13 de setembro de 2013

Confiança! - Pe. Thomas de Saint Laurent - 24

O Livro da Confiança

Pe. Thomas de Saint Laurent


Capítulo VI - Frutos da Confiança

II - Atrai sobre as almas favores excepcionais

“Não percais, pois, a vossa confiança, à qual uma grande recompensa está reservada”, diz o Apóstolo São Paulo (62).
 
Essa virtude, com efeito, traz tão grande glória a Deus, que atrai necessariamente para as almas favores excepcionais.
 
O Senhor, por várias vezes, declarou nas Escrituras com que generosa magnificência trata os corações confiantes:
 
“Porque esperou em Mim, livrá-lo-ei; protegê-lo-ei, porque reconheceu o meu Nome. Clamará a Mim, e Eu o ouvirei. Com ele ficarei nas suas tribulações: delas o livrarei, e o glorificarei” (63).

Que promessas pacificadoras na boca dAquele que pune qualquer palavra inútil e condena a mais ligeira exageração!
 
Assim pois, e segundo o testemunho da própria Verdade, a confiança afasta de nós todos os males.
 
“Porque puseste o Altíssimo por teu refúgio, o mal não virá sobre ti, e o flagelo não se aproximará da tua tenda. Porque mandou aos seus Anjos que te guardem em todos os teus caminhos: eles te levarão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra. Sobre a áspide e o basilisco andarás, e calcarás aos pés o leão e o dragão” (64).
 
Dos males de que nos preserva a confiança, ponha-se em primeira linha o pecado. De resto, nada mais conforme à natureza das coisas. A alma confiante conhece o seu nada, como o de todas as criaturas; é por isso que não conta consigo mesma nem com os homens, e põe em Deus toda a sua esperança. Desconfia da própria miséria; pratica, por conseguinte, a verdadeira humildade.
 
Ora, como sabeis, o orgulho é a fonte de todas as nossas faltas (65) e o início da ruína (66). O Senhor afasta-se do soberbo; abandona-o à sua fraqueza e deixa-o cair. A queda de São Pedro é disso um terrível exemplo.
 
Nos desígnios misericordiosos da sua sabedoria, Deus permitirá talvez que a provação assalte por algum tempo a alma confiante: nada, no entanto, a abalará; ficará imóvel e firme “como o monte de Sião” (67). Conservará a alegria no fundo do coração (68), e apesar do rugido da tormenta, dormirá tranqüila como a criança nos braços do pai (69). Deixar-se-á levar ao termo feliz da sua jornada, pois Deus salva os que nEle esperam (70).
 
Esses são, porém, benefícios puramente negativos.
 
Deus cumula com benefícios positivos o homem que nEle confia. Ouvi com que poesia o Profeta expõe essa verdade: “Bem-aventurado o homem que confia no Senhor, e de quem o Senhor é a esperança. Será semelhante a uma árvore transplantada para a borda da água e que estende as raízes em solo úmido e não temerá quando vier o calor. As suas folhas serão sempre verdes: não sofrerá no tempo da seca e jamais cessará de dar frutos” (71).
 
Para ressaltar, por impressionante contraste, a paz radiosa desse quadro, contemplai a sorte lamentável daquele que conta com as criaturas: “Maldito o homem que confia no homem e se apóia num braço de carne e cujo coração se retira do Senhor. Porque será como as tamargueiras do deserto e não verá chegar o bem, mas habitará em secura no deserto, numa terra salobra e inabitável!” (72).

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62 ) Hebreus, X, 35.
63 ) Salmos, 90, 14 e 15.
64 ) Salmos, 90, 9-13.
65 ) “O princípio de todo o pecado é a soberba” Eclesiástico, 10, 15.
66 ) “A soberba precede a ruína” Provérbios, 16, 18.
67 ) “Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião” (Salmos, 124, 1).
68 ) “Gravada está Senhor sobre nós a luz do teu rosto; infundiste alegria no meu coração” (Salmos, 4, 7).
69 ) “Mas eu dormi em paz e descansarei, porque tu, Senhor, de maneira singular me firmaste na esperança” (Salmos, 4, 9-10).
70 ) “Tu que salvas os que esperam em Ti” (Salmos, 16, 7).
71 ) Jeremias, 17, 7-8.
72 ) Jeremias, 17, 5-6.

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