10 de setembro de 2013

Confiança! - Pe. Thomas de Saint Laurent - 21

O Livro da Confiança

Pe. Thomas de Saint Laurent


Capítulo V - Razões da confiança em Deus

II - O Poder de Nosso Senhor

O Verbo Encarnado, que a nós se deu, possui um poder sem limites.

Aparece no Evangelho como o supremo Senhor da Terra, dos demônios e da vida sobrenatural; tudo está submetido ao seu domínio soberano.
 
Existe ainda nesse poder do Salvador outro motivo seguríssimo de confiança. Nada pode impedir Nosso Senhor de socorrer-nos e proteger-nos.
 
Jesus domina as forças da natureza.
 
Logo no início do seu ministério apostólico, assiste às bodas de Caná. No decorrer do banquete, o vinho vem a faltar. Que humilhação para a pobre gente que havia convidado o Mestre com a sua Mãe e os discípulos! A Virgem Maria percebe logo o contratempo: é Ela sempre a primeira a perceber as nossas necessidades e a aliviá-las. Lança ao Filho um olhar de súplica; murmura-Lhe em voz baixa um curto pedido. Conhece Maria o seu poder e o seu amor. E Jesus, que nada sabe recusar-Lhe, transforma a água em vinho!... Foi este o seu primeiro milagre.
 
De outra feita, uma tarde, para evitar a turba que O assalta e comprime, atravessa o Mestre, de barca, com os discípulos, o lago de Genesaré. Enquanto navegam, levanta-se o vento em furacão, desaba a tempestade, as ondas crescem, os vagalhões esboroam-se com temeroso estrondo. A água inunda o tombadilho; vai afundar-se a embarcação. Ele, fatigado da dura labuta, dorme à pôpa, a cabeça divina apoiada sobre o cordame. Os discípulos aterrorizados acordam-No a gritar: “Mestre, Mestre, salvai-nos que perecemos!...” (53). Então, o Salvador levanta-Se; fala ao vento; diz ao mar enfurecido: Silêncio, acalma-te!... Instantaneamente tudo se acalma!... As testemunhas dessa cena interrogam-se com assombro: “Quem é este Homem a Quem o mar e os ventos obedecem?...”
 
Jesus cura os enfermos.
 
Muitos cegos dEle se aproximam às apalpadelas; a Ele clamam o seu infortúnio: “Filho de David, tende piedade de nós!” (54). O Mestre toca-lhes os olhos, e esse contato divino abre-os para a luz.
Trazem-Lhe um surdo-mudo, pedindo-Lhe que sobre ele imponha as mãos. O Salvador atende a esse desejo, e a boca do homem fala, e os seus ouvidos ouvem.
 
No caminho, encontra um dia dez leprosos. O leproso é um exilado na sociedade humana; repelem-no das aglomerações; evita-se o seu convívio, pelo medo do contágio; todos se afastam com horror da sua podridão... Os dez leprosos nem ousam aproximar-se de Nosso Senhor... ficam ao longe. Mas, reunindo o pouco de forças deixado pela moléstia, gritam dessa distância: “Senhor, tende piedade de nós!”... Jesus, que devia ser na Cruz o grande leproso, que devia ser na Eucaristia o grande abandonado, comove-se com essa miséria: “ide mostrar-vos aos sacerdotes”, lhes diz.
 
E enquanto os infelizes caminham para executar as ordens do Mestre... sentem-se curados!
 
Jesus ressuscita os mortos
 
São três os que Ele faz voltar à vida. E, também, pelo mais maravilhoso dos prodígios, depois de morrer nas ignomínias do Gólgota, depois de ter sido depositado no Sepulcro, Ele ressuscita-se a Si mesmo na madrugada do terceiro dia.
 
É assim que a nós também ressuscitará no fim dos tempos.

Os nossos amados, os nossos mortos, Ele no-los restituirá transformados, mas sempre semelhantes ao que foram. Estancará assim as nossas lágrimas por toda a eternidade. Então já não haverá pranto, nem ausência, nem luto, porque terá terminado a era da nossa miséria.
 
Jesus domina o inferno.
 
Durante os três anos da sua vida pública, Ele, por vezes, encontra-se com possessos. Fala aos demônios em tom de autoridade soberana; dá-lhes ordens imperiosas, e os demônios fogem à sua voz, confessando-lhe a divindade!...
 
Jesus é o Senhor da vida sobrenatural.
 
Ressuscita almas mortas e restitui-lhes a graça perdida. E para provar que tem, realmente, esse poder divino, cura um paralítico.
 
“Que será mais fácil, pergunta aos escribas que O cercam, que será mais fácil dizer ao paralítico: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer-lhe: Levanta-te toma o teu catre e anda? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar os pecados, ordeno-te — disse ao paralítico — levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa” (55).
 
Seria bom meditar longamente sobre o estupendo poder de Jesus Cristo. Quando se trata de pôr esse poder a serviço do seu amor por nós, o Mestre nunca hesita.

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53 ) Mt. 8, 25.
54 ) Mt. 9, 27.
55 ) Mc. 2, 9-11.

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