23 de setembro de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 402

TOMA ÊSTE CÁLICE... ENCHE-O DE ÁGUA

Meninos, ouvi. Sabemos que era um jovem e que cometera pecados horríveis. Mas tinha fé e, às vêzes, punha-se a pensar na hora da morte e na eternidade... e aquêle jovem sentia que o desespêro o arrastava à condenação eterna.
De vez em quando sentia um desejo ardente de voltar ao bom caminho, de converter-se a Deus, de fazer penitência. Entretanto, do fundo da alma parecia que uma voz lhe gritava:
- Não há perdão para ti.
Ao passar um dia por uma igreja, não pôde vencer o desejo de entrar. Qualquer coisa o atraía. E acertou encontrar-se diante do Cristo crucificado. Rezou e com os olhos rasos de lágrimas, disse:
- Senhor,haverá ainda misericórdia para mim?
E ouviu uma voz que lhe dizia:
- Teus pecados serão perdoados, quando tiveres chorado muito.
- Senhor - replicou o jovem - chorarei tôda vida; mas quisera ter certeza de que chorei bastante e de que me perdoaste.
Então o divino Crucificado,estendendo a mão, entregou-lhe um cálice e disse:
- Toma-o. Quando o encheres de água, será sinal de que teus pecados te foram perdoados.
Tremendo de comoção tomou o penitente o precioso cálice.
Pouco distante dali havia uma grande pedra. Das entranhas daquela rocha brotava uma fonte.
- No jato daquela fonte encherei o meu cálice.
Subiu ao alto do morro. Acercou-se da rocha. Encostou o cálice à água, mas... a fonte secou.
- Secou-se a fonte - diz consigo o pecador- mas não secará a torrente que corre atrás daquelas montanhas.
E subiu aos montes e desceu aos vales e, por fim, chegou à suspirada torrente. Mas, quando quis encher o cálice... a torrente secou.
- Secou-se a fonte e secou-se a torrente - murmurou o jovem; certamente quer Deus que eu faça penitência e busque com trabalhos e suores a água do perdão. Detrás daqueles montes, do outro lado destas terras, está o mar. Secou-se a fonte secou-se a torrente. . . não secará o mar. Nas águas salgadas do mar encherei o meu cálice.
E pôs-se a caminho. Andou muito através de campos, montes e vales e, finalmente, do alto da gigantesca serra contemplou o mar distante- O' mar - exclamou- és a minha esperança... em tuas águas inesgotáveis encherei o meu cálice.
E desceu e correu ansiosamente... Já estavam muito perto as praias do mar. Dá um grito de alegria e avança com o cálice na máo para enchê-lo nas ondas que vinham beijar-lhe os pés... Mas, de repente, vê com horror que as ondas se afastam e fogem e o mar retroce diante d'êle... Cai de joelhos o pobre jovem e não se atreve a erguer os olhos ao céu; inclina a cabeça e rompe em copioso pranto de arrependimento.
Chorou muito, muito. Quando voltou a si, quando quis enxugar a última lágrima de seus olhos inflamados,  viu que o cálice estava cheio de água, de água de suas lágrimas...
Aí está: essa é a água que lava nossas almas e nos obtém o perdão.

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