2/15 - Consolações a uma pobre mãe acerca da morte de seu filho de tenros anos.
Eis, minha querida filha, que esta seguro o vosso filho; possui o talento eterno. Ei-lo escapado, e garantido do acaso de se perder, ao qual vemos expostas tantas pessoas. Dizei-me; não poderíeis tornar-se devasso com a idade? Não poderíeis receber dele muitos desgostos no futuro, como tantas outras mães recebem dos seus? Porque minha filha, muitas vezes recebem-se daqueles de quem menos se esperava. E eis que Deus o retirou de todos os perigos e fez-lhe conquistar o triunfo sem batalha e colher o fruto da glória sem trabalho. No vosso entender, minha querida filha, não estão recompensados os vossos votos e devoções? Vós o fazíeis por ele; mas para que ficasse convosco neste vale de misérias. Nosso Senhor, que entende melhor o que nos convém, ouviu as vossas súplicas em favor da criança por quem as fazíeis, mas apesar dos contentamentos temporais que pretendíeis.
Na verdade, aprovo a confissão que fazeis; que é por vossos pecados que morreu esta criança, porque isto procede da humildade; mas não creio que se funde na verdade. Não, minha cara filha, não é para vos castigar; é para favorecer esta criança que Deus a salvou a tempo. Tendes dor nesta morte, mas vosso filho tem muito proveito recebestes um grande desgosto temporal e vosso filho um prazer eterno. No fim da nossa vida, quando os nossos olhos estiverem desvendados, veremos que esta vida vale tão pouco, que não devemos chorar os que a deixam em breve; a mais curta é a melhor, contando que conduza à eterna.
Tende coragem; eis pois o vosso filho no céu com os anjos e os santos inocentes. Ele conhece bem o trabalho que com ele tivestes, e mais que tudo das orações que por ele recitastes; e em troca, ele pede por vós a Deus que espalhe mil bons desejos sobre a vossa vida, para que cada vez mais se conforme com a vontade celeste e por ela possais ganhar a que ele goza. Ficai em paz minha querida filha, e elevai o vosso coração ao céu onde tendes esse santinho. Perseverai em querer amar sempre fielmente a vontade soberana.
Oh! como é feliz esta criança por ter voado para o céu como um anjinho, antes de quase haver tocado a terra! Que penhor tendes vós lá em cima, minha querida filha! Mas vós tereis, eu o creio, tratado deste negócio particularmente com o nosso Salvador, e ele terá pacificado santamente a ternura natural da vossa maternidade, e vós tereis pronunciado muitas vezes de todo coração o protesto filial que Nosso Senhor nos ensinou; "Sim, Eterno Padre, já que assim vos agrada, assim, se faça". Oh! minha filha, se assim fazeis, estais felizmente morta no divino Salvador como essa criança, e a vossa vida esta oculta com ele em Deus; e quando aparecer o Salvador, que será a vossa vida, então aparecerá com ele na glória. É a maneira de falar do Espirito Santo na Escritura.
Padecemos, sofremos, morremos com aquele que amamos, pelo amor que a ele nos une; e quando eles sofrem ou morrem no Senhor, é que nos conformarmos aos seus padecimentos e morte por amor daquele que por nosso amor quis sofrer e morrer, sofremos e morremos com ele; tudo isto junto, minha cara filha, são riquezas espirituais incomparáveis, e conheceremos isto um dia, quando por estes ligeiros trabalhos conquistarmos recompensas eternas.
Nesta ocasião empregai a grandeza da vossa coragem para moderar a grandeza do desgosto que a magnitude da vossa perda nos tiver dado. Conformemo-nos com os decretos da soberana Providência, decretos que são sempre justos, sempre adoráveis, embora impenetráveis e obscuros ao nosso entendimento.
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