O Livro da Confiança
Pe. Thomas de Saint Laurent
Capítulo III - A Confiança em Deus e as necessidades temporais
V - Rezar pelas nossas necessidades temporais
A confiança, como acabamos de descrevê-la, não nos desobriga da prece. Nas necessidades temporais, não basta esperar os socorros de Deus; faz-se mister ainda pedir-Lhos.
Jesus Cristo deixou-nos no Pai-Nosso o modelo perfeito de oração; ora, aí Ele faz-nos pedir o “pão de cada dia”: “Panem nostrum quotidianum da nobis hodie”.
Não descuidamos com freqüência deste grande dever? Que imprudência e que loucura!.. Privamo-nos assim, por leviandade, da proteção celeste, a única soberanamente eficaz. Os capuchinhos, diz a tradição, nunca morrem de fome, porque recitam sempre piedosamente o Pai-Nosso. Imitemo-los, e o Altíssimo não nos deixará à míngua do necessário.
Peçamos, pois, o pão quotidiano. É uma obrigação a nós imposta pela fé e pela caridade para com nós mesmos.
Poderemos, porém, elevar as nossas pretensões e pedir também a riqueza? Nada a isso se opõe, contanto que essa prece se inspire em motivos sobrenaturais e fiquemos bem submissos à vontade de Deus. O Senhor não proíbe a expressão dos nossos desejos; pelo contrário, quer que procedamos filialmente para com Ele. Não esperemos, no entanto, que Ele se curve às nossas fantasias; a sua própria bondade a isso se opõe. Deus sabe o que nos convém. Só nos concederá os bens da terra se eles puderem servir à nossa santificação.
Entreguemo-nos completamente à direção da Providência, e digamos a prece do Sábio: “Não me dês nem a pobreza, nem as riquezas; dá-me somente o que for necessário para viver; para que não suceda que, eu te renegue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, constrangido pela pobreza me veja forçado a roubar, ou a blasfemar contra o nome do meu Deus” (40).
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40 ) Provérbios, 30, 8-9.
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