10 de fevereiro de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth

Conferência IX


Parte 6/7


Quase não se pode acreditar quanto esta união completa das almas dos esposos faz jorrar no homem e na mulher forças preciosas. Há homens que chegaram à perfeição de suas capacidades, e de suas energias, porque encontraram uma esposa que os compreendia, colocando-se ao seu lado com o entusiasmo de um amor silencioso. Esposas que tinham uma confiança absoluta em seus maridos compreendiam seus fins, encorajavam-nos em seu caminho, faziam desaparecer as rugas de sua fronte fatigada, e compartilhavam de seus sucessos. Há grandes homens que a história glorifica com justiça, pelos seus altos feitos, mas se quisermos ser justos, seriamos obrigados a recordar o mérito que lhe advém de suas esposas.
O inverso também é verdade. Muito deve agradecer a alma tímida e receosa da mulher a energia de uma alma viril. Como chega ela, facilmente, ao seu completo desenvolvimento, quando se une ao amor robusto de um esposo que bem a compreende! Muita razão tinha o escritor francês quando assim fazia falar um de seus personagens: " Se eu tivesse naquele instante ao meu lado, uma esposa amorosa como me teria elevado! Entregue, porém, a mim mesmo, não pude conservar bastante confiança em mim. É preciso que haja uma testemunha de nossos esforços. Alguém que anote os golpes, conte os pontos, e ponha a coroa sobre nossa fronte, tudo como outrora, na época da distribuição dos prêmios, braços carregados de livros, eu procurava entre a multidão os olhos de minha mãe"... (Mauriac, Le Noeud de Vipéres).
Pode haver ainda alguém que não compreenda por que é preciso a indissolubilidade do casamento?
c - Há ainda outra coisa. Entre os dois esposos não deve haver segredos, devem manifestar, um ao outro, suas tristezas, como nunca se faz diante de outro homem. Isto pertence à essência do casamento. Não serão, porém, capazes disto, senão na certeza de que esta confiança e este dom de si durarão perpetuamente. Esta confiança desapareceria no momento em que surgisse apenas o receio de uma transformação, receio de que aquele em que depositais total confiança possa um dia ser vosso inimigo, pior que um estranho, porque poderia fazer mau uso, em público, da confissão feita no momento de absoluta confiança.
São exageros? Quem não quiser crer, leia, se tiver coragem, os aborrecidos depoimentos, feitos pelos esposos, um contra o outro, no processo de divórcio. Como podem ser tão grosseiros, mesquinhos e cruéis!
d - Deixai-me, ainda, lembrar uma outra ideia. Não esqueçamos o valor educativo do casamento indissolúvel. A ideia de indissolubilidade afasta e domina os caprichos e os defeitos, enquanto a possibilidade do divórcio não faz senão crescer o número de casamentos infelizes, e de discórdias. A convicção de que os esposos estão unidos um ao outro para sempre leva-os a ser indulgentes, a se perdoarem mutuamente, a pacificarem imediatamente as inevitáveis pequenas ou grandes discórdias, a aplainar as dificuldades e a agir como prescreve São Paulo: "Que o sol não se ponha sobre vossa ira" (Ef 4, 26).
É pois preciso contar com a natureza humana inclinada ao pecado. Se se pode divorciar, se há razão suficiente para isto, porque "não se suportam mais um ao outro", como apareceria logo no horizonte uma terceira pessoa, objeto de paixão, que leva aos antigos esposos a verificarem que não mais se podem aturar. A impossibilidade do divórcio é o melhor juiz de paz nestes casos. Como é fácil vencer a tentação sedutora, quando se lhe pode responder: É inútil, não nos podemos divorciar. Não nos podemos separar; então vale mais entender-nos melhor.

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