O Livro da Confiança
Pe. Thomas de Saint Laurent
Capítulo VI - Frutos da Confiança
IV - Exemplos dos Santos
Os Santos rezavam com essa confiança, e por isso Deus mostrava-se a respeito deles de uma liberalidade infinita.
O Abade Sisoïs, segundo narra a Vida dos Padres, rezava um dia por um dos seus discípulos que a violência da tentação tinha abatido. “Queirais ou não, dizia a Deus, não Vos deixarei antes de o terdes curado”. E a alma do pobre irmão recobrou a graça e a serenidade (80).
Nosso Senhor dignou-se revelar a Santa Gertrudes que a sua confiança fazia tal violência ao Divino Coração, que Ele era forçado a favorecê-la em tudo. E acrescentou que, assim agindo, satisfazia às exigências da sua bondade e do seu amor por ela. Uma amiga da Santa orava desde algum tempo sem nada obter. O Salvador disse-lhe: “Diferi a concessão do que Me pedes, porque não confias na minha bondade como a minha fiel Gertrudes. A ela nunca recusarei nada do que Me pedir” (81).
Eis, enfim, segundo o testemunho do Bem-aventurado Raimundo de Cápua, seu confessor, como rezava Santa Catarina de Siena.
“Senhor, dizia, não me afastarei de junto dos vossos pés, da vossa presença, enquanto a vossa bondade não me tiver concedido o que desejo, enquanto não Vos aprouver fazer o que Vos peço”.
“Senhor, continuava, eu quero que me prometais a vida eterna para todos aqueles que amo”.
Depois de uma audácia admirável, estendia a mão para o Tabernáculo: “Senhor, acrescentava, ponde a vossa mão na minha! Sim! dai-me uma prova de que me dareis o que Vos peço!...”
Que esses exemplos nos incitem a nos recolhermos no fundo da alma; examinemos um pouco a consciência. Com um piedoso autor, dirijamos a nós mesmos a pergunta seguinte: “Teremos posto nas nossas preces uma confiança total, um pouco desse absolutismo da criança que solicita da mãe o objeto que deseja? O absolutismo dos pobres mendigos que nos perseguem, e que, à força de importunação, conseguem ser atendidos? Sobretudo, o absolutismo, ao mesmo tempo tão respeitoso e tão confiante, dos Santos nas suas súplicas?...” (82).
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80 ) Vita Patrum lib. VI.81 ) Saint-Jure: De la connaissance et de l'amour de Jésus-Christ, t. III, p. 27.
82 ) Sauvé, Jésus intime, t. II, p. 428.
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