11 de setembro de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 390

TERRÍVEL REMORSO

Foi em agôsto de 1860. Uma jovem senhora, vestida de luto, viajava entre Civittavechia e Marselha. Estava pálida e triste. Assentada numa preguiceira, olhava, ora para o céu estrelado, ora para as ondas do mar e grossas lágrimas deslizavam-lhe pelas faces.
Um jovem senhor, Augusto Prenni, alma fervorosa e cândida, aproxima-se da angustiada senhora e, com suma delicadeza, procura um lenitivo para aquêle coração ferido.
A jovem senhora, ouvindo aquelas meigas palavras, abre-lhe o coração. "Vós só, diz, sabereis o secreto remorso de meu coração. Tive uma irmã, chamada Adélia, inocente e piedosa, um verdadeiro anjo. Contava então 15 anos, quando eu, já corrompida pelas más leituras, um dia no papel de demônio tentador e arrastei-a ao pecado. Foi o primeiro e o último pecado de minha pobre Adélia, a qual no entanto continuava a ser o encanto da família: piedosa, simples, pura.
Aos l7 anos, acometida de terrível enfermidade, foi em breve reduzida às últimas. Depois de receber o Santo Viático e os últimos confortos da Religião, chamou-me:
- Ermelinda, venha cá.
Corri ao seu leito. Ela, com sua mão gelada, apertou a minha mão e, fitando-me com olhar moribundo, disse:
- Ermelinda, lembras-te daquele pecado?
- Lembro-me, sim mas já te confessaste, já fôste perdoada . . .
- Não - respondeu ela - nunca o confessei; com aquêle pecado fiz tantas confissões sacrílegas e sacrìlegamente comunguei, agora, neste leito de morte. Aquêle pecado, meu primeiro e último pecado, está aqui no meu coração. Vou morrer e por causa dêle me condeno; mas ai de ti! ai de ti!
Apertou-me com mais fôrça a mão e expirou. . .
Daquele instante para cá não tive mais sossêgo. Parece-me sempre ver a minha pobre Adélia no meio das chamas eternas; parece-me ouvir o seu derradeiro brado: "Ai de ti!"

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