XIV
SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS, DO PRETÓRIO AO CALVÁRIO
A PAIXÃO constitui o «santo dos santos» dos mistérios de Jesus. É o termo da Sua vida pública, a culminância da Sua missão neste mundo, obra para a qual todas as outras convergem ou da qual tiram o seu valor e eficácia.
Todos os anos, na Semana Santa, a Igreja comemora passo a passo as suas diversas fases: todos os dias, no Santo Sacrifício da Missa, renova a sua memória e realidade para nos aplicar os seus frutos. Com este ato capital da Liturgia relaciona-se uma prática de piedade que, sem fazer parte do culto público oficial, organizado pela Esposa de Jesus Cristo, se tornou, em virtude da abundância de graças de que é fonte, muito querida das almas piedosas. É a devoção à Paixão de Jesus, sob a forma muito conhecida da Via Sacra.
A preparação imediata, feita pelo Salvador para a Sua oblação de Pontífice no Calvário, foi levar a cruz do Pretório até ao Gólgota, vergado ao peso de sofrimentos e opróbrios.
Com certeza que a Virgem Maria e os primeiros cristãos percorreram piedosamente mais de uma vez este mesmo itinerário, regando de lágrimas os lugares santificados pelos sofrimentos do Homem Deus.
Sabeis com que entusiasmo e devoção os fiéis do Oriente, na Idade Média, empreendiam a longa e penosa romagem aos Lugares Santos para venerarem as pegadas ensanguentadas do Salvador; a sua piedade alimentava-se numa fonte fecunda de graças de inestimável valor. De regresso às suas terras, esforçavam-se por conservar carinhosamente a lembrança dos dias passados em Jerusalém na oração. Veio-se assim, sobretudo desde o século XV, a reproduzir mais ou menos por toda a parte os santuários e «estações» da cidade santa. Deste modo, a devoção dos fiéis satisfazia-se com uma peregrinação espiritual, que podia repetir à vontade. Mais tarde, em época relativamente recente, a Igreja enriqueceu esta prática com as mesmas indulgências que ganham aqueles que percorrem as «estações» em Jerusalém.
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