9 de janeiro de 2010

Primeiro colóquio entre a Alma e Jesus Sacramentado, para recolher-se antes e após a Comunhão

Jesus convida a Alma ao delicioso banquete de Seu Corpo.

Eu, Rei Supremo, preparei e dispus uma esplêndida Ceia para Meus convidados, na Qual não lhes dou outro manjar que Minha Carne, nem outra bebida que Meu Sangue. Vem, pois, ó Alma querida, a Este Meu real convívio, e, se uns se escusam por umas poucas folhas da vinha de seus apetites e outros pelos brutais desejos de seus deleites, não sejas tu do número dos néscios. Olha bem, que nada fere tanto Meu coração quanto ver tantos ingratos ao Meu amoroso e cortês convite. (Continua)

Senta-te, pois, co'Migo nesta mesa. Vês Este Pão? Que conceito forma d'Ele o teu entendimento? Deixas-te, porventura, enganar pelos teus sentidos, porque O vês coberdo por Esses frágeis acidentes? Digo-te, pois, de verdade, que Esta é a Minha Carne viva, e Este é o Meu Sangue puríssimo. Eu desejo viver contigo a mesma vida, encerrar-Me dentro do teu coração, entranhar-Me em tuas entranhas. Esta ânsia de estar contigo Me fez descer do Céu e esconder-Me sob a cortina dessas espécies, para que não te atemorize Minha infinita Majestade. Eu saí, sem Me separar do delicioso peito de Meu Eterno Pai, e, de modo admirável, que tu não podes compreender, transformei-Me n'Este pouco de Pão, para que, comendo-Me tu, possas dizer que Eu sou teu alimento, e tu és Minha substância. O amor reduziu-Me a tanto excesso, e o mesmo amor triunfou em Mim.
Já desde aquela Eternidade, ardia Eu em vivos desejos de fazer-Me uma mesma coisa contigo n'Este amoroso Sacramento; de fazer-te partícipe de Minha Divindade e todos Meus atributos. Aqui tens, pois, transformado e oculto teu Deus, teu Criador e teu amante Jesus Sacramentado. Aqui tens, ó Alma, Este Divino Pelicano Que abre e fere Seu peito, para que vivas dentro dele e te alimentes com Seu Sangue. Recusas entrar dentro de Mim, ou que Eu entre dentro de ti? Recusas comer Este manjar, Que é o mesmo Deus? Foges de chegar tua boca a Esta Carne e beber Este Sangue? Já não o recuses, que é Carne e Sangue de Deus.
Vivem os Serafins, e viverão eternamente, sedentos de provar uma só partícula de Meu Corpo, uma só gota de Meu Sangue, e a ti O ofereço todo nesta mesa. Este é Aquele mesmo Sangue Que eu tomei do puríssimo coração de Minha Sacratíssima Mãe para vestir-Me da natureza humana. Com Este Sangue, concebeu-Me, com Este Sangue, convertido em Seu virginal leite, alimeitei-Me. Olha, pois, que Esta Carne de Jesus é também carne de Maria. Considera que, chamando-te eu a esta mesa para receber dentro de ti Meu Corpo, também te convida Minha Mãe a pôr em Seus puríssimos peitos teus lábios.
Considera que favor tão singular seria se Esta Rainha de todo o criado, Que vive e reina co'Migo e reinará por toda uma eternidade, descesse de Seu Imperial Trono para instilar em teus lábios o suavíssimo néctar de Seu leite, como o fez, numa ocasião, com Seu dulcíssimo Capelão Bernardo! Digo-te, pois, que, comendo tu Minha Carne Sacramentada, gozas, de certo modo, do mesmo favor e prerrogativa. Minha Divina Fé te ensina que Eu, na terra, não tive pai, e que só Esta Mãe Puríssima Me deu o ser humano, deu-Me a Carne, deu-Me o leite e deu-Me o Sangue, de sorte que tudo o que Eu tenho de homem é de Maria Virgem. Se, pois, Eu te ofereço aqui toda a Minha Humanidade Sacramentada, bem podes estar certo que, n'Este precioso banquete de Meu Corpo, és chamado a comer com o Filho e com a Mãe.
Ó, quanto deve animar-te a chegar a uma mesa na qual podes contemplar que, de modo misterioso e incompreensível, assiste Minha piedosa Mãe, Que só sabe compadecer-se das faltas alheias nos banquetes. Logo que viu que, nas Bodas de Caná, faltava vinho aos convidados, moveram-se Suas entranhas à piedade. Se te achas, pois, sem o vinho do amor e da compunção, toma-A com confiança por Intercessora, para que não saias famindo nem sedento de Minha mesa. Chega, pois, que te retarda? O temor? Eu, aqui, não atemorizo monstros, como no Egito, nem fulmino raios, como no monte, nem tomo na mão os açoites para lançar do Templo quem Me ultraja. Aqui estou inerme, pacífico, emudecido e só abrasado por ti de amor.
Prova, pois, Este Pão vivo, Que te dá a vida. Que te detém? O mundo, os deleites e as criaturas? Olha que d'Este Pão só vive o homem, n'Ele acharás todas as delícias do Céu, tudo quanto tem e pode dar-te um Deus. Prepara esse coração, que Eu só desejo para Meu Trono. Eu, em Minha glória, tenho todas as Hierarquias Celestiais a Meus pés, mas Minhas delícias são uma Alma pura e bem disposta. Quando estava no Virginal Seio de Minha Amantíssima Mãe, que imaginas tu que era Meu maior regalo? Porventura ver-Me naquele tálamo mais resplandecente que o sol e mais fragrante que uma rosa? Não. O que mais deleitava era ver o candor de Seus afetos, a pureza de Seus pensamentos e o fervor de Suas virtudes. Mais apreciava um só ato de amor do Seu coração, que toda a grandeza e excelência de Suas prerrogativas. Pois se tu, para receber-me, soubesses purificar bem teus afetos e abrasar-te todo em Meu amor, seria para Mim tua morada o mais ameno jardim.
Ah! coração humano, atrativo forte do coração Divino! Atrais-Me a ti, e depois foges de Mim. Eu, nestes Sacrários, estou dia e noite chamando-te e convidando-te com Meu peito aberto, donde brota perenemente a fonte de minhas misericórdias. Nesta chaga de Meu peito, convido-te a beber Aquele mesmo Sangue Que Eu derramei no Calvário, por teu amor. Agora não é necessário que Me vejas pendente duma Cruz, transpassado com cravos e coroado de espinhos. Tudo quanto lá fez o ódio dos homens, aqui faz o amor Divino. Abre-Me também teu peito, aonde vem buscar seguro albergue Aquele Que não cabe no vasto espaço dos Céus. Abre-Me esse coração, aonde quer entrar Aquele Que sai do coração do Seu Eterno Pai. Eu sou Seu Divino Verbo, delicioso parto de Seu entendimento, e Deus como Ele de infinita Majestade. Aqui venho, com este engenhoso disfarce, buscar-te para unir-Me a ti e para que tu vivas em Mim.

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