21 de setembro de 2013

Tesouro de Exemplos - Parte 400

A MORTE NIVELA TUDO

Morreu em 1916 Francisco José, imperador da Áustria, que por muitos anos soubera conservar sob o
poderio paternal de seu cetro a muitos povos que antes viviam em contínuas guerras. O féretro foi levado à cripta da igreja dos Padres Capuchinhos de Viena, onde jazem outros reis e imperadores.
O mestre de cerimônias bateu à porta.
- Quem é? - perguntou do outro lado de dentro, segundo o cerimonial, um padre capuchinho.
Os cortesãos responderam:
- Francisco José, imperador e rei.
De lá de dentro a mesma voz austera do frade respondeu:
- Não o conheço.
Um momento de silêncio dentro da cripta. . . Do lado de fora, à porta, deliberavam os senhores e políticos... Batem outra vez. E outra vez insiste de dentro o guardião daquelas tumbas:
- Quem é?
- Francisco José de Habsburgo - respondem de fora os que sustentam em seus ombros o régio féretro.
E de novo ouve-se a voz do frade:
- Não o conheço.
Mais um momento de silêncio. . . mais um instante de deliberação...
Urge, porém, entregar à terra aquêles restos mortais que foram ontem de homem tão grande e que hoje ninguém os quer em parte alguma... Por isso, após um instante de imponente silêncio, outra vez a voz do Capuchinho interroga:
- Quem é?
E o que responde em nome da política e da grandeza do império austríaco, responde agora:
- Um pobre morto. . .
A voz serena e imutável do guardião daqueles túmulos responde imediatamente:
- Entre!
E abriram-se as portas, e entrava o cadáver e ali, como pobre morto, foi enterrado o célebre imperador: Francisco José, rei e imperador da Áustria.
E' certo que a morte nivela tudo. De tôda a grandeza, como de tôda a miséria, após a morte resta um cadáver que dentro em pouco não será mais que pó e cinza.

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