9 de setembro de 2013

Confiança! - Pe. Thomas de Saint Laurent - 20

O Livro da Confiança

Pe. Thomas de Saint Laurent


Capítulo V - Razões da confiança em Deus

I - A Encarnação do Verbo

O sábio constrói a casa sobre o rochedo: nem inundação, nem chuvas, nem tempestades a poderão lançar por terra. Para que o edifício da nossa confiança resista a todas as provas, preciso é que se eleve sobre bases inabaláveis.

“Quereis saber, diz São Francisco de Sales, que fundamento deve ter a nossa confiança? Deve basear-se na infinita bondade de Deus e nos méritos da Morte e Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, com esta condição da nossa parte: a firme e total resolução de sermos inteiramente de Deus e de nos abandonarmos completamente e sem reservas à sua Providência” (48).
 
As razões de esperança são demasiado numerosas para que possamos citá-las todas. Examinaremos aqui somente as que nos são fornecidas pela Encarnação do Verbo e pela Pessoa sagrada do Salvador. De resto, é Cristo em verdade a pedra angular (49) sobre a qual principalmente deve apoiar-se a nossa vida interior.
 
Que confiança nos inspiraria o mistério da Encarnação, se nos esforçássemos por estudá-lo de maneira menos superficial!...
 
Quem é essa criança que chora no presépio, quem é esse adolescente que trabalha na oficina de Nazaré, esse pregador que entusiasma multidões, esse taumaturgo que opera prodígios sem conta, essa vítima inocente que morre na Cruz?
 
É o Filho do Altíssimo, eterno e Deus como o Pai... é o Emanuel desde tanto tempo esperado; é Aquele que o Profeta chama o “Admirável, o Deus forte, o Príncipe da paz” (50).
 
Mas Jesus - disto nos esquecemos freqüentemente - é nossa propriedade. Em todo o rigor do termo, Ele pertence-nos; é nosso; temos sobre Ele direitos imprescritíveis, pois o Pai celeste no-Lo deu. A Escritura assim o afirma: “O Filho de Deus nos foi dado” (51).
 
E São João, no seu Evangelho, diz também: “Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho Unigénito” (52).
 
Ora, se Cristo nos pertence, os méritos infinitos dos seus trabalhos, dos seus sofrimentos e da sua morte pertencem-nos também. Sendo assim, como poderíamos perder a coragem? Entregando-nos o Filho, o Pai do Céu deu-nos a plenitude de todos os bens. Saibamos explorar largamente esse precioso tesouro.
 
Dirijamo-nos, pois, aos Céus com santa audácia; e, em nome desse Redentor que é nosso, imploremos, sem hesitar, as graças que desejamos. Peçamos as bênçãos temporais e sobretudo o socorro da graça; para a nossa Pátria solicitemos paz e prosperidade; para a Igreja, calma e liberdade.
 
Essa oração será certamente atendida.
 
Assim agindo, não fazemos nós um negócio com Deus? Em troca dos bens desejados, oferecemos-Lhe o seu próprio Filho unigênito. E nessa transação Deus não pode ser enganado: dar-Lhe-emos infinitamente mais do que dEle receberemos.
 
Essa oração, pois, se a fizermos com a fé que transporta montanhas, será de tal sorte eficaz que obterá, se preciso for, mesmo os prodígios mais extraordinários.

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48 ) Les vrais entretiens spirituels. Ed. de Annecy, t. VI, p. 30.
49 ) Cf. Atos, IV, 11.
50 ) Isaías, 9, 6.
51 ) Filius datus est nobis. Isaías, IX, 6.
52 ) Jo. 3, 16.

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