São José está intimamente ligado ao mistério da encarnação, atrás apenas de Nossa Senhora.
São José exerceu sobre Jesus os direitos de um verdadeiro pai, do mesmo modo que tinha os direitos e deveres de esposo para com Maria, ainda que tenha renunciado ao exercício de alguns direitos próprios do matrimônio. Nossa Senhora, ao encontrar o Menino Jesus no Templo em Jerusalém, depois de três dias buscando-o, diz: “Eis que teu pai e eu te procurávamos.” Nossa Senhora chama São José de pai, prova certa de que Cristo o chama de pai. Que glória a de São José! O Evangelho nos diz claramente que São José era o esposo de Maria, de quem nasceu Jesus, chamado Cristo. Que glória a de São José: pai adotivo de Jesus Cristo e verdadeiro esposo de Maria Virgem.
Considerando essas funções de São José, podemos ter uma pálida ideia do que foi a sua santidade aqui na terra. Deus dá a cada um a graça proporcional para a missão que lhe é confiada. Depois da função de mãe de Deus, a função mais excelsa é a função de esposo da mãe de Deus e de Pai adotivo do Verbo Encarnado. Em razão dessa dupla função, a santidade de São José é imensa, a maior depois da santidade de Nossa Senhora. Além disso, Deus faz as coisas proporcionais: poderia São José ter uma santidade somente grande e conviver tão proximamente coma Santidade Encarnada e com Nossa Senhora? Uma Santidade grande seria ainda desproporcional e daria à Sagrada Família um quê de inconveniente. Portanto, a santidade de São José era imensa, a maior dos homens que já existiram, atrás apenas da santidade de Nossa Senhora. São João Batista é o maior dos homens no sentido de ser o maior dos profetas, como explicado no Evangelho de São Lucas. São José é maior dos homens, sem mais. É o mais santo.
Se o patriarca José, um dos filhos de Jacó guardava os tesouros do faraó, e por isso era estimado e reconhecido por sua sabedoria, quanto mais São José, que guardou o próprio Deus e a Mãe de Deus? Esse argumento da ordem e da proporcionalidade com que Deus faz as coisas nos permite também dizer que São José não era um idoso em idade avançada. Se fosse, a Sagrada Família seria motivo de estranheza, o que não convém. São José era um homem formado, mas com idade conveniente para casar com a jovem Maria.
Tem como descrever o progresso na santidade de São José em virtude do contato com Jesus e com Maria? Ele não recebia os sacramentos. Era o próprio autor dos sacramentos que estava em contato com ele. Que progressos não teria com esse contato tão próximo? São José é o modelo de virtude para o homem. E brilham nele, primeiramente, as virtudes da vida escondida, que levavam em Nazaré: a pureza, a humildade, o desapego dos bens desse mundo, a paciência, a prudência, a fidelidade. A fé vivíssima, a esperança firmíssima e a caridade ardentíssima.
São José, sendo o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e o esposo de Maria, é também o patrono da Igreja Universal. Foi proclamado como tal pelo Papa Pio IX no decreto Quemadmodum Deus, em razão dos pedidos insistentes dos bispos reunidos no Concílio Vaticano I. Se ele foi o protetor da Sagrada Família em Nazaré, continua sendo o protetor da família fundada por Jesus Cristo, que é a Igreja Católica. São José prossegue no seu ofício de velar por Cristo, agora em seu Corpo Místico, que é a Igreja.
São José é também o patrono dos agonizantes. Ele teve a morte mais desejável: entre os braços de Cristo e de Maria. A piedade popular rapidamente viu o patrocínio de São José para os moribundos e comprovou a sua eficácia no momento da morte de seus devotos. Na ladainha de São José, aprovada pelo Papa Pio XI, lá está o título de Padroeiro dos agonizantes ou moribundos.
Toda alma católica deve ser devota de São José, em virtude de sua excelência em virtude de sua função enquanto esteve em vida e em virtude de sua função agora no céu, como Patrono da Igreja, principalmente. São imensas as graças que São José pode nos alcançar. Graça de pureza em meio a esse mundo cada vez mais corrompido. Graça de contemplação nesse mundo cada vez mais agitado. Graça do desapego nesse mundo, para buscarmos nosso tesouro em Deus, nesse mundo cava vez mais materialista. Graça de cumprir bem nossos deveres de estado, também o nosso trabalho em um mundo cada vez mais negligente com tudo. Graça de mansidão, de paciência. Devemos, porém, pedir também grandes graças para a Igreja. Muitas vezes, pedimos s São José somente coisas materiais. Não é ruim e o glorioso pai virginal de Jesus nos atende, mas peçamos também graças mais excelentes e peçamos graças para toda a Igreja, sobretudo nesses tempos tão confusos dentro da Igreja. Devemos ser mais generosos nos nossos pedidos a São José e será ele generoso para conosco.
Ite ad Joseph. Era o que diziam no Egito no tempo das vacas magras. Ide a José, filho de Jacó rejeitado pelos seus irmãos, para alcançar aquilo que ele prudentemente guardou da época das vacas gordas. Ite ad Joseph, pois o faraó tinha confiado a administração de seu reino a José, tinha-o constituído o despenseiro de todos os seus bens. A Igreja nos diz agora: Ite ad Joseph. Ide a José. Não ao patriarca para obter somente bens desse mundo, mas ao Pai de Jesus, ao Esposo de Maria Virgem, ao Patrono da Igreja Universal. Ite ad Joseph. Ide a José, com confiança. Ele ajudará nas coisas mais simples e nas coisas mais importantes. Ele ajudará nos bens materiais. Ele ajudará no matrimônio. Ele ajudará na crise da Igreja. Ite ad Joseph. Ite ad Joseph. Ide a José. A São José.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
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