2 de novembro de 2009

PURGATÓRIO

AS PENAS DO PURGATÓRIO
Santo Tomás de Aquino
(Compêndio de Teologia, Tratado I, cap.CLXXXI e CLXXXII)

Bem que algumas almas imediatamente após a separação do corpo consigam a beatitude eterna, como foi dito, alguma há que só a consiga após certo tempo. Acontece que alguns não completaram nesta vida a penitência exigida pelos pecados cometidos, dos quais, contudo, se arrependeram. Como a justiça divina exige que as culpas sejam punidas, deve-se afirmar que, após esta vida, as almas devem cumprir a pena que neste mundo não cumpriram. Não, porém chegando ao estado de extrema miséria dos condenados, pois pela penitência reintegraram-se no estado de caridade, no qual aderiram a Deus como seu fim último, e pelo qual mereceram a vida eterna. Resta, pois, afirmar que, após esta vida, há algumas penas purgatórias, pelas quais são completadas as penitências que aqui não o foram.
Acontece também que alguns deixam esta vida sem pecado mortal, mas com pecado venial, o qual não os afastou do fim último, bem que tenham pecado, devido à adesão indevida a coisas que levam ao fim último. Esses pecados são purgados, nos homens perfeitos, pelo fervor da caridade. Mas os que não são perfeitos devem purgá-los por alguma pena, porque não conseguem a vida eterna senão quem esteja imune de todo pecado e de todo defeito. É, portanto, necessário que existam penas purgatórias após esta vida. São elas purgatórias, devido à condição daqueles que as sofrem, pois, havendo neles caridade, pela qual têm a própria vontade conformada com a vontade divina, em virtude dessa mesma caridade, as penas que sofrem lhes são purgatórias. Por esse motivo, naqueles (como nos condenados) nos quais não há caridade, as penas não purgam, permanecendo neles para sempre a imperfeição proveniente do pecado, nos quais também a pena dura para sempre.

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